Sinagoga de Satanás – Significado

Antes de compreendermos toda essa questão, precisamos rapidamente relembrar  o que é uma sinagoga . As sinagogas era casas de orações onde judeus adoravam a Deus e estudavam as escrituras fora do templo principal.

Elas apareceram provavelmente quando o povo judeu foi levado como escravo na época do cativeiro descrito em II Reis. Elas facilitaram o culto longe dos locais de culto “oficiais”.

Elas se espalharam muito rápido e foram muito usadas pelos primeiros cristãos para disseminar a mensagem do  nascimento do Messias  e também seu modelo simples e dinâmico foi muito usado como formato das reuniões dos primeiros grupos de cristãos.

Nós temos apenas dois textos na Bíblia que mencionam a expressão “sinagoga de Satanás”, que são Apocalipse 3:9 e Apocalipse 2:9:

“Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás”.

A primeira coisa a esclarecer aqui é que essa expressão não significa que essas casas de oração eram locais de culto ao diabo. Antes, ela tem um sentido mais figurado que vai descrever as atitudes dos judeus dessas localidades conforme veremos abaixo.

 

Sinagoga de Satanás em  Esmirna

Em Apocalipse 2:9 fica muito claro que nessa época em que foi escrito esse texto existia uma grandiosa oposição entre os judeus e os cristãos. E isso ocorria pelo fato dos cristãos pregarem que o Messias prometido no  Antigo Testamento  era Jesus Cristo e os judeus não o reconhecer como sendo o Messias.

Isso gerou muita perseguição aos cristãos (que eram um grupo bem menor e espalhado naquele momento). Dessa forma, esse grupo de judeus que viviam na cidade de Esmirna e que fazia parte da sinagoga judaica naquele lugar, por causa dessa grande e terrível oposição que promoviam contra os cristãos, foram chamados de “sinagoga de Satanás”, isso porque estavam a serviço das trevas e não de Deus.

Sinagoga de Satanás em Filadélfia

Podemos observar no texto da carta à  igreja  de Filadélfia que lá também tinha esse tipo de sinagoga que perseguia os cristãos ferozmente, de forma satânica realmente, o que fez com que Deus profetizasse a derrota daqueles que faziam parte desse grupo, que de forma hipócrita, achava que cultuava a Deus, mas estavam agindo dirigidos pelo diabo:

“Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei” (Apocalipse 3:9).

Toda sinagoga é de Satanás?

Esses dois textos de Apocalipse não podem nos levar a pensar que todo judeu era endemoninhado e que toda sinagoga era do mal. Nós temos nessa época do surgimento da igreja de Cristo pelo menos três tipos de judeus:

a) Judeus cegos, hipócritas e perseguidores: São esses que citamos e que promoviam perseguição aos cristãos e que foram identificados como sinagoga de Satanás. Eles rejeitaram Jesus e agiam com hipocrisia, fechando os olhos para uma análise correta da lei sobre o Messias (Paulo fez parte desse grupo antes da sua conversão em Atos 9).

b) Judeus que estavam tentando entender a ação de Deus: Esses eram judeus que não perseguiam, mas que ainda estavam tentando digerir o que Deus havia feito, as mudanças, o envio do Messias. Eles estavam em um período de transição, muitas vezes confusos ainda, mas tinham um coração na presença de Deus, por isso, não podemos confundi-los com o primeiro grupo.

c) Judeus cristãos: Esses abraçaram Jesus de todo o coração. Mas ainda tinham alguns conflitos porque estavam muito acostumados com as leis do Antigo Testamento. Mas se ajuntaram com os cristãos já convertidos para seguirem a Jesus e aprenderem essa nova fase das revelações de Deus (Veja, por exemplo, conflitos descritos em Atos 15).

A oposição dos judeus contra os cristãos

Depois do Pentecostes, nas primeiras décadas do Cristianismo, o  Evangelho rapidamente começou a ser pregado  em todo Império Romano. Os romanos não distinguiam exatamente os cristãos dos judeus. Isso significa que os cristãos eram vistos no mesmo nível dos judeus. Por isso eles desfrutavam de certa proteção, já que o Judaísmo era tolerado.

Todavia, após queda de Jerusalém em 70 d.C., a distinção entre o Cristianismo e o Judaísmo passou a ser mais clara e evidente. Isso ocorreu especialmente porque os judeus começaram a ameaçar a Igreja. Eles passaram a acusar os cristãos diante dos romanos a fim de promoverem uma perseguição.

Os judeus realmente se concentraram em se opor ao Cristianismo. Inclusive, eles expulsavam e proibiam os cristãos de frequentaram suas Sinagogas, amaldiçoando-os e negando qualquer tipo de proteção civil. A acusação dos judeus contra os cristãos basicamente consistia em afirmar que os cristãos desonravam César ao honrarem  Jesus como Senhor .

Essa grande perseguição ocorreu na última década do primeiro século. Nesse período muitos cristãos foram presos, cruelmente torturados e brutalmente mortos. Foi exatamente nesse período que o  livro do Apocalipse foi escrito .

O significado das Sinagogas de Satanás

Como grandes e intensos perseguidores dos seguidores de Cristo, os judeus passaram a atuar como verdadeiros agentes de Satanás. Por isso Jesus, através do apóstolo João, associa as Sinagogas judaicas das cidades de Esmirna e Filadélfia com a ação de Satanás. Daí se explica o significado da expressão “Sinagoga de Satanás”.

Os dois versículos em que essa expressão aparece enfatiza muito claramente a oposição e o comportamento hostil dos judeus contra os cristãos:

A Sinagoga de Satanás em Esmirna

A carta à Igreja em Esmirna destaca a comunidade judaica daquela cidade como uma força que se opunha a comunidade cristã ali. Os judeus se negavam a reconhecer Jesus como sendo o Messias prometido. Na verdade, eles faziam questão de amaldiçoá-lo juntamente com seus seguidores.

Tempos depois, um episódio caracterizou a grande oposição dos judeus naquela cidade. Policarpo, um líder cristão que havia sido bispo da igreja de Esmirna, foi condenado à morte com notória participação dos judeus nessa sentença. Registros indicam que eles foram os primeiros a ajuntar a lenha para a fogueira em que Policarpo foi queimado.

Mesmo conhecendo  as Escrituras que testificam de Cristo , e mesmo tendo acesso à verdade acerca de Deus, os judeus preferiam intencionalmente negá-la, e assim  cometiam blasfêmia . Por isso, enquanto os cristãos eram identificados como  filhos espirituais de Abraão , os judeus de Esmirna foram associados à Satanás.

A Sinagoga de Satanás em Filadélfia

A carta à igreja de Filadélfia também traz a repreensão contra os judeus na expressão “Sinagoga de Satanás”. A situação era exatamente a mesma que ocorria em Esmirna. Ali os judeus que se orgulhavam em afirmar ser o povo eleito do Senhor tinham se tornado instrumentos nas mãos de Satanás. Eles negavam as Escrituras, blasfemavam contra Deus e se empenhavam em destruir a Igreja.

Esses judeus são chamados de mentirosos porque eles reivindicavam ser o povo de Deus, mas na verdade agiam como agentes do diabo. Na sentença contra eles, Jesus afirma que esses judeus opositores confessariam que Cristo ama o seu povo. Esse povo é o verdadeiro Israel formado por judeus e gentios, redimidos em Cristo, a  Igreja santa .

Para entender melhor essa oposição, é interessante saber que na década de 90 d.C., os líderes judaicos se reuniram no  Concílio de Jamnia . Nesse concílio eles reconheceram o cânon do Antigo Testamento e oficializaram ainda mais a oposição aos cristãos.

Eles também formularam entre as chamadas Dezoito Bênçãos recitadas na liturgia judaica, a que veio a ser a décima segunda bênção, que constitui uma  maldição contra os apóstatas . Os estudiosos concordam que essa maldição era direcionada especialmente contra os cristãos. De certa forma ela visava reprimir os judeus convertidos que ainda se infiltravam nas Sinagogas.