II Pedro

Vendo Cristo em Seu Reino Eterno

Aspectos Preliminares

A primeira epístola de Pedro trata de problemas externos; a segunda de problemas internos. Pedro alerta os crentes sobre falsos mestres que estão causando danos a doutrina. Ele começa pedindo que eles cuidem bem de suas vidas pessoais.

A vida cristã requer diligência na busca de excelência moral, conhecimento, autocontrole, perseverança, santidade, bondade fraternal e amor abnegado. Por outro lado, os falsos mestres são sensuais, arrogantes, gananciosos e avarentos.

Eles ridicularizam o pensamento do julgamento futuro e vivem suas vidas como se o presente fosse o padrão para o futuro. Pedro lhes lembra que, embora DEUS possa ser longânimo em enviar Seu julgamento, ele certamente virá.

A vista disto, os crentes devem reafirmar sua firme disposição de viver suas vidas de maneira santa, perseverante e irrepreensível.

A maioria dos estudiosos considera 3:1 como uma referência a I Pedro. Neste caso Pedro tinha em mente os mesmos leitores da Ásia Menor, embora a saudação em 1:1 permita uma abrangência maior.

Pedro escreveu esta epístola em resposta a ensinamentos heréticos que se espalhavam e que eram mais traiçoeiros porque surgiam dentro da Igreja. Os falsos mestres pervertiam a doutrina da justificação e promoviam um modo de vida imoral e rebelde.

Estas duas questões são seríssimas porque a primeira diz respeito ao não negar-se a si mesmo e a uma direta afronta a Santidade de DEUS (portanto uma questão envolvida diretamente com aqueles que deveriam ser Seus discípulos) e a segunda diz respeito a algo fundamental no Reino de DEUS (a consciência de autoridade, submissão e principalmente Governo).

Esta epístola foi escrita pouco antes da morte de Pedro (1:14), provavelmente em Roma. Seu martírio aconteceu entre 64 e 66 d.C.

A segunda epístola de Pedro enfatiza a necessidade de crescimento na Graça e Conhecimento de Cristo. Assim como II Timóteo expressa o último desejo e testemunho do apóstolo Paulo, II Pedro enfatiza o último desejo e testemunho do apóstolo Pedro.

O melhor antídoto para o erro é uma compreensão madura da verdade. Esta carta se subdivide em três partes:

1- O cultivo do caráter Cristão

2- A condenação dos falsos Mestres

3- A confiança na volta de Cristo.

Pedro deveria estar nesta época entre 70 e 80 anos, provavelmente. Ele serviu ao Senhor por muitos anos e isto por si só já é um milagre, já que Pedro era uma pessoa muito impetuosa e inconstante.

No entanto, o Senhor guardou Pedro todos aqueles anos, até que ele chegou aquela idade avançada. Pedro tornou-se quase como que uma pedra que não se abala. Esta é a manifestação da Graça do Senhor na vida de Pedro e tipifica representativamente Sua Graça para conosco.

Ele escreveu esta carta com o senso de brevidade de seu mandato, já que Ele sabia que se aproximava o dia em que ele deveria partir desta Terra, conforme o Senhor havia predito (II Pe 1:13-14).

Nesta consciência é que Pedro escreve esta carta e neste sentido esta carta contêm grande encargo de responsabilidade daquele que foi chamado pelo Senhor para se tornar um “pescador de homens”, para servir como aquele através de quem “EU edificarei a minha Igreja” e também para “ apascentar as minhas ovelhas ”.

Pedro escreveu esta carta com um único propósito: despertar a mente dos irmãos com lembranças para que eles relembrassem das palavras anteriormente ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor.

É uma carta com o objetivo de trazer novamente a memória algo que eles já sabiam. Eles já sabiam aquelas coisas, já as tinham ouvido anteriormente e estavam firmados na verdade, mas Pedro sentiu que era sua responsabilidade lembrá-los e despertar as suas mentes para que eles não viessem a esquecer.

Como Pedro tinha consciência de que estava para partir o que ele disse tinha significado; era algo realmente importante; havia encargo em seu coração. Nosso Senhor antes de partir, deixar Seus discípulos e ir para a cruz também fez o mesmo.

Ele falou Suas últimas palavras; palavras muito importantes e que expressavam o sentimento de Seu coração naquele momento (Jo 14, 15 e 16). Assim também sucedeu com o apóstolo Paulo quando ele escreveu II Timóteo.

O encargo do coração de Pedro nesta carta é o Reino, sem dúvida. Jesus nasceu para ser Rei e foi este o Seu testemunho diante de Pilatos. Ele morreu como Rei dos judeus. Após ter ressuscitado, Ele falou aos discípulos acerca do Reino de DEUS durante quarenta dias.

O Reino de DEUS é algo realmente muito importante para Nosso Senhor. Pedro havia seguido Nosso Senhor por três anos e havia ouvido muito acerca do Reino. Por esta razão (e agora mais maduro na compreensão do eterno propósito de DEUS, da eleição, da vocação celestial e do Reino), o Reino era algo muito precioso para Pedro; algo que lhe tocava o coração.

Para ele o Reino era uma realidade. Algo que estava sempre presente em sua mente. Algo que ele contemplava constantemente. Este Reino era algo pelo qual ele trabalhava constantemente e que ele (ao falar sobre este Reino) fazia não como uma invenção de um mero novo conceito humano produzido como fruto de sua imaginação ou da inteligência humana. Nem se tratava de uma fábula engenhosamente inventada, mas Pedro disse que ele mesmo era uma testemunha ocular deste Reino (II Pe 1:16 e Mt 17:1-8).

Isto fica claro quando ele diz “Temos assim tanto mais confirmada a palavra profética …” (II Pe 1:19). Desta forma Pedro dizia que não se tratava de seu testemunho pessoal, mas de uma palavra profética que se confirmava.

O mundo é trevas e nas trevas não se pode ver coisa alguma. Agora é noite e nós estamos nos aproximando da hora das mais densas trevas. Tudo é obscuro, trevas e escuridão. Mas Graças a DEUS pois nós temos uma lâmpada. As palavras proféticas devem ser para nós como uma lâmpada que brilha sobre o nosso caminho de modo que não fiquemos nas trevas.

Embora tudo a nossa volta evidencie que estamos no meio da noite, no nosso coração o dia já começou a nascer e a estrela da manhã está surgindo. A estrela da manhã só pode ser vista por aqueles que se levantam cedo, que não estão dormindo, mas vigilantes e que estão esperando por Ele.

A estrela da manhã só pode ser vista antes do aparecimento do sol. Se nós estivermos esperando por Ele, se estivermos atentos as palavras proféticas então no nosso coração Ele já terá aparecido como a estrela da manhã. Vigiai e orai disse o Senhor!!

O Reino de DEUS está vindo e, sem dúvida nenhuma, será estabelecido aqui na Terra. Isto já é fato consumado, mas entre nós há muitos que nem mesmo conhecem ou ouviram falar sobre o Reino. Eles pensam somente no céu e dizem assim: “Quando nós morrermos, nós vamos para o céu”. Isto é correto, porém não será tão rápido quanto se está imaginando.

Lendo a Palavra de DEUS descobrimos que aqueles que pertencem ao Senhor não vão para o céu imediatamente após a morte; eles vão para o Paraíso. Se somos do Senhor, então depois que morrermos, vamos esperar no Paraíso até o momento em que seremos ressuscitados e então depois disto chegará o dia de irmos para o céu.

Há algumas pessoas que conhecem somente o céu. Elas ainda nada sabem acerca do Reino. Elas não sabem que antes que o céu se torne nossa morada eterna, será estabelecido um Reino aqui na Terra, o qual vai durar mil anos. Este é o período em que aqueles que estão preparados e na expectativa irão Reinar com Cristo. Aqueles que estiverem preparados e seguindo ao Senhor, apoderando-se do Reino por violência (contra nós mesmos – Mt 11:12) reinarão mil anos com Cristo.

Portanto não há somente o céu, mas há também um Reino para o povo de DEUS. O céu nos é oferecido como um dom, mas o Reino é galardão. Nascemos de novo não apenas para herdar a vida eterna, mas o desejo de DEUS é que nós tenhamos plenamente suprida a entrada no Reino eterno de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Nós sempre pensamos a respeito do nosso chamamento em termos de nossas próprias necessidades e, por causa disto, nosso chamamento se torna um chamamento inferior, num nível mais baixo. Mas DEUS nos chamou para Sua própria Glória e virtude.

Ele não nos chamou de acordo com uma necessidade, Ele nos chamou de acordo com o que Ele é. Ele nos chama de acordo com a Sua Glória. Nas Escrituras Glória é algo indescritível e é sinônimo do próprio DEUS. Ele nos chama de acordo com Sua própria Glória, com Sua virtude, com o Seu caráter.

Ele nos chamou de acordo com o que Ele é para que nos tornemos semelhantes a Ele; sua virtude, seu caráter formado em nós. Este é um grande chamamento; uma soberana vocação. Nosso chamamento é para que entremos em Sua Glória. Somos chamados para o Reino, para sermos herdeiros de DEUS, coerdeiros com Cristo, para herdarmos o Reino Eterno de Nosso DEUS e Salvador Jesus Cristo. Este é o nosso chamamento.

É importante frisar que o Senhor nos chamou para o alto, temos uma soberana vocação. Em segundo lugar, DEUS nos deu Suas promessas para que delas nos apropriemos pela fé e finalmente, colocou a nossa disposição o Seu Poder Divino que nos capacita a entrar em tudo aquilo que Ele nos prometeu.

Por isto Pedro diz “Pelo Seu Divino Poder nos tem sido doadas todas as coisas que conduzem a Vida e a Piedade…”. Na Vida de Cristo, pelo Espírito Santo que nos habita, há todo poder que pode nos conduzir a piedade e que nos capacita a sermos semelhantes a Ele e termos em nós o caráter de Cristo formado. Por isto a grande questão é permitirmos que a Vida de Cristo se estabeleça em nós e através de nós.

Logo é uma insanidade tentarmos nos melhorar ou parecermos ser o que não somos. DEUS é DEUS que conhece profundamente as interioridades de nosso ser e de nosso coração. Para Ele nenhuma verdade realmente se estabelece como tal se não for fruto de uma realidade interior que exteriormente se manifeste como Vida de Cristo. Importa que Ele cresça e que eu diminua – disse João Batista (Jo 3:30).

Obviamente que isto envolve responsabilidade de nossa parte na medida que somos chamados a permitir que Cristo viva em nós. O caráter do Rei, do Reino deve caracterizar nossa vida. Por este motivo o Reino não é algo para bebês em Cristo, mas para aqueles que são adultos, provados, aprovados, diligentes, fiéis e consagrados.

É neste sentido que Pedro cita em II Pe 1:5-7 a palavra associar (que neste contexto significa adicionar, acrescentar, pagar o preço para que seja realizado, dar com abundância, suprir com muito mais do que aquilo que é exigido) quando refere-se as colunas ou elementos necessários ao crescimento da Vida de Cristo em nós e que, sem dúvida alguma, se expressam muito mais como consequência e não como causa.

Enfim, DEUS proveu todos os meios para que possamos entrar no Reino e nós devemos, fazendo uso de todas as Suas promessas e de Seu Poder Divino, nos empenhar com toda a diligência para que o caráter de Cristo seja formado em nós.

Assim nosso caráter se tornará adequado a participarmos do Reino e nós estaremos em harmonia com o Reino de DEUS. Até por uma questão de coerência, devemos crer, que se não tivermos o caráter de Cristo formado em nós, seria inadmissível a participação no Reino. Sentíramo-nos como verdadeiros peixes-fora-d ’água. Que DEUS nos dê Graça e tenha misericórdia de nós.

Por isto Pedro diz “Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição…”. O Nosso Senhor disse “Muitos são chamados, mas poucos escolhidos…”.

Obviamente que a entrada no Reino pressupõe algumas características que, sem dúvida alguma, dela fazem parte: diligência, fidelidade, obediência, santidade, purificação interior, discernimento de autoridade, submissão e governo, dentre outras…

Sendo assim que necessidade temos quanto a recebermos sempre a Palavra pura e genuína de DEUS a nos guiar, consolar, exortar e corrigir para nos apossarmos do Reino que nos está preparado pelo Pai. Logo, Pedro então passa a discorrer sobre outra terrível dificuldade contra a qual devemos estar atentos: o ensino herético dos falsos mestres.

O inimigo da humanidade, Satanás, o maligno, não deseja que nós ganhemos o Reino. Ele vai tentar de todos os modos enganar-nos e impedir-nos de nos apossarmos do Reino.

Por isto Pedro fala de heresias destruidoras em II Pe 2:1-22. Heresia é tão somente a opinião própria da Palavra de DEUS. Os falsos mestres têm como característica o não se submeter a Palavra de DEUS, ao contrário, eles tentam submeter a Palavra de DEUS às suas opiniões.

Veja: na primeira carta de Pedro, o problema dos crentes era a perseguição e as provações. Os sofrimentos tinham a sua origem nas coisas que vinham de fora. Na segunda carta, no entanto, o inimigo não vem de fora, mas de dentro da própria Igreja. Os falsos mestres estavam iludindo o povo por meio do engano a fim de afastá-los de Cristo e atraí-los a si mesmos.

Ao fazê-lo roubavam das pessoas o Reino de DEUS. Veja a responsabilidade dos que ministram a Palavra e em que consciência Paulo diz sobre como estes (aos quais DEUS deu o dom da Palavra) devem ministrar e como devem ser fiéis despenseiros dos mistérios de DEUS. (I Co 4:1-5).

Por isto a ministração deve ser fruto de Revelação e Vida/Realidade Interior (primeiro testemunho, depois ensino – Mt 5:17-20). E mais: há revelações que são pessoais e outras corporativas. Devemos ter clareza quanto a isto também.

Aquele que ministra deve fazê-lo no temor do Senhor (Tg 3:1), com zelo, diligência. Deve se desincumbir do encargo da Palavra com fidelidade a Palavra recebida e certamente deve ser um homem tratado pela cruz; profundamente. Lembre-se sempre: é a Palavra de DEUS!!!

Por isto toda profecia deve ser julgada (I Co 14) para ver se está de acordo com a Palavra de DEUS e devemos ser como os de Beréia (At 17:11). Agora, quando lemos II Pe 3 vemos que não somente havia falsos mestres, mas também escarnecedores; e isto dentro da Igreja. Terrível quadro!!

O escarnecimento se dava quanto a algo que era a própria centralidade daquilo que Pedro dizia: a volta do Senhor e, obviamente o estabelecimento de Seu Reino. Veja o antagonismo entre a fala de Pedro e a fala dos escarnecedores. E mais, ao escarnecerem assim, eles tentavam atacar exatamente o ponto que Pedro exortava aos irmãos: confiança, diligência, esperança, dentre outros…

Seja o Senhor misericordioso para conosco e nos habilite para negarmo-nos a nós mesmos, tomarmos a nossa cruz e segui-Lo. E que o caráter de Cristo seja plenamente formado em nós. E mais, que sejamos aqueles que vivam para Cristo e O testemunhem como Vida. O Senhor seja louvado!!!