A Agricultura nos Tempos Bíblicos
A agricultura nos tempos bíblicos era algo de muita importância para o povo daquela época, pois se tratava do meio de sobrevivência da maioria das pessoas.
Quando o povo judeu entrou em Canaã e passou a cultivar a terra depois de quarenta anos de vida no deserto, eles começaram a fazer um trabalho num país extremamente rico em plantas.
Ur dos caldeus, de onde Abraão partira, era sustentada por um sistema agrícola funcional baseado em canais de irrigação, pontas de arado de pedra e foices de pederneira.
Com essa tecnologia os caldeus faziam duas colheitas por ano. A agricultura nos tempos bíblicos era também uma característica do Egito.
A cada ano o rio Nilo transbordava, e a terra ficava coberta de um sedimento fino que enriquecia o solo para aquele ano.
Então na seção seca, era usada a irrigação.
A água era tirada do Nilo e colocada em canais por meio do shadoof (dispositivo de içamento) e dirigida mediante o bloqueio de determinados canais com um sistema de paredes de barro que podiam ser removidas conforme necessário.
AGRICULTURA CANANITA
Não havia tal regularidade ou certeza em Canaã. O sucesso da agricultura nesse país nos tempos bíblicos, não dependia só das cheias dos grandes rios, mas também das chuvas de inverno, que variavam de ano para ano, e na conservação da água.
Moisés advertiu o povo judeu de que o clima era incerto e que sua segurança estava em Deus, que proveria as chuvas anuais (Dt 11.10-15).
As chuvas eram tão incertas que a religião canaanita se baseava numa forma de magia que assegurava a fertilidade do solo. Para eles Baal era um deus da tempestade (Dt 11.16,17).
Os suprimentos de água caprichosos não eram as únicas coisas que tornavam a agricultura canaanita incerta nos tempos bíblicos.
Os ventos quentes do deserto, vindos do Sudeste secavam tudo que crescia (Jn 4.8; Lc 12.55).
Outro problema sério eram os gafanhotos, uma grande variedade deles que enxameavam aos milhares (Jz 6.5; 7.12) e comiam tudo que fosse verde em seu caminho.
Há uma descrição terrível de uma praga de gafanhotos em Joel 2.
Eles atacaram o Egito motivados pela frase “Deixa ir o meu povo” (Ex 10.13-15).
Quando os gafanhotos chegaram pareciam um exército vingador (Pv 30.27), embora se mantivessem nas sebes nos dias frios (Na 3.17).
A erosão era outro problema na agricultura nos tempos bíblicos
As chuvas de inverno tendiam a levar a cobertura do solo montanha abaixo.
Então os muros de retenção tinham de ser preparados.
A agricultura começou quando o homem primitivo viu que em vez de colher cereais e vegetais silvestres, era possível colher sementes e plantá-las num lugar determinado.
Os primeiros lugares usados para as safras foram aqueles onde cresciam as variedades silvestres, em pontos bem irrigados e drenados, com calor e solo adequados.
Só com o desenvolvimento dos implementos agrícolas e com técnicas de irrigação é que a agricultura nos tempos bíblicos começou a avançar.
O CALENDÁRIO DE GEZER
Na época em que o povo judeu expulsou os cananeus, já havia um número considerável de colheitas.
Um menino daqueles dias escreveu um exercício do tipo “30 dias tem setembro”, descoberto em Gezer.
Ele descreve o que estava sendo feito durante o ano na agricultura nos tempos bíblicos:
Os dois meses são a colheita de azeitonas (Set/Out)
Os dois meses são o plantio de cereais (Nov/Dez)
E os dois meses são o plantio tardio (Jan/Fev)
O mês é a sega do linho (Março)
O mês é a sega da cevada (Abril)
E o mês é a colheita e as festas (Maio)
Os dois meses são de cuidar das vinhas (Jun/Jul)
O mês é das frutas de verão (Agosto)
(O plantio em janeiro e fevereiro era de painço, ervilhas, lentilhas, melões e pepinos.)
Quando havia ovelhas, e talvez algum gado, em sua própria terra, o sistema de cultivo e criação poderia ser chamado de fazenda mista autossuficiente.
Isto mudou nos primeiros dias da monarquia hebraica, à medida que a terra era acumulada pelos nobres às custas dos fazendeiros originais.
Um sistema de inquilinos se desenvolveu e administradores foram designados para se encarregar dos vinhedos, plantações de oliveiras, celeiros e criação de gado (1 Sm 8.14).
Os profetas protestaram contra este arranjo (Is 5.8) e Neemias forçou a devolução das propriedades aos proprietários originais (Ne 5) cuja situação permaneceu até a conquista do país pelos exércitos da Grécia e de Roma, quando se tornou novamente possível acumular terra (Lc 12.18,19).
Fazendo uso do calendário feito pelo menino, vamos examinar agora algumas das coisas que eram cultivadas.
CEREAIS (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
Os dois cereais mais importantes eram o trigo e a cevada, embora o painço fosse também plantado (Ez 4.9).
O trigo crescia na planície filisteia costeira, no vale do Jordão e no de Jezreel.
A cevada podia ser cultivada em solo mais pobre e precisava de menos tempo para crescer, sendo menos valorizada que o trigo (Sl 81.16)
O ciclo de produção dos cereais começava quando as chuvas caíam em outubro/novembro e amaciavam suficientemente o solo para que fosse trabalhado.
As chuvas continuavam então intermitentes e pesadas durante todo o inverno.
Joel as chama de “chuvas têmporas” e “serôdias” (chuvas do outono e da primavera) (Jl 2.23)
Sem chuva o arado não podia ser usado porque o solo endureceria sob o sol do verão (Jr 14.4).
O trabalho não era agradável porque as chuvas de inverno eram pesadas e frias, havendo sempre a tentação de esperar pelos dias mais quentes (Pv 20.4).
ARADURA (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
A aradura e o plantio eram no geral uma única operação.
O grão era espalhado por meio de um cesto aberto e reabastecido de um saco amarrado no lombo de um jumento.
A semente era então plantada para que os pássaros não a comessem (Mt 13.4).
Esse método de plantar sublinha a parábola do semeador em Mateus 13, onde havia um caminho endurecido e espinhos aguardando o semeador.
O arado era feito com dois pedaços de madeira unidos em forma de T.
A parte horizontal do T formava o cabo para dirigir o arado e a extremidade pontuda para quebrar a superfície do solo.
A seção vertical do T era presa ao jugo colocado sobre o pescoço dos animais.
O jugo em si era simplesmente um pedaço de madeira colocado sobre o pescoço de um par de animais e mantido no lugar por duas varas verticais que desciam de cada lado do pescoço e eram amarradas por baixo (Jr 28.13).
Bois eram usados quando possível, e se era um touro tinha de ser castrado
A lei proibia mistura de animais, como um boi e um jumento (Dt 22.10), provavelmente por haver um puxão desigual que causaria sofrimento para o animal mais fraco.
A regra proibindo a associação entre crentes e incrédulos em 2 Coríntios 6.14 (“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis”) não era simplesmente exclusivista, mas se baseava na experiência do sofrimento que poderia ser causado.
A quantidade de terra que um par de bois podia arar num dia tornou-se uma medida padrão (1 Sm 14.14; Is 5.10).
Nos primeiros dias da agricultura nos tempos bíblicos, a extremidade aguçada o arado não passava de uma vara pesada e pontuda.
Um grande avanço foi feito quando o cobre veio a ser derretido e um revestimento ou lâmina de cobre preso à ponta.
Um avanço ainda maior foi feito quando os filisteus introduziram o ferro na terra, mesmo que isso significasse que os judeus tinham de mandar afiar as relhas de seus arados por filisteus (1 Sm 13.20).
ARADOS (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
Os primeiros arados eram leves. Embora fossem portáveis e pudessem ser levados durante algum tempo no ombro, eles só podiam arranhar a superfície do solo a uma profundidade de 70-100mm.
A razão para o lavrador não olhar para trás (Lc 9.62) não era porque o sulco do arado não seria reto, mas pela necessidade de toda a sua concentração, a fim de empurrar com força e cavar suficientemente o solo.
Ele tinha também de prestar atenção nas pedras e seixos, porque eles podiam quebrar facilmente uma ferramenta assim tão leve, apesar da leveza significar que podia levantar o arado por cima do obstáculo.
COMO SE USAVA O ARADO
A aradura era feita às vezes em equipe, cada fazendeiro contribuindo com seu arado e bois até que os campos do povoado inteiro estivessem prontos.
Eliseu estava arando com mais onze pessoas e 24 bois quando foi chamado para o seu ministério de profeta (1 Rs 19.19).
Os arados não podiam ser usados nas encostas, perto de árvores, ou numa terra excepcionalmente dura.
Em tais casos era usado o martelo, uma ferramenta de mão como uma enxada, com uma lâmina fixada em ângulo reto com o cabo (Is 7.25).
Havia um método alternativo de semear e arar, onde o solo era primeiro arado e depois semeado.
Isso requeria uma nova aradura em ângulo reto com a primeira, puxando um arbusto grande atrás de uma parelha de bois.
Se os bois não quisessem mover-se ou fossem muito lentos para o lavrador, ele os incitaria a mover-se cutucando-os com uma vara pontuda ou aguilhada.
Ela era suficientemente pesada para servir de arma (Jz 3.31).
Jesus usou uma aguilhada simbólica para empurrar Paulo até o ponto de conversão. “Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões” (At 9.5).
O trigo (muitas vezes chamado “milho” na Versão do Rei Tiago) era plantado primeiro, depois a cevada e as demais colheitas, painço, lentilhas, ervilhas, melões e pepinos.
Era necessário manter o solo livre de ervas daninhas, capinando de dezembro até fevereiro.
Essa era uma época em que, exceto nas regiões montanhosas, o movimento de um lugar para outro era impossível porque as chuvas transformavam as planícies em verdadeiros pântanos.
Quando as temperaturas começavam a subir no final de março e início de abril, as chuvas da primavera chegavam (Jl 2.23).
Essas chuvas faziam os grãos incharem e no final de abril a cevada estava pronta para ser colhida.
Os campos para a sega eram divididos por caminhos e era permitido colher as espigas do trigo quase maduras junto ao caminho.
Isto era particularmente apreciado na primavera, quando os grãos não haviam ainda endurecido.
Os doze discípulos que estavam com Jesus comeram as espigas em amadurecimento num sábado (Lc 7.1,2).
Eles não foram criticados por causa disso por ser permitido na lei (Dt 23.25).
Alguns pensavam, porém, que até mesmo colher as espigas poderia ser considerado “trabalho” no sábado.
COLHEITA (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
O linho era colhido em março e abril, cortando as hastes com uma enxada junto do solo.
Tão logo isto era completado, a cevada estava pronta para a colheita.
Os grãos eram cortados com uma foice, um instrumento em forma de crescente com um corte afiado do lado interno.
Nos primeiros tempos as ferramentas eram feitas de madeira ou até do osso maxilar de um animal, e pedras de pederneira fixadas do lado cortante interno.
Mais tarde, foices de metal podiam ser adquiridas (Jr 50.16; Jl 3.13).
Os caules eram cortados perto do alto e o restante deixado no chão para as ovelhas pastarem.
Eles eram amarrados em feixes (Gn 37.7 e SI 129.7) e carregados nos lombos de jumentos (Gn 42.26,27), ou colocados num carrinho para serem levados para ser debulhados. O cereal era ocasionalmente arrancado do solo.
O solo era normalmente cortado por um grupo de pessoas que trabalhavam juntas, mas os cantos do campo tinham de ser deixados para os pobres (Lv 23.22).
Os pobres também podiam andar atrás dos ceifeiros para apanhar qualquer coisa que eles deixassem (Dt 24.19-22).
A história de Rute é contada com esse pano de fundo. Ela pode encher a parte de baixo de seu manto com o que havia colhido (Rt 2).
O grão estava bem seco na época da colheita e havia perigo de incêndio (veja Ex 22.6).
Esse perigo era frequentemente explorado pelos inimigos na guerra, por saberem que tal incêndio iria enfraquecer seriamente a condição dos donos das colheitas (jz 6.1-6; 15.4,5).
DEBULHA (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
Usava-se a eira para separar o grão da palha. A eira podia ser qualquer superfície dura, compactada.
Podia ser de pedra amaciada (como era provavelmente a eira de Orna, o jebuseu, 1 Cr 21.18-26), ou de terra compactada.
As eiras de terra eram muitas vezes cobertas de grama e acabavam sendo um lugar ideal para armar uma barraca.
Estas eram chamadas de eiras de verão.
A debulha era feita batendo o grão com um mangual (uma vara longa e flexível) quando as quantidades eram pequenas.
Rute usou este método (Rt 2.17) e Gideão fez o mesmo quando estava usando o fundo de pedra de um lagar (Jz 6.11).
O salmista imagina fazer isto aos inimigos (SI 18.42). Os bois eram outro meio de debulhar os cereais.
Um par era colocado num jugo único e o jugo preso a uma estaca vertical fixada no meio da eira.
Eles giravam ao redor da estaca, dirigidos por um menino, e seus cascos aguçados faziam o resto.
A lei dizia que os bois não deviam ser amordaçados enquanto trabalhavam desse modo, para que pudessem comer (Dt 15.4), e o Novo Testamento usa isso para estabelecer o princípio de que os ministros do evangelho deveriam poder sempre viver do seu ministério (1 Co 9.7-9; 1 Tm 5.18).
O significado original do termo hebraico para “debulhar” é “calcar aos pés”, que vem dessa segunda prática da debulha (Jó 39.15; Dn 7.23).
Num estágio posterior foi inventado o trenó para debulhar, que os bois puxavam atrás dele, como fariam com o arado.
JOEIRANDO (SEPARAÇÃO)
À noite, quando a brisa vinha, o grão e a palha eram amontoados numa pilha no centro do eirado para o joeiramento.
O lavrador usava um garfo de cinco pontas chamado de peneiro e uma pá, chamada de pá de joeirar.
O garfo era usado primeiro, colocando-o no monte e atirando a mistura de grãos e palha para o ar.
O grão mais pesado caía, enquanto a palha era soprada pelo vento.
Quando o que restava era pequeno demais para ser apanhado pelo garfo, a pá era usada com o mesmo propósito.
Era possível criar vento quando ele não aparecia, balançando um pedaço de tapete, no caso de pequenas quantidades.
Os resíduos e iam recolhidos e usados nos fogões domésticos, a palha reservada para os animais.
Os grãos tinham então de ser limpos por meio de peneiras.
Os grãos de trigo e cevada ficavam misturados com todo tipo de fragmentos soltos que havia no chão da eira.
Tudo era colocado em grandes peneiras que permitiam que o grão passasse, mas deixavam quase todos os detritos para trás. Era também necessário remover quaisquer grãos de joio nesse estágio.
O joio é chamado de “praga” ou “erva daninha” no Novo Testamento.
Ele parece idêntico ao trigo até que o grão amadurece, quando se torna negro e não amarelo (Mt 13.24-30).
Os grãos são amargos e causam tontura e doença quando comidos.
A ideia de separar o bom do mau é usada como uma ilustração do que Deus fará quando julgar os povos (SI 1.4; Jr 15.7).
O processo inteiro foi usado por João Batista para ilustrar o trabalho de Jesus (Mt 3.12).
Quando Jesus disse que Satanás queria peneirar Pedro como se fosse trigo (Lc 22.31), ele estava provavelmente se referindo a sacudir fisicamente a peneira.
Ao terminar essa parte do trabalho, o fazendeiro normalmente permanecia junto aos grãos durante a noite, acampando na eira para assegurar que a colheita não fosse roubada (Rt 3).
ARMAZENAMENTO (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
No dia seguinte, os grãos eram medidos em receptáculos padrão feitos de barro, que recebiam nomes de acordo com a sua capacidade.
A maior quantidade possível era colocada numa dessas vasilhas, até transbordar (Lc 6.38).
O grão era então estocado as pequenas quantidades em receptáculos de
barro e as maiores num poço ou cisterna seco, num aposento anexo à casa, ou até num estábulo (Dt 28.8; Pv 3.10; M t 13.30; Lc 13.18).
Havia também graneleiros e silos públicos para armazenagem dos grãos (Gn 41.48).
Havia várias maneiras de evitar as pragas
Os depósitos eram construídos sobre tijolos e paredes grossas e a única maneira de entrar era mediante um orifício no teto.
As partes internas das paredes eram caiadas. Esses depósitos serviam também para receber as ofertas que sustentavam o ministério.
Um décimo dos produtos da terra (frutas e colheitas) tinha de ser oferecido (Lv 27.30-32; Dt 14.22-29).
Nada sabemos sobre o uso de fertilizantes para as safras de cereais, embora esterco animal fosse algumas vezes usado em outros lugares.
Ao invés disso, a terra recebia um descanso a cada sétimo ano ou ano sabático (Lv 25.1-7).
Deus prometeu uma colheita farta no sexto ano, a fim de permitir que o povo sobrevivesse durante o sétimo (Lv 25.18-22).
Tudo que crescesse no sétimo ano era propriedade dos pobres (Ex 23.10,11).
Essa lei não foi obedecida nos primeiros anos do reino e o cronista viu o Exílio como o meio de dar à terra seus descansos sabáticos (2 Cr 36.21).
Depois do Exílio, Neemias tentou restaurar a prática de dar descanso à terra (Ne 10.31), e isso estava em funcionamento durante o período grego.
VEGETAIS E OUTROS PRODUTOS
Na agricultura dos tempos bíblicos, o linho era cultivado para produzir fio de linho.
Os espiões que visitaram Jericó nos tempos de Josué se esconderam entre os talos do linho que secavam no teto de uma casa (Js 2.6).
O fio do linho era usado para fiar (Pv 31.13), mas Isaías não gostava das “roupas de linho” que eram produzidas porque a sua transparência levava ao estímulo sexual (ls 3.16-24, esp. v.23).
Pepinos, melões, alho-poró, cebolas e alhos eram provavelmente trazidos do Egito (Nm 11.5), e muitas plantas eram cultivadas para que suas folhas verdes pudessem ser comidas (malva, azeda e alcachofras).
Feijões e lentilhas eram usados para engrossar os ensopados (Gn 25.34).
VINHAS (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
Segundo Gênesis 9.20, Noé foi a primeira pessoa a cultivar uvas depois do Dilúvio.
Em nível pessoal, todo judeu queria ter sua própria vinha nos tempos bíblicos.
Ela era plantada e crescia numa treliça ao longo da casa, provendo sombra durante o calor do verão (1 Rs 4.2).
Ter uma vinha fazia parte da vida estabelecida e, portanto, rejeitada pelos recabitas que queriam dar testemunho do estilo nômade de vida (Jr 35).
Era bastante econômico para uma aldeia investir em sua própria vinha.
Na terra boa para o cultivo de uvas, porém, as pequenas vinhas eram compradas por proprietários ausentes e os pequenos fazendeiros se tornavam inquilinos, recebendo uma parte da produção como pagamento (1 Rs 21.6; Mt 20.1; Lc 20.9,10).
O cultivo dos vinhedos se tornou então um empreendimento importante
Ele já estava bem desenvolvido quando Moisés enviou espiões a Canaã (Nm 13.23).
Cultivo da vinha Isaías 5.1,2 descreve o processo de cultivar uma vinha:
O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil.
E a cercou, e a limpou das pedras, e a plantou de excelentes vides, e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar. (Veja também Mt 21.33).
A vinha era colocada numa encosta onde houvesse boa drenagem e onde as uvas pudessem apanhar sol.
A terra era primeiro preparada em terraços para usar as pedras espalhadas pelo terreno e, ao mesmo tempo, para conservar o solo durante as chuvas pesadas.
A propriedade era então cercada com um muro e um fosso, a terra removida do fosso formava a base do muro.
Uma cerca de espinhos era colocada no alto do muro, a fim de evitar a entrada de quaisquer animais que pudessem danificar a plantação (Pv
24.30,31; Ct 2.15).
O Salmo 80.12,13 menciona seres humanos que poderiam invadir a vinha para roubar uvas, embora a lei permitisse que elas fossem apanhadas, desde que o indivíduo não as levasse num recipiente (Lv 19.10; Dt 23.24).
O solo era preparado, afofando-o com uma enxada (Is 5.2).
Finalmente, foi construída uma torre que servia de casa de verão, um lugar para a família passar o verão enquanto as uvas estavam sendo colhidas.
Construir não era coisa fácil
Jesus contou certa vez a história de um homem cujo dinheiro acabou enquanto construía uma torre (Lc 14.28-30).
O andar de cima da torre era usado como um lugar de vigia (Is 5.2).
Se o proprietário não podia construir uma torre, os trabalhadores usavam uma tenda.
As mudas eram plantadas a cerca de 3 m entre si, para dar espaço aos ramos.
Se a vinha estivesse em terreno plano, haveria espaço suficiente para passar o arado entre as fileiras.
Algumas variedades eram deixadas no chão, mas outras apoiadas em treliças rusticam amaria as de gravetos na forma de forquilha.
Uma vez que as vinhas cresciam, a poda era feita uvas- com uma pequena podadeira (Jl 3.10) durante os meses de inverno, a fim de remover os galhos fracos, quebrados ou doentes para que a vinha produzisse as melhores uvas possíveis.
Esse processo era referido como “limpeza da videira”. Estamos sendo podados ou limpos pelo ensino que Jesus nos deu (Jo 15.3).
Os ramos bons que não estão indo muito bem são removidos (Jo 15.2) e colocados em posição mais favorável para produzir bons frutos.
A VINDIMA (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
A vindima começa em julho, mas dura até setembro. A aldeia inteira pode ir para as vinhas (como em Jz 9.27) porque o trabalho tem de ser rapidamente completado.
Colher uvas era um trabalho árduo na agricultura nos dias bíblicos, mas havia cânticos, danças e celebração.
As celebrações faziam de tal modo parte da vindima que se estivessem ausentes, isso seria visto como um sinal do juízo de Deus (Is 16.10).
Todos levavam grandes cestos (Jr 6.9) para colocar as uvas. Algumas delas eram comidas frescas ou espremidas para fazer suco de uva.
O copeiro-chefe na interpretação do sonho por José, espremeu um cacho de uvas no copo do Faraó (Gn 40.11).
Suco de uva fresco era usado com fins laxativos
Parte do suco era também transformada em vinho, conhecido como “vinho doce” (Os 4.11).
Outras uvas eram secadas para fazer uva-passa. Eles as colocavam num canto da vinha, virando-as diariamente e aspergindo com óleo de oliva.
Davi recebeu vários presentes de passas em várias ocasiões (1 Sm
25.18; 2 Sm 16.1; 1 Cr 12.40) por serem um alimento produzido em grande quantidade.
Havia uvas demais para serem todas utilizadas para fazer passas. A maioria era espremida e transformada em suco.
O LAGAR (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
O lagar era uma cisterna cortada na rocha com um furo de saída no fundo.
O suco corria pelo buraco e caía numa tina ou outras vasilhas coletoras.
Várias pessoas entravam ao mesmo tempo na cisterna e pisavam as uvas, provocando muitas risadas e alegria.
A primeira parte de Isaías 65.8 diz: “Como quando se acha mosto num cacho de uvas dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele”, pode ter constado de uma das canções cantadas durante o processo.
Da mesma forma que Isaías, Jeremias vê juízo quando não há alegria ou cantos quando as uvas são pisadas (Jr 48.33).
Isaías apresenta um triste exemplo de um homem que estava pisando uvas sozinho porque todos os seus companheiros tinham ido embora (Is 63.3).
Uma ilustração ainda mais violenta do juízo é dada quando pessoas são
colocadas no lagar de Deus e pisoteadas.
As vestes divinas ficam cobertas de sangue em vez do suco das uvas vermelhas (Is 63.3-6; Ap 19.13,15).
Certa quantidade de suco de uva era fervida para fazer um xarope espesso chamado dibs.
Esse pode ser perfeitamente o que é chamado de mel em muitas partes da Bíblia.
Isso porque as abelhas não eram mantidas em colmeias até os tempos romanos.
A maior parte do suco de uva era transformada em vinho. Isso não se devia simplesmente ao prazer, mas a uma necessidade.
A água não servia para beber a não ser que viesse de uma fonte sadia e o suprimento de leite era limitado.
Quando Paulo disse a Timóteo que devia beber um pouco de vinho por causa do seu estômago, não se tratava necessariamente do vinho fazer bem ao estômago, mas porque a água poderia prejudicá-lo (1 Tm 5.23).
FABRICAÇÃO DO VINHO
O suco de uva ficava cerca de seis semanas nas vasilhas coletoras para fermentar. Um sedimento conhecido como borra se formava no fundo da vasilha.
O vinho era então derramado delicadamente em jarros, sem perturbar o sedimento (veja Jr 48.1 1).
Os jarros eram selados com argila, mas havia um pequeno orifício junto ao cabo, permitindo que os gases escapassem durante o restante da fermentação.
Quando o processo se completava, o orifício era fechado com um pouco de argila umedecida e o nome ou selo do proprietário era colocado na argila.
O vinho podia ser colocado em odres (recipientes de pelo de cabra), mas se o odre velho não se expandisse para receber os gases, ele então explodia e o vinho não podia ser aproveitado.
Esse é o ponto da ilustração de Jesus em Mateus 9.17
Nos tempos do Novo Testamento, os vinhos eram importados de todo o mundo mediterrâneo para a Judeia.
Os ricos tinham adegas em suas casas e estocavam o vinho em jarros estreitos com extremidades pontudas chamados ânforas.
As pontas eram enterradas no solo para ajudar a manter os jarros frescos. Vinho era também produzido de tâmaras, romãs, maçãs e cereais.
O vinho feito de cereais é provavelmente mencionado na Bíblia (Lv 10.9; Is 56.12) como bebida fermentada.
Havia vários usos paia o vinho além do óbvio. Ele era empregado como desinfetante para limpar feridas antes de colocar o azeite curativo (Lc 10.14).
O vinho barato (vinho dos soldados), produzido antes da fermentação ter-se completado nas vasilhas de barro, era misturado com mirra ou galha para aliviar a dor (Mt 27.34).
O SIMBOLISMO DA VIDEIRA
A videira tinha grande importância não só na agricultura nos tempos bíblicos, mas também na religião de Israel.
Era usada como símbolo da vida religiosa do povo e uma escultura de um cacho de uvas com frequência adornava o exterior da sinagoga.
O simbolismo se baseava em passagens tais como Salmos 80 e Isaías 51.1-5, onde Israel é a videira de Deus.
A importância da vinha é a razão dos fariseus terem se enfurecido tanto quando Jesus contou a história dos lavradores maus na vinha (Mt 21.33 41,45,46).
Jesus era a videira verdadeira (Jo 15.5-7), como cumprimento de tudo que Israel devia ser para Deus.
A videira era também importante porque destacava o ensino sobre o uso certo e errado das coisas.
O vinho era uma das coisas boas que Deus deu (Gn 27.28; Jz 9.13) e como tal devia ser oferecido a Ele nas ações de graças (Ex 29.40).
Quando o lavrador morava muito distante do santuário central para entregar o dízimo do vinho, este devia ser vendido e usado para comprar
algo com que agradecer a Deus (Dt 14.22-26).
Devia haver, porém, abstenção do vinho com propósitos disciplinares. O nazireu não comia ou bebia absolutamente nada proveniente do fruto da videira (Nm 6.3).
João Batista não tomava vinho (Lc 1.15) e ele era proibido para os sacerdotes (Lv 10.5-9) quando iam à presença de Deus.
O vinho podia ser usado com bons propósitos (Gn 14.18; Is 5.11; 28.7).
Os excessos de comportamento causados pelo vinho é que eram condenados na Bíblia, e não o ato de beber vinho em si (Rm 13.13; 1 Co 11.21; 1 Tm 3.8; Tt 2.3).
Veja também como eram os alimentos nos tempos bíblicos.
CULTIVO DAS OLIVEIRAS
As oliveiras estavam associadas às vinhas, elas eram também um elemento vital do suprimento alimentar e muito importante na agricultura nos tempos bíblicos.
O Salmo 128.3 fala da bênção de Deus sobre as famílias que confiam nEle: “A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa”.
A oliveira da família podia ser cultivada ao lado da herança familiar, mas com o passar do tempo bosques de oliveiras foram plantados ao longo das vinhas e dos campos de cereais, quando o óleo era usado para pagar impostos.
As oliveiras cresciam tão bem que a terra era chamada às vezes de “uma terra de óleo… de oliveira” (Dt 8.8).
O cultivo das oliveiras era feito colocando um enxerto de uma árvore cultivada em outra silvestre.
A planta silvestre era então cortada pela base
As raízes da árvore se aprofundam muito no solo rochoso e este fato pode estar por trás de Deuteronômio 32.13, que se refere ao azeite sendo sugado da pederneira.
A árvore leva cerca de quinze anos para chegar à maturidade e depois produz frutos durante séculos.
As velhas raízes geralmente lançam novos rebentos, o que deu ao profeta a ideia do renovo de Jessé que fez brotar o Messias (Is 11.1).
Os novos brotos eram enxertados nos troncos.
Paulo diz que quando a cristandade seguiu o judaísmo do Antigo Testamento, era como se, contrário à prática normal, uma oliveira
brava estivesse sendo enxertada num tronco cultivado (Rm 11.24).
A OLIVEIRA (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
A oliveira não é uma árvore atraente. Ela tem cerca de seis metros de altura quando adulta.
A casca é nodosa e as folhas têm uma cor verde mortiça. Porém, ficam prateadas quando expostas ao sol, o que provavelmente fez com que a árvore parecesse bela aos olhos das pessoas nos tempos bíblicos (SI 52.8; Jr
11.16; Os 14.6).
A árvore se cobre de botões brancos na primavera, e quando eles caem dão a impressão de uma chuva de flocos de neve (Jó 15.33).
O fruto está pronto para ser colhido pelas mulheres e meninos em setembro/outubro.
Um pedaço grande de pano é estendido debaixo da árvore e os ramos batidos para que as azeitonas caiam sobre o pano.
Nos dias do Antigo Testamento, as que não caíam tinham de ser deixadas na árvore para serem colhidas pelos pobres (Dt 24.20; Is 17.6).
As batidas nos ramos com certeza destruíam os brotos novos, de modo que a colheita do ano seguinte era pequena.
Isso resultava em anos bons alternados com outros maus para a safra.
A PRENSA DE AZEITONA
Muitas azeitonas eram comidas com pão de cevada e isto constituía o desjejum normal do trabalhador.
Era possível preservá-las, imergindo-as cm água salgada.
A principal importância da colheita era, porém, o seu óleo.
A prensa de óleo consistia em uma grande pedra achatada, cilíndrica, escavada na parte de cinva para formar uma espécie cie bacia grande e rasa para conter as azeitonas.
Outra roda de pedra era colocada na beirada, com a ajuda de um jumento era girada ao redor da bacia, esmagando as azeitonas.
A polpa resultante era então tratada para extrair o óleo
Um método de obter óleo era colocar a polpa em cestos, um por cima do outro, e espremê-los juntos numa prensa, seja por meio de um parafuso de rosca ou um pedaço de madeira que funcionava como uma alavanca quando empurrada contra uma estrutura de madeira.
Outro método era colocar a polpa de azeitonas em sacos de tecido que eram depois pisados.
O óleo saía através do tecido e era colocado em frascos até o sedimento assentar.
O material produzido era depois tirado e guardado em lugar fresco. A colheita de uma só árvore rendia cerca de 20 galões de óleo.
Getsêmani, no Jardim das Oliveiras, significa ‘prensa de óleo” porque deve ter havido uma prensa ali.
Era possível pisar as azeitonas como uvas na prensa, mas em vista delas serem muito mais duras do que as uvas, pouco óleo era produzido desse modo (Mq 6.15).
ÓLEO DE OLIVA (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
O óleo de oliva tomou o lugar da manteiga e da gordura para cozinhar, sendo então crucial para a dieta.
Ele fazia, portanto, parte da oferta de manjares (Lv 2.1).
Era usado como combustível para as lâmpadas (Mt 25.3,4) e quando fervido com soda cáustica formava o sabão.
O óleo era usado para esfregar na pele a fim dar-lhe brilho, e para ungir a cabeça para o cabelo brilhar também.
A beleza produzida pelo óleo pode sublinhar o seu uso na vida religiosa, porque os objetos consagrados ao serviço de Deus eram ungidos com óleo.
O profeta (1 Rs 19.16), o sacerdote (Lv 8.12) e o rei (1 Sm 16.13; 1 Rs 1.34) eram ungidos com óleo por serem separados, ou consagrados ao serviço de Deus.
O uso ritual era tão importante que se considerava ofensa, levando à excomunhão, usar o óleo santo da unção para fins comuns (Ex 30.32,33) e a pessoa que tivesse recebido tal unção devia ser obedecida (1 Sm 24.6).
Muito simbolismo é envolvido nisto
O óleo parece ter sido reconhecido como um dom de Deus; a oliveira que cresce num lugar rochoso produzirá abundância de óleo.
O óleo é, pois, associado com o dom de Deus e com o derramamento do Espírito feito por Deus.
Jesus disse que o Espírito de Deus estava sobre Ele porque o Senhor o havia ungido (Is 61.1; Lc4.16-21).
A pessoa era consagrada a Deus pela unção porque acreditava-se que o próprio óleo era de Deus e porque o óleo na pele e no cabelo faziam as pessoas terem melhor aparência.
Os cristãos também recebem uma unção (1 Jo 2.27), que deve ser também o
Espírito Santo porque resulta em aprender a verdade de Deus (Jo 14.26).
O óleo era igualmente usado para curar.
Quando o Bom Samaritano ajudou o homem que havia sido atacado na estrada de Jerusalém a Jericó, ele derramou óleo e vinho sobre as feridas.
Essa propriedade medicinal deveria estar por trás do uso do óleo nas
curas divinas.
Os primeiros cristãos receberam instruções para ungir o doente com óleo e orar por ele (Tg 5.13-16)
Outros acreditam que a unção era um meio de consagrar ou entregar o doente aos cuidados de Deus.
Marcos 6.13 diz que quando os Doze foram ministrar em pares, eles levaram óleo para curar.
A madeira da oliveira é usada para fabricar pequenas peças e para esculpir.
O tronco nodoso torna impossível aproveitá-lo. A madeira é atraente, com
veios escuros contra um fundo amarelado.
Os querubins do templo eram feitos de madeira de oliveira juntamente com as portas internas e externas.
Os escudos eram lubrificados (2 Sm 1.21) para impedir que o couro rachasse.
O óleo tinha a mesma função de conservar o couro como a graxa conserva
os sapatos.
FIGUEIRAS (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
As figueiras eram apreciadas pelos seus frutos e pela sua sombra.
Do mesmo modo que a videira, as figueiras se tornaram um símbolo de segurança e prosperidade (1 Rs 4.25; Mq 4.4; Zc 3.1 0).
Quando Jesus encontrou Natanael pela primeira vez, ele estava sentado sob a sua figueira (Jo 1.48).
Elas eram silvestres, e nesse estado selvagem os botôes-fêmea da figueira tinham de ser polinizados por meio de uma vespa que se desenvolvia dentro dos figos não-comestíveis (selvagens) os quais cresciam várias vezes por ano.
Depois da figueira ter sido cultivada por algum tempo (Lc 13.6-9), ela não precisava mais da polinização feita por insetos.
A árvore cultivada era geralmente plantada numa vinha (Lc 13).
Se fosse permitido que a árvore crescesse até sua plena estatura, ela podia alcançar dez metros, mas se estivesse em solo rochoso ou fosse cortada regularmente ficava limitada a um arbusto.
As folhas da figueira eram grandes o bastante para servir de cobertura para Adão e Eva (Gn 3.7).
As folhas se desenvolviam no final da primavera, ou no final de abril e eram portanto um sinal de que o verão estava se aproximando (Mt 24.32).
Era possível colher frutos da árvore durante cerca de dez meses no ano.
Os primeiros figos maduros (Os 9.10) surgiam em junho, mas a colheita principal amadurecia em agosto.
Havia uma pequena colheita de figos de inverno que no geral permanecia até a primavera.
Os figos podiam ser comidos frescos, em compotas ou preservados secos (1 Sm 15.18; 1 Cr 12.40).
Foi dessa forma que Ezequias usou os figos como emplastro (2 Rs 20.7).
O SICÔMORO (AGRICULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS)
Outra forma de árvore frutífera, similar ao figo, era o chamado sicômoro.
Nos dias de Davi os sicômoros eram suficientemente abundantes para que encarregasse alguém de cuidar deles (1 Cr 27.28).
Foi de cima de uma dessas árvores que Zaqueu ouviu Jesus chamá-lo para descer, a fim de poderem comer juntos (Lc 19.1 -4).
A árvore tinha cerca de dez metros de altura e era plantada pela sua madeira leve e duradoura, assim como pelo seu fruto.
As árvores novas eram cortadas para estimular o crescimento da madeira em múltiplas posições, sendo podadas depois de sete anos.
A Mishná permitia que o homem que alugasse um campo com um sicômoro só cortasse os ramos no primeiro ano depois de um arrendamento de sete
anos.
A importância econômica da árvore era tão grande que quando os egípcios perdiam suas árvores por causa da geada, isso significava um desastre (SI
78.47).
Amós era um cultivador de sicômoros assim como boieiro (Am 7.14,15).
O fruto do sicômoro precisava ser furado e limpo com óleo para
amadurecer e tornar-se então suculento.
O proprietário de uma plantação de sicômoros permitia que o pastor
deixasse seu rebanho pastar sob as árvores em troca de ele fazer esse trabalho monótono.
Texto extraído do site https://bibliotecadopregador.com.br/agricultura-tempos-biblicos/