Nome do livro: Os Números na Bíblia

Autor: Christian Chen
Tema: Sua significação espiritual
Editora: Editora Metodista

Temas correlatos no site

Não se aplica
Não se aplica
Comprar esse livro
numeros

Sinopse

Por tratar-se de tema de alta relevância, apresentamos uma sinopse ampliada do livro com o intuito de demonstrar a importância do estudo deste conteúdo, esperando com isto estimular o leitor a estudar o tema em detalhes.

Ressaltamos que esta sinopse, apesar da designação “ampliada”, é apenas uma pequena parte de todo conteúdo que deve, segundo nosso entendimento, ser objeto de estudo completo e detalhado.

PARA QUE VOCÊ POSSA APROFUNDAR NESSE ESTUDO, RECOMENDAMOS A AQUISIÇÃO DE UM EXEMPLAR DESSA OBRA/TEMA.

Nota do site:

O Site TenhoSede entende que há uma gama enorme de bons livros cristãos que podem ajudar muito a todos os filhos de Deus no desenvolvimento de uma vida cristã consagrada, madura e frutífera. Neste sentido, os livros aqui mencionados são uma pequena demonstração desta visão.

Esclarece ainda, que todo conteúdo dos livros aqui indicados é de responsabilidade de seus autores e que os mesmos foram incluídos nesta Plataforma tão somente pelo seu elevado conteúdo bíblico. O objetivo é o de trazer à luz uma enorme gama de aspectos relevantes para o todo da revelação das Escrituras e para uma melhor interface com outras seções do site.

A indicação dos mesmos é feita essencialmente para abordar temas fundamentais para uma melhor e mais profunda compreensão da Palavra, não sendo necessária a aquisição especificamente dos títulos aqui indicados. No entanto, recomenda-se que os temas por eles abordados devam ser estudados em detalhes, ainda que por meio de outros títulos, para que se alcance uma maior consciência da grandeza do Senhor e de Sua Palavra.

O Site TenhoSede reitera que não tem nenhuma participação na comercialização dos livros, sendo um site totalmente gratuito e sem fins lucrativos.

Sinopse ampliada

ÍNDICE

PRÓLOGO – TUDO O QUE VOCÊ PRECISA E “OUTPUT” E…

CAPÍTULO 1 – 120 = 40 + 40 + 40

CAPÍTULO 2 – O PRIMEIRO 40

CAPÍTULO 3 – APRENDENDO MATEMÁTICA NOS BANCOS DO NILO

CAPÍTULO 4 – A ENUMERAÇÃO DOS CABELOS

CAPÍTULO 5 – O SEGUNDO 40

CAPÍTULO 6 – UM MUNDO MARAVILHOSO DE NÚMEROS EM GÊNESIS UM

CAPÍTULO 7 – O ABC DA MATEMÁTICA CELESTIAL

CAPÍTULO 8 – “CINCO OU SEIS”

CAPÍTULO 9 – ALÉM DA PERFEIÇÃO

CAPÍTULO 10 – SOMAR OU NÃO SOMAR EIS A QUESTÃO

CAPÍTULO 11 – SURPRESAS NA MATEMÁTICA CELESTIAL

CAPÍTULO 12 – “ENSINA-NOS A CONTAR NOSSOS DIAS”

CAPÍTULO 13 – O TERCEIRO 40: AS HORAS SEM NUVENS

CAPÍTULO 14 – O TERCEIRO 40: DECLARANDO O NÚMERO DE PASSOS

PRÓLOGO

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA E “OUTPUT” E…

A Bíblia, a palavra de Deus, é um espécime magnífico da Arquitetura Divina e contém, até mesmo na sua porta da frente — Gênesis um, um interessante esquema dos números 3 e 7.

O autor vai demonstrar durante toda a obra que as inúmeras vezes em que os números 3 e 7 aparecem na bíblia eles estavam relacionados entre si e com várias passagens e acontecimentos.

Estudar o esquema numérico e a simetria na Bíblia é um tema muito fascinante. Um estudo detalhado e diligente da mesma, apesar de ser uma tarefa que exige cuidado, mostra-se sempre compensador. O propósito deste trabalho é apresentar os resultados, tanto clássicos quanto modernos do estudo ao longo dessa interessante linha de pensamentos. A ênfase será mais com relação às lições espirituais que se podem extrair do estudo do que quanto à simples informação. Os números na Bíblia são os recursos pedagógicos de Deus na escola de Cristo, dados como exemplos a fim de transmitir a mensagem e mostrar-nos o caminho da maturidade espiritual.

A fim de obter informação numérica de um computador, é preciso submeter um programa com dados de entrada (“input”) e aguardar pela resposta (“output”). Certa vez os usuários do Centro de Computação do Courante Institute da Universidade de Nova Iorque viram estas palavras ao lado da janela onde eram aguardadas as respostas do computador: “Tudo o que você precisa é amor”. Não concordando inteiramente com a declaração, alguém acrescentou por brincadeira mais duas palavras a lápis: “e output”. A sentença tornou-se então: “Tudo o que você precisa é amor e output:”.

CAPÍTULO 1

120 = 40 + 40 + 40

Será apresentado aqui o estudo com o número 40 na Bíblia.
O 40 têm sido desde há muito reconhecido como um número importante em relação à frequência com que ocorre como a uniformidade de sua associação com um período de provações e dificuldades.

Os 40 dias de jejum de nosso Senhor no deserto, claramente indicam em retrospecto, os 40 dias que Moisés permaneceu no Sinai (Ex 24. 18: 34.28) e os 40 dias com que Elias viajou pela mesma região (1 Rs 19.8). Os 40 dias de tentação nos recordam o uso repetido no Dilúvio durante 40 dias e 40 noites (Gn 7.4, 17). E esses são apenas alguns exemplos da aparição do número 40 nas Escrituras. Existem várias citações sobre esse número.

É interessante notar que existem três trios de 40, a saber, três
40 + 40 + 40 relacionados com a história de Israel enquanto se encontravam no Egito, no Deserto e na Terra Prometida. A primeira série de 40 + 40 + 40 está ligada com o esquema da vida de Moisés em três períodos de 40 anos cada (At 7.23; Ex 7.7; Di 34.7). Os primeiros 40 se passaram no Egito e os últimos no deserto. A segunda série está associada com os 40 dias em que Moisés permaneceu no monte de Deus e os 40 dias em que Calebe espiou a terra de Canaã, na idade de 40 anos. A terceira série de 40 + 40 + 40 assinala os reinados sucessivos do rei Saul, do rei Davi e do rei Salomão na terra de Canaã, em três períodos de 40 anos cada. Como se torna claro, à medida que se segue 40 + 40 + 40 representa o processo de disciplina de Deus para com seus filhos segundo o seu programa educativo. No primeiro trio de 40, trata-se de um programa para o preparo do servo, em relação com a mordomia. No segundo, o preparo de um caminho: comunhão. Na última série, o preparo de um rei: soberania.

Moisés passou pelos vários estágios de provações e testes e veio a tornar-se finalmente “participante da sua santidade” (Hb 12.10).
É citado o Salmo mais antigo…

“Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração. Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus… Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. Tu os levas como corrente d’água; são como um sono; são como a erva que cresce de madrugada; de madrugada cresce e floresce; à tarde, corta-se e seca… A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos…. Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios” (SI 90.1-12).

Este Salmo foi escrito há mais ou menos 3.500 anos, por Moisés, naquele tempo sua nação era escrava. Todo o povo de Israel estava na casa de servidão, que era o Egito. O Egito que Moisés conheceu não tinha o mesmo formato representado nos mapas de hoje. Mas era principalmente uma faixa verde, contornando o Nilo por cerca de 960 quilômetros. Um deserto com situações climáticas extremas alimentado pelo saudado rio Nilo, que oferecia ricas condições de fertilidade e logo, de vida. Além disso, limitado de ambos os lados por desertos e montanhas intransponíveis, o mar ao norte, um vale muitíssimo estreito e o rio obstruído por cataratas ao sul, a terra do Egito está completamente protegida de seus inimigos. Dentro das muralhas, os egípcios viveram, trabalharam, morreram e deixaram conosco uma esplêndida história e uma brilhante civilização.

Além disso, os antigos egípcios pareciam ter também dispensado uma grande atenção aos seus pomares e jardins, os quais, como os nossos, eram ligados as suas casas.

Foi nessa terra que Moisés nasceu e cresceu. Os egípcios dependiam do Nilo e tiravam dele todas as riquezas. Sua fonte natural os capacitou a construir um paraíso, em meio ao deserto seco, para eles e seus descendentes. Não precisavam olhar para qualquer outra fonte senão o Nilo. Eles se apoiavam nos seus próprios pés, para eles tudo era auto-suficiente.

Da mesma forma que o vale do Nilo este planeta é muito bom para a vida humana. É interessante sabermos que se a crosta terrestre ficasse três metros mais espessa, nunca mais haveria oxigênio; e se o oceano se aprofundasse mais alguns metros, tanto o oxigênio como o gás carbônico seriam totalmente absorvidos; assim sendo, não seria possível a existência de plantas ou seres animais na Terra. A camada de atmosfera da terra é tão espessa que chega a uma altura de 804.500 metros; é como um tapete que cobre a terra para evitar o choque fatal dos meteoritos. Esses meteoritos chegam à terra em número de vinte milhões por dia, numa velocidade 80 vezes mais rápida que uma bala.

Portanto, o impacto provocado por um desses pequeninos meteoritos faria o homem em pedaços, tão somente pelo calor de sua passagem. Além disso, nossa atmosfera funciona como um bom anteparo para nos proteger contra os raios cósmicos. É transparente para a luz solar, mas pode ser um anteparo efetivo contra o Raio X, os Raios Ultravioleta e outros raios provenientes do espaço, que apresentam elevados níveis energéticos. Por outro lado, a atmosfera tem uma espessura exata que pode permitir a passagem de raios actínicos, necessários para a vegetação, para matar as bactérias e para produzir vitaminas. Tais raios são inofensivos para o homem, a não ser que exponha muito tempo à ação deles.

A distância entre a Terra e o Sol é exata, pois o calor que recebemos do Sol não é nem excessivo nem escasso. Se não fosse assim todos os seres viventes morreriam torrados ou congelados. Os cientistas estão buscando uma outra estrela semelhante à terra neste universo. Mas é muito difícil encontrar tal estrela. Portanto, nosso planeta pode-se comparar àquele vale do Nilo. Vivemos aqui, procurando implantar um paraíso. Trabalhamos muito e chegamos à era atômica, entramos na era espacial, temos aqui todos os recursos naturais.

Já no século XIX os homens pensavam que iriam ter um aperfeiçoamento tal que não precisariam mais olhar para o céu, sendo exatamente como aquele povo que morava no vale do Nilo e queria desenvolver sua própria civilização. E eles clamavam que tinham tal civilização e que Deus deveria descer do Seu Reino. Eles estavam muito obcecados com as riquezas do vale do Nilo.

Se compararmos o mundo em que nascemos ao vale do Nilo

— o lugar onde Moisés começou seu drama há aproximadamente

3.500 anos será então irracional perdermos a visão de nós mesmos na vida de Moisés.

Para ele, 120 é igual a 40 mais 40 mais 40. Segundo Atos 7, os dias de Moisés estão divididos em 3 períodos; cada período cobre 40 anos. Paulo nos fala em 2 Coríntios que os judeus lhe deram cinco vezes 40 açoites, menos um.

Paulo foi açoitado segundo a lei do Velho Testamento. Quarenta açoites deveriam ser aplicados ao homem que merecia ser castigado. Deus lhes disse que o número de açoites nunca poderia exceder 40. Para não transgredir a lei, os judeus, calculadamente, aplicaram em Paulo 40 açoites menos um, o que não ultrapassaria o limite ordenado por Deus. Aos olhos daqueles judeus, a falta de Paulo havia chegado ao máximo.

Tecnicamente eram 40 açoites menos um. Espiritualmente, entretanto, 5 X 40 significava como ele sofrera por amor a Cristo e como ele aprendera a dizer: “Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro” (Rm 8.36). Estas são todas as obras da cruz na vida de Paulo para torná-lo “mais que vencedor” (Rm 8.37) e um ministro de Cristo (2 Co 11 .23) fora dele! Esta é a trajetória que conduz à glória.

Deus estava moldando e transformando seu servo através dos 120 anos, dirigindo-o de estágio em estágio à plenitude do Seu propósito nele. No primeiro estágio, Moisés foi conhecido como um “egípcio” como se ele fosse um dos egípcios. Deus o transformou gradualmente em um homem de Deus (Salmo 90). Na linguagem do Novo Testamento ele está vivendo uma vida como a de Cristo e o Egito está desistindo dele. Finalmente, no terceiro estágio, ele cresceu até a estatura de um servo de Deus (Números 12.7). Antes de trabalhar para Deus, Moisés precisou ser trabalhado por Deus. Deus jamais desperdiçou Seu caminho de 40, Ele sempre tem a colheita dourada em vista. Falando de maneira figurada, nos primeiros 40 anos a fé possuída por Moisés foi testada e terminou com uma bela lição: “E até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados” (Mt 10.30).

No segundo período, foi testada a sua esperança e ele começou a pedir sabedoria para “contar os nossos dias” (Salmo 90). No último estágio, seu amor foi testado e ele foi ensinado a dizer como Jó: “O número de meus passos lhe mostraria: como príncipe me chegaria ele’ (Jó 31.37).

CAPÍTULO 2

O PRIMEIRO 40: NA SOMBRA DA GRANDEZA DO EGITO



Moisés começou seus primeiros 40 anos sendo retirado do Nilo, o rio que significa tanto para os egípcios, como se ele fosse a sua água da vida. “Então ordenou o Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida” (Er 1.22). A sentença de morte foi dada a Moisés antes de seu nascimento.

Muitos estudiosos identificam Ramsés II como o faraó da opressão bíblica que forçou o povo de Israel em grandes grupos de trabalho sob severos capatazes. Antigos textos egípcios contam como o presunçoso Ramsés recrutava trabalhadores, inclusive nômades asiáticos, para construir sua nova capital e outras cidades no DeIta.

Atualmente, na Sala das Múmias do Museu Egípcio, no Cairo, ainda se pode ver sua cabeça gigante de granito rosa e sua estátua colossal. Sua face parece contraída, rachada pela idade, dando a impressão de ainda sonhar com a glória após 32 séculos. Suas riquezas incontáveis, de poder de vida e morte sobre multidões, até mesmo sobre Moisés, não puderam livrá-lo das dores de dentes. Raios X revelam que o rei-deus tinha toda sorte de problemas na boca. Embora tenha sido descoberto que lhe faltavam dentes, que tinha abscessos, cáries, gengivas recuadas etc.

Moisés tinha de ser atirado na água. Sob tal tirania e em tal ambiente onde a sombra da morte estava em todo lugar, morrer e sofrer era lógico; viver e crescer era um grande milagre. Pela fé, os pais de Moisés puderam escondê-lo durante três meses. Quando isto não era mais possível, a mãe colocou o seu bebê desamparado em uma cesta de juncos, e, confiando-o à guarda do Deus em que ela confiava, deixou-o na beira do rio. Foi ali que a filha do Faraó o encontrou, e ele foi salvo e criado como filho de um rei.

Na verdade, foi Deus, através das mãos da filha de Faraó, quem tirou Moisés da água. Ele foi educado como o filho de um rei. No começo do segundo período de 40 anos, ele foi tirado por Deus de sua casa e ambiente profanos para uma vida no deserto sozinho com Ele; e no começo do terceiro período de 40 anos, ele foi tirado de seu isolamento para ser o instrumento de Deus para tirar o povo de Israel do Egito. No fim dos 3 X 40 anos ele foi finalmente tirado por completo do mundo e levado para o seio do Eterno.

No processo da transformação, somos sempre tirados da morte para a vida, da carne para a liberdade do Espírito Santo, do nosso ego para Cristo.

Ao final dos primeiros 40 anos, escreveu-se a respeito de Moisés que ele foi “instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras” (Atos 7.22).

Moisés diplomou-se na melhor universidade do Egito, ao nível da USP ou MIT, com o maior grau de honra. Para que? Não nos esqueçamos que Deus não somente estava usando Moisés para tirar o Seu povo do Egito e levá-lo para a terra prometida, mas, também para nos transmitir a revelação do alto através dos cinco livros de Moisés.

Quando os apóstolos foram para o mundo romano, eles puderam utilizar-se da língua grega, naquele tempo falada universalmente, assim como da cultura e pensamento gregos. E aquilo que a Grécia era nos dias de Cristo, o Egito fora e havia sido muito mais na época em que os filhos de Israel se tornaram a nação escolhida. Nos primeiros 40 anos, Moisés teve grande contato com a mais alta cultura intelectual do mundo daquele tempo. Não se trata de que no caso dos romanos e egípcios a verdade de Deus precisasse da ajuda da sabedoria deste mundo. Pelo contrário, num certo sentido, ela se opunha a ele. Para este último propósito, Moisés teve de passar literalmente por 2 X 40 anos de dificuldades para ficar bem preparado.

Ninguém deve pensar sequer por um momento que o Egito era muito atrasado no tempo de Moisés. Os egípcios eram um povo muito prático. Bem antes de Moisés, eles já haviam aprendido os princípios de engenharia que os capacitou a construir grandes estruturas como as pirâmides. Eles não tinham roldanas, mas moviam grandes blocos nas posições necessárias utilizando marretas, cilindros e rampas. Preservavam os corpos dos mortos como múmias. O exame e o preparo dos corpos para embalsamar, levaram os egípcios a se tornarem hábeis doutores, com bom conhecimento de anatomia. Deixaram-nos instituições que são aceitas ainda hoje. Descobertas arqueológicas nos permitem espreitar deliciosamente os corações e as mentes dos dias de Moisés.

O nobre egípcio se barbeava, tomava banho frequentemente, e algumas vezes usava uma peruca cerimonial, saia de linho branco e sandálias. Com colares de pedras preciosas, enfeites nas orelhas, e leques, ele e sua esposa expressavam sofisticada elegância. A mansão senhorial deles recebia muita luz e ar. Sentavam-se em cadeiras e comiam na mesa. Suas horas de lazer podiam ser passadas em um recanto do jardim, ouvindo um harpista cego cantar uma canção ou contar uma velha lenda. Compareciam a jantares de gala, onde para cada convidado era designado um servo. Tão logo um nobre obtinha meios e autoridade ele passava a tratar de seu túmulo e acessórios. Pedreiros construíam as edificações nas montanhas ocidentais de Tebas e alisavam as paredes. Foi então sob a sombra da magnificência do Egito que Moisés nasceu e se criou.

CAPÍTULO 3

APRENDENDO MATEMÁTICA NOS BANCOS DO NILO



Moisés ‘foi instruído em toda ciência dos egípcios… (At 7.22). Um jovem da corte como Moisés, teria estudado na escola dos escribas, participado das caçadas no deserto e no pântano, ouvido os harpistas nos jantares, praticado arco e flecha e guiado carruagens. Descobertas arqueológicas nos proporcionam uma oportunidade interessante para dar uma espiada no “livro-texto” de matemática, que Moisés poderia ter usado em seus estudos.

Os primeiros escritos matemáticos que existem hoje, se é que existem, estão gravados na cabeça de pedra do cetro cerimonial do rei egípcio Menés, fundador da primeira dinastia faraônica.

Alguns estudos mostram que os egípcios de 1.500 anos antes de Moisés haviam superado completamente a incapacidade dos povos primitivos para pensar corajosamente em termos de números mesmo antes da invenção da escrita. O significado deste avanço pode ser apreciado somente pela comparação com o atraso aritmético dos povos bem além do barbarismo hoje.

É válido mencionar que os gregos geralmente supunham que a matemática teve origem no Egito. Heródoto, que conhecia melhor o Egito, viu o lado mais prático do assunto. Quando o Nilo inundava uma área de agricultura, se tornava necessário, por causa dos impostos, determinar qual a quantidade de terra que se havia perdido.

A numeração egípcia seguia o sistema decimal. A aritmética de aproximadamente um ou dois séculos antes de Moisés podia somar, subtrair, multiplicar e dividir, e era aplicada a numerosos problemas extremamente simples, envolvendo todas estas operações.

O símbolo para 1.000 era uma flor de Lótus, para 104 um dedo com a ponta encurvada, para 105 um girino e para 106 um homem com os braços erguidos.

Os números de 2 a 9 eram representados por dois, três, … nove traços verticais. As dezenas, centenas e assim por diante eram tratadas do mesmo modo. Estes símbolos eram também combinados, para representar outros números.

As centenas eram representadas em primeiro lugar, depois as dezenas e finalmente as unidades exatamente como na notação moderna.

Na notação hieróglifo, a adição não representava qualquer dificuldade. Bastava que o jovem Moisés contasse os números das unidades, das dezenas, das centenas, etc. Mas bastante peculiar é a multiplicação. Os egípcios usavam duas operações para multiplicar: dobrando e somando.

Este método egípcio de multiplicação é a base de toda a arte de calcular. Deve ser muito antigo; mas foi capaz de manter-se, sem mudanças, no período helenista; e, nas escolas gregas, foi ensinado como “Cálculo Egípcio”. Mesmo durante a Idade Média a “duplicação” era encarada como uma operação independente.

A divisão que Moisés aprendeu era peculiar. Entretanto, atualmente é mais fácil de entender do que muitos métodos que muitos de nós usamos. Ao invés de dizer: “calcule 45 ÷ 9”, Moisés poderia ter dito: “Calcule com 9 até alcançar 45”. Comecemos a multiplicar com Moisés:

1 X 9 = 9
2 X 9
= 18

4 X 9 = 2 X (2 X 9) = 36

Segue-se então que (1 + 4) X 9 = 45. A resposta é 5. Mas o que Moisés fazia quando a divisão não era “em partes iguais”? Fazia o mesmo que nós: recorria às frações.

Existe uma notável diferença entre as frações egípcias e aquelas que usamos hoje. Nosso sistema admite qualquer número como numerador, enquanto que os egípcios usavam frações somente com o numerador 1, exceção de 2/3 e 3/4. Devemos chamar as frações com o numerador 1 de frações unitárias. Para escrever tal fração, os egípcios simplesmente escreviam o denominador embaixo de um símbolo que representava uma boca aberta.

Resolvendo os cálculos, os egípcios frequentemente chegavam a resultados que não poderiam ser expressos por frações unitárias. Por exemplo: Moisés poderia escrever 1/3 + 1/12 para 5/12. O cálculo com frações naturais é muito fácil para qualquer um que domine algumas fórmulas simples.

Alguns exemplos simples:

1/6 + 1/6 = 1/3
1/6 + 1/6 + 1/6
= 1/2
1/3 + 1/3
= 2/3
1/2 + 1/3 + 1/6
= 1



Estas são as regras para o cálculo com metade, terços e sextos que todo calculador egípcio, como Moisés, precisava saber de cor.

Vejamos agora um exemplo para mostrar como os egípcios faziam as divisões que não tinham um número inteiro no quociente. Seja a divisão de 19 por 8. Evidentemente:

2 X 8 + (¼) X 8 + (1/8) X 8 = 19



Portanto:

19 + 8 = 2 + (1/4) + (1/8)



Embora a maior parte da matemática egípcia fosse aritmética, aplicada à medida de figuras geométricas, podemos ver precursores de vários tópicos agora incluídos no estudo da álgebra no colegial.

A colocação de um número arbitrário no início de uma resolução foi utilizada séculos depois pelos matemáticos da Europa ocidental. Eles o chamavam de método da única falsa posição. Este método foi ensinado aos estudantes norte-americanos tão recentemente quanto a última parte do século XIX. Provavelmente, nenhum desses estudantes sabia que os egípcios haviam aplicado o mesmo método muitos séculos antes.

Existe um problema, datado de entre 2 e 7 séculos antes de Moisés, onde os egípcios utilizaram o método da única falsa posição em uma equação não linear. O problema é o seguinte: “a soma das áreas de dois quadrados é cem. Três vezes o lado de um é quatro vezes o lado do outro. Descubra os lados dos quadrados”. Na notação moderna, o problema é resolver

X2 + y2 = 100, y = (3/4)x

Para x e y, um dos primeiros exemplos de um sistema simultâneo. É na verdade surpreendente ver como um egípcio poderia resolvê-lo há séculos atrás, da seguinte maneira:

1. Tomemos x = 4 e y = 3

2. Então 42 + 32 = 25 (25 =|= 100; consequentemente o passo 3)

3. 25 = 5, 100 = 10

4. 10 / 5 = 2

5. Os lados são 2 X 3 = 6 e 2 X 4 = 8



É desnecessário dizer que a edificação da grande pirâmide em Gisé, cerca de 2.900 A.C., deve ter envolvido muitos problemas matemáticos.

Todas as listas das sete maravilhas do mundo antigo incluem esta Grande Pirâmide. Mas, como observado pelo Prof. E.T. Bell, matemático americano, os escravos egípcios jamais poderiam ter construído. “A maior das pirâmides do Egito existia apenas na mente de um matemático anônimo que descobriu ou adivinhou os mais notáveis resultados na Geometria pré-grega”, disse o Professor E.T. Bell. Este esquecido matemático egípcio deu um exemplo numérico da fórmula correta. (1/3) h (a2 + ab + b2), para o volume do tronco de uma truncada pirâmide quadrada h sendo a altura e a, b os lados do ápice e das bases. Esta aplicação numérica de um caso especial de fórmula prismoidal data de cerca de três séculos e meio antes de Moisés. Muito provavelmente, ele conhecia bem a fórmula em questão.

Não se sabe como esta fórmula foi obtida. Se o esquecido egípcio responsável por este resultado tivesse provado seu método, ele seria classificado entre os grandes gênios e pioneiros da matemática.

O método completo da exaustão é adequadamente descrito através de um simples problema de determinação da área de um círculo. Polígonos regulares de n lados são inscritos e circunscritos ao círculo; a área exigida é menor do que aquela do polígono circunscrito e maior do que a do inscrito; como n é aumentado, a diferença entre as áreas dos polígonos diminui até que, no limite, à medida que n tende ao infinito, a diferença desaparece, ou é “exaurida” e a área comum dos polígonos é igual à do círculo. Em qualquer condição, digamos n = 96, em que Arquimedes parou no século terceiro A.C., uma aproximação à área do círculo é obtida dos polígonos calculados. Mas o passo crucial para obter a fórmula exata da área é tomada somente pela passagem ao limite à medida que n se torna infinitamente grande.

Parece improvável que aquele esquecido egípcio tivesse algo semelhante a uma prova para a sua regra. Se se tratasse apenas de uma adivinhação feliz, ele seria tão bom em adivinhação que não precisaria de matemática. Alguns grandes matemáticos chegaram a desconsiderar quase completamente a prova, alegando que qualquer pessoa competente pode chegar a uma conclusão uma vez que o resultado tenha sido adivinhado. Medido através deste padrão, o egípcio anônimo era um grande matemático e sua descoberta foi de fato a “maior pirâmide egípcia”. À sombra desta grandeza é que Moisés “foi instruído em toda a ciência dos egípcios”.

CAPÍTULO 4

A ENUMERAÇÃO DOS CABELOS

Não há dúvida de que Moisés teve a mais alta educação que o Egito poderia dar. A Escritura diz que, em consequência, ele foi ‘poderoso em suas palavras e feitos’. Como estudante, tornou-se versado na sabedoria e ciência do Egito. Como um estadista, foram concedidos a ele poderes singulares de oratória. Como soldado, era poderoso em suas conquistas. A tradição registra grandes vitórias para os exércitos egípcios, obtidas sob sua liderança. A sua habilidade na organização e na liderança de grandes multidões deve ser considerada. Em seu treinamento militar, é certo que a disciplina, paciência e decisão rápida deveriam fazer parte de seu currículo.

Assim se passaram os primeiros quarenta anos de vida de Moisés. Mas, antes de ingressar em uma carreira superior, ele precisava decidir com quem ele iria seguir seu futuro: com o Egito ou com Israel, com o mundo ou com as promessas. Moisés estava numa idade em que os prazeres do pecado eram os mais fascinantes e atraentes, quando a balança pesava muito contra a ideia dele se tornar o campeão de seu povo. O encanto de um mundo de poder e glória era tangível e real. Na época de sua plena maturidade, ele estava aplicando sua habilidade em “contar” e foi capaz de avaliar sabiamente os fatores envolvidos, pesando cuidadosamente os prós e os contras da situação.

Neste ponto crítico, uma influência de sua infância, começou a ter valor. Não é preciso nenhum exagero de imaginação para ter uma ideia do que Moisés quando criança, aprendeu de sua mãe, e o que deve ter ouvido de seu povo perseguido. No momento em que uma criança tão preservada e tão bem treinada descobre ter sido destinada a deixar o seu lar hebreu e ir para a corte do Faraó, parece quase natural que os pensamentos de uma libertação futura de seu povo através dele crescessem gradualmente em sua alma.

Provavelmente, uma das grandes lições que Moisés aprendeu com seus pais, foi a de fé sem medo. A fé possuída por Anrão e Joquebede possibilitou os subsequentes tratos de Deus com Moisés, o filho deles. Na verdade, a fé que aqueles dois escravos tinham influenciou significativamente o curso da história do mundo: “Pela fé, Moisés ... – foi escondido três meses por seus pais,… e ‘não temeram’ o mandamento do rei” (Hb 11 .23). Sua fé transcendia seu temor da ira do rei. A coragem dos pais produziu intrepidez moral no filho: “Pela fé deixou o Egito, ‘não temendo’ a ira do rei”. A fé expulsa o medo.

Mas sua fé, embora profunda e genuína, ainda estava longe de ser pura e espiritual.

Os antigos egípcios se destacavam pela severidade de sua disciplina, e seus monumentos representam o “capataz” armado com pesados chicotes, feitos de madeira que eles usavam sem piedade. A visão desses sofrimentos, sofridos pelos criados aos seus irmãos, iria naturalmente fazer surgir o mais profundo ressentimento no filho da princesa real. Esta situação, juntamente com a resolução de abraçar a causa de seus irmãos e o pensamento nascente de tornar-se o seu libertador, levou Moisés a matar um egípcio que estava maltratando “um hebreu, um de seus irmãos”.

Moisés se tornaria um libertador antes de ser chamado por Deus para tal; e ele ia realizar isso por outros meios que não aqueles indicados por Deus. Ainda não havia chegado o tempo de Deus para o julgamento do Egito e do livramento de Israel; e o servo inteligente sempre espera pelo tempo de Deus. Moisés cresceu e “foi instruído em toda a ciência dos egípcios”; e, mais ainda, “ele cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão”. Tudo isto é verdade; embora, evidentemente, ele tenha corrido antes do tempo, e quando alguém faz isso, o fracasso é certo. E não somente o fracasso final, mas manifesta-se também incerteza, falta de calma e de santa independência no progresso de um trabalho iniciado antes do tempo de Deus.

Era preciso que Moisés compreendesse que o trabalho de Deus é espiritual, independendo de nossa força natural. Segundo a própria estimativa de Moisés, se houvesse um tempo em que ele poderia servir a Deus, foi na idade dos 40, a época vigorosa e dourada de sua vida. Ele acabara de terminar os seus estudos e sua memória ainda estava bem viva. Era poderoso em palavras e atos e provavelmente em sua força física também.

Nenhuma energia da carne poderia contribuir para a economia de Deus. Arma alguma podia ser empregada na libertação de Israel, a não ser o poder de Deus. Deus iria salvar Israel pelas mãos de Moisés, mas não à maneira do Egito, como Moisés aprendera. Israel jamais seria libertado se a libertação dependesse de Moisés matar os egípcios um a um. Deus tinha um meio muito melhor do que esse.

A maneira de Moisés era a do Egito. Aos olhos de Deus, o próprio Moisés, no seu vigor era a maior dificuldade; levaria tempo e seria necessário treino paciente para fazer deste homem impetuoso um servo submisso.

Deus precisava ensinar Moisés primeiramente pelo fracasso. Antes de ser transplantado, por assim dizer, Moisés precisou ser podado. Ele precisava fazer penetrar suas raízes, antes de poder brotar.

O faraó também soube do que ele havia feito, e tentou matá-lo. Ele foi, portanto, rejeitado por seus irmãos e perseguido pelo mundo. Aquela atitude de Moisés tinha sido na verdade, resultado de um nobre ideal; mas, aos olhos dos outros, teve o sabor do mundo ou do espírito da carne.

Que grande fracasso. Vamos agradecer a Deus por nossos fracassos e nosso violento despertar. Moisés temeu e fugiu para a terra de Midiá. Ele fez sua escolha, e por sua própria vontade decidiu tomar o caminho da Cruz, sofrer aflição, perda e vergonha. Aquilo de que ainda precisava só poderia ser aprendido na solidão, humilhação e sofrimento. Em sua lembrança, Moisés talvez não conseguisse jamais fugir do fato de que fora um ato impulsivo e infantil de sua parte que o conduzira ao segundo período de sua vida, outros quarenta anos.

Esta é a lição que foi ensinada por Nosso Senhor aos seus discípulos, a respeito de como sobreviver num mundo de perseguição. “Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor… E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma,… E até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados” (Mi 10.24-30).

Imaginemos que um dia, quando penteava o cabelo, Moisés tivesse percebido que um fio caíra de sua cabeça. O computador celestial contaria então, imediatamente, o número daquele fio. Ele sabe o número de nossos cabelos; assim como a mãe conhece as marcas de nascimento de seu bebê. O amor sempre se lembra.

Os rabinos judeus estimavam o peso de acordo com o número de grãos de cevada, tirados do meio da espiga, aos quais era equivalente. Desde que um ciclo é equivalente a 176.2 grãos, o peso do cabelo de Absalão é aproximadamente igual a 35.240 grãos de cevada. Oh, o Espírito Santo se lembra até mesmo do cabelo de Absalão, quanto mais Nosso Senhor se lembrará do número de cabelos de Seus discípulos enquanto estão vivendo em um mundo de perseguição. E qualquer um que escolha sofrer “O vitupério de Cristo”, como Moisés, está destinado a não ter permissão para viver. Sim, Moisés viveu e viveu bem os primeiros 40 anos.

Para Moisés, a passagem daqueles longos anos foi como permitir que uma criança cresça num ambiente cheio de germes, espalhando toda sorte de doenças fatais. Apesar disso, ele os atravessou e venceu.

Por uma ordem de acontecimentos que nenhuma providência humana teria arranjado a filha de Faraó foi usada como instrumento para tirar Moisés da água e nutri-lo e educá-lo até completar quarenta anos. Em meio à insana confusão de coisas que envolvem o cristão hoje em dia, não há reflexão mais confortadora do que esta: o Deus de nossa salvação é também o Deus da providencia. Quando Ele quis um libertador para Israel escolheu aquela criança lançada fora. Quando Ele quis libertar e proteger a criança, enviou a filha de Faraó para fazê-lo, para dar-lhe uma educação nos moldes hebraicos. Ele a devolveu à sua mãe e a manteve sob a influência dela durante os seus primeiros anos. A fim de treinar Moisés para governar os homens e dirigir os assuntos públicos. Ele abriu-lhe as portas das escolas egípcias e o fez praticar sob a mão do rei egípcio. Deus estava atrás das cenas. Ele numerou e numerou. Estes foram os primeiros 40 anos.

CAPÍTULO 5

O SEGUNDO 40: CRISE DE ENERGIA E ALVORADA DA REVELAÇÃO

“Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu”, e comparando estas palavras com o discurso de Estevão em Atos 7, vemos que a nobre vida se divide em três períodos de exatamente quarenta anos cada um. Ele passou quarenta anos na corte do Faraó; quarenta anos no deserto de Midiã e quarenta anos no caminho para Canaã. O primeiro destes períodos produziu auto confiança; o segundo, auto desprezo e o terceiro auto abandono.

Agora vamos entrar em alguns detalhes do segundo período da vida de Moisés.

Poder-se-ia pensar que este homem, Moisés, instruído em toda a sabedoria do Egito, poderoso em palavras e obras, era certamente capaz de libertar Israel. Esse foi o primeiro pensamento do próprio Moisés e o pensamento o levou à ação (Êxodo 2). Somente o resultado lhe mostrou a insuficiência de seus recursos para a tarefa que estava diante dele — a inevitável consequência de tentar realizar os propósitos de Deus em sua própria força. Moisés ainda precisava conhecer a sua própria fraqueza e o poder do Deus Onipotente. Para que ele pudesse aprender tais lições, o exílio lhe foi apontado; e passou assim da popularidade para o isolamento, das escolas do Egito para a escola de Deus.

Os anos passados no palácio haviam fornecido uma oportunidade única para o treinamento de seu intelecto, mas a segunda fase de sua educação para o propósito que Deus tinha em vista, precisava começar. A solidão é sempre um fator importante na formação de um grande homem. Seu curso na Universidade do Egito o preparou para o trabalho entre as classes mais altas.

Rejeitado pelo seu povo, perseguido pelo rei, a graciosa Providência de Deus preparou um abrigo e um lar para o fugitivo. Privado dos magníficos ambientes do palácio de Faraó e dos prazeres da altamente civilizada capital do Egito foi dada a Moisés a alegria de um lar tranquilo, e foi-lhe ensinado a contentar-se com comida simples e uma vida pastoral numa terra estranha.

Deus esperou até que a esperança de Moisés, no sentido de ser mandado de volta para se tornar o libertador de seus irmãos oprimidos, se acabasse. Ele esperou até que Moisés, no silêncio do deserto, se aquietasse, e toda a “atividade criativa”, a pressa e o impulso houvessem morrido. Enquanto o tempo passava silenciosamente, sua esperança e sua força natural foram enfraquecendo dia a dia. Gradualmente, ele atingiu o fim de sua vida natural. Foi mais provavelmente nessa ocasião que escreveu o Salmo 90.

Já não se caracterizava por “sua mão” (At 7.25), mas se reduzira ao homem mais humilde de toda a terra (Nm 12.3). Esta maravilhosa transformação, realmente aconteceu na vida de Moisés enquanto ele estava na Universidade do deserto. O Salmo 90 parece dar-nos alguns traços do que Moisés aprendeu naqueles anos.

Lemos no versículo 12: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios”. Isto faz parte da oração de Moisés registrada no Salmo 90. Ele estava aqui buscando a sabedoria a fim de dominar a arte da contagem dos seus dias. Nossa tendência é pensar que na época de Moisés não existiam calendários mediante os quais pudesse ser ensinado. Mas a verdade é justamente o oposto. O calendário egípcio é realmente o único inteligente que jamais existiu na história da humanidade. Como brasileiros nos inclinamos a pensar que nossa influência se estendeu até mesmo ao vale do Nilo, pois os egípcios celebravam o seu carnaval, ao estilo egípcio, nesses dias. Apesar de esse calendário ter sido originado em bases puramente práticas, o seu valor para os cálculos astronômicos foi plenamente reconhecido pelos astrônomos helenistas.

O calendário estritamente lunar dos babilônios, com sua dependência de toda a complicada variação do movimento lunar, assim como os caóticos calendários gregos, que dependiam não apenas da lua, mas também da política local para os seus cálculos, eram evidentemente muito inferiores ao invariável calendário egípcio. Assim sendo, o Egito não só ensinou Moisés a contar os seus dias, mas também lhe ensinou a melhor maneira de fazer os cálculos nessa época. Durante a sua vida, não faltou a Moisés conhecimento para ajudá-lo a contar os seus dias. Ele podia olhar para o calendário e contá-los.

Todavia, depois de 40 anos de treinamento no deserto chegou ao fim de seus recursos naturais e descobriu algo: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55.8, 9). Até aquele momento os pensamentos dele eram baseados nas ideias egípcias todos fundamentados no vale do no Nilo. Moisés começou a compreender porque Deus o colocara no deserto: entrou ali na escola de Deus, estava aprendendo diante do Senhor.

Aqueles 40 anos foram como um grande filtro para separar todos os que não pertenciam a Deus. Todas as coisas do Egito têm de ficar para trás. E tudo quanto não é divino, tudo quanto não é de Cristo será filtrado. Sabemos muito bem que nossa cultura iria influenciar-nos sem que o percebêssemos, moldando nossos pensamentos.

Ficamos sabendo que os egípcios eram “evolucionistas”. Eles acreditavam que o homem se originara de uma minhoca branca que havia na terra às margens do Nilo após as enchentes. Esta ideia se baseava provavelmente no fato de terem observado algumas lagartas na praia que depois se transformaram em borboletas. Pensavam assim que sofríamos o mesmo tipo de transformação. Esta era a “antropologia” da época de Moisés. E não somente isso. O autor apresenta vários exemplos de como era a “ciência” e a “antropologia na época egípcia.

A oração de Moisés: “Senhor, ensina-nos a contar os nossos dias”. De maneira figurada Moisés deve ter descoberto a diferença entre a matemática do Egito e aquela que vem do alto. Ele começou a perceber a limitação da primeira e sentiu despertar em si o desejo de aprender algo a nível superior. Moisés necessitava de uma nova arte para a contagem dos seus dias.

A fim de descrever os segundos 40 anos da vida de Moisés, poderíamos dizer que ele estava enfrentando uma crise de energia em sua vida espiritual. Levou algum tempo para descobrir que sua energia pessoal e os recursos do Nilo não eram infinitos, mas estavam se acabando. Como acontece com a crise de energia na terra hoje, o problema só pode ser resolvido descobrindo uma nova fonte.

De maneira figurada, depois de ter sido “desmamado” do Nilo, Moisés descobriu uma nova fonte de energia vinda de uma direção para a qual não olhara antes. Enquanto aspirava o ar fresco do novo mundo ele começou a compreender quão insignificante e limitada era a terra plana que chamara de paraíso. Nesse novo mundo, com o céu como terceira dimensão, passou a perceber que as informações acumuladas na terra plana talvez não servissem para adquirir um conhecimento verdadeiro e perfeito de forma alguma. Deus podia transmitir a Moisés conhecimento sem que isso fosse feito necessariamente através do Egito. A revelação de Deus indica que não só o Nilo foi afastado, mas também que Moisés e seu conhecimento também. A revelação de Deus é tão exclusiva que não pode misturar-se a nada.

Usando Gênesis um como exemplo, Ele chega até nós, tendo Moisés como instrumento, como um dos rios que corriam no jardim do Éden. É a mais bela, mais pura, mais grandiosa narrativa da criação e da origem do universo em toda a literatura. É difícil imaginar um contraste maior do que aquele que existe entre as descrições pagãs da origem de todas as coisas e a narrativa escriturística.

Tanto gênesis como a geologia concordam em que a Terra esteve no início no que pode ser chamada de “condição caótica”. Ambos concordam em que certas condições cósmicas precisavam existir antes que a vida pudesse ter início, isto é, a necessidade de luz, terra seca, separação entre águas e atmosfera. Ambos estão de acordo em que as coisas simples apareceram primeiro e as complexas mais tarde.

Esta apresentação da vida em ordens ascendentes, exigida pela biologia moderna, se faz evidente no relato de Moisés, que colocou as ordens da criação no exato avanço sistemático que os biólogos defendem hoje. A única diferença entre Gênesis e a biologia é que esta defende um processo de super-incubação, onde uma ordem evoluiu da outra, enquanto Moisés estabelece a criação específica de cada ordem por sua vez.

Temos em nossas bibliotecas narrativas extraídas de placas de pedra, um registro da criação como ensinada pelos egípcios, as quais não concordam com Gênesis na maioria dos seus itens ou na descrição geral dos acontecimentos; assim como não concordam também com a informação científica atual. Moisés jamais poderia ter obtido no Egito o relato de Gênesis. Se pesquisarmos todas as outras fontes possíveis em nossas bibliotecas veremos que nenhuma delas apresenta um relato sequer aproximado de Gênesis 1.

Permanecem então duas fontes: uma delas pode ser o próprio Moisés a outra, o Deus da Revelação. Poderia ter Moisés adivinhado a ordem certa? As possibilidades são poucas. Apenas uma possibilidade em 311.351.040 de adivinhar corretamente. Mas este número não conta a história toda. Onde Moisés conseguiu as treze coisas para ordenar? Será que conhecia suficientemente a geografia física para que escrevesse uma descrição perfeita a respeito de todas as águas sob os céus serem reunidas em um leito no versículo 9: “Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca”. Atualmente qualquer viajante que faça a travessia dos mares poderá provar que Moisés estava perfeitamente certo em sua declaração. Todas as águas sob os céus estão reunidas num só lugar.

Reunindo esses e outros fatores, de que forma Moisés, ao escrever o primeiro capítulo de Gênesis, poderia reunir os treze itens de maneira correta e numa ordem satisfatória? Devemos concluir, como fato estabelecido, que Deus inspirou Moisés a escrever esses capítulos.

Deus não perdeu tempo em seu tratamento de Moisés no segundo estágio de 40 anos. A obra da cruz não serviu apenas para impedir que os erros e refugos do Egito se infiltrassem na Bíblia, como também assegurou uma luz completamente nova vinda dos céus, que estava muito além do pobre e insignificante Moisés. Os céus começaram a clarear.

Pela primeira vez na história de humanidade Deus revelou-se a Si mesmo e às suas obras na palavra escrita, mediante Moisés como seu instrumento. O universo não é mais uma incógnita desde que a solução se acha agora tão claramente apresentada na Sua Palavra. O amor de Deus levou-o a mostrar a Moisés e a nós uma solução mais fácil.

O acúmulo de informações no Egito não contribuiu de forma alguma para decifrar o enigma do Universo; Moisés precisou buscar uma nova direção por completamente diferente a fim de encontrar um caminho melhor na obtenção do verdadeiro conhecimento. A cruz o reduziu a nada, e ele começou a ver tudo em Deus. A cruz o livrou de um caminho mais difícil, talvez mesmo inútil, a fim de descobrir a verdadeira origem do Universo.

Uma lição provavelmente mais difícil e profunda que Moisés teve de aprender foi a de ponderar sobre a diferença existente entre a revelação e o conhecimento obtido na universidade do Egito. Esta lição não é de forma alguma antiga, mas muito real ainda hoje para nós que no século vinte amamos a palavra de Deus.

Observemos a diferença entre Gênesis Um e a biologia, que representa o que lemos na palavra de Deus e o que aprendemos no mundo. Esta diferença é no sentido que os biólogos defendem a ideia de evolução no arranjo da vida em ordens ascendentes, enquanto Moisés sustenta a ideia da criação específica. Se deixássemos esta última de lado, supondo-se que não houve propósito na origem da vida, então a matéria viva teria surgido por acaso. A chance, ou probabilidade, é uma teoria matemática altamente desenvolvida que se aplica à vasta escala de objetos do conhecimento que se encontra além da certeza absoluta. Esta teoria nos fornece os princípios mais sólidos para diferençar a verdade do erro, e calcular a probabilidade e ocorrência de qualquer particularidade de um evento.

Moisés está certo em defender a explicação da criação específica da vida. Ele obteve outra vez conhecimento mediante a revelação. Na época de Moisés, os egípcios conheciam também a “antropologia”, mas não passavam de evolucionistas primitivos. Eles ensinavam que os homens nasceram originalmente de certas minhocas brancas encontradas ao lado do rio Nilo, depois das enchentes anuais. A fim de opor-se firmemente a todos esses erros, Moisés deve ter permitido que a espada da Cruz cortasse até o mais íntimo de seu ser para que pudesse libertar-se de seus próprios sentimentos e sentidos, os quais aparentemente o faziam lembrar-se sempre de que estava totalmente errado no que dizia respeito ao que aprendera no Egito. Essa revelação foi bastante custosa para ele. Entrar em controvérsia com o Egito significava contradizer a si mesmo, mas mesmo assim decidiu ficar ao lado de Deus. Em lugar de fazer com que a verdade se amoldasse a ele, preferiu amoldar-se à verdade e deixar que esta se espalhasse e fosse exaltada. Isto exigiu dele uma morte violenta do seu próprio “eu”.

CAPÍTULO 6

UM MUNDO MARAVILHOSO DE NÚMEROS EM GÊNESIS UM



Uma leitura atenta do livro inicial da Bíblia, nos mostra rapidamente, que se trata de fato do trabalho mais interessante de toda a literatura mundial. Usando somente 76 palavras diferentes, fundamentais à toda a humanidade, ele estabelece uma perfeita abertura para o livro de Deus e determina tudo o que os homens precisam saber sobre os fatos da criação. As pessoas apreciariam muito mais este simples fato, se imaginassem o relato da criação sendo dado de uma forma diferente, isto é, numa linguagem científica.

O relato, para ser verdadeiramente científico, precisa ser acurado contra um fundo de suprema realidade. As ciências que penetram mais profundamente nos fatos fundamentais da matéria e da vida são, provavelmente, a astrofísica, a física nuclear e a bioquímica.

O estilo do capítulo um de Gênesis é tal, que serve para as pessoas de todas as classes, em todas as épocas. Somente Deus poderia escrever um capítulo como esse e Ele o fez.

O sistema numérico sobre o qual o capítulo um está construído, é semelhante ao esquema matemático observado na natureza do universo que cerca o homem. Mesmo neste capítulo inicial da Bíblia, a Inteligência Dominante da Criação tanto levou Moisés a elaborar alguns projetos, mesmo inconscientemente, como leva a abelha a produzir suas células de seis lados, inconscientemente também. Não é Moisés nem a abelha, mas é Deus quem colhe toda a glória.

Vamos examinar mais de perto o padrão matemático oculto no capítulo um de Gênesis. Um cuidadoso estudante da Bíblia não demoraria muito a descobrir um esquema de três números — 3, 7 e 10 — espalhado pelo capítulo todo.

Aqui está o primeiro exemplo do sete sendo dividido em seis e um. Lemos sete vezes que Deus “viu”. Sete vezes ouvimos o comentário de Deus: “que era bom”. Por seis vezes “era bom”, mas na sétima era “muito bom”. Aqui temos novamente: 7 = 6 + 1. Sete vezes Deus comanda as forças do Seu universo com a palavra: “Haja... “. As sete ordens, três das quais são duplas, fazem 10 ao todo. Após estas ordens ao Seu universo, Deus volta-se, como se fora para Si mesmo, e declara a grande conclusão do plano divino:

“Façamos o homem à nossa imagem e domine”. Temos, portanto, as doze declarações começando com uma palavra autoritária.

O autor apresenta vários exemplos em que aparece o número três no capítulo um.

Vemos aqui que a mente matemática que projetou o universo, revelou-se a si mesma através dos padrões das palavras de Gênesis.

A seguir é apresentada uma análise sobre o primeiro verso da Bíblia: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. No hebraico ele tem exatamente sete palavras e 28, ou 4 X 7, letras. O valor numérico do verso mais importante sobre a origem do universo é 2.701 ou 37 X 73, um múltiplo de 37 e, mais do que isso, o inverso de 37, isto é, 73. É interessante notar que aqui 37 e 73 são números primos. É interessante também, o fato de que este valor 2.701, está dividido entre as 28 letras deste verso; os que ocupam os lugares ímpares: 1, 3, 3… 27 têm 444 ou 2 X 2 ) ( 3 X 37; os que ocupam os lugares pares: 2, 4, 6… 28 têm 2.257 ou 61 X 37. Destes dois aspectos de 37 é preciso notar: em 444 o trinta e sete está combinado com 2 X 2 X 3; em 2.257 está combinado com 61. Mas a soma dos fatores 2, 2, 3 é sete; a soma dos números 1, 6 é sete. “No princípio” e “Deus” são palavras com o maior e o menor valores numéricos: 913 e 86. A soma é 999 ou 27 X 37. Os três substantivos principais: Deus, os céus e a terra, tem 777 ou 21 X 37. Deus e o céu tem 13X31. Deus e a terra tem 8 X 37.

As três primeiras palavras do capítulo um de Gênesis, que formam o sujeito e o predicado da sentença total, têm 14 letras ou 2 X 7. O objeto, os céus e a terra, tem por sua vez também, 14 ou 2 X 7; está assim dividido: os céus, tem sete; e a terra tem sete também. Os três substantivos principais do verso — Deus, céus, terra — têm 14 letras ou 2 x 7. O valor de colocação tem 147 ou 21 X 7; e o valor numérico tem 777 ou 111 X 7. Deixando, por um pouco, o texto deste verso, nós nos voltamos para o seu vocabulário. O vocabulário deste verso, possuindo a peculiaridade do hebraico nos seus prefixos, os quais são palavras abreviadas, tem um número maior de palavras que o próprio texto. Há nove palavras como um vocabulário para as sete no texto. O caso é parecido com o “isn’t” do inglês. No texto é uma palavra, mas no vocabulário devem ser consideradas duas palavras: o verbo “to be” (do qual “is” é uma forma) e o “not” do qual “n’t” é uma abreviatura, O vocabulário de Gênesis 1.1 tem assim 259 para o valor de colocação, ou 37 X 7; e para o seu valor numérico tem 2.275 ou 325 X 7; dos quais, os números ímpares têm 1.841 ou 263 X 7.

O primeiro verso de Gênesis é, portanto, construído sobre um esquema numérico altamente elaborado, ou seja, um sistema de sete e trinta e sete. Um perfeito artista numérico.

Mas, Gênesis 1.1 com seus esquemas de sete e trinta e sete é apenas uma parte do primeiro capítulo de Gênesis, que faz o relato da criação. O número de palavras neste capítulo é 434 ou 2 X 7 X 31. Alguns dos dias da criação são acompanhados da frase: “E viu Deus que era bom. A primeira palavra desta frase “E viu” tem o valor numérico de 217 ou 1 X 7 X 31.

Há outro interessante item numérico: o valor de colocação da primeira palavra “No princípio” e da última palavra “o sexto” do capítulo, é 133 ou 19 X 7; a soma de seus dígitos sendo sete. É interessante ver que o livro de Gênesis como um todo duplica esta característica do primeiro capítulo, se bem que o capítulo o faz com valores de colocação. O valor numérico de sua primeira palavra é 913; de sua última palavra “no Egito” é 382. Sua soma é 1.293 ou 185 X 7 ou 33 X 37. Além disso, 1.293 pode ser decomposto em três números primos: 7, 5 e 37 cuja soma é 49 ou 7 X 7. O que é então verdade a respeito do primeiro capítulo de Gênesis, como uma parte e do próprio livro como um todo, é também verdade a respeito dos cinco livros de Moisés, a Lei, como um todo. Deuteronômio termina com a palavra “Israel”, com um valor de colocação de 64; isto é, com 76, valor de colocação de “no princípio” faz 140 para o valor de colocação destas duas palavras que começam e terminam a Lei. Isto é, 20 x 7.

Depois de rever os padrões matemáticos ocultos nos cinco livros de Moisés, ninguém admitiria a mais leve ideia de que Moisés ou o Egito poderiam ter contribuído de qualquer forma para tal esquema.

Segundo a física moderna, a luz é feita de pequeninas partículas chamadas fótons. Por outro lado, a densidade da matéria é representada por partículas nucleares tais como nêutrons e prótons. No presente Universo foi calculado que existem 550.000 fótons por 1km e um número que fica entre 6 e 0,03 partículas nucleares por mil litros. Há. portanto, entre 100 milhões e 20.000 milhões de fótons para cada partícula nuclear no universo atualmente. Esta enorme proporção de fótons por partículas nucleares tem sido relativamente constante por um longo tempo. A consequência desta enorme proporção é que deve ter havido um tempo — não muito distante no passado — em que a energia da radiação era maior que a energia contida na matéria do universo. A energia na massa de uma partícula nuclear é dada pela fórmula de Einstein, E = mc2 como cerca de 939 MeV (milhões de volts de elétron). A energia média de um fóton hoje, é de aproximadamente 0.0007 cv (volts de elétrons), de modo que mesmo com 1.000 milhões de fótons por nêutron ou próton a maior parte da energia do presente universo está em forma de matéria e não de radiação.

Entretanto, nos primeiros tempos, a temperatura era mais aliada de modo que a energia de cada fóton era mais alta, enquanto a energia em um nêutron ou próton era sempre a mesma. De acordo com uma estimativa aproximada, a temperatura que era cerca de 1.300 vezes maior que no presente, marcaria a transição entre a era da “radiação-dominada”, na qual a maior parte da energia do universo existia em forma de radiação, e a presente era da “matéria dominada” na qual a maior parte da energia está nas massas de partículas nucleares. Resumindo, num determinado tempo nosso universo estava numa era de “radiação-dominada” e agora está numa era de “matéria-dominada”. Não é isto figuradamente descrito pelo que aconteceu nos dois grupos de três dos seis dias de Gênesis 1, onde se tem primeiro a luz e depois os luminares; primeiro o abstrato e depois o concreto; primeiro o mais baixo e depois o mais alto? Deus talvez tenha deixado deliberadamente uma tão bonita sugestão em Gênesis, de modo que nestes últimos dias em que a Ciência desenvolveu-se grandemente, nós pudéssemos aprender melhor Seus relatos e saber com segurança que Deus criou este universo.

Deveríamos dizer então, que Moisés não tinha mais que uma chance em 100 bilhões de ser capaz de descrever o universo na era da “radiação-dominada” antes de uma era de “matéria-dominada”. Novamente, Moisés ou o Egito em nada contribuíram.

CAPÍTULO 7

O ABC DA MATEMÁTICA CELESTIAL: DOIS OU TRÊS (Mt 18.20)

No Salmo 90 Moisés pede a Deus que o ensine a contar os seus dias. Ele começou a perceber que a matemática do Egito não era apropriada. Se o pensamento de Deus é mais elevado que os nossos e o caminho de Deus é diferente dos nossos, então a matemática de Deus deve ser muito diferente da nossa.

O autor segue dizendo que a Bíblia é um livro que, desde o começo até o fim, se apóia sobre um vasto sistema de números ligados às doutrinas da Palavra de Deus. O menor número inteiro é o “1”, se não contarmos o zero. O maior é 200.000.000 ou 2 X 108’. O menor número inteiro não mencionado é o 43. A grande pergunta proposta e que o autor tenta responder é: o número que foi utilizado propositadamente na Bíblia trata-se apenas de acaso? Certamente se Deus fez uso dele deve ter sido com infinita sabedoria e com gloriosa perfeição. E é exatamente isso que acontece. Porque os números 7 e 10 são encontrados frequentemente nos livros da profecia, como Daniel e Apocalipse, se não tem qualquer significado? Por que o número 3 está associado tão frequentemente à ressurreição do corpo, se ele não tem qualquer significação? Cada número tem a sua própria importância; seu significado está em harmonia moral e se relaciona com o assunto a que se refere. Esta harmonia é sempre perfeita. Cada palavra do livro de Deus está em seu devido lugar, apesar de que pode às vezes, parecer-nos fora de ordem.

É possível que as respostas estejam em um determinado lugar às vezes escondida em alguma palavra ou sentença, aparentemente inadvertida.

Os números são o código secreto da Palavra de Deus, que se revela apenas para os estudiosos da Palavra, aqueles a quem o Espírito Santo tem dado visão espiritual.

Quando lemos por exemplo, a expressão: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Di 6.4): ou “E o Senhor será rei sobre a terra: naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome” (Zc 14.9)”, temos, imediatamente, um número associado com a Divindade. Ele fala de Deus em sua independência, unidade e supremacia. Como um número cardinal ele denota independência e unidade; como ordinal denota supremacia. Nas duas citações que a diferença é visível: não há outro Senhor, não haverá outro.

É uma asserção de independência, como não admitindo nenhum outro; e implica, é claro, uma suficiência que não necessita de outro. Ser desta maneira independente, suficiente em Si mesmo, pertence a Deus somente. Mas há uma outra maneira de entender o número 1: pode excluir a diferença interna, pode falar da harmonia interna de partes ou atributos, de acordo próprio, de perfeição naquele sentido. Que não é o número um que está internamente dividido fica claro, “O sonho… é um só”, diz José em
Gênesis 41.25.

Se nos voltarmos do número cardinal para o ordinal. O “Primeiro” é novamente um título divino. “Eu sou o primeiro” (Is 44.6, 48.12), disse o Senhor. Fala inteiramente de prioridade, seja em tempo ou ordem, de supremacia: como o Começo Soberano de todas as coisas, do Criador, da fonte da vida. Nós precisamos, portanto, começar com Deus. Todos os nossos trabalhos e palavras precisam ser caracterizados pelas primeiras palavras da Bíblia: “No princípio Deus”, “Deus primeiro” é a voz da Escritura. “Mas buscai primeiro o reino de Deus...” (Mt 6.33) é a exortação de Cristo. “…. uma coisa faço, e é que esquecendo-me das coisas que atrás ficam… prossigo para o alvo. . .‘ (Fp 3.13 e 14) uma coisa e apenas uma para nós. “… estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessário; e Maria escolheu a boa parte...” (Lc 10.4142). Uma só coisa necessária em contraste com muitas outras coisas.

Um outro fato muito interessante ligado a este número, é que em hebraico há duas palavras para uma. “ECHAD” significa uma unidade composta ou coletiva, tal como uma multidão, um rebanho etc., e “YACHEFY’ significa absoluta unidade ou singularidade. A última palavra é usada somente doze vezes, e parece referir-se sempre ao Senhor Jesus, o único.

No Salmo 22.20, o Salmo da Crucificação, esta palavra é de novo encontrada. Aqui Jesus é chamado ‘meu único um’ (tradução literal). A última vez que esta palavra aparece no Velho Testamento é em Zacarias 12.10, que afirma que os judeus chorarão amargamente “como se chora amargamente pelo seu único um”: “… e olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearião como quem pranteia por um único um”.

A seguir é apresentado o número 2. Este número aparece 808 vezes na Bíblia. Ele é usado nas Escrituras tanto para combinação como para divisão; comparação ou contraste; confirmação ou oposição — como luz e trevas, bem e mal, amor e ódio — duas coisas em contraste.

Quão maravilhosa é a ideia de se unir a Deus a segunda Pessoa da Divindade, que a fim de favorecer nossas almas, tomou o lugar de profunda humilhação. Nele, Deus tem colocado ajuda sobre aquele que é poderoso, e o Filho de Deus tem se tornado Cristo, o Salvador. Salvador e salvação em algum sentido, estão, portanto, ligados comumente com este número dois. Um outro significado deste número que se associa com a ideia de ajuda, confirmação, é o de testemunho competente. Duas concordâncias, duas combinações, confirmando uma à outra — como duas testemunhas.

Na purificação da lepra havia duas aves: uma deveria ser degolada sobre a água corrente; a outra seria solta no campo — evidentemente tipificando e testificando a morte e ressurreição de Cristo (Lv 14.4-7). No dia da Expiação havia dois bodes: um foi morto, sendo o sangue levado para dentro do véu; e o outro, era o bode expiatório que levava a iniquidade de Israel à terra solitária — o primeiro falando e testificando para nós das exigências de Deus, o segundo da necessidade do homem (Lv 16.5-22). Jesus enviou seus setenta discípulos “dois a dois” adiante da sua face, a todas as cidades e Lugares para testemunhar (Lc 10:1-7).

Nossa Bíblia tem duas partes: o Velho Testamento (ou aliança) e o Novo Testamento; estes são o duplo testemunho competente de Deus aos homens. E note-se que a segunda Pessoa da Divindade é, novamente, a verdadeira Testemunha, a Palavra de Deus encarnada. A seguir o autor apresenta vários exemplos de como são apresentadas nas Escrituras várias vezes duas testemunhas:

Duas testemunhas antes do Dilúvio — Enoque e Noé.

Duas testemunhas no Deserto — Moisés e Arão.

Duas testemunhas que sustentaram o verdadeiro testemunho entre os espias — Calebe e Josué.

Dois anjos testemunharam a Ressurreição e a Ascenção de Nosso Senhor (Lc 24.4, At 1.10-11).

Duas testemunhas testificarão durante o período da Tribulação (Ap 11.3).

O número 2 leva o pensamento de divisão, contraste e oposição. Por exemplo, divisão é a característica do segundo dia da criação. “Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas” (Gn 1 .6). Aqui temos divisão ligada com o segundo dia e confirmando o seu significado. Ela é encontrada no vasto número de coisas que são apresentadas aos pares, de modo que uma pode ensinar com referência à outra através do contraste ou diferença.

Um outro exemplo são as duas naturezas no Homem. Quando a velha natureza é dominada pela nova natureza, possuímos poder e força no Senhor. Seguem mais exemplos de como o número dois se apresenta na Bíblia:

Há dois filhos. (Mi 7.21-28; Lc 15. 11; Gi 4. 22).

Duas portas: a estreita e a larga.

Dois caminhos: o caminho estreito e o caminho largo (Mt 7.13-14).

Duas árvores — a árvore boa e a árvore má (Mi 7.17).

Dois homens — o sábio e o tolo (Mt 7.24-27).

Dois fundamentos (Mt 7.24-27).

Houve uma divisão entre os dois primeiros filhos que nasceram no mundo, Caim e Abel (Ga 4.1.10). O mesmo aconteceu com os dois filhos de Abrão, lsmael e Isaque (Gn 21.8-13) e com os dois filhos de Isaque. Esaú e Jacó (Gn 25.27-34). Isaque, gerado “segundo o Espírito”; Ismael gerado “segundo a carne” (GI 4.2930). “Amei a Jacó e aborreci a Esaú…” (MI 1.2, 3; Rm 9.13).

Na verdade há somente dois homens no mundo diante de Deus: Adão, o primeiro homem e Cristo, o segundo homem. “O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último em espírito vivificante” (1 Co 15.45).

Em todos estes exemplos, o “segundo” sempre é aceito por Deus. Toda a força natural em Adão precisava sair deixando o segundo Homem viver em nós e por nós. Este é o glorioso princípio do “segundo” na Bíblia.

Será apresentado a seguir o número três.

Este número é mencionado 467 vezes na Palavra de Deus. O três demonstra combinação no sentido de unidade, como na Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Este é um número especial associado com a Divindade.

Por exemplo, três vezes os Serafins clamaram: “Santo, Santo, Santo” para cada uma das três pessoas da Trindade (Is 6.3); também os quatro animais em Apocalipse 4.8. Três vezes, a bênção é dada. Nestas bênçãos, o nome do Senhor ocorre três vezes. Jesus Cristo é mencionado como aquele “que é, e que era, e que há de ser” e como a “fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra” (Ap 1.4-5). Aqui o Senhor é apresentado como o divino Profeta, Sacerdote e Rei, que mostra a perfeição de Seus cargos, levantado de entre Seus irmãos. — (Di 17.15; 18.3-5 e 18. 15). O Evangelho de Cristo é visto de forma tripla: a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo. Ele salva do passado, santifica para o presente e glorifica no futuro através da regeneração, transformação e transfiguração. Mais ainda. Seu grande cuidado pastoral O identifica como:

O “Bom Pastor” na morte — João 10. 14

O “Grande Pastor” na ressurreição — Hebreus 13.20

O “Principal Pastor” na glória — 1 Pedro 5.4

São três os predicados de Deus. “Deus é amor” (1 Jo 4.8. 16). Nós devemos, portanto, “andar em amor” (Ef 5.2). “Deus é espírito” (Jo 4.24). Somos exortados a “andar no espírito” (Gl 5.16). “Deus é luz” (1 Jo 1 .5). Nós devemos “andar na luz”.

O três é chamado “número divino” por ser mencionado com frequência em relação com as coisas santas. “O Espírito, a água e o sangue” são as testemunhas divinamente perfeitas da graça de Deus na terra (1 Jo 5.18). Tanto o templo como o tabernáculo eram constituídos de três partes: o pátio, o Lugar Santo e o Santuário. Como o lugar de habitação de Deus, o homem também tem três partes: corpo, alma e espírito (1 Ts 5.23). Os dons da graça são três: Fé, Esperança e Amor. Pode-se perceber a natureza tríplice da tentação em 1 João 2. 16:

“a concupiscência da carne”
“a concupiscência dos olhos”
“a soberba da vida”.



Isto se manifestou em nossos primeiros pais, quando Eva viu (Gn 3.6) que a árvore do conhecimento do bem e do mal era:

“boa para se comer”
“agradável aos olhos”
“desejável para dar entendimento”.



Contra esta tríplice natureza da tentação, “o último Adão”, quando tentado pelo mesmo tentador, repetiu três vezes as palavras “está escrito”. Os três grandes inimigos do homem são: O Mundo, a Carne e o Diabo. O mundo está posto contra o Pai (1 Jo 2.15, 16). A Carne está contra o Espírito (GI 5.17). O Diabo está contra o Filho.

Três é também o número da divina plenitude e perfeição. É interessante observar que a palavra “plenitude” é notável, ocorrendo apenas três vezes e sempre em relação à divindade:

Efésios 3. 19 — “a plenitude de Deus”

Efésios 4.13 — “a plenitude de Cristo”

Colossenses 2.9 — “a plenitude da Divindade”.



Simbolicamente as três pessoas da trindade estão ligadas em relação à arca. O autor prossegue explorando seu significado. “Nenhum homem havia visto uma linha em tempo algum”. Se alguém tentar desenhar uma linha, mesmo que seja bem fina, precisará ter uma largura para ser discernível, e já não é mais uma linha, mas um plano. Logo, a realidade de uma dimensão só pode ser demonstrada por uma construção de duas dimensões. A segunda dimensão precisa ser apresentada, a fim de que a primeira seja revelada. A realidade do “comprimento” só pode ser demonstrada pela presença simultânea da “largura”. Deus nunca foi visto por alguém. “O Filho unigênito que está no seio do Pai, esse o fez conhecer” (Jo 1. 18).

Por outro lado, o método bidimensional de representar a realidade física é universalmente usado. Por exemplo, os quadros são pintados em duas dimensões, os livros são impressos em páginas bidimensionais, e assim por diante. A representação bidimensional é necessária e suficiente para a revelação tanto da realidade de uma como de três dimensões. Analogamente, a realidade tanto de um Deus, o Pai eterno, como do onipotente Espírito de Deus é demonstrada e representada visivelmente, pela Palavra encarnada, o Filho de Deus, a Segunda Pessoa. Não obstante, a realidade experimental da divindade exige mais do que o reconhecimento da verdadeira existência do Pai como revelada em e pelo Filho. É preciso, também, que seja experimentada a real presença de Deus, pelo Espírito Santo.

Embora uma realidade possa ser demonstrada de maneira convincente por uma visualização bi-dimensional, a existência real daquilo que é assim representado exige as três dimensões. Embora um plano possa ser visto, ele não pode ser experimentado. Embora o espaço na arca seja um, só pode ser visualizado em termos de duas de suas dimensões, e “vivido” apenas em todas as suas três dimensões. Além disso, alguma coisa só pode ser “habitada” nas suas três dimensões. Portanto, o Pai só pode ser visto no Filho e conhecido no Espírito e “…nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. Desta forma pode-se ver como o número três é o da Trindade e o da plenitude divina.

Em relação à plenitude divina, o número três sugere inteireza, perfeição divina. Em um grande número de passagens, o número três é usado para expressar períodos de fé. Três noites de vigília, três dias; três semanas; três meses e três anos (verifique Jz 7.19; Gn 40.12, 13, 18; x 2.2; Is 20.3; Jri 1.17; Mt 15.32. At 9.9; 2 Co 12.8). Jesus foi crucificado na terceira hora e houve três horas de trevas quando Ele estava na cruz. Sua grande tentação no deserto veio de maneira tríplice (Lc 4.3, 6-7, 9-10). O testemunho divino relativo a Nosso Senhor foi completado na voz tríplice que veio do Céu (Mi 3. 17; 17.5; Jo 12.28). As inscrições na Cruz em três idiomas, mostram a Sua completa rejeição pelo mundo. O mundo é aqui representado de três maneiras: pela religião hebraica, pela cultura grega e pela força militar romana simbolizando o meio religioso, o cultural e o político.

O número três também representa a ressurreição. No verso 21 Jesus diz que Ele está falando do templo de Seu corpo. Como foi predito, Jesus ressuscitou da morte no terceiro dia. Jesus ressuscitou três pessoas enquanto esteve na terra, No Velho Testamento, há também três casos registrados de pessoas sendo ressuscitadas (1 Rs 17.9-24, 2 Rs 4.18.35; 2 Rs 13.21). É interessante notar que houve um total de seis pessoas ressuscitadas. Estas seis ressuscitaram, mas morreram novamente. O sétimo que foi ressuscitado foi o próprio Senhor Jesus, e através de SUA RESSURREIÇÃO, toda a humanidade pôde ressuscitar outra vez.

Um outro tipo de ressurreição é visto na “jornada de três dias pelo deserto” do povo de Israel antes de atravessar o Mar Vermelho. Estes três dias foram imediatamente após a morte do Cordeiro Pascal naquela noite memorável e histórica. Israel havia saído de sua sepultura de água e estava se erguendo. Tipicamente, na ressurreição.

Jesus falou três vezes a respeito daqueles que crêem nele: “Eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.40, 44, 54). Três vezes a ressurreição do povo do Senhor está ligada com a volta de Cristo (1 Co 15.22-23; Fp 3.20-21: 1 Ti 4.16).

É fácil ver a ligação entre o número três e o número da Trindade. E esse mesmo número três como o número da ressurreição. Pai, Filho e Espírito falam plenamente de Deus. Três é, portanto o número da manifestação.

A obra segue concluindo que o número três significa a perfeição divina com especial referência à Trindade. O número quatro deveria marcar então aquilo que se segue à revelação de Deus na Trindade, isto é, Suas obras criadoras. Essa a razão pela qual a revelação escrita começa com as palavras: “no princípio criou Deus”. A criação é, portanto, o item seguinte e o número quatro sempre faz referências a tudo o que foi criado. Ele é enfaticamente o número da criação. É o número das coisas que têm um começo, das coisas que são feitas, das coisas materiais e da própria matéria. É o número do mundo.

É importante lembrar a esse respeito que nosso universo é um universo de Espaço-Tempo. Todos os fenômenos, incluindo todas as formas de matéria e todos os tipos de processos físicos e biológicos, têm lugar no espaço e através do tempo. A moderna união relativista de espaço e tempo num continuo de Tempo-Espaço, verifica e cristaliza de maneira interessante este fato da experiência universal. Nesta moderna linguagem científica, nós estamos vivendo num mundo de quatro dimensões.

Mesmo na linguagem do dia-a-dia, temos na Bíblia expressões tais como “os quatro confins da terra” (Is 11, 12).

É um fato aceito que qualquer objeto redondo pode ser dividido em quadrantes. Nosso mundo é redondo.

Ezequiel teve uma visão dos Querubins. Eram quatro em número. Cada um tinha quatro faces e quatro asas. Em Apocalipse os mesmos quatro querubins são chamados de “criaturas viventes” (Ap 4). A primeira criatura vivente era como um leão; a segunda, como um bezerro; a terceira, como um homem; e a quarta, como uma águia voando.

Justamente como o rio que saía do Éden para regar o Jardim de Deus, e que foi dividido em quatro (Gn 2. 10-14), o Evangelho, ou as boas novas de Cristo procedem do coração de Deus para alcançar o mundo e dizer aos homens: “Deus amou o mundo de tal maneira”. Temos as quatro apresentações disto, mais um Evangelho em Quatro Evangelhos. Por que quatro? Porque deve ser enviado aos quatro cantos ou às quatro partes do mundo. Ele “quer que todos os homens se salvem...” (1 Tm 2.4).

Jesus disse: “E eu quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”. Quando Ele foi mais tarde levantado, utilizaram três idiomas diferentes na inscrição da cruz, correspondendo às três raças históricas: o hebreu, o grego e o romano, representando todos os homens naquele tempo. Quando muitos foram atraídos pela cruz, e responderam positivamente à mensagem da cruz, a igreja de Deus nasceu. Cristo é apresentado a todos os homens como o Rei em Mateus; em Marcos como o servo de Deus; em Lucas, como o Filho do homem; em João, como o Filho de Deus. A natureza do Evangelho pode, portanto, comparar-se ao querubim da visão de Ezequiel e ao de Apocalipse 4; em Mateus ao leão; em Marcos ao bezerro; em Lucas ao homem; em João à águia voando.

CAPÍTULO 8

“CINCO OU SEIS” (2 REIS 13.19)



Segue a obra apresentando o número cinco. Ele aparece na Bíblia 318 vezes.

Segundo a aceitação que Cristo tem diante de Deus, a responsabilidade do homem é total. Cada uma destas partes está selada com o número cinco: a ponta da orelha direita, representa os cinco sentidos; o polegar, os cinco dedos da mão; e o dedão, os dedos do pé. Isto indica como o homem foi separado para possuir responsabilidade diante de Deus.

“Cinco” é, portanto, o número da responsabilidade do homem sob o governo de Deus. Na parábola das dez virgens (Mi 25.1.13), cinco delas são sábias e cinco tolas. As cinco sábias têm sempre o óleo que fornece a luz. Elas sentem a responsabilidade de manter-se permanentemente supridas pelo Espírito de Deus, e de submeterem sua vida a esse Espírito sendo dominadas por Ele. A parábola das dez virgens não mostra então a responsabilidade comunitária, mas a nossa responsabilidade, a minha responsabilidade sobre mim mesmo, sobre minha própria vida. É preciso que exista essa plenitude do Espírito de Deus na vida de cada indivíduo, a qual produz o brilho da luz e a combustão da chama.

Alguns exemplos propostos são: Cinco são os livros de Moisés, conhecidos coletivamente como a Lei, que falam da responsabilidade do homem no cumprimento das exigências da Lei. Cinco são as ofertas sobre o Altar do Sacrifício, registradas nos primeiros capítulos de Levítico.

Cinco pedras lisas foram escolhidas por Davi quando foi ao encontro do gigante inimigo de Israel (1 Sm 17.40). Elas eram símbolos de sua perfeita fraqueza suplementada pela força divina. E ele era mais forte em sua fraqueza do que protegido por toda a armadura de Saul. A responsabilidade de Davi era enfrentar o gigante com as cinco pedras; e a de Deus era fazer Davi conquistar o mais poderoso de todos os inimigos, usando somente uma daquelas cinco pedras.

Pode-se até pensar que a responsabilidade de Nosso Senhor parecia ser a de alimentar as cinco mil pessoas (Jo 6. 1.10) embora alguém precisasse tomar a responsabilidade de dar os “cinco pães” para que fossem consagrados pelas mãos do Mestre. Baseado nesses cinco pães, Nosso Senhor começou a abençoar e alimentar.

O Tabernáculo tinha o “cinco” como seu número abrangente; quase todas as medidas eram múltiplas de cinco. Deve-se notar que para gozar da Sua presença e entrar em doce e ininterrupta comunhão com Ele isso exige de nós a responsabilidade de não permitir que qualquer coisa como o pecado, a carne ou o mundo se interponham.

A seguir as medidas do Tabernáculo:

O pátio externo media 100 ou 5 X 20 cúbitos.

50 ou 5 X 10 cúbicos de largura.

Em ambos os lados havia 20 ou 5 X 4 pilares.

Os pilares que sustentavam as cortinas tinham cinco cúbitos de distância e cinco cúbitos de altura.

O edifício tinha 10 ou 5 X 2 cúbitos de altura.

30 ou 5 X 6 cúbitos de largura.

Cinco cortinas de bisso pendiam de cada lado do Tabernáculo.

Os véus da entrada eram três. O primeiro era “o portão do pátio”, vinte ou 5 X 4 cúbitos de largura e 5 de altura, suspenso em cinco pilares. O segundo era “a porta do Tabernáculo”, 10 ou 5 X 2 cúbitos de largura e 10 ou 5 X 2 de altura, suspensa como o portão do pátio em cinco pilares. O terceiro era “o véu belíssimo” que dividia o Santo Lugar do Lugar mais Santo.

Mais exemplos do uso do número cinco: Em Êxodo 30.23-25, lemos que o azeite da santa unção era composto de cinco partes: quatro partes eram especiarias, e uma era azeite, O Espírito Santo é sempre responsável pela separação do homem para Deus. Além disso, havia também cinco ingredientes no incenso (Êx 30.34). O incenso simbolizava “as orações dos santos” oferecidas pelo próprio Cristo (Ap 8.3).

Agora é apresentado o número 6.

O seis é mencionado 199 vezes na Bíblia. “Seis” é o número do homem, porque o homem foi criado no sexto dia da criação. O “6” está aquém do “7”, que é o número da perfeição.

É o número do homem no seu estado de independência sem o cumprimento do eterno propósito de Deus.

“Seis” é também o número do trabalho. Marca a conclusão da Criação como trabalho de Deus. Deus trabalhou 6 dias, depois descansou no sétimo dia. Este sétimo dia era o primeiro dia do homem, que foi criado no sexto dia. Segundo o propósito de Deus, o homem deveria entrar primeiro no descanso de Deus e depois trabalhar ou “lavrar e... guardar” (Gn 2. 15). Este é o princípio do evangelho. A energia e a força para o trabalho são invariavelmente, derivadas do descanso, o qual fala de Cristo. Após a queda, o homem foi separado de Deus, o antítipo do “descanso”. Entretanto, por mais que o homem trabalhe nunca alcança a perfeição ou a inteireza.

Todas as religiões encorajam as pessoas a trabalharem para conseguir sua própria salvação. O primeiro trabalho do homem, depois da queda, foi costurar folhas de figo para fazer aventais (Gn 3.1).

Em Números 35.1-6 Deus pediu a Moisés para providenciar seis cidades de refúgio. Em resposta ao trabalho do homem, Deus fez de Cristo o nosso refúgio. Se nós O aceitarmos como nosso refúgio, e habitarmos Nele cessaremos nosso trabalho e encontraremos nosso descanso e paz verdadeira.

Outros exemplos do número seis em relação à ideia de trabalho são apresentados a seguir:

Jacó serviu seu tio Labão durante seis anos pelo seu gado (On 31).

Os escravos hebreus deveriam servir durante seis anos (tx 21).

Durante seis anos a terra deveria ser semeada (Lv 25.3).

Os filhos de Israel deveriam rodear a cidade de Jericó uma vez por dia, durante seis dias (Js 6).

Havia seis degraus no trono de Salomão (2 Cr 9.18). O trabalho do homem pode levá-lo até o melhor trono debaixo do sol. Entretanto, eram necessárias 15 ou 7 + 8 passos para alcançar o templo, o lugar da habitação de Deus (Ex 40.22-37).

A porta do pátio interno do templo de Ezequiel, que olhava em direção ao oriente, deveria estar fechada durante “os seis dias que são de trabalho” (Ex 46. 1).

O número seis tem sido bastante considerado pelos gregos e até mesmo pelos gregos antigos, como um número perfeito.

Argumentavam que seis é a soma de seus divisores: 1, 2, 3 (não incluindo ele mesmo): 6 = 1 + 2 + 3. O próximo número perfeito é 28, desde que 28 = 1 + 2 + 4 + 7 + 14. Atualmente, segundo a Bíblia, este é um perfeito número de imperfeição.

O homem ocupa o lugar mais elevado entre as vidas criadas. Deus criou várias vidas em ordem ascendente nos seis dias. A criação alcançou o auge no sexto dia porque neste dia Deus criou o homem conforme Sua imagem e semelhança. A mais elevada das vidas criadas seria perfeita se houvesse permanecido sozinha no universo sem ser comparada com outras. Quando o homem foi colocado diante da árvore da vida, que tipifica a vida de Cristo, ele mostrou sua verdadeira cor: a imperfeição. Somente quando o homem aceita Cristo como seu Salvador pessoal, e Sua vida, é que então se completa Nele.

O presente de Boaz a Rute: “Seis medidas de cevada” (Ri 3.15) foi maravilhoso de fato. Mas, Boaz ia fazer mais uma coisa: tornar-se o resgatador de Rute. A união de Boaz e Rute fez surgir o rei Davi, e também, segundo a carne, alguém maior que Davi, o nosso Senhor Jesus.

A obra segue examinando o número sete, cuja significação é bastante conhecida. O sete é encontrado 735 vezes na Bíblia.

“Sete vezes” é mencionado por 6 vezes, e sétimo é encontrado 119 vezes. Certo dia, Pedro veio a Jesus, e disse: “Senhor, até quantas vezes ficará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?”. Para Pedro, perdoar até sete vezes já era alcançar o auge de sua espiritualidade. Ele ficará sem dúvida impressionado pelo mandamento do Senhor no monte: “Sede vós perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos céus” (Mi 5.48). Provavelmente, na mente de Pedro perdoar sete vezes significava atingir a perfeição. Nosso Senhor surpreendeu-o com a resposta: “Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete” (Mi 18.22). É a perfeição sobre a perfeição.

“Sete” é o número da perfeição, geralmente com ênfase espiritual. Em Hebreus, a palavra “Sete” é “Chevah”. Vem da raiz “Sabah” que significa cheio ou satisfeito, ter bastante. Portanto, o significado da palavra “sete” é denominado por esta raiz; pois, no sétimo dia, Deus descansou do trabalho da Criação. Estava pleno e completo, e bom e perfeito. Nada poderia ser acrescentado ou tirado dele sem prejudicá-lo.

Sete vezes Deus fez o comentário sobre suas obras: “É bom”, Ele estava satisfeito e então descansou. É o sete, portanto, que sela com perfeição e inteireza aquilo em relação ao qual é usado.

O autor apresente a seguir vários exemplos da aparição e utilização do número sete na Bíblia:

A primeira vez que a palavra “testemunho” ou “edah” aparece na Bíblia, é em Gênesis 21 em conexão com o pacto entre Abraão e Abimeleque. Abraão separou sete cordeiros que Abimeleque deveria levar das suas mãos para que pudessem ser um fiel testemunho a favor de Abraão, de que havia cavado o poço de Berseba.

O escravo hebreu deveria servir durante seis anos, que era o limite legal (Ex 21.2). O amor fez Jacó desejar servir a seu tio Labão durante sete anos por causa de Raquel. Somente o amor pode ir além do limite legal e pode tomar a total extensão do tempo para servir.

Em Gênesis 40 e 41, José interpreta um sonho. Havia nele o selo do número “7”. Sete vacas formosas à vista e gordas de carne; sete vacas feias à vista e magras de carne; sete espigas cheias e boas; sete espigas miúdas. Este sonho se refere aos sete anos de grande fartura e aos sete anos de fome segundo a interpretação de José. O significado do número “7” neste exemplo explica-se por si mesmo. Segundo Gênesis 41, toda a face da terra iria sentir o peso daqueles anos de fartura e de fome; mesmo a Casa de Jacó foi lavada a mudar-se para o Egito a fim de completar a história de José como um belo tipo de Cristo.

Depois da Páscoa, o povo de Israel deveria comer o pão sem fermento durante sete dias. Deveriam tirar , fermento de suas casas. Não deveriam tocar em fermento “desde o primeiro até o sétimo dia” (Ex 12.15).

O castiçal de ouro do Tabernáculo possuía seis braços que safam de um suporte central, perfazendo um total de sete, dando ênfase e em harmonia com o fato de que a luz era a luz do povo de Deus no mundo, mas que a sua fonte era divina. Correspondendo aos sete braços, foram feitas também sete lâmpadas (Ex 25-32, 37).

Antes que Arão e seus filhos dessem início ao seu trabalho sacerdotal eles foram consagrados durante sete dias (Lv 8.31-36). O filho de Arão que tomasse o seu lugar como sacerdote deveria colocar as vestes santas de Arão por sete dias (Ex 29.29.30). Estas são descrições de uma vida completamente ou inteiramente consagrada ou dedicada ao serviço do Senhor.

Havia sete dias de festa de nosso Senhor: Páscoa, Pães Asmos, Primícias, Pentecostes, Expiação, Trombetas e Tabernáculo (Lv 23.1-44). Aqui está um tipo perfeito de Cristo como nosso deleite, nossa alegria e nosso descanso.

Quando Israel tomou a cidade de Jericó, Deus ordenou-lhes que marchassem em volta da cidade sete vezes. Então, no sétimo dia, quando já haviam marchado sete vezes em volta da cidade, completaram sua marcha de fé. Esta marcha foi completada com os sete sacerdotes levando sete buzinas feitas de chifres de carneiros diante da arca (Js 6.1-12).

Havia alguns traços do selo do número “7” na vida de Sansão. Sete dias foi o limite de tempo dado a Sansão para solucionar o famoso enigma (Jz 14). A chave do enigma estava baseada em uma das experiências de Sansão com o Espírito de Deus no passado. Era simplesmente impossível para as pessoas sentadas à mesa da festa apresentarem a solução com facilidade ainda que lhes tivessem sido dados sete dias inteiros para usar sua capacidade de raciocínio. Continuaria um enigma para eles, a menos que procurassem resolvê-lo por meio do engano, como fizeram. Estritamente falando, o próprio Sansão era um enigma. Mesmo amarrado com as “sete vergas de vime frescas, que ainda não estavam secas” e com a tecedura das “sete tranças dos cabelos” da cabeça de Sansão (Jz 16.7. 13), não foi possível subjugá-lo. Ele estava amarrado e preso, mas ainda assim mostrou-se vencedor.

Estes “setes” representam a força da conquista sendo utilizada pelo inimigo no máximo de sua intensidade. Estes setes eram também muito fracos aos olhos de um Nazireu (Jz 16. 16).

Para as mães hebréias, o fato de ter sete filhos significava ter uma bênção em sua medida total.

Para descrever como Deus poderia tirar a plenitude do nada, Ana, mãe de Samuel, falou de sua própria experiência, à medida que orava: “…até a estéril teve sete filhos...” (1 Sm 2.5).

Samuel havia pedido a Saul que fosse diante dele até Gilgal onde havia um lugar típico para tratar drasticamente com a carne e dissera: “ali sete dias esperarás...” (1 Sm 10.8). E Samuel “demorou sete dias”, mas o impaciente Saul não viveu o sentido espiritual de “Gilgal”: “despojamento” da carne, e ele mesmo apresentou a oferta queimada no lugar de Samuel. A carne nunca pode esperar e está sempre com pressa. Sete dias era tempo demais para um

homem natural que se recusou a despojar-se de sua carne.

Salomão levou sete anos para construir o templo de Deus (1 Rs 6.38). Salomão e todo o povo dedicaram à casa de Deus. “Celebrou Salomão, a festa sete dias...” (2 Cr 7.8) e “Sete dias celebraram a consagração do altar, e sete dias a festa” (2 Cr 7.9).

Dois milagres de Eliseu foram selados com o número sete: A criança que ele ressuscitou da morte, espirrou sete vezes antes de abrir os olhos (2 R.s 4.35). Naamã, chefe do exército do rei da Sina “… mergulhou no Jordão sete vezes” antes que fosse curado da lepra (2 Rs 5.14).

O número “7” raramente aparece nos Salmos, não obstante a afirmativa do Salmista: “Sete vezes no dia te louvo pelos juízos da Tua justiça” (SI 119. 164).

Há sete coisas que são abominação diante de Deus:

Olhos altivos, língua mentirosa, e

mãos que derramam sangue inocente.

Coração que maquina pensamentos viciosos,

pés que se apressam a correr para o mal;

Testemunha falsa que profere mentiras,

e o que semeia contendas entre irmãos.

— Provérbios 6.16-19

A descrição do justo e do preguiçoso se torna vivida com o número sete: “Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará…” (Pv 24.16). “Mais sábio é o preguiçoso a seus olhos do que sete homens que bem respondem” (Pv 26.16).

Uma interessante alusão no sentido de que poluição do ar será tratada pelo Senhor em sua volta, é feita em lsaías: ‘E será a luz da lua como a luz do sal, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor ligar a quebradura do seu povo, e curar a chaga da sua ferida” (Is 30.26). Parece que a poluição do ar vai piorar cada vez mais, chegando ao ponto em que não haverá mais possibilidade de cura. A luz da lua e a luz do sol serão de tal forma escurecidas pelo ar poluído que, após a purificação do ar, a luz do sol será sete vezes maior, como a luz de sete dias, o que vale dizer que a luz do sol será perfeitamente clara.

Ter sete filhos tipifica uma bênção em toda a sua medida, embora, como somos lembrados por Jeremias o custo seja o mais alto de todos para a mãe.

Em Daniel 9 lemos que estão determinadas setenta semanas sobre o povo e a cidade de Deus. O enfoque deste programa determinado está no fim de (70-1) X 7 quando “será tirado o Messias” (Dn 9.26). Em relação ao povo e ao testemunho de Deus. Cristo e Ele crucificado, deve estar à frente.

Toda a fúria de Nabucodonosor contra os três amigos de Daniel foi demonstrada por sua ordem para que “se aquecesse (a fornalha) sete vezes mais do que se costumava aquecer” (Dn 3.19). O segredo para suportar esta fornalha sete vezes aquecida é andar no meio do fogo com Cristo, o quarto homem que é semelhante ao Filho de Deus.

126 ou sete vezes dezoito Salmos receberam títulos. Sete foram os nomes mencionados nos títulos como autores destes Salmos: Davi, os filhos de Coré, Asafe, Hemã, o Ezraita, o Etã, o Ezraita, Moisés e Salomão.

Há sete “Homens de Deus”, assim chamados no Velho Testamento: Moisés, Dt 33.1; Davi, 2 Ci 8.14; Samuel, 1 Sm 9.6; Semaías, 1 Rs 12.22; Eliseu, 2 Rs 4.7; Elias; Jigdalias, Jr 35.4. E um no Novo Testamento, Timóteo, perfazendo oito.

Há sete coisas fracas em Juízes, utilizadas por Deus como instrumento de libertação, marcando e selando a perfeição espiritual de Sua obra:

1. Um homem canhoto (3.21) Eude libertando da opressão de Moabe.

2. Uma aguilhada de bois (3.3 1) na mão de Sangar libertando Israel dos filisteus.

3. Uma mulher (4.4) e

4. Uma estaca de tenda na mão de Jael libertando de Jabim, rei de Canaã (4.21).

5. Um pedaço de mó (9.53), libertando o povo da usurpação de Abimeleque.

6. Os cântaros e as buzinas dos 300 homens de Gidelo (7.20) libertando dos exércitos de Midil.

7. Uma queixada de jumento (15.16), com a qual Sansão libertou Israel dos filisteus.

O Senhor quis mostrar aos Seus discípulos dois números que eles não deveriam esquecer mais: Doze e sete. Doze cestos cheios de pedaços e sete cestos cheios de pedaços haviam sido deixados. O impacto destes dois milagres estava não só no fato de que toda a multidão foi alimentada, mas também no fato de que sobraram tantos pedaços.

Em Mateus 13, há sete parábolas do Reino.

Sete foram as palavras de Jesus na Cruz — Ouro do Gólgota. Gólgota é o foco da revelação, da história e da experiência. Deus fez ali o seu melhor e o homem o seu pior. Tudo no Calvário é significante, mas de maneira especial as sete palavras do Salvador, faladas do mais profundo de Seu sofrimento vicário O interpretaram para a humanidade. Ele falou sete vezes — uma completa interpretação. Nenhuma palavra a mais, nem uma palavra a menos.

Sete são os dons em Romanos 12.6.8; sete as unidades em Efésios 4.4-6; sete as características da sabedoria, Tiago 3. 17; sete as “melhores” coisas em Hebreus: Testamento (7.22). Promessas (8.6). Possessões (10.34). Esperança (7.19). Sacrifícios (9.23). Pátria (11.16). Coisa (11.16). Sete graças em 2 Pedro 1.5-7, sete passos na humilhação de Jesus e sete em Sua exaltação em Filipenses 2.

Sete homens de boa reputação foram escolhidos para administrar a benevolência da igreja em Atos 6. 1-7.

O Livro da Vida é mencionado sete vezes na Bíblia.

O Livro de Apocalipse é um Livro de setes. O “7” é usado 54 vezes neste livro. Temos sete igrejas, sete castiçais, sete estrelas, sete espíritos de Deus, sete selos, sete buzinas, sete olhos, sete anjos, sete trombetas, sete trovões, sete cabeças, sete últimas pragas, sete salvas de ouro, sete montanhas, sete reis, etc.

CAPÍTULO 9

ALÉM DA PERFEIÇÃO “SETE OU OITO” (Eci 11.2)

Agora ao número “8”.

Este número é mencionado 80 vezes na Bíblia. Em hebraico é Sh’moneh da raiz Shah’meyn, engordar, cobrir de gordura, superabundar.

Como particípio significa “aquele que é rico em vigor”, etc. Como substantivo indica “fertilidade superabundante”, “óleo”, etc. E como numeral é o número superabundante.

Como o sete foi assim chamado pelo fato do sétimo dia ser o da conclusão e descanso, o oito como o oitavo dia, estava acima deste número perfeito, e foi o primeiro de um novo período.

Trata-se do selo da nova aliança, da nova criação, caracterizando-as dessa forma. Em resumo, o número oito é o número especialmente associado com a “Ressurreição” e a “Regeneração”, e com o começo de uma nova era ou ordem.

Cristo ressurgiu dos mortos “no primeiro dia da semana”, que necessariamente foi o oitavo dia. É notável que a Bíblia contenha o registro de outras oito ressurreições individuais além das do Senhor e dos santos.

A circuncisão das crianças do sexo masculino em Israel é uma sombra da verdadeira circuncisão do coração, que deveria ser feita sem o “intermédio de mãos, mas no despojamento da carne, que é a circuncisão de Cristo” (Cl 2. 11). O filho varão era circuncidado no oitavo dia. O oito é ligado assim à nova criação.

O primogênito devia ser dado ao Senhor no oitavo dia (Ex 22.29, 30).

Desde que Cristo é o “primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia” (CI 1.18), o número oito também está ligado ao Senhorio e Soberania de Jesus Cristo. Pela gematria, os seguintes nomes de Jesus estão marcados com o número oito como um fator:

Jesus 888 (8 X 111)

Cristo 1480 (8 X 185)

Senhor 800 (8 X 100)

Nosso Senhor 1768 (8 X 221)

Salvador 1408 (8 X 8 X 22)

Emanuel 25600(8X8X8X50)

Messias 656 (8 X 82)

Filho 880 (8 X 110)

Há oito referências ao Velho Testamento em Apocalipse 1, sobre as quais se baseiam as reivindicações do Senhorio de Jesus. Elas se encontram ordenadas na forma de um epânodo, a primeira extraída do mesmo livro da oitava, a segunda correspondente da mesma maneira à sétima, a terceira à sexta, e a quarta, à quinta. Assim sendo, o selo divino da perfeição superabundante se acha ali estabelecido nas Escrituras que declaram o Senhorio de Jesus:

A ……. Ap 1.5………. Is 55.4

B ……Ap 1.7 ……….Dn7.13

C ……Ap 1.8 ……….Zc12.10

D ……Ap 1.8 ……….1s41.4; 44.6; 48.12

D ……Ap 1.11 ………1s41.4;44.6; 48.12

C ……Ap 1.12 ………Zc4.2

B ……Ap 1.13-15 ….Dn7,9,13.22;10.5,6

A ……Ap 1.16 ……..1s49.2

A festa dos Tabernáculos durava oito dias (Lv 23.36). A festa propriamente dita durava sete dias, mas aos sete foi acrescentado um oitavo; e pela lei levítica esse dia era sempre observado como um dia de descanso (Lv 23 39).

Foi provavelmente com a ideia da festa dos tabernáculos em mente que Pedro sugeriu ao Senhor no monte da transfiguração fazer três tendas para Jesus, Moisés e Elias, dizendo: — “Mestre, bom é estarmos aqui” (Lc 9.33). O Rei Jesus foi visto aqui pelos discípulos e mostrado em sua glória no “reino de Deus” (Lc 9.27). Jesus não seria absolutamente rei se não fosse rei acima de tudo. Moisés e Elias não foram mostrados como estando no mesmo plano de Jesus. Cristo, o Rei, é incomparável e se acha sem dúvida acima de todos. Esta visão do reino de Deus a Pedro e seus companheiros teve lugar no Oitavo dia (contado inclusive) depois do primeiro anúncio dos sofrimentos de Cristo (Lc 9.28). “Passados oito dias” (Jo 20.26) outro discípulo.

Os milagres de Elias foram oito, enquanto os de Eliseu foram dezesseis ou duas vezes oito, pois o pedido deste foi para que “me toque por herança porção dobrada do teu espírito” (2 Rs 2.9). O Senhor disse com relação a qualquer de seus discípulos que cresse Nele: “e outras (obras) maiores fará, porque eu vou para junto do Pai”, pois uma porção dobrada do seu espírito iria ser então derramada sobre eles. Quando Pedro e os demais se levantaram para pregar o Evangelho no dia de Pentecoste, com base na ressurreição e sob a soberania de Jesus Cristo, “houve um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (At 2.41).

A obra apresenta o número “9”. Este número é usado 49 vezes na Bíblia. Nove é o quadrado de três, e três é o número da perfeição divina, assim como o número peculiar ao Espírito Santo. Não é surpresa, portanto, descobrir que este número indica “finalidade” nos assuntos divinos.

Existem nove elementos no “Fruto do Espírito”:

1 amor,

2 alegria,

3 paz,

4 longanimidade,

5 benignidade,

6 bondade,

7 fé,

8 mansidão,

9 domínio próprio (GI 5.22.23).

O nove vem depois do oito, que representa o novo nascimento. Quando se tem uma árvore boa, o que se espera em seguida é um bom fruto dessa árvore. Da mesma forma que o nove segue o oito, assim também o bom fruto, o fruto do Espírito se apresenta como resultado do novo nascimento.

Em 1 Coríntios 12.8-10 encontramos nove dons do Espírito. Nosso Senhor deu início ao sermão do monte com nove “bênçãos”, em relação ao caráter dos discípulos no reino celestial.

O número nove acha-se ligado de maneira interessante ao 6, 7 e 8 em Levítico 25, onde foi dada uma lei relativa ao ano sabático:

“Seis anos semearás o teu campo… porém, no sétimo ano haverá sábado de descanso solene para a terra” (Lv 25.2-4). O que o povo iria comer no sétimo ano? O Senhor respondeu: — “Eu vos darei a minha bênção no sexto ano, para que dê fruto por três anos… até o ano nono: até que venha a sua messe, comereis da antiga” (Lv 25.20-fl).

A obra apresenta um belo princípio espiritual: Entrar no descanso de Deus é descansar de nossas obras e esperar viver pela Bênção do Senhor.

O “nove” aqui representa o que Deus pode fazer mediante o poder da ressurreição quando nós nada conseguimos. Este princípio do “nove” é equivalente ao dos “doze cestos cheios” ou dos “sete cestos cheios” nos milagres da alimentação dos 5.000 e 4.000. Deve ser o fruto dos céus.

É também importante lembrar que foi na nona hora que o Senhor morreu na cruz. “Ao Senhor agradou… (dar) a sua alma como a oferta pelo pecado… Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito” (Is 53.10-11).

Muitos dos primeiros escritos cristãos ou cartas terminavam com o número 99, porque a gematria da palavra “amém” ou o “verdadeiramente” de nosso Senhor é 99. Isto nos lembra novamente que o número nove, sendo 3 X 3, é um símbolo reforçado da perfeição divina.

Chegamos ao número “10”.

Ele é usado 242 vezes na Bíblia e a palavra “décimo” é mencionada 79 vezes.

“Dez” é o número da perfeição do homem. O homem possui dez dedos nas mãos e nos pés. O velho servo de Abraão levou consigo dez camelos, seguindo para a terra de Rebeca a fim de tomar esposa para Isaque. Depois de ali chegar, Rebeca “tirou água para todos os camelos dele”. O servo deu-lhe então duas pulseiras para as mãos do peso de dez ciclos de Ouro. A mãe e o irmão de Rebeca queriam que ela ficasse com eles pelo menos dez dias (Gn 24.55), antes de partir para casar-se com Isaque. Rebeca, porém, decidiu ir embora imediatamente.

Nesta história vemos como as marcas do número dez são encontradas como o número da perfeição ordinal.

No templo e no palácio de Salomão encontramos o dez em toda parte nas medidas das várias peças dos edifícios (1 Rs 6-7 e 2 Ci- 3.4).

Os dez filhos de Hamã foram dependurados na forca (Et 9. 14). Isto serve como uma excelente interpretação do versículo: “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (GI 5 24). Se Hamã é um tipo da carne, então os seus dez filhos representam a perfeita manifestação da carne em suas paixões e concupiscências “A sabedoria fortalece ao sábio, mais do que dez governadores que haja na cidade” (Ecl 7. 19).

“Dez” é também o número da responsabilidade dobrada em direção a Deus e ao homem.

Seguem-se alguns exemplos da utilização do número “dez”:

O homem era responsável perante a lei de guardar os dez mandamentos e ser uma testemunha de Deus.

Dez pragas caíram sobre o Egito e Faraó nos dias de Moisés (Ex 7. 12).

Boaz pediu a dez homens dentre os anciãos da cidade que servissem de testemunhas de que ele era o resgatador de Rute (Rt 4.2).

Em Lucas 19, dez servos receberam dez minas das mãos do seu senhor para negociarem com elas. Um deles fez render dez vezes mais a mina que lhe fora confiada e foi recompensado recebendo autoridade sobre dez cidades.

Dez Salmos começam com a palavra Aleluia (SI 106, lii, 112, 113, 135, 146, 147, 148, 149, 150).

O resgate dos filhos de Israel era equivalente a dez geras, sendo assim reconhecido tanto o que Deus reivindicava como o que o homem tinha a responsabilidade de dar (Ex 30.12-16; Nm 3.47).

As dez rebeliões de Israel contra Deus no deserto (Nm 14.22) marcam o completo fracasso da antiga geração israelita.

O tabernáculo é mencionado dez vezes como o “tabernáculo do testemunho”.

Dez pessoas na Bíblia fizeram a confissão: “Pequei” — e reconheceram merecer a condenação divina:

Faraó Ex 9.27; 10.16

Balaão Nm 22.34

Acã Js7.20

Saul 1 Sm 15.24, 30; 26.21

Davi 2SmI2.13;2410,17; lCr2I.8,17;Sl41.4;51.4

Simei 2 Sm 19.20

Ezequias 2 Ri 18.14

Jó 7.20

Miqudias 7.9

Neemias 1.6

Em dez ocasiões a Bíblia repete os seguintes nomes:

1 — Abraão, Abraão (Gn 22.11);

2 — Jacó, Jacó (Gn 46.2);

3 — Moisés, Moisés (Ex 3.4);

4 — Samuel, Samuel (1 Sm 3.10);

5 — Marta, Marta (Lc 10.41);

6 — Simão, Simão (Lc 22.31);

7 — Saulo. Saulo (At 9.4);

8 — Senhor. Senhor (Mt 7.21.22; 55.11; Lc 6.46; 13.25);

9 — Elo (E1o, (Mc 15.34; Mt 27.46; SI 22.1);

10— Jerusalém, Jerusalém (Mt 23.37; Lc 13.34).

Número 11. Não há muita coisa relativa a este número na Palavra de Deus. Ele aparece apenas 24 vezes. Se o doze é o número que marca a perfeição do governo divino, o onze então não a alcança.

Ele é o número que destaca a desordem, a desintegração e a desolação. Jeoiaquim reinou onze anos, quando Nabucodonosor subiu contra ele e começou sua obra de destruição de Jerusalém (2 Rs 23.36; 24, 1; e 2 Cr 36.5, 6). Zedequias reinou onze anos, depois do que Nabucodonosor completou sua tarefa pondo fim ao domínio de Israel em Jerusalém (2 Cr 36.11; Jr 52. 1).

Assim como o número onze se associa com a destruição e desolação de Jerusalém. O número onze aqui é assim um memorial vivo da loucura dos 40 anos de peregrinação no deserto por parte dos filhos de Israel.

Esaú ou Edom sempre representa, em figura, a carne. É interessante e instrutivo para nós ver a descendência de Esaú, registrada em Gênesis 36 por muitas gerações, prematuramente desabrochando em príncipes e reis. A carne tem sempre a probabilidade de se assentar nos tronos. Quantos príncipes descenderam de Esaú? Onze (On 36.40-43).

Até aqui temos sem dúvida poucos dados sobre o número onze.

Chegamos ao número doze. E o número 6 é usado 187 vezes na Bíblia, sendo 22 delas no Livro de Apocalipse.

O doze é também o número da perfeição, da perfeição eterna. Um fato que parece estranho é que durante o período dos novos céus e nova terra, o número “sete”, exceto o sétimo, não mais é encontrado. Na Nova Jerusalém existem doze portas, doze fundamentos, o nome dos doze apóstolos, doze pedras preciosas, e doze pérolas: a muralha da cidade tem 144 côvados que são doze multiplicado por doze. Tudo isso existirá eternamente, portanto o número doze representa a perfeição eterna. O último número que aparece na Bíblia é o “12” — doze frutos na árvore da vida (Ap 22.2). O último número cardinal registrado na Bíblia é “duodécimo” — a duodécima pedra preciosa. Tudo isso está ligado à cena final do universo.

“Doze” é também o símbolo do poderio divino. Os selos do “12” estão sobre toda a cidade eterna de Deus; sendo ele ali manifestamente supremo. Isto é a perfeição em sua análise mais profunda; e por esta razão algumas vezes se menciona o número doze como sendo o da perfeição governamental.

Jesus disse a seus discípulos: “quando… o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Mt 19.28).

Doze eram as tribos que formavam a nação de Israel. Havia doze pedras no peitoral do sumo sacerdote, representando a nação de Israel (Ex 28. 17-21). Doze pies da proposição deveriam ser colocados no Santo Lugar (Ex 25.23-30). Doze pedras foram tiradas do Jordão (Js 4.8). Doze espias foram enviados por Moisés para espiar a terra de Canaã (Nm 13. 1-33). Os filhos de Israel encontraram doze fontes de água em Elim (Ex 15.27). Elias construiu um altar com doze pedras e fogo do céu caiu sobre o altar e consumiu a oferta que estava sobre ele (1 Rs 11.3040).

Jesus escolheu doze discípulos para segui-lo. Jesus disse que, a seu pedido, o Pai enviaria doze legiões de anjos. Jesus tinha doze anos quando apareceu pela primeira vez em público e proferiu suas primeiras palavras registradas (Lc 2.42). Sobraram doze cestos cheios no milagre da alimentação dos 5.000.

O templo de Salomão tem o número doze como um de seus grandes fatores em contraste com o tabernáculo, que tinha o número cinco.

É também significativo o fato de apenas doze entre os juízes que julgaram Israel terem sido registrados no Livro de Juízes.

Lemos no Livro do Apocalipse a respeito da mulher com uma coroa de doze estrelas.

Tomamos até agora doze números e verificamos nas escrituras o seu significado. É interessante notar que os números que necessitam de interpretação são poucos. Sete notas musicais nos dão a capacidade de obter uma quase infinita variedade e harmonia na música. A oitava nota é apenas uma repetição em tom mais alto. Desse modo, são realmente poucos os números que têm significado básico nas Escrituras. O significado atribuído aos outros números é frequentemente apenas uma combinação dos números que são os seus fatores; 10, por exemplo, de 5 e 2; 12 de 4 e 3; 40 de 4 e 10.

Alguns números podem ser compostos juntando dois números simples com significados diferentes que, quando expressos em conjunto, põem em destaque um significado espiritual mais profundo. Desde que há mais de uma maneira de somar dois números, isto geralmente resulta em mais de um significado.

O Senhor Jesus é a Testemunha Fiel, a Segunda Pessoa da Divindade. O 4 é a cifra acrescentada à parte de Deus, ou aritmeticamente, 4 — 3 + 1; o número da criação como visto da terra. Cinco é um número maior do que 4, ou 5 = 4 + 1, o número da responsabilidade que Deus toma de colocar a sua criação sob o seu domínio. Foi da vontade de Deus que o homem recebesse domínio sobre a terra, exercendo assim essa responsabilidade para Deus (Gn 1.28). Assim sendo, 6 = 5 + 1, ou 6 é um número maior que 5, o número do homem. Sete é um número maior do que seis, ou 7 = 6 + 1. O número da perfeição pelo fato de Deus e o homem estarem juntos. Outra regra que governa a aritmética bíblica, é que o primeiro uso de um número nas Escrituras frequentemente dá uma ideia do seu significado espiritual. Esta regra era conhecida entre os estudiosos bíblicos como a lei da primeira menção. A primeira ocorrência de uma Palavra, de uma Expressão, ou Pronunciamento, é a chave para seu uso e significado subsequentes; ou pelo menos serve de guia quanto ao ponto essencial associado com os mesmos. Vamos aplicar esta regra e confirmar o significado espiritual dos números que discutimos mediante a sua primeira ocorrência.

O um está associado com a Divindade (Gn 1 .3, 4) “Deus é luz” (1 Jo 1.5).

O dois, com a Separação e a Divisão (Gn 1.6-8).

O três está Ligado à ressurreição em Gênesis 1.9 quando a terra surge das águas e acima delas; e a terra produziu fruto.

O quatro está associado com o universo quando a sua mini cópia vista através do sol, da lua e das estrelas que iluminam a tem.

O Cinco está associado à responsabilidade em Gênesis 1.20-23 quando os peixes e as aves foram criados e mais tarde designados por Deus para ficarem sob o domínio do homem.

O seis está associado com o Homem (Gn 1.26-31). O homem foi criado no sexto dia.

O sete está ligado com a Bênção do Descanso Divino (Gn 2.1-3).

O oito se associa com o novo nascimento ou a vida no Espírito depois da carne ter sido tratada. Ele ocorre pela primeira vez em Gênesis 17.12, estando ligado à circuncisão.

O nove está associado com a finalidade das coisas divinas. Ocorre em Levítico 25.22. Ele fala da superabundância das bênçãos divinas sem a participação da mão humana.

O dez é o grande número cardinal, completando uma ordem e começando outra nova. É assim usado com respeito à perfeição ordinal, e empregado em sua primeira ocorrência em Gênesis 24.55. A palavra hebraica aplicada aqui é “asor”. A primeira ocorrência de outra palavra hebraica para dez, “asarah” se encontra em Gênesis. Abraão tinha chegado ao limite de sua potência natural, desde que vivia em Canaã há já dez anos. Ele estava agora ajudando a Deus por fazer de Hagar sua concubina.

O onze está associado com a imperfeição. Ocorre primeiramente em Gênesis 35.22. Jacó só tinha onze filhos naquela época. O décimo segundo nasceu mais tarde.

O doze está ligado ao serviço, ministério, administração e governo. Sua primeira ocorrência é em Gn 14.4: — “Doze vos serviram”.

Tendo em mente os significados definidos dos numerais, estamos agora em posição para apreciar a estrutura numérica generalizada que permeia os livros do Pentateuco. Podemos afirmar que Gênesis, o primeiro entre eles, tem como linha especial de verdade, o que poderia ser sugerido pelo número 1; Êxodo, igualmente, uma linha de verdade ligada ao número 2; Levítico, com o número 3; Nómeroe, com o 4; Deuteronômio com o 5.

O número um tem três significados, essencialmente ligados à independência, unidade e supremacia. Velamos agora qual seria a primeira coisa que nos chamaria a atenção no livro de Gênesis? Sem dúvida é a história da criação. Não é preciso salientar quão plenamente isto concorda com o número um. Além do mais, vemos em Gênesis a soberania e a supremacia divinas. A supremacia de Deus manifestou-se mediante a revelação do nome “Todo-Poderoso” aos patriarcas. Sua soberania foi vista na Criação, dando vida, sustentando a vida, mas também na eleição e chamado: chamando AbraIQ e nenhum outro; escolhendo Isaque e não Ismael; Jacó e não Esaí; Efraim e não Manassés. Este primeiro livro é único. Ele contém todos os demais em embrião; e foi acertadamente chamado de “sementeira da Bíblia”.

O dois é o primeiro número que divide; representa, portanto, inimizade, conflito. Êxodo, o segundo livro do Pentateuco, é o livro da salvação, o que naturalmente pressupõe o inimigo de cujo poder eles foram libertados. Dizemos “secundar” no sentido de “assistir”, “ajudar”. Tudo isto se une belamente Nele que é a segunda Pessoa da Divindade, que se colocou no lugar da mais profunda humilhação. O Filho de Deus tornou-se o Cristo, o Salvador. Salvador e salvação estão assim de alguma forma ligados ao número 2. Depois do sangue ter remido Israel, Deus lhes deu o padrão do Tabernáculo do testemunho e finalmente a glória de Deus encheu o Tabernáculo. O dois também representa testemunho qualificado.

O três é o número da Trindade; e a terceira Pessoa da Divindade é o Espírito Santo. A santificação é obra do Espírito; sem a obra do Espírito nada existe além do trabalho externo: — “o que é nascido do Espírito é espírito”. O tema de Levítico, o terceiro livro do Pentateuco, é a santificação e trinta e nove vezes em relação aos preceitos (de que consiste quase toda a sua parte final) acha-se afixada a frase: “Eu sou o Senhor”. Sete vezes é repetido: “Serás
santos porque eu, o Senhor seu Deus, sou santo”.
Em Gênesis temos

o Pai, o doador da vida; em Êxodo, o Filho, o Salvador; em levítico,

o Espírito, o Santificador.

Quatro é o número do mundo e implica necessariamente em fraqueza, a qual pode ceder ante as provações. Temos assim, “os quatro cantos da terra” e, como influências perturbadoras “os quatro ventos do céu”. O livro de Números é caracterizado por estes pensamentos. Em hebraico esse livro é chamado “o deserto”. Trata-se de fato, do teste e fracasso de Israel no deserto — o tipo de nosso próprio caminho de provação no mundo; os caracteres implícitos no número são encontrados através de todo ele.

O cinco representa o número do homem, exercitado e responsável, sob o governo de Deus. Deuteronômio, o quinto livro do Pentateuco, é tão claro como os demais livros. Neste livro, os antigos mandamentos divinos são colocados diante de uma nova geração, e os caminhos da obediência são mostrados como o caminho da bênção, e os da desobediência como o da condenação.

F.W. Grant estava editando o que chamava de BÍBLIA NUMÉRICA, que revela a maravilhosa simetria existente na Palavra de Deus. O autor, homem eminentemente espiritual, traçou na estrutura da Bíblia como um todo, um sistema numérico que descobriu permear igualmente todas as partes do Velho e do Novo Testamentos. O sr. Grant descobriu que a estrutura do Pentateuco é a mesma de toda a Bíblia. Afirmou ele: “A Bíblia é um Pentateuco dos Pentateucos”. Os 39 livros do Velho Testamento podem ser agrupados em quatro Pentateucos e os 27 do Novo em um Pentateuco. Assim, cada Pentateuco terá uma estrutura numérica similar à do Pentateuco de Moisés que acabamos de discutir. Desta forma o sr. Grant foi levado à descoberta de uma estrutura numérica que atravessa a Bíblia inteira.

CAPÍTULO 10

SOMAR OU NÃO SOMAR, EIS A QUESTÃO SOMAR

É interessante observar que existem dois termos aritméticos na declaração de nosso Senhor no sexto capítulo de Mateus: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (MV 6.33). Isto é, “primeiro” e “acrescentadas”. As pessoas geralmente pensam que se buscarem o reino de Deus, tudo o mais será subtraído delas. Julgam que irão tornar-se tristes, miseráveis, perdendo tudo o que faz a vida valer a pena de ser vivida. Cristo jamais disse algo assim. Cristo diz que devemos “buscar em primeiro lugar o reino de Deus”, e todas essas coisas nos serão acrescentadas. Temos a responsabilidade de buscá-lo primeiro e Ele é responsável pelo acréscimo em nossa vida. Nós vivemos pelo que Ele nos acrescenta. A primeira vez em que a Bíblia usou a palavra “acrescentar” foi no nascimento do José. Raquel era estéril. Deus se lembrou dela, ouviu seu apelo e a fez fecunda. Ela concebeu um filho e lhe deu o nome de José. dizendo: “Dá-me o Senhor ainda outro filho” (Giz .30.24). José em hebreu, significa simplesmente “acrescentar”. Esta palavra caracterizou com perfeição a vida de José. Seus irmãos lhe fizeram todo o mal possível, “subtraindo” dele de tal forma que foi levado para longe do amor do pai e vendido como escravo no Egito. Mas o pior ainda estava para vir: a fama e a liberdade que José tanto prezava foram também subtraídas dele sob as mãos impiedosas da mulher de seu senhor. Subtração após subtração, ele pareceu reduzido a menos que uma cifra. Todavia, um trono e um depósito foram acrescentados em triunfo por Deus a José, a ponto daqueles que o tinham rejeitado se aproximarem dele rogando que lhes fornecesse suplementos.

Muitas coisas foram acrescentadas à vida de José, tanto que ela se assemelhou bastante à de Cristo, tornando-se o mesmo um tipo de Cristo. Na linguagem do Novo Testamento, pela adição feita por Deus. José transformou-se na imagem de Cristo.

É interessante ver que apesar da Cruz sempre fazer o trabalho de subtração, ela, todavia, apresenta o sinal de adição “+”. A adição de Deus é frequentemente levada a efeito por meio da subtração. Qual o propósito da adição de Deus? O que está envolvido nessa adição? A resposta é provavelmente melhor dada na seguinte passagem:

“Visto como pelo seu divino poder nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina… por isso mesmo, vós, reunindo toda vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor” (2 Pedro 1 .3-7).

Se esta passagem for reescrita numa fórmula, temos:

Fé + virtude + conhecimento + domínio próprio + perseverança + piedade + fraternidade + amor = as coisas que pertencem à vida e à piedade

ou 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 = 8 ou

1 + 1 = 2

2+1=3

3+1=4

4+1=5

5+1=6

6+1=7

7+1=8

Todavia, muitos exemplos nas Escrituras parecem favorecer 8 = 7 + 1 ou 1 + 7. Em outras palavras, “oito” na Bíblia frequentemente significa sete mais um. Similarmente, a maneira bíblica de decompor o “7” é em seis e um, o “6” é em cinco e um, e assim por diante.

Podemos citar alguns exemplos da Bíblia a fim de verificar essas regras de decomposição.

A festa dos tabernáculos era a única festa observada durante oito dias. O oitavo é distinto dos demais. Os filhos de Israel deviam habitar em tendas durante “sete dias”. No oitavo dia eles deveriam guardar o sábado e ter uma convocação santa. Nos primeiros sete dias, quatorze cordeiros deviam ser oferecidos diariamente como oferta queimada. Todavia, no último dia, apenas sete cordeiros eram necessários para o mesmo fim.

No Sermão do Monte, nosso Senhor falou sobre oito bênçãos. Ele disse: “Bem aventurados são...“ oito vezes. A última bênção é dupla, pois depois de dizer:

“Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça...“, o Senhor voltando-se para os discípulos aplicou a ele esta última bênção, explicando: “Bem aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós” (Ml 5. 20, 11).

Esta dupla bênção é aquela surgida do sofrimento e da perseguição por “causa da justiça” e “por minha causa”. Este é um outro exemplo de

8 = 7 + 1.

Os filhos de Abraão eram oito, mas sete nasceram “segundo a carne” enquanto um foi “pela promessa”.

Os milagres de Elias foram oito. O oitavo se destaca em especial. A divisão do Jordão foi o último milagre de Elias. Mas o primeiro de Eliseu. Lucas satisfez o desejo de Eliseu e transmitiu a ele porção dobrada do seu espírito. O manto que Elias usou para dividir o Jordão foi dado a Eliseu. Mesmo depois de Elias ter sido trasladado, aquele manto ainda realizou o milagre. Da mesma forma que o último milagre de Eliseu, um morto foi ressuscitado ao tocar nos ossos dele. Vemos assim que influência do oitavo milagre de Elias continuou mesmo depois dele não estar mais presente.

Apesar do número oito poder ser decomposto em sete mais um, ou seis mais dois, ou cinco e três, e assim por diante, vemos muitos exemplos das Escrituras que favorecem a decomposição em sete e um. Isto se encaixa bem com o significado de oito. Oito, como sete mais um, é assim associado com Ressurreição e Regeneração, e o início de uma nova era ou ordem.

Sete, na Bíblia, se decompõe algumas vezes em seis e um. Em outras palavras, 7 = 6 + 1. Por exemplo, os sete dias em Gênesis 1 e 2 são divididos evidentemente em seis dias e mais um. Seis dias Deus trabalhou e um dia descansou. Temos assim o primeiro exemplo de 7 = 6 + 1.

O candelabro de ouro tinha seis braços saindo de uma haste central (Ex 25.31-39), completando sete ao todo. Novamente 7 = 6 + 1.

Entre as sete igrejas em Apocalipse 2 e 3, apenas a igreja de Filadélfia foi louvada pelo Senhor e recebeu a promessa: “eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro”. Ela é a única igreja entre as sete que já recebeu a coroa (Ap 3.11). Foi à igreja de Filadélfia que o Senhor disse: “Eu te amei”. Podemos então agrupar as sete igrejas aqui em seis e uma.

Na festa dos Tabernáculos, os filhos de Israel deveriam habitar em tendas por sete dias. Todavia, o primeiro dia deveria ser um dia de descanso. Temos assim 7 = 1 + 6.

Quanto a 6 = 5 + 1, vamos mencionar as seis ilustrações que nosso Senhor apresentou no Sermão do Monte, mostrando que a justiça dos discípulos excedia a dos escribas e fariseus. Entre as seis, cinco dentre elas começam com a frase: “Ouvistes que foi dito…” sendo seguida invariavelmente pela sentença: “Eu, porém, vos digo...“. Somente um exemplo começa simplesmente “Foi dito”, seguido de “Eu porém, vos digo…”. Assim sendo, a decomposição de seis aqui, naturalmente se faz em cinco e um.

Na purificação do leproso, assim como na consagração do sacerdote, o sangue é colocado em três partes do corpo do homem, que unidas manifestam o que ele é, a ponta da orelha direita, o polegar da mão direita, e no dedo grande do pé direito. O 4 e o 1 estão surpreendentemente marcados sobre as suas mãos.

Cinco pedras lisas foram escolhidas por Davi quando foi ao encontro do gigante inimigo de Israel (1 Sm 17.40). É digno de nota o fato de que ele no final usou apenas uma das pedras, e nenhuma das outras quatro. Essa única pedra foi suficiente para vencer o poderoso inimigo. Um bom exemplo de 5 = 4 + 1.

O Óleo sagrado da unção (Ex 30 .23-25) era composto de cinco ingredientes. Este cinco se destaca pelo número quatro e um, pois quatro partes eram constituídas de especiarias, e uma de óleo. As quatro especiarias eram: mirra, cinamomo, cálamo e cássia. O óleo era o de oliva.

O incenso (Ex 30 .34) era também composto de cinco ingredientes.

“Quatro” é frequentemente dividido em 3 e 1, o que acontece com os quatro Evangelhos. Os três primeiros Evangelhos são confessadamente semelhantes em seus pontos de vista, e por completo diferentes de João. Mateus, Marcos e Lucas dão ênfase à obra do Senhor Jesus na Galileia, enquanto João enfatiza Sua obra na Judéia.

Os querubins são mencionados pela primeira vez em Gênesis

3 .22-24. Eles são quatro, e sempre estão relacionados à criação. São as quatro cabeças da criação animal: o leão, dos animais selvagens; o novilho, dos animais domésticos; a águia, dos pássaros; e o homem, o cabeça de todos.

Temos de novo o quatro decomposto em 3 + 1: três animais e um ser humano. Os grandes poderes do mundo profetizados são quatro, divididos em 3 + 1, sendo que este um se destaca em grande contraste com os outros três.

Os três primeiros animais selvagens são citados (leão, urso, leopardo), enquanto o quarto é apenas descrito e não nomeado (Dn 7 .7, 23).

As cobertas do Tabernáculo eram quatro: três animais (pele de cabra, pele de carneiro, pele de texugo); e uma vegetal.

As ornamentações das cortinas eram em número de quatro; três delas eram cores (azul, púrpura e escarlate); enquanto uma delas era uni padrão (os querubins).

Na parábola do semeador (Mt 13) as espécies do solo são quatro; mas três são caracterizadas como semelhantes em contraste a uma delas. O solo à beira do caminho, o rochoso e o cheio de espinhos não foi preparado, enquanto a “boa terra” foi preparada.

Quatro pessoas tiveram seus nomes mudados no Velho Testamento: Abrão (Gn 27 .5), Sarai (Gn 27 .15), Jacó (Gn 35 .10; 32 .28)

e Pasur (Jr 20.3). Nos três primeiros casos o motivo foi bênção,

e no último juízo. Novamente 4 = 3 + 1.

O rei Nabucodonosor viu “quatro homens andando no meio do jogo” (Dn 3 .25). Os três eram amigos de Daniel lançados na fornalha ardente e o quarto “é semelhante a um filho dos deuses”. Outro exemplo de 4 = 3 + 1.

Depois de observar a lei de decomposição em 3 e 1 bem ilustrada pelos exemplos acima, vamos acrescentar mais alguns extraídos das seguintes passagens no capítulo 30 de Provérbios:

“Há três coisas que nunca se fartam, sim, quatro que não dizem:

Basta” (Pv 30 .15).

“Há três coisas que são maravilhosas demais para mim, sim, há quatro que não entendo” (Pv 30 .18).

“Sob três coisas estremece a terra, sim, sob quatro não pode subsistir” (Pv 30 .21).

“Há três que têm passo elegante, sim, quatro que andam airosamente” (Pv 30 .29).

Um é Unidade, o número do Único Deus, o Jeová do Velho Testamento, o Pai do Novo Testamento, a primeira Pessoa da Trindade.

Dois é o número do Testemunho. O Senhor Jesus é a Testemunha Fiel (Ap 3.14), a segunda Pessoa da Divindade.

Três é o número da Divindade, que habita no céu. O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Trindade.

Quatro, como 3 + 1, cifra acrescentada ao céu; o número da criação ou mundo visto da terra.

Cinco, como 4 + 1, é um número maior do que quatro, o número da responsabilidade que foi designado ao homem para dominar a terra. O homem tem, portanto, cinco dedos, cinco artelhos e cinco sentidos.

Seis, como 5 + 1, é um número maior do que cinco, o número do homem que foi criado para aceitar a responsabilidade que lhe foi confiada por Deus.

Sete, como 6 + 1, é o número da perfeição que só pode ser alcançada quando o homem não se mantém sozinho, mas fica junto a Deus e vive através d’Ele.

Oito, como 7 + 1, é algo além da perfeição; o número do novo nascimento e da ressurreição.

Vimos que a decomposição de sete é geralmente 1 + 6 na Bíblia. Isto não é, porém, único. Podemos verificar que, em pontos de destaque onde ocorre o número 7, é também sugerida a divisão em quatro e três.

Nas sete parábolas do Reino, em Mateus 13, quatro foram dirigidas à multidão e três aos discípulos em particular.

Sete pés de carvalho são mencionados no Velho Testamento, sendo os sete divididos em quatro e três — os três primeiros estão ligados com sepultamentos (Gn 35 .4; 35 .8; 2 Sm 31 .13; Js 24 .26; 2 Sm 18 .9; Jz 6 .11; 1 Rs 13 .14).

Sete nomes de homem foram repetidos por Deus na Bíblia:

Abraão, Abraão (Gn 22 .11); Jacó, Jacó (Gn 46 .2); Moisés, Moisés (Ex 3 .4); Samuel, Samuel (1 Sm 3 .10); Marta, Marta (Lc 10 .41); Simão, Simão (Lc 22 .31); Saulo, Saulo (At 9 .4). Desses sete, quatro estão no Velho Testamento e três no Novo. Novamente aqui 7 = 4 + 3.

O Senhor Jesus ficou na cruz seis horas antes de entregar Seu espírito ao Pai. Das nove da manhã até às três da tarde, ele proferiu sete palavras de ouro. Três delas foram ditas antes do meio-dia e quatro mais tarde, quando havia trevas por sobre toda terra. O sete mais uma vez foi decomposto aqui em três e quatro.

A decomposição de sete em quatro e três é especialmente notável no livro de Apocalipse. Por exemplo, as sete igrejas em Apocalipse 2 e 3 foram agrupadas em três e quatro. Nas três primeiras a recompensa segue uma injunção: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”; enquanto nas quatro últimas a recompensa precede a ordem.

Os sete selos são também divididos em quatro e três. Os quatro primeiros são destacados pela ordem, “vem” ou “vá” dada ao cavaleiro, enquanto os outros três são por completo diferentes (Ap 6-8).

As sete trombetas de Apocalipse são também divididas em três e quatro. Dessa forma, quanto mais cuidadosamente é feito o estudo, tanto mais certeza temos de que o sete é raramente representado na Bíblia por 2 e 5, mas sim por 3 e 4 ou 1 e 6. Deve haver alguma razão para isso, e se 3 é o número do céu e 4 o número da terra, podemos compreender porque o sete deveria representar a perfeição, pois quando a terra for coroada com o céu, isso é perfeição. 7 = 6 + 1 significaria a mesma coisa, se lembrarmos que 1 representa Deus e 6 é o número do homem.

O sete deveria representar a plenitude, porque como 3 + 4 ou 6 + 1, ele representa Deus e o homem, unidos com alguma grande finalidade. Esta é exatamente a história do jardim do Éden.

Lembrem-se de que Deus disse em Gênesis 2. 18: “Não é bom que o homem esteja só”. Quando lemos isto concluímos algumas vezes: “Ah, é preciso casar! Pois aqui está dito que não é bom estar só”! Mas, na verdade, existe neste ponto uma outra experiência, num sentido diferente. De maneira figurada é que não é bom que o ser humano esteja só, pois de outra forma seremos apenas seis, ficamos aquém do sete. Isto não é perfeição. Só quando você recebe um dia a Jesus Cristo como Salvador é que coloca juntos homem e Deus, e isso então é perfeição. Há um outro sentido: a passagem diz também que não é bom que Cristo esteja só. Cristo precisa da igreja para ser a sua noiva. Temos então, aqui 1 e precisamos de 6 para fazer 7. Quando os dois se unem esse é o lugar de Deus no Éden. Foi a primeira vez que Deus afirmou que tinha prazer; Ele chama isto de Jardim do Éden, o Prazer de Deus.

Quando Deus e o homem se juntam esse é o Jardim do Éden. Essa razão pela qual a Bíblia diz que o Éden significa prazer. Em Nova lorque quando seu filho nasceu, um pai colocou na porta da frente um aviso contendo o peso do menino. Aquele pai queria que todos soubessem, pelo peso, que sua esposa tivera um menino!

Esse foi o começo do prazer do Éden. Quando, um dia, Deus e o homem foram postos juntos.

NÃO SOMAR

Tanto a criação como a Palavra de Deus testemunham o fato que o desenvolvimento da vida não é pela adição, mas pela multiplicação. Todo crescimento envolve multiplicação. Todo ser humano começa como uma célula única, um óvulo fertilizado: mas quando chega à idade adulta, seu corpo consiste de 100 trilhões de células. O Senhor Jesus disse em João 12.24: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto”. Na parábola do semeador. Jesus afirmou: “Eis que o semeador saiu a semear. E ao semear, uma parte caiu… em boa terra, e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta para uns”.

No jardim do Éden havia somente Adão e Eva. Deus os abençoou e lhes disse: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra”. Estamos hoje testemunhando a grande verdade desta declaração. O crescimento da população está de novo ligado à multiplicação. A palavra “multiplicai-vos” que foi aplicada ao crescimento da vida ou população também se estende na Bíblia ao desenvolvimento da vida cristã.

Para a multiplicação dos frutos da justiça, nosso Senhor tinha mostrado a Pedro como perdoar, não simplesmente sete vezes, mas sim 70 X 7 vezes (Mt 18 .21-22). A fim de perdoar seu irmão 7 vezes Pedro teria de alcançar o limite da bondade em sua vida natural. Setenta vezes sete já seria algo muito além de Pedro. 7 é humano, mas 70 X 7 é divino. A multiplicação está envolvida aqui. Em Daniel 9, vemos que a decomposição de 70 X 7 é dada por 7 X 7 + 62 X 7 + 7. Em outras palavras. 70 X 7 tem 7 X 7 como base.

É interessante observar agora que 7 X 7 está ligado na Bíblia com o dia de Pentecoste Lv 23.15). Depois da colheita, os filhos de Israel deviam levar um molho dos primeiros frutos da colheita ao sacerdote e este movia o molho diante do Senhor. Eles deviam contar desde o dia imediato depois do sábado em que tinham levado o molho da oferta movida, sete sábados ou 7 X 7 deveriam completar-se: até o dia imediato ao sétimo sábado contariam 50 dias. Este era o seu Pentecoste que é também chamado de festa da colheita ou festa das semanas (Dt 16. 10). “Semana” aqui significa “sete semanas” ou 7 X 7. Lemos em 1 Coríntios 15.20, 23: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem… Cristo, as primícias… “. Isto é 7 X 7 contado do dia da oferta movida, ou no tipo, o dia da ressurreição de nosso Senhor. 7 X 7 ou 70 X 7, é, portanto, começar a ressurreição. Perdoar 70 x 7 jamais poderia ser um produto da vida natural, mas deve iniciar-se com a vida ressurreta, a vida de Cristo. 7 X 7 está ligado com sete vezes sete anos, como mencionado em Levítico 25.8. Sete sábados de anos; 7 X 7 está então associado ao sábado ou descanso, se lembrarmos das palavras: “Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras” (Hb 4.10). 70 x 7, tendo 7 x 7 como base, se apóia então no princípio de descansar de nosso trabalho. Isto nos faz lembrar da passagem: “Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (GI 2.20). Quando a vida de Cristo foi vivida através de Pedro, o resultado não foi apenas o perdão sete vezes, mas muito mais. Setenta vezes sete vezes. Ao falar de 70 X 7, vamos lembrar do 7 no caso de 70 X 7 em Daniel 9 que se refere a sete anos. Desde que o ano bíblico profético equivale a 360 dias, sete anos contem 360 X 7 = 2.520 dias. Isto pode ser facilmente confirmado pela descrição tripla da duração do período da grande tribulação: três anos e meio (Dn 9.27; 12.7; Ap 12.14) ou 42 meses (Ap 11.2; 13.5) ou 1.260 dias (Ap

11.3; 12.6). Este número 2.520 é muito interessante. Como equivalente ao número 7, significando perfeição. 2.520 deveria de algum a forma indicar perfeição com um significado ainda mais rico e profundo. Isto será de fato assim se observarmos que 2.520 é igual a 3 X 7 X 10 X 12 e lembrarmos que o 3 representa a perfeição divina, o 7 a perfeição espiritual, o 10 a perfeição humana ou ordinal e o 12 a perfeição eterna e governamental. 2.520 é então o produto dos quatro grandes números da plenitude ou perfeição. Além disso, é o Mínimo Múltiplo Comum (MMC) dos dez números, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10. Podemos então dizer que 2.520 é o número da perfeição múltipla.

É interessante notar que metade desse número da perfeição

múltipla, representa exatamente os dias da grande tribulação. 1.260

Podemos representar 1.260 de várias formas:

1.260 = 2.520/2 = (3/2) X 7 X 10 X 12 = 3 X (7/2) X 10 X 12 = 3 X 7 X

(10/2) ) X 12 = 3 X 7 X 10 X (12/2).

Isto implica em que o anticristo não irá tolerar qualquer perfeição nesses 1.260 dias, ele irá destruir e cortar pela metade toda a perfeição possível. Não é de surpreender que se trate de uma grande tribulação, com 3.5 anos

ou 1.260 dias.

À luz do interessante número 2.520 vamos considerar o 70 X 7 em Daniel 9 que está associado com o plano de Deus para o Seu povo e a Sua cidade. Na linguagem do Novo Testamento, ele tem a ver com o povo de Deus e o Seu Testemunho. Isto se entrosa perfeitamente com o plano do nosso Senhor para Pedro ou para nós em Mateus 18. De acordo com Daniel, o cumprimento deste 70 X 7 está centralizado no “Messias” sendo “morto” — Cristo e Sua cruz. “Desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido (Messias)”, eram previstas 69 semanas, 69 X 7. Se observarmos este 69 X 7 de maneira microscópica, isto é, em termos de multiperfeição, temos 173.880 ou 69 X 2.520 ou 23 X 3² X 7 X 10 X 12. A última fatoração parece sugerir que a importância e a ênfase aqui estão no 3, ou na perfeição divina. O 3 é o fator predominante no período 69 X 7, “Está consumado” disse o Messias que estava morrendo na cruz. A obra divina da redenção tinha sido completada. O próprio Deus anunciou também estas gloriosas novas pelo ato da ressurreição do Senhor. Como um resultado glorioso o Espírito Santo foi ‘derramado’ (At 2.33) no dia de Pentecoste.

Em Apocalipse 21 lemos que existem doze portões na cidade santa. Jerusalém. “Doze portas… e junto às portas doze anjos, e sobre elas nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos de Israel. Três portas se achavam a Leste, três ao Norte, três ao Sul e três a Oeste” (Ap 21.12-13). Trata-se claramente aqui de 12 = 4 X 3.

Em Ezequiel, capítulo 48, encontramos novamente doze portas na cidade escolhida por Deus. “… tomando as portas da cidade os nomes das tribos de Israel” (Es 48.30-35): três portas ao norte, três do lado do oriente, três ao sul e três do lado do ocidente.

F.W. Grant, um homem de Deus, concluiu: “12 é o número da soberania manifesta, como exercida em Israel pelo Senhor no meio deles, ou como será exercida no mundo que virá”.

Enquanto sete é composto de 3 somado a 4, doze é 3 multiplicado por 4, e sete e doze deveriam ser, de alguma forma, unidos em significado. Como vimos antes, ambos representam a perfeição:

o sete, a perfeição temporária, e o doze a eterna; o primeiro se refere ao que é espiritual o último à perfeição governamental. É preciso lembrar que apenas na relação de seus fatores 3 e 4 é que doze difere de sete. Recordando que 3 é o número perfeitamente divino e celestial, e que 4 é o número da criação em que o homem é o principal representante, a adição em 3 + 4 significa unir Deus e homem, ou Céu e terra, lado a lado. Todavia, a operação aritmética “X” em 3 X 4 significa mais do que apenas unir duas partes, lado a lado, mas até mesmo interação.

O Senhor afirma na parábola da videira: “Eu sou a videira, vós sois os ramos”. A ligação entre a videira e o ramo é viva. O mesmo acontece com o crente. Sua união com o Senhor é um ato de Deus, através do qual a mais íntima e completa união vital se efetua entre o Filho de Deus e o pecador. O mesmo Espírito que habitou e ainda habita no Filho, se torna a vida do crente.

Na unidade do mesmo Espírito, e na comunhão da mesma vida que está em Cristo, o crente é um com Cristo. Da mesma forma que acontece com a videira e o ramo, trata-se de uma união vital que faz deles um só. Esta é exatamente a história de 3 X 4: “Como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós… eu neles e tu em mim…” (Jo 17.21, 23). Tal união satisfaz a vontade de Deus, a qual Ele propositou em Si mesmo, a fim de que possamos ser transformados na imagem do Filho. Somente quando o eterno propósito de Deus é cumprido em nós, isso é perfeição. A união com Cristo resulta no cumprimento do propósito de Deus, e somos então completos Nele. Isso é 3 X 4 = 12. Esta perfeição é eterna porque a união é também eterna, como disse o Senhor Jesus:

Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10.28). “Quem lhes separará do amor de Cristo?… Porque estou bem certo que nem morte, item vida… nem qualquer outra criatura poderá separar-tis do amor de Deus” (Rm 8.35-39). Esta perfeição é também governamental porque o propósito desta união é nos sujeitar à soberania de Cristo, para que Ele possa ser o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8.29).

Um outro exemplo apresentado a fim de demonstrar como obter a regra de fatoração para certo número e porque multiplicação significa combinação, interação, união e ajuntamento. Consideremos o número 1.260. Ele aparece em Apocalipse, capítulo 12. “Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça que achando-se grávida, grita com as dores do parto, sofrendo tormentos para dar à luz” (Ap 12. 1-2). Mais tarde, essa mulher “fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias” (Ap 12.6). O número 1.260 aqui, é composto de três e meio multiplicado por doze, e o produto multiplicado ainda por 30.

Até este ponto é falado sobre adição e multiplicação na Bíblia. Vamos, agora, examinar os dois exemplos mencionados na Palavra onde encontramos progressão aritmética e geométrica.

Uma progressão aritmética é uma sequência numérica em que cada termo se deriva do precedente pela adição de um fator constante. Um exemplo simples é a progressão: 4, 7, 10, 13,… A progressão geométrica é aquela em que cada termo é derivado multiplicando o mesmo por um fator constante, por exemplo: 1, 2, 4, 8, 16, 32. A soma, A, dos termos da progressão aritmética, a partir do termo a, é dada pela expressão: An = n(2a + (n-1)d)/2, onde d é o fator constante.

Tomemos a progressão 1, 2, 3, 4 98, 99, 100 como exemplo. Podemos estabelecer n = 100, a = 1, d = 1. A soma é então dada por A100 = 100 X (2 X 1 + 99 X 1)/2 = 5.030.

Para a progressão geométrica com o fator constante r, a soma Gn, é dada por Gn = a(r11 — 1)/(r 1). Aplicando esta fórmula temos a sequência 2, 6, 18, 54, 162, colocamos n = 5, a = 2, r = 3, então Gn = 2(35 – 1) /2 = 242.

Agora vamos considerar uma progressão específica com o fator constante 2: 3, 2, 4, 6,… 21.1. Neste caso, Gn = 2n — 1. Os números da forma? — 1, são chamados números de Mersenne, em homenagem ao matemático francês Marin Mersenne. Se escrevermos o número de Mersenne para vários n explicitamente:

Gn: 1, 3. 7, 15, 31, 63. 127, 255, 511

e compararmos as somas da progressão aritmética com o mesmo fator constante: 1, 3, 5…, 2n-1;

An: 1, 4, 9, 16, 25. 36. 49. 64, 81

vemos as somas da sequência anterior crescerem muito mais rapidamente com o aumento de n do que a última. Quando dizemos que os números de uma sequência crescem de maneira geométrica progressiva isso significa um crescimento tão rápido como ilustrado acima.

Encontramos na Bíblia um exemplo interessante de uma soma de uma progressão geométrica. Quando a Bíblia descreve a duração do período da grande tribulação no fim dos tempos, ela diz: “42 meses” ou “1.260 dias” ela afirma também: “um tempo, dois tempos, e metade dum tempo” (Dn 7.25; 12.7; Ap 12.14). De Daniel 11.13 (margem) podemos inferir que o termo “tempo” foi interpretado como indicando um ano: “ao cabo de tempos, isto é, de anos” foi a linguagem do anjo. A divisão de três e meio aqui é 1/2, 1, 2. Três e meio ou 3 1/2 é a soma da progressão geométrica com o fator constante 2: 1/2, 1, 2. Se os sofrimentos na época da grande tribulação forem proporcionais aos dias de sofrimento, então esta divisão de 3 ½ em ½, 1, 2 parece sugerir que os sofrimentos cresceriam de maneira geométrica progressiva. Isto parece confirmado pela declaração de nosso Senhor: “Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais” (Mi 24.21). O Senhor passou então a dizer: “Não tivessem aqueles dias sido abreviados, e ninguém seria salvo; mas por causa dos escolhidos tais dias serão abreviados”. Será esta a razão pela qual o Espírito Santo colocou a sequência na ordem 1, 2, 1/2? Ou, se aqueles dias não foram abreviados, a sequência seria 1, 2, 4? Esta nova progressão geométrica, com o mesmo fator constante 2 faria com que a grande tribulação durasse 1 + 2 + 4 = 7 anos! Será que 1 + 2 + 1/2 já são os anos que restam depois de terem sido abreviados por causa dos escolhidos?

No livro de Números, capítulo 29, descobriremos um exemplo de uma progressão aritmética. Os filhos de Israel receberam ali instruções de como oferecer as ofertas queimadas durante os sete dias da festa dos Tabernáculos. No primeiro dia ofereceriam 13 novilhos. No segundo dia. 12. No terceiro dia, 11, no quarto 10, no quinto 9, no sexto 8 e no sétimo 7. Temos assim, uma progressão aritmética com o fator constante -1: 13, 12, 11. 10, 9, 8, 7. A soma da sequência é, pois, 13 + 12 + 11 + 10 + 9 + 8 + 7 = 70. Existe um significado de grande riqueza espiritual envolvido então nesta fórmula que só pode ser extraído do contexto tendo como pano de fundo o capítulos 28 e 29 em sua totalidade.

CAPÍTULO 11

SURPRESAS NA MATEMÁTICA CELESTIAL

Em todo lugar da terra o arco-íris se apresenta como um arco. Seria uma grande surpresa para você descobrir que o arco-íris no céu é redondo (Ap 4. 3). O céu não é apenas um lugar cheio de esplendor, mas também cheio de surpresas. Qualquer coisa que toque o reino dos céus pode com certeza maravilhar-nos.

No deserto ardente, Moisés acostumou-se a ver inúmeros arbustos pegarem fogo devido ao calor do sol, mas somente quando se aproximou do monte de Deus ficou surpreendido com o fato de um arbusto arder, mas sem que o fogo o consumisse. Essa foi simplesmente uma das muitas surpresas que Moisés encontrou na universidade do deserto. Moisés aprendeu no Egito a história do “Ovo voador” como sendo a origem da terra; todavia, no exame escrito da escola celestial, ele descobriu embaraçado que a resposta de que estava tão seguro baseado na sua passada educação, era completamente errada.

‘“No princípio criou Deus os céus e a terra” deve ter sido uma surpresa para Moisés antes que a verdadeira revelação se patenteasse. Cerca de 1.500 anos mais tarde, alguns “discípulos” de Moisés também foram grandemente surpreendidos ao verem suas ideias e pensamentos invalidados pelo próprio Rei do reino celestial, Jesus, Nosso Senhor.

Podemos imaginar que se Newton ainda vivesse, muito se surpreenderia com a contribuição ao mundo dos átomos da moderna mecânica “quântica” e não da newtoniana. Se ele quisesse insistir em aplicar a sua teoria da mecânica para estudar hoje, digamos, a estrutura nuclear, não chegaria a lugar algum, e mesmo que obtivesse alguma resposta, a mesma com certeza, estaria errada.

A física moderna demonstra assim repetidamente a impropriedade do senso comum como guia para solução dos mistérios do mundo natural. O senso comum é baseado na experiência e na intuição, não se estendendo às ideias onde esses contatos diários se acham ausentes. Se o senso comum falha em ajudar-nos a compreender e expressar o mundo físico com que estamos familiarizados, não deve causar surpresa o fato de que ele também fracassa igualmente na compreensão das coisas do mundo celestial.

No Evangelho de Marcos, que o revela como o Servo fiel, é apropriado que encontremos uma grande proporção de milagres e uma bem pequena proporção de parábolas. Desde que o Evangelho de João o revela como o Filho de Deus, sendo escrito para provar a Sua divindade, deve haver alguma ligação entre os poucos milagres registrados em João e a verdade da sua Divindade. Foi como Filho de Deus que Ele:

transformou a água em vinho (associado com os números 2, 3, 6);

curou o filho do régulo (2, 7);

e o paralítico (5, 38);

alimentou a multidão (2, 5, 12, 50, 100, 200, 5.000);

e andou sobre o mar (4, 25, 30);

deu vista ao cego de nascença (50);

ressuscitou a Lázaro (2, 4, 12);

e deu a pesca milagrosa (2, 3, 153, 200).

Com um tal cenário evangélico não se pode deixar de perguntar que lição espiritual poderíamos tirar dos esquemas numéricos apresentados nas narrativas acima.

O milagre da alimentação da multidão faz lembrar uma cena anterior na história. Toda pessoa responsável naquele grupo de cinco mil iria recordar-se do milagre quando seus pais foram alimentados no deserto com maná caído do céu. Até mesmo o deserto era sugestivo. Além disso, “a Páscoa, festa dos judeus, estava próxima” (Jo 6.4), e muitos dentre eles estavam a caminho de Jerusalém a fim de celebrar esta festa que recordava tão significativamente a história do Êxodo. A mensagem deste milagre está agora perfeitamente cristalina: o mesmo Deus de Israel que alimentou os pais com o pão dos céus, é este Jesus que agora alimenta os seus filhos não menos milagrosamente. Trata-se do mesmo Deus que colocou diante da multidão uma “mesa no deserto” (SI 78 .19), tanto na época de Moisés como na de Jesus. Imagine que antes da mesa ser posta, um grupo pequeno e insignificante de 12 homens se colocou entre o Mestre e a multidão faminta. A noite tinha chegado, mas a multidão continuava ali. A solução fácil dos discípulos foi esta: “Mande-os embora”, mas a de Cristo contrariou a deles: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14.16). Os discípulos foram convidados aqui a se tornarem participantes em lugar de simples espectadores como aconteceu nos demais milagres. A participação deles fazia parte do programa educacional do Senhor para os discípulos.

Todo preparativo para arrumar uma mesa exige um cálculo correto da necessidade e do suprimento. Ao alimentar os 5.000 o Senhor tinha deixado aos cuidados de Filipe e André esses exercícios simples, a fim de despertar neles a fé. Ele voltou-se em primeiro lugar para Filipe. Filipe parecia o homem naturalmente indicado para quem voltar-se, pois viera de Betsaida (Jo 1.44), e teria conhecimento local. Jesus disse a Filipe: “Onde compraremos pães para lhes dar a comer?” Esta foi a única ocasião registrada em que Jesus pediu conselho a quem quer que fosse. Nós jamais O encontramos consultando alguém exceto aqui; e aqui, João, divinamente inspirado escreveu: “Ele bem sabia o que estava para fazer”. Jesus fez a pergunta para experimentar Filipe.

Podemos imaginar que ele ficou surpreso e lançando os olhos sobre a multidão, adivinhando o seu número calculou o custo de dar-lhe de comer. Talvez tivesse calculado dessa forma: um denário era o pagamento de um dia de trabalho naquela época (Sf. Mt 20. 1-16); e, tomando cinco pessoas como número base para cada família, somando as despesas para as refeições de um dia, três refeições, a meio denário, ele fez então um cálculo apressado. Se meio denário supriria três refeições para cinco pessoas, duzentos denários seriam exigidos para prover uma única refeição para 6.000 pessoas. Havia uma multidão de cinco mil homens além das mulheres e crianças, todos famintos por causa da viagem e do jejum. “Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço”, respondeu Filipe em desespero.

De acordo com este cálculo, fim de começar a alimentar urna multidão como aquela, seria necessário ter em mãos pelo menos seis meses de salário, ou doze discípulos teriam de ir trabalhar, pelo menos duas semanas cada um. Apesar de Filipe ter julgado a soma de 200 denários insuficiente, ela era já bastante alta para a época. Duzentos denários era uma quantia praticamente fabulosa entre os judeus do período, sendo a multa geralmente imposta para as ofensas graves. Assim sendo, uma quantia mínima em poder aquisitivo foi sugerida por Filipe como uma solução possível para satisfazer tão grande necessidade. Todavia, restava ainda uma questão prática: teriam eles esse poder?

Houve alguém que avançou um pouco mais. Esse homem foi André. Ele informou: “Está ai um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos”. Que senso agudo de observação; dentre mais de 5.000 pessoas ele notou um rapazinho. Isto foi sem dúvida uma descoberta, mas, infelizmente, sem muito valor: apenas um rapaz, nem sequer um homem, e seus cinco pães e dois peixes. Muito provavelmente ele os levara como almoço. O menino não tinha muito a oferecer. O pão de cevada era o mais barato de todas, sendo por isso desprezado. O pão de cevada era o pão dos muito pobres. Os peixes não deveriam ser maiores do que sardinhas. Peixes pequenos do tipo da sardinha enxameavam no Mar da Galiléia. Eles eram apanhados e salgados, temperados numa espécie de conserva (naqueles dias peixe fresco era um luxo descabido).

Em meio à grande multidão, os discípulos estavam assim ocupados com pequeninas coisas — o menino com os peixinhos contra uma grande multidão, 2 ou 5 contra cinco mil. Os discípulos ficaram espantados com o contraste entre o desejo de seu Mestre de alimentar a grande multidão e a pobreza de recursos que possuíam para satisfazê-la. Poderia ser feita alguma coisa com essas parcas oportunidades e insignificantes recursos? É interessante notar que Moisés, na antiguidade, tinha encontrado o mesmo contraste surpreendente entre a necessidade e o suprimento na mesa do deserto na história primitiva. Disse Moisés a Deus: “Seiscentos mil homens de pé é este povo (600.000) no meio do qual estou; e tu disseste: Dar-lhes-ei carne, e a comerão o mês inteiro. Matar-se-ão para eles rebanhos de ovelha e de gado, que lhes bastem? Ou se ajuntarão para eles todos os peixes do mar, que lhes bastem?” (Nm 11.21, 22).

Como a história se repete, Moisés viu 600.000 (120 X 5.000) pessoas, rebanhos, peixes, mas não a mão do Senhor (Nm 11.23). Da mesma forma, depois de 1500 anos se passarem, os olhos dos discípulos do Senhor estavam ocupados com 5.000 pessoas, 200 denários, 2 peixes, exceto com o próprio Senhor. Em ambos os incidentes, mediante simples aritmética, eles obtiveram cálculos corretos a respeito da enorme necessidade e dos insignificantes recursos disponíveis. Todavia, não calcularam adequadamente os recursos do seu Senhor. Como podemos ver-nos claramente refletidos neles! Nós também ficamos sempre desanimados ao contemplar o contraste entre a escala de nossa vida cristã real e o ideal que Cristo coloca diante de nós. Conhecemos o ideal que é a vontade de Deus para nós — que nos tomemos semelhantes a Cristo, mas sabemos também quão insignificantes e ineficazes são as verdadeiras circunstâncias de nossa vida, através das quais devemos concretizar esse ideal. Nossa vida inteira está estabelecida em moldes bem pouco heróicos. Estamos no deserto, e temos apenas cinco pães e dois peixinhos. Não podemos, porém, enganar-nos quanto ao desejo de Deus, ele foi colocado claramente diante de nós. Temos de nos tornar santos; devemos partilhar da natureza divina.

Cada cristão, quaisquer sejam as suas circunstâncias, está comprometido com um padrão heróico de vida. Trata-se, sem dúvida, de um contraste surpreendente — uma vida heróica a ser vivida em circunstâncias nada heróicas; um ideal a ser concretizado mediante fatos estranhamente alheios a ele. Dividir 5 pães entre 5.000 pessoas cria uma proporção de 1:1000; 2 peixes entre uma multidão seria uma proporção de 1:2500. Como ajustar as proporções? Ouçam o que o Senhor disse: “Trazei-mos” (Mt 14.18). Se respondermos a isso, e entregaram os nossos pães e peixes na mão do Mestre, não mais serão os nossos parcos suprimentos contra a multidão, mas sim os Seus ricos recursos contra a enorme necessidade. As proporções mudam assim drasticamente. Uma nova lei matemática domina os novos cálculos e resulta então em novas proporções. Nosso Senhor “tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões. Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram recolheram ainda doze cestos cheios” (Mt 14.19-20). Cristo poderia ter perfeitamente multiplicado os pães inteiros, mas preferiu parti-los. Depois de partidos, os pedaços de pão nas mãos de Cristo se tornaram menores, mas foram grandemente multiplicados. Este é o princípio do aumento pela distribuição. Diminuir antes de aumentar. Descer antes de subir. Na distribuição dos nossos “cinco pães” através das mãos do Senhor, devemos esperar a Sua bênção, e não que fiquem inteiros e preservados.

Depois da bênção e da repartição, cada homem recebeu uma parte equivalente a um milésimo de pão para si mesmo e sua família e depois de terem comido, todos se sentiam fartos. A palavra traduzida como fartaram (chortazesthai) é sugestiva. Originalmente, no grego clássico, era um termo empregado para a alimentação dos animais com forragem, e quando usado em relação a pessoas significava que elas se sentiam saciadas, alimentadas até a repleção. Suponhamos que cinco pães e dois peixes fossem suficientes para alimentar uma pessoa até que se sentisse farta, os 0.001 pães e 0.0004 peixes recebidos por individuo, para si e sua família, teriam de ser milagrosamente multiplicados pelo menos 5.000 vezes pelo Senhor.

Depois do repasto, doze cestos cheios de pedaços sobraram para os doze discípulos que serviram a mesa. Por que pedaços? Nas festas judias a prática e o costume era deixar algo para os criados. O que ficava era chamado de PEAH; e sem dúvida o povo deixou a parte usual para os que lhe serviram a refeição. Como servos da mesa do Mestre, os doze discípulos devem ter ficado imaginando se o pão chegaria para toda aquela multidão. Teriam se sentido aliviados se vissem que todos ficaram satisfeitos e assim a sua missão estaria cumprida. Para sua surpresa, ao servir a outros eles também ficaram com alguma coisa. Os pedaços que os discípulos recolheram não eram migalhas meio comidas que tinham caído no chão, mas pedaços partidos por Jesus e que ainda se encontravam nos cestos. Para cada um dos doze sobrou um cesto. O princípio da bênção celestial sublinhando este milagre é que ele não dá apenas o suficiente, mas sempre algo mais. Os resultados milagrosos não espantaram unicamente os convidados à mesa, mas também os servos. Os cestos (kophinos) tinham a forma de uma botija. Nenhum judeu viajava sem o seu kophinos. O judeu com o seu cesto inseparável era uma figura conhecida. Ele levava o cesto por ter necessidade de carregar a sua própria comida caso devesse observar as regras judaicas de pureza e impureza. O poeta romano Juvenil descreve uma cesta grande de provisões, juntamente com um molho de feno, como parte do equipamento dos viajantes judeus que enchiam o bosque de Egeria em Roma. Foi um cesto assim que foi enchido com os pedaços da alimentação dos 5.000. Imaginamos então que os fragmentos no milagre devem ter sido maiores do que os pães originais. À medida que os discípulos distribuíam, os suprimentos cresciam, e eles ficaram com mais no final do que no início. Este é geralmente o método do crescimento espiritual, espalhando-se, mas crescendo.

Em resumo, podemos colher algumas leis matemáticas através do milagre de alimentar a multidão. Essas leis e princípios são provados como invariavelmente verdadeiros no mundo espiritual e sem dúvida governam os vários processos da vida cristã. Não sabemos como, sob o toque dourado de Cristo, os cinco pães e dois peixinhos foram tão suficientes para alimentar uma multidão de cinco mil pessoas quanto um vasto suprimento de mercadorias, além dos doze cestos que sobraram: todavia, podemos observar as leis celestiais mediante as operações elementares maravilhosamente sublinhadas aqui. Eis a subtração sem diminuição, multiplicação através da subtração, adição causada pela divisão, e frações maiores do que o inteiro.

Vejamos agora o segundo exemplo para demonstrar outras surpresas na matemática celestial.

A doutrina do Deus Trino é provavelmente a mais sagrada mais profunda doutrina das Sagradas Escrituras. Todos os verdadeiros cristãos crêem em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, esses três apesar de distintos de um ponto de vista, constituem um só e único Deus. Muitos, naturalmente, zombaram desta crença de que Deus é uma só Pessoa e ao mesmo tempo, três Pessoas. Isso contraria os princípios matemáticos estabelecidos e inalteráveis, dizem eles, quando o cristão afirma que 1 + 1 + 1= 1 e não 3.

Trata-se de algo tolo e não científico. Assim sendo, segue-se para eles que Jesus não foi Deus no sentido bíblico de forma alguma.

Queremos, porém, demonstrar aqui que a doutrina da Trindade é na verdade correta matematicamente.

A chave para o problema é que devemos lembrar o relacionamento entre Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo na Divindade. No registro de João relativo à vinda do Espírito Santo, Jesus disse: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador a fim de que esteja sempre conosco” (Jo 14.16). Quem é ele? — O Senhor afirma: — “Vós o conheceis”. Por que? “Porque ele habita convosco e estará em vós”, e ele continua com: “Não vos deixarei
órfãos, voltarei para vós outros”.
Analisando o texto vemos que e “ele” se transformou em “eu”.

Em outras palavras: “eu” sou “ele”. O Senhor e o Espírito Santo são um só. Além disso, no v. 17, lemos “(ele) estará em vós”, mas no v. 20, “eu em vós”. O “ele” acima é, portanto, o “eu” dos versículos seguintes. Vemos então não somente o Espírito Santo em Cristo, como Cristo no Espírito Santo. Quanto ao relacionamento entre Pai e Filho, está escrito claramente: “Como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti” (Jo 17.21). Jesus também declarou: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Se estudarmos todos esses versículos veremos imediatamente a relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, como uma união na vida divina e na Divindade. Como vimos antes, a união é representada na Bíblia matematicamente pela multiplicação, como já mostrado no exemplo de 3 X 4 = 12. A adição em 3 + 4 = 7 significa: “colocar junto”, enquanto a multiplicação em 3 X 4 = 12 indica “unidos mediante interação e união”. Nesta conformidade, vemos imediatamente que a adição ou “+“ não deve e não pode aplicar-se à Divindade. Somente a multiplicação ou “X” expressa corretamente o relacionamento que existe entre o Deus Pai, o Deus Filho, e o Deus Espírito Santo. Chegamos, portanto, à conclusão de que a matemática da Trindade (desde que 1 é o número que representa Deus), não é 1 + 1 + 1 = 1

mas 1 X 1 X 1 = 1! Esta é a matemática celestial com novas regras para as operações elementares. Quão frequentemente erramos, pois como diz o veredito do Senhor, não conhecemos a Bíblia nem o poder da Ressurreição.

Vamos ver agora outro problema e verificar quantos anos se passaram desde o Êxodo até o início da construção do Templo por Salomão.

No livro de Atos 13.18-22, lemos:

“E suportou-lhes os maus costumes por cerca de quarenta anos no deserto; e, havendo destruído sete nações na terra de Canaã, deu-lhes essa terra por herança, vencidos cerca de quatrocentos e cinquenta anos. Depois disto lhes deu juízes até o Profeta Samuel. Então eles pediram um rei, E Deus lhes deparou Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim, e isto pelo espaço de quarenta anos. E, tendo tirado a este, levantou-lhes o rei…

Davi reinou quarenta anos segundo 2 Samuel 5.4. Quantos anos se passaram então desde o Êxodo até o quarto ano do reinado de Salomão quando ele começou a construir o templo? Quarenta anos no deserto, mais quatrocentos e cinquenta anos sob os juízes, equivalem a quatrocentos e noventa anos; acrescentando quarenta anos duas vezes elevará o número a 570 anos; acrescentando ainda os três anos do reinado de Salomão antes que ele começasse a construir o templo, o total alcança 573 anos.

Desde o Êxodo até a construção do Templo:

No Deserto Atos 13. 18 40 anos

Sob os Juízes Atos 13.20 450 anos

Saul Atos 13.21 40 anos

Davi 2 Sm 5.4 40 anos

Salomão 1 Rs 6.1, 37 3 anos

Total 573 anos

Este cálculo está correto? Devemos verificar este resultado com as outras partes das Escrituras. Em 1 Reis lemos: “No ano de quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, Salomão, no ano quarto de seu reinado sobre Israel, no mês de Zive (este é o mês segundo), começou a edificar a cura do Senhor” (6. 1). Temos aqui 480 anos e não 573 — uma diferença de 93 anos. Por que tal divergência? Estará errado o registro de Atos ou talvez o de 1 Reis? Não. Nenhum deles pode estar errado, pois cremos que ambos foram inspirados por Deus. Se assim for, então deve haver algo errado conosco. Note que em Atos 13, números com 40, 450, 40 são simplesmente citados ali, e nossos cálculos é que nos fazem chegar ao número 573. Estamos seguros de nossa conclusão? Uma conclusão correta geralmente deriva de uma informação completa. Se a informação é parcial, a conclusão pode ser falsa.

Desde que a Bíblia como um todo é a perfeita revelação de Deus, não devemos ser então tentados a extrair conclusões precipitadas com base em informações parciais tiradas das Escrituras. O inimigo de Deus sabia disso muito bem, pois chegou até mesmo a tentar o Senhor através de versículos das Escrituras. Por exemplo, o diabo levou Jesus à cidade sagrada, colocou-o sobre o pináculo do templo, e lhe disse: “Se és filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: eles te sustentarão nas suas mãos para não tropeçares nalguma pedra”. O diabo citou aqui o Salmo 91. 11-12. Respondeu-lhes Jesus:

“Também está escrito: não tentarás o Senhor teu Deus”. Notem a palavra “também” aqui.

O Salmo 36.9 diz: “Na tua luz vemos a luz”. Ter luz não é suficiente; nosso problema não pode ser resolvido até que tenhamos uma luz dupla, uma delas levando à outra. Essas luzes se completam. Não nos disse o profeta que a palavra de Deus está: “Um pouco aqui, um pouco ali” (Is 28. 13)? Cada passagem bíblica se acha não apenas em seu contexto imediato, mas também no contexto da Bíblia como um todo; e deve ser lida, explicada, compreendida e interpretada à luz do restante das Escrituras. Um versículo, ato, ou fato inexplicável pode encontrar soluções em alguma outra parte da Escritura. Pois toda ela é inspirada por Deus. Tudo vem de um só autor.

Nos dias em que Israel se achava em liberdade lemos a respeito de homens que “puxavam da espada”; mas nos dias de sua opressão, lemos a respeito da funda e da pedra (Jz 20.16; 1 Sm 17.40) e de outras armas. Mostramos assim novamente a necessidade de considerar devidamente os contextos mais antigos da Palavra de Deus a fim de compreender os comentários feitos e não deixados sem qualquer explicação no contexto imediato.

Com esta regra em mente, volta-se a discussão dos anos de intervalo entre o Êxodo e a construção do templo e tentarem os encontrar a solução para a discrepância existente entre o registro de Atos 13 e os de 1 Reis 6, a saber, os 93 anos perdidos em um possível contexto remoto. Ao comparar os registros de Atos com os do Velho Testamento, descobrimos que os quarenta anos no deserto, os quarenta anos de Saul, os quarenta anos de Davi e os três anos de Salomão antes de começar a construção do Templo são todos indiscutivelmente concretos. A única cifra que pode ser posta em dúvida são os 450 anos. Ao pesquisar o livro dos Juízes descobrimos o seguinte fato: durante anos os filhos de Israel tinham sido oprimidos por nações estrangeiras em diferentes ocasiões. Assim sendo vejamos em Juízes durante quantos anos houve esta opressão.

“Então a ira do Senhor se acendeu contra Israel e ele os entregou nas mãos de Cusã-Risatain, Rei da Mesopotâmia: e os filhos de Israel serviram a Cusã-Risatain durante oito anos” (Jz 3.8). Esta foi a primeira opressão de Israel a qual durou oito anos. “E os filhos de Israel serviram a Eglom, rei dos moabitas, 18 anos” (3. 14).

Esta foi a segunda opressão de Israel e se estendeu por 18 anos. “Entregou-os o Senhor nas mãos de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor. Sísera era o comandante do seu exército, o qual então habitava em Harosete-Hagojin. Clamaram os filhos de Israel ao Senhor, porquanto Jabim tinha 900 carros de ferro, e por 20 anos oprimiu duramente os filhos de Israel” (4.2, 3).

Esta foi a terceira opressão de Israel que se prolongou por vinte anos. “Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor; por isso o Senhor os entregou nas mãos dos midianitas por sete anos” (6. 1).

Esta foi a quarta opressão de Israel e durou sete anos. “Tendo os filhos de Israel tornado a fazer o que era mau perante o Senhor, este os entregou nas mãos dos filisteus por quarenta anos” (13. 1).

Essa foi a quinta opressão de Israel na qual serviram os filisteus por 40 anos.

Se somarmos agora essas informações aos registros de Atos 13, especialmente esses 450 anos sob os Juízes, teremos um quadro completo baseado no qual devemos aproximar-nos da solução para o nosso problema. Todavia, devemos ser cuidadosos com os sinais e números que aparecem nestes tempos de opressão: 8, 18, 20, 7 e 40. Tenhamos em mente que esses anos de opressão foram resultado do juízo de Deus sobre os filhos de Israel. A primeira cena apresentada na história dos Juízes é a do casamento misto entre os israelitas e os pagãos que os rodeavam, assim como o fato de fazerem o que “era mau perante o Senhor”, esquecendo-se dele e servindo aos Baalins e ao poste-ídolo. O primeiro juízo sobre a sua apostasia e idolatria foi o de serem “entregues” às mãos de “Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia”. A opressão durou oito anos inteiros. Cusã-Risataim era exatamente o rei do país de onde Deus chamara Abraão e se nós desistirmos dentro em nosso coração do chamado celestial, iremos também cair sob a influência do lugar de onde fomos chamados. Servir um rei estrangeiro em lugar do seu próprio e verdadeiro Deus e rei, durante oito anos, foi, sem dúvida, uma lembrança penosa da idolatria desavergonhada deles. Ora, tudo o que está associado à idolatria é negativo aos olhos de Deus. Devemos, portanto, aplicar um número negativo a estes oito anos, isto é, -8 anos. A mesma regra se aplica muito bem aos outros números, 18, 20. 7, 40. Todos eles são agora números negativos: -8, -18, -20, -7 e -40.

Depois de colher toda a informação tanto velha como nova tanto de Atos como de Juízes, estamos agora capacitados para reconstruir o gráfico dos anos desde o Êxodo até a fundação do Templo, como segue:

Desde o Êxodo até a Fundação do Templo:

No Deserto Atos 13.18 40 anos

Sob os Juízes Atos 13.20 450 anos

O cativeiro sob Cusã Juízes 3.8 -8 anos

O cativeiro sob Eglom Juízes 3.14 -18 anos

O cativeiro sob Jabim Juízes 4.3 -20 anos

O cativeiro sob os Midianitas Juízes 6.1 -7 anos

O cativeiro sob os Filisteus Juízes 13.1 -40 anos

Saul Atos 13.21 40 anos

Davi 2 Sm 5.4 40 anos

Salomão 1 Reis 6.1 3 anos

Total 480 anos

Fica claro por este novo gráfico que, depois de levar em conta os anos de cativeiro sob os reis estrangeiros, nosso novo cálculo tem como resultado 480 anos, que é o número exato de acordo com 1 Reis 6. A soma dos anos de número negativo, é oito anos, mais 18 anos, mais 20 anos, mais sete anos, mais 40 anos, alcançando 93 anos. E estes 93 anos são exatamente a diferença entre o nosso primeiro cálculo e o registro de 1 Reis 6. 1.

E assim, seguindo a regra da matemática celestial, chegamos finalmente à solução.

CAPÍTULO 12

“ENSINA-NOS A CONTAR OS NOSSOS DIAS”

O autor mostra nesse capítulo a grande questão de Moisés em relação ao calendário de sua época.

“Ensina-nos a contar os nossos dias”. Assim orou Moisés, homem de Deus. Esta foi a oração de alguém que despertou para o fato de que o calendário do Egito e a amiga matemática eram absolutamente inadequados para ajudá-lo a contar os seus dias.

Com base no último exemplo das surpresas contidas na matemática celestial, como mencionado antes, devemos poder extrair alguns princípios e regras importantes sobre a maneira como Deus enumera os nossos dias. Esses princípios deveriam ser também perfeitamente confirmados pelos outros exemplos nas Escrituras, sendo assim estabelecidos para nossa edificação espiritual.

Com respeito à ilustração anterior, vimos o cálculo de conformidade com Atos 13 quanto aos anos de intervalo entre Êxodo e a construção do Templo, o qual resulta em 573 anos; havendo, portanto, uma diferença de 93 anos com relação aos 484 anos de 1 Reis 6.

Esta dificuldade desaparece se levarmos em conta os anos de cativeiro sob reis estrangeiros e designamos números negativos a estes. Qual então o significado aqui? Devemos lembrar que em Atos, Paulo estava narrando a história dos israelitas, e incluiu assim os 93 anos.

O fato desses 93 anos não serem enumerados é muito significativo. Esses 93 anos foram anos perdidos, pois toda a vez em que os filhos de Israel perdiam a sua liberdade e serviam os gentios, ficando sem um juiz de sua própria raça, os anos não eram absolutamente contados. Eles eram um povo que tinha sido libertado do Egito e pertencia a Deus. Mas quando eram governados pelos inimigos — sendo escravizados e ficando novamente em cativeiro — não podiam servir livremente a Deus. Assim sendo, esses dias jamais foram enumerados, os períodos em que serviram a outros que não Deus foram automaticamente considerados como perdidos, e consequentemente o Senhor não os enumerou.

Devemos compreender que os dias que vivemos segundo a nossa vontade humana, desviados de Deus, no mundo e na carne, derrotados e decaídos, não serão contados por Ele. Vamos perguntar-nos com sinceridade: sou cristão há já alguns anos, mas quantos desses anos foram perdidos, e quantos dias foram contados por Deus? Quantas vezes nos gabamos de estar no Senhor por tantos e tantos anos; todavia, se tomássemos emprestada a escada de Jacó para subir ao céu e pedir ao Senhor que desse crédito por todos esses anos ficaríamos mais do que surpresos ao ver que cometemos grandes erros espirituais e todos os dias em que perdemos comunhão com Deus não foram contados. Ninguém, portanto, pode deixar de orar com Moisés:

“Senhor, ensina-nos a contar os nossos dias”.

Por conveniência, iremos chamar de anos cronológicos aqueles períodos de tempo como os 573 anos citados acima, e de anos disciplinares aqueles como os 480 anos de que também já falamos. Existem vários períodos de anos disciplinares na história de Israel na Bíblia. Em cada um desses períodos, iremos simplesmente limitar-nos à duração de anos em lugar da sucessão deles e das datas cronológicas.

De acordo com 2 Crônicas 36.21, uma das razões para o cativeiro de Israel na Babilônia foi a de dar descanso sabático à terra. É-nos dito que a terra ficaria desolada durante setenta anos. Podemos, portanto, concluir que nos aproximadamente oitocentos anos de história de Israel na terra, setenta anos sabáticos não foram guardados. Temos assim 70 X 7 anos em direção ao passado, retrocedendo dos 70 anos de cativeiro. Neste período, pelo fato dos filhos de Israel não terem guardado os sétimos anos separados como anos de descanso (Lv 26.34-35, 43), Deus impôs-lhes 70 anos de cativeiro, durante os quais a terra descansaria e teria os sábados que eles não quiseram dar a Deus durante aqueles 490 anos.

Esses dois períodos de 70 X 7 anos parecem sugerir que os anos disciplinares de Deus para seu povo são em unidades de 70 x 7. Se acrescentarmos outros dez anos aos 480 anos disciplinares desde o Êxodo até a construção do Templo, temos então 70 X 7 anos a partir do Êxodo até a época em que o Templo foi consagrado (1 Rs 7. 13-51). A fim de obter um outro exemplo de um período de 70 X 7 anos, vamos considerar os anos que se passaram desde o nascimento de Abraão até que a Lei foi dada no Monte Sinal. Abraão tinha 75 anos quando lhe foi feita a promessa (Gn 12.4), Segundo Gálatas 3.17, a Lei foi dada 430 anos depois. 430 mais 75 somam 505 anos. Todavia, devemos lembrar que ao partir Abraão para Canaã (Gn 12.4) ele tinha 75 anos; Ismael foi concebido 10 anos mais tarde (Gn 16.3), portanto Abraão tinha 85 anos quando Ismael foi gerado. Ele tinha, porém, 100 anos quando Isaque nasceu (Gn 21.5).

Assim sendo segue-se que durante 15 anos (100 — 85) lsmael ocupou e usurpou o lugar da “descendência prometida” e estes 15 devem ser um número negativo, ou -15. A soma de 505 e -15 é 490, exatamente 70 X 7.

Reunindo tudo o que foi mencionado acima, descobrimos que os contatos de Deus com Israel na história, parecem ser feitos em quatro períodos, consistindo em cada um de 490 ou 70 X 7 anos:

+ De Abraão até o recebimento da Lei (depois de somar -15 15 anos)

++ Do Êxodo até a consagração do Templo (depois de somar

– 93 anos)

+ + + Retrocedendo desde o 70 ano de cativeiro (depois de somar -70 anos)

+ + + + Avançando a partir do Decreto para a reconstrução de Jerusalém (depois de deduzir os anos do intervalo presente).

Queremos enfatizar de novo que esses 70 X 7 anos são a duração real do trato de Deus com o seu povo e não a sucessão de anos ou datas cronológicas. Eles são obtidos tomando em consideração os -15 anos de Israel, -93 anos do Cativeiro sob os Juízes, -70 anos de Cativeiro na Babilônia e o presente intervalo, a idade da igreja, enquanto Israel é Lo ammi (“não meu povo”, Os 1.9, 10; Is 54.7, 8), esses anos não foram calculados no que se refere ao povo de Israel.

Esses anos negativos são os anos perdidos em que Ismael usurpou o lugar da “descendência prometida”, quando os filhos de Israel não estavam mais servindo seu próprio Deus e Rei, quando foram levados cativos para a Babilônia e quando rejeitaram o seu Messias, o Senhor Jesus. Traduzindo em linguagem do Novo Testamento e aplicando a nós as lições, isso significa que nossos dias não serão contados como válidos diante de Deus se permitirmos que nossa carne usurpe o lugar do Espírito Santo, se amarmos o mundo e servirmos às riquezas e não a nosso Pai e nosso Deus, se fizermos a nossa própria vontade e pecarmos, e se a soberania de Cristo não for real em nossa vida cristã. Como discípulos de Cristo, quanto precisamos orar com Moisés:

“Senhor, ensine-nos a contar os nossos dias”, pois ele está tratando conosco como sendo o seu povo nos muitos anos futuros.

Segue-se o estudo de outras partes das Escrituras a fim de obter maior informação sobre a lei de Deus com respeito ao cálculo de nossos dias.

A genealogia do Senhor é dada por Mateus de acordo com três períodos críticos da história de Israel. As gerações desde Abraão até o Messias foram declaradas como contendo três ciclos de quatorze cada.

Porém, se comparada a genealogia em Mateus com as tabelas genealógicas do Velho Testamento (1 Cr 1.3; Ne 7.5, 61-65; 2 Cr 12. 15; 31.16-19), descobrimos que quatro gerações não foram incluídas em Mateus. No versículo oito, entre Jordão e Uzias, foram omitidos os nomes de Acazias, Joás e Amazias e no versículo onze Jeloaquim é omitido entre Josias e Jeconias. Essas omissões causaram algumas dificuldades, mas eram bastante comuns nas genealogias do Velho Testamento.

É preciso ter em mente que as genealogias da Bíblia não são necessariamente uma cronologia, mas mesmo assim omitiram deliberadamente vários passos na genealogia, sob a direção do Espírito Santo.

Naturalmente alguns personagens podem ter sido conhecidos por mais de um nome como era comum na história do Velho Testamento. Mas, mesmo assim, ao que parece, alguns nomes foram deliberadamente omitidos por Esdras.

De volta às gerações omitidas em Mateus descobrimos que o simples fato de Acazias, Joás e Amazias serem os descendentes imediatos da filha de Acabe e Jezabel seria razão suficiente para omiti-los. Jezabel, cuja história está registrada em 1 Reis, foi uma figura pouco comum no Velho Testamento. Acabe rei de Israel tomou por esposa a essa Jezabel, filha do rei dos sidônios (1 Reis 16.31). Ela levou o povo a servir e adorar um outro deus, Baal. O problema assim criado foi mais do que simples adoração de ídolos, pois os filhos de Israel tinham também mudado o seu Deus, substituindo-o por Baal. Nenhum outro rei antes dele levara o povo a pecar tanto como Acabe. Ele foi o primeiro a desviar o povo, fazendo-o adorar um deus estrangeiro.

Segundo as regras de escolha do Espírito Santo, Mateus deixou de lado esses três reis, filhos de uma mulher apóstata, recomeçando com aquele em cujo reino as profecias do Messias brilharam sobre Israel, e contou então corretamente as suas genealogias.

Como mencionado antes, o nome de Jeioaquim não é encontrado em Mateus. Jeioaquim foi colocado no trono pelo faraó do Egito e não por Deus… Durante quatro anos ele manteve-se sujeito ao Egito, quando então Nabucodonosor depois de um curto cerco entrou em Jerusalém, aprisionou o rei, acorrentando-o e levando-o prisioneiro para a Babilônia. A queima do rolo contendo a palavra sagrada foi a cena mais notável na história deste rei perverso que não temia a Deus e não respeitava o direito do próximo. Chegamos assim à linhagem dos ancestrais de nosso Senhor onde existe um espaço em branco no lugar em que deveria existir um nome. “Josias”, lemos em Mateus 1.11, e não Jeioaquim concebeu a Jeconias. O nome desapareceu — foi tirado do livro das gerações.

Depois que as quatro gerações da linhagem real de Cristo foram eliminadas segundo a lei de seleção do Espírito Santo, as gerações de Abraão a Cristo não são divididas em três grupos de quatorze ou 2 X 7. Da mesma forma que, depois de levar em conta os anos negativos, a história de Israel pode ser agrupada em quatro períodos, consistindo cada um de 70 X 7 anos.

Pelo fato de apresentar o Senhor Jesus como rei, Mateus enfatiza na genealogia que Ele é filho de Davi. O nome mais importante na genealogia é o de Davi.

Descobrimos o propósito quanto ao significado nos quatro períodos de 70 x 7 anos disciplinares com relação a Israel e nos três grupos de 2 x 7 gerações em Mateus. Essas 3 x 14 gerações são os verdadeiros elos com a linhagem de Cristo. A simetria é obtida aqui levando em consideração as 4 gerações no segundo período, a saber, desde o rei Davi até o cativeiro na Babilônia. As gerações omitidas mostram-se como inadequadas à linhagem de Cristo por causa da idolatria e do cativeiro.

A fim de conhecer melhor os métodos celestiais para medir os nossos dias, são apresentados alguns exemplos retirados diretamente do texto bíblico com o qual Moisés estava mais familiarizado.

Em Gênesis 4 e 5 são-nos apresentadas duas genealogias. No capítulo 4 acha-se a genealogia de Caim e no 5 a de Sete. Os métodos de registro dessas duas genealogias são por completo diferentes. A de Caim é muito resumida, simplesmente faz-se menção ao nascimento de sete gerações. A genealogia de Sete, porém, é mais detalhada: tem a forma de um registro de família mantido com o maior cuidado. Ela contém os nomes de dez homens, um em cada geração, de Adão a Noé inclusive. Dá primeiro a idade do pai por ocasião do nascimento do filho mais velho, depois o número de anos que cada um deles viveu a partir desse acontecimento e finalmente a idade total deles ao morrer. A mesma fórmula é usada para todos: “X viveu p anos, e gerou um filho, chamando-o Y, os dias de X depois de gerar a Y foram q anos; e ele gerou a filhos e filhas. E todos os dias que X viveu foram r anos, e morreu”. Dando assim um total dos dois períodos da vida de cada patriarca, é provido um meio pelo qual um erro qualquer dos números na tabela seria imediatamente percebido. De fato, a relação p + q = r é invariavelmente mantida.

Ao analisar mais de perto essas duas genealogias, o que nos surpreende nesses registros dos patriarcas é que os detalhes por eles fornecidos são omitidos na história dos cainitas, onde nada se diz sobre a idade de Caim e seus descendentes. Na linhagem de Sete, porém, os anos de alguns dos acontecimentos são registrados com grandes detalhes, geração após geração. Dessas duas genealogias, uma delas breve e a outra completa, podemos descobrir a base em que Deus enumera os nossos dias.

É interessante notar que o nome do filho de Caim pode ser interpretado como “consagrado”. Esta linhagem dedicou-se a coisas terrenas e viveu absolutamente separada de Deus. Havia arte, música indústria e civilização; entretanto, nenhum dia ou anos foram lembrados.

É surpreendente verificar que dentro de tão poucas gerações, e ainda durante a vida do primeiro homem, quase todos os mandamentos e instituições de Deus já tinham sido abertamente postos de lado, e a violência, cobiça e impiedade prevaleciam sobre a terra. A primeira violação direta do sistema introduzido por Deus foi a poligamia, pois lemos “Lameque tomou para si duas esposas” (Gn 4. 19). Isso parece indicar as coisas que atraíram Lameque e fizeram com que transformasse o casamento, passando de uma instituição moral para outra sensual. No pronunciamento profético feito por Lameque a suas duas esposas, o conhecido “Cântico da Espada de Lameque” (Gn 4.23), sente-se um espírito de desafio soberbo, de confiança em sua própria força, de violência e assassínio. Com base neste Cântico temos o direito de considerar a cultura e civilização introduzidas pela família de Lameque como essencialmente pagãs. E isso não apenas por serem constituídas por homens sem Deus, mas por suas atividades serem exercidas independentemente dele, e em oposição ao grande propósito que Ele tinha para o homem.

Do mesmo modo que a perversidade de uma raça se manifesta plenamente em Lameque, que é o sétimo na genealogia dos cainitas, a santidade da outra se faz sentir em Enoque, que igualmente é o sétimo na descendência de Sete.

Todas essas distinções características entre os descendentes de Caim e de Sete, são o melhor comentário para justificar o porquê de não terem sido apresentadas datas na linhagem cainita. Uma vida sem Deus é inútil.

Ao comparar duas listas de patriarcas, os que viveram antes e os que viveram depois do dilúvio, a segunda forma sem dúvida um paralelo com a primeira. Aqui, o agrupamento em dez gerações pré-Dilúvio e dez pós-Dilúvio é visto como bastante similar ao esquema 14, 14, 14 de Mateus. Enquanto em Mateus alguns elos se acham ausentes na linhagem genealógica, encontramos aqui também um certo Cainã, filho de Arfaxade omitido em Gênesis 10.24 como indicado em Lucas 3.36.

Algumas vezes nos perguntamos a razão de tantas listas genealógicas apresentadas através de toda a Bíblia, especialmente as de Gênesis, Crônicas, Mateus e Lucas. Elas têm um propósito específico; dar-nos a história da linhagem messiânica, a Linha da Promessa, a Linha destinada a culminar e ser cumprida no descendente da Mulher (Gn 3.15). Lemos em Gênesis 9.26-27: “Bendito seja O Senhor, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem”. Em outras palavras, a promessa que primeiro fora dada a todos os homens fica agora limitada aos povos semíticos. Todavia, nesses versículos de Gênesis fica claro que apesar da promessa vir a ser cumprida mediante o povo semita, ela abrange na verdade toda a raça humana. O povo semita será simplesmente o Canal — o berço — o condutor que irá abençoar toda a humanidade. Fica assim corroborado o fato de que a contagem de anos, tão cuidadosamente preservada na Bíblia, está ligada de perto com um tema definido, isto é, com a linha de descendência através da qual viria o Messias prometido. É preciso compreender que, a partir de Adão, e seguindo os círculos cada vez mais amplos, de geração a geração, de seus descendentes que se multiplicavam rapidamente, a linhagem genealógica escolhida poderia ter tomado milhares de direções. Trata-se, portanto, de uma evidência clara da superintendência divina sobre as Escrituras o fato da única linhagem para a qual foram estabelecidas datas, ser aquela que levou finalmente “ao Ungido, ao Príncipe” (Dn 9.25).

Assim sendo, a primeira lista de descendência é a do filho mais velho de Adão, Caim (Gn 4.17-24). Ela não tem datas, mas na lista da linhagem de Sete, no capítulo seguinte, os anos são dados com grande regularidade e com muito cuidado para não haver erro. Da mesma forma, apesar dos descendentes de Jafé e Cão serem dados em Gênesis 10, não existe um só fato cronológico estabelecido em relação ao nome deles.

Todavia, no capítulo seguinte, a linha escolhida de Sem, que leva eventualmente a Cristo, é retomada e lemos: “São estas as gerações de Sem: ora ele era da idade de cem anos quando gerou Arfaxade, dois anos depois do dilúvio...“ Em resumo, temos agora 10 + 10 gerações desde Adão até Abraão no início do Velho Testamento. Um quadro unificado parece surgir se o ligarmos com as 14 + 14 + 14 gerações de Abraão a Cristo registradas no início do Novo Testamento. O elo natural para esta ligação é suprido pela frase “livro das genealogias” que aparece tanto em Gênesis 5 como em Mateus 1. Em Gênesis 5 temos: “o livro da genealogia de Adão” como introdução da genealogia de Sete, enquanto Mateus começa com a sentença: “o livro da genealogia de Jesus Cristo” e segue-se então o esquema de 3 X 14.

O “livro da genealogia de Adão” introduziu o esquema 10 + 10, e o “livro da genealogia de Jesus Cristo”, a simetria 14 + 14 + 14. Unindo esses dois esquemas, temos uma perfeita linhagem messiânica de Adão a Jesus Cristo. Se acrescentarmos ainda aos esquemas acima o exemplo de 70 X 7 + 70 X 7 + 70 X 7 + 70 X 7, os anos disciplinares que apresentamos em detalhe anteriormente, veremos um quadro perfeito, com um belíssimo desenho de acordo com as simetrias numéricas, mostrando o princípio subjacente da contagem de nossos dias feita por Deus temos nos maravilhados com a sabedoria que existe por trás da cena e clamar com Paulo:

“ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele e por meio dele e para ele todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém.” (Rm 11.33-36).

Se nossa vida tiver sempre Cristo como centro e fim, se levarmos sempre pessoas a Ele, se virem em nós a beleza e glória de Cristo, se for uma vida vivida de tal maneira que “Cristo venha a ser formado em nós” (Gi 4.19), uma vida “levando sempre no corpo o morrer de Jesus para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo” (2 Co 4. 10), então os nossos anos serão sempre lembrados e reconhecidos positivamente por Deus. Neste particular, Moisés parece ter aprendido uma belíssima lição. Quando chegamos à genealogia de personagens importantes como Moisés e Arão (Ex 6.16-26), não existe cronologia, isto é, não se estabelece a idade do pai por ocasião do nascimento de um determinado filho através do qual continuaria a descendência. Moisés ficou sabendo de alguma forma que a cronologia de sua própria linhagem (apesar de que o orgulho pessoal o teria levado a exaltá-Ia) não era importante nos registros que estava escrevendo.

Não é Moisés mas Cristo, como Filho sobre a sua casa (Hb 3.6), que importa. Cristo é o único fator preponderante que governa a medição de nossos dias. A norma para a vida cristã é sem dúvida esta: “Não Moisés mas Cristo” ou “não eu mas Cristo”. Surge, porém, uma questão:

como podemos manter sempre esta norma? A resposta nos é dada na genealogia de Sete. A intenção do inimigo desde o início era cortar a linhagem divina que levaria eventualmente a Cristo. Mas no final de Gênesis 4 vemos como essa linha continuou. Deus não permitiu que fosse cortada. Um descendente toma o lugar de Abel, que fora morto por Caim. Sete, cujo nome significa substituto, toma o lugar de Abel como o escolhido de Deus para o seu propósito, segundo a profecia de Eva, que ao dar o nome ao filho disse: “Por que Deus me concedeu (ou substituiu) outro descendente em lugar de Abel que Caim matou” (On 4.25). Sete viveu como substituto de Abel, ele viveu. A linhagem de Sete é então a de alguém que viveu no lugar de Abel. O significado típico deste acontecimento torna-se agora claro: no que se refere à nossa condição espiritual somos como Abel, que significa “sopro”, “vapor”, ou “vaidade”.

Cristo morreu um dia por nós na cruz como nosso substituto. Ele vive hoje em nós como nosso substituto; Jesus é na realidade nosso verdadeiro Sete. São boas novas saber que Cristo morreu por nós a fim de que não mais morramos. São igualmente boas novas saber que Cristo vive por nós para que não mais vivamos. Este é o segredo de uma vida cristã vitoriosa — não sou eu mas Cristo quem vive.

Antes de sua conversão, o homem que ficou conhecido no mundo como Santo Agostinho era um jovem imoral, libertino. Certo dia Agostinho foi maravilhosamente salvo. Pouco depois da sua conversão ele se encontrou na rua com uma prostituta. Fazendo de conta que não a via, ele procurou passar por ela sem ser reconhecido, mas ela o chamou: “Agostinho, sou eu”. Voltou-se então para a mulher e respondeu: “Eu sei, mas não sou eu”. Agostinho tinha obtido realmente o segredo de uma vida vitoriosa, uma vida de céu na terra, uma vida em que seus dias eram solidamente contados.

A fim de verificar o significado simbólico da genealogia de Sete, notamos que as interrupções na narrativa de Sete estão associadas com Enos, Enoque, e Noé, parecendo destacar três passos típicos da vida cristã.

1 Despertamento (Gn 4.26);

2 Comunhão (5.22);

3 Descanso (5.29).

Com o nascimento do filho de Sete, houve o que pode ser perfeitamente chamado de despertamento espiritual, pois “daí se começou a invocar o nome do Senhor” (Gn 4.26). Sete deu a seu filho o nome de Enos, que significa “homem fraco, mortal”.

Em Enos então, foi reconhecido que o homem está sujeito à morte na carne; portanto, nada da bênção depende ou pode depender desse homem; a cruz o rejeita para sempre; o que é de Deus, e para bênção do homem, está em Outro Homem que é Cristo. Quando percebemos isto claramente, estamos então prontos para Cainã que significa “aquisição”. A obra da cruz dá lugar ao Espírito de Deus, a fim de edificar na alma dos santos tudo o que é de Deus em Cristo. Dá-se então a aquisição divina — o crescimento no conhecimento de Deus, a fim de que Ele e somente Ele se torne a glória da alma.

A vida de Matusalém foi uma idade de graça, e é bastante significativo o fato de Matusalém ter vivido por mais tempo do que qualquer outro homem antes ou depois dele. Enoque tinha sido antes um homem comum ocupado em atividades comuns e cuidados doméstico. Surgiu então essa crise que o conscientizou de uma nova vocação e nova companhia. O nascimento do filho introduziu Deus na rotina da vida dele.

Quando então Matusalém iria morrer e por quanto tempo duraria esse período de graça e longanimidade de Deus? Enoque não sabia dizer. Tudo o que podia fazer era andar com Deus momento a momento e viver pela Sua graça dia a dia. A duração foi de trezentos anos. Isso não foi fácil. Enoque não era um idealista sonhador e sentimental. Sua vida foi dificultada pela necessidade de testemunhar contra o mal (Judas 14, 15). O julgamento sobre a linhagem dos filhos de Caim tinha de ser proclamado, e esta deve ter sido uma tarefa penosa e cansativa. Como o restante da humanidade em tempos posteriores, Enoque não achou fácil andar com Deus. Todavia, o nome de seu filho lhe ensinou a lição da graça, e o de seu neto, Lameque (“homem forte”), o ensinou a fortificar-se “na graça que está em Cristo Jesus” (2 Tm 2.1).

Depois do monótono recital de nascimentos e mortes na genealogia de Sete, uma breve declaração se destaca em surpreendente contraste: “e já não era, porque Deus o tomou para si”. Enoque foi trasladado ou tomado. Não houve cemitério nem sepultura para de. A vida de fé foi assim coroada pela entrada na vida de perfeita comunhão lá no alto. A mudança descrita no ato de Enoque ser “tomado” simplesmente de lugar. A pessoa continua a mesma, a identidade não muda; existe uma perfeita continuidade do ser, na mente, no caráter, nos sentimentos, na vontade; apenas, aquele que estava aqui acha-se agora lá.

Por que precisamos saber que Enoque viveu 365 anos antes de ter sido tomado? Foi sem dúvida intenção de Deus apresentar-nos em Enoque o padrão de uma vida completa. Ele “andou com Deus”. Ele começou com Deus e voltou no final ao Deus com quem começara. Ele deu início a uma vida de céu na terra, tendo comunhão com Ele, e terminou com uma vida de céu no céu. Os 365 dias naturalmente representam uma órbita completa, e 365 anos nos falam de uma vida repleta de graça, terminando em glória. Toda vez em que nosso planeta completa um ciclo, revolvendo-se ao redor do sol depois de 365 dias, isso nos faz sempre lembrar do andar celestial de Enoque ao redor do verdadeiro Sol, que é Cristo, durante 365 anos para completar o seu ciclo.

A genealogia de Sete termina pela sugestão da retirada de uma maldição e a chegada do descanso para o restante da criação em referência a Noé.

Como um tipo, a genealogia de Sete abrange todo o espectro da vida cristã, desde o despertamento à comunhão, e desta ao repouso. Cada passo parece ser invariavelmente sublinhado pelo mesmo princípio de ouro: “Não eu, mas Cristo”. Aceitar toda a verdade típica na genealogia, como apresentada acima, é possuir a chave ou chaves para o segredo da medida celestial de nossos dias. Podemos assim dizer ao Senhor com Moisés: “Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias” (SI 90.14).

CAPÍTULO 13

O TERCEIRO 40: AS HORAS SEM NUVENS

Estas palavras foram escritas num relógio de sol: “Não marco sendo as horas sem nuvens”. Cada hora gasta fora da comunhão em Deus ou fora da sua vontade para a nossa vida não será numerada nos anais da eternidade, não será contada — permanecerá em branco. Isso não aconteceu com Moisés. Com o “rosto desvendado” ele permaneceu muitas horas sem nuvens na presença do sol celestial. Moisés finalmente aprendeu a arte de viver uma vida de muitos dias positivos diante do Senhor.

Durante o segundo ciclo de quarenta anos de sua vida. Moisés aprendeu as lições mais profundas no deserto (Ex 3.1). Até então ele fora um ativista dinâmico, mas durante o seu curso de pós-graduação aprendeu a lição fundamental de que não é a informação colhida mas a revelação transmitida — não é apenas a instrução mas a relação — que leva ao verdadeiro conhecimento de Deus, do Universo, e até mesmo do próprio Moisés. Ele despertou para o fato de que os caminhos de Deus são mais elevados do que os nossos, e seus pensamentos mais altos do que os nossos (Is 55.8, 9). Moisés deve ter estado sempre pronto, ao fazer seus cursos de pós-graduação na universidade do deserto, para as muitas surpresas com que deparou ao absorver a nova sabedoria do céu em comparação com os antigos conhecimentos do Egito. Por exemplo, vimos como a matemática que aprendeu no Egito tornou-se por completo inadequada para a contagem dos seus dias diante de Deus. Este conhecimento só pode ter sido obtido através dos sofrimentos e dificuldades pelos quais passou nesses 40 anos. Deus parece ter aguardado por Moisés esses longos 40 anos, até que toda esperança e desejo de ser enviado de volta a fim de tornar-se o libertador de seus irmãos oprimidos se desvanecesse. Deus aguardou até que, no silêncio do deserto, todo o ser de Moisés se aquietasse, e toda “atividade de criatura”, toda pressa e impulso desaparecessem. Ele tinha agora, 80 anos, tendo alcançado essa idade pelo “vigor” como afirmou no Salmo 90.10. Já tinha ultrapassado a duração comum da vida natural, isto é, 70 anos (SI 90.10) como alegara. Estava na verdade no fim de sua vida natural. Entre outras coisas, ao contar os seus dias, ele não mais confiava na matemática do Egito; e, em lugar disso, sabiamente voltou-se em outra direção e orou: “Senhor, ensina-me a contar os nossos dias”. Em retrospecto, os seus primeiros 40 anos no palácio pareceram um glorioso lucro e os segundos nada mais do que perda.

Não é apenas a capacidade do homem, mas a sua disponibilidade que o qualifica junto a Deus. Esses são alguns entre muitos princípios e leis celestiais.

“Ensina-nos a contar os nossos dias” foi como orou o homem de Deus. Será que Deus respondeu à oração de Moisés? É a pergunta que surge naturalmente. Sim, Deus a respondeu. Um arbusto comum começou a brilhar com o emblema da divindade; e do coração do fogo a voz de Deus quebrou o silêncio das idades em palavras que caíram nos ouvidos do pastor como uma dupla pancada: “Moisés, Moisés” (Ex 3.4). E a partir desse momento toda a vida de Moisés se modificou. A porta que se mantivera tanto tempo fechada foi posta de novo em seus gonzos e aberta. A cena dos quarenta anos no deserto desvaneceu-se subitamente. Um novo período de mais 40 anos foi assim introduzido.

Aquele arbusto comum, a acácia, tornou-se extraordinário pela interpenetração do fogo que irradiava dele. Quanto ao arbusto em si, ele foi sempre facilmente consumido pelo fogo, sendo finalmente reduzido a cinzas. Moisés era um arbusto comum, seria reduzido a nada após 80 anos, sendo consumido como qualquer outra pessoa. Mas a presença de Deus, na forma de fogo o penetrou, para fazer dele um paradoxo. Ele deveria ter sido consumido como qualquer outro arbusto, mas, olhem, continuava vivendo. Eis aqui um arbusto que queimava e queimava, e continua queimando. Moisés era justamente esse arbusto. Segundo a lei natural, quem pode suportar a presença do Senhor e continuar vivendo? Graças a Deus, em Cristo uma nova lei teve lugar. Quanto a Moisés, ele já estava morto quando chegou aos 80. Todavia, mediante a presença e capacitação do Espírito Santo continuou a viver durante mais 40 anos sem ser consumido. Durante esses últimos quarenta anos, o próprio Moisés tornou-se “uma maravilha” aos olhos de seu povo: um arbusto ardente e vivo liderou o povo através do grande e terrível deserto, frágil em si mesmo como qualquer pessoa depois dos 80, sua vida sendo gasta mas não consumida.

O segredo de viver por mais 40 anos além do seu limite natural é que Moisés viveu a Vida de Outrem, do próprio Cristo, uma vida que transcende a morte, uma vida cheia do poder da ressurreição. Em si mesmo, Moisés, como Abel, já estava morto nos últimos 40 anos, mas a vida ressurreta ardia nele como um substituto, como Sete. Moisés estava assim, figuradamente, seguindo a linhagem de Sete e, como resultado, cumprindo o requisito celestial da medida sólida dos dias. Seus dias então tinham crédito diante de Deus e foram cuidadosamente registrados e preservados. Sabemos pelo registro divino que foram 40 anos. A oração de Moisés foi assim maravilhosamente respondida.

A lição foi dada a Moisés por meio da chama de fogo no arbusto; mas a Israel ela foi dada em escala muito mais alarmante. Foi o “monte” que “fumegava” com fogo (Ex 19. 18; Dt 4.11). O monte aqui era o monte Sinai. Nos dias de hoje todo o grupo sinaítico é conhecido pela designação de Jebel Musa. Ele forma “um enorme bloco montanhoso, com cerca de duas milhas de comprimento e uma de largura, um vale estreito de cada lado.e uma espaçosa planície na extremidade nordeste”.

Enquanto o povo o contemplava, “todo o monte Sinai fumegava”. Imaginem que todo aquele vasto e isolado bloco montanhoso, de duas milhas de comprimento e uma de largura, parecia estar pegando fogo. Em uma das ocasiões cai que a congregação estava aos pés do Monte Sinai, Moisés permaneceu com Deus durante quarenta dias e quarenta noites na montanha ardente onde certas transações estavam tendo lugar. A prolongada ausência de Moisés tinha despertado temores peculiares no povo. Eles o tinham visto entrar há mais de um mês na nuvem luminosa que cobria o monte. “O aspecto da glória do Senhor era como um fogo consumidor em cima do monte, aos olhos dos filhos de Israel’ (Ex 24. 17). O que seria mais natural do aqueles que estavam aguardando, semana após semana, em solidão inexplicável, à vista daquele fogo. Imaginaram que Moisés tinha sido devorado por ele? O seu guia tinha desaparecido. Precisavam de um novo cabeça, e esse seria Arão. Mas necessitavam também de outro símbolo da Presença Divina. Um único símbolo ocorreu às suas mentes carnais, além do que até ali os precedera — o Ápis do Egito que sob a forma de um bezerro representava os poderes da natureza.

Os filhos de Deus caem então no terrível pecado de fazer o Bezerro de Ouro. Num sentido espiritual, aqueles homens carnais deixaram de ver o que Moisés tinha visto na grande maravilha da sarça ardente. Em suas mentes materialistas, jamais compreenderam como Moisés, um arbusto comum, poderia sobreviver ao “fogo consumidor” no topo da montanha que fumegava, sem ser consumido depois de 40 dias e 40 noites. Poderia uma vida passar pela morte e sair dela? Seria possível que depois de 40 dias e 40 noites Moisés pudesse sair do fogo devorador e voltar ileso a seu povo? Depois dele ter passado o limite de vida de 80 anos, poderia continuar forte de corpo, alma e espírito, a fim de guiar seu povo? Segundo a lei natural, a vida e o futuro de Moisés tinham terminado no deserto de Midil. Uma nova lei surgiu a fim de que ele pudesse sair do fogo consumidor e continuar vivendo para liderar o povo. Nos últimos 40 anos ele viveu a vida de Outro. Sendo então os seus dias contados. Por outro lado, para aquele povo de mente carnal, os seus dias que somaram 38 anos foram perdidos para sempre no deserto, segundo o registro.

Sem que Moisés soubesse, o reflexo da glória divina se manifestava nele, “a pele do seu rosto resplandecia (emitia raios), depois de haver Deus falado com ele” (Ex 34.29). É a isto que o apóstolo se refere expressamente em 2 Coríntios quando diz que todos podemos, com o rosto desvendado, contemplar a glória do Senhor, sendo transformados de glória em glória, na sua própria imagem (2 Co 3.3-18). Quase perdemos de vista o arbusto quando estamos de fato envolvidos pelo fogo ou, em linguagem do Novo Testamento, somos “revestidos” de Cristo (R.m 13.14; 01 3.27). Esta é uma vida de “não eu, mas Cristo”. E, como foi mostrado antes, essa espécie de vida leva a uma sólida medida de nossos dias na contabilidade do céu.

A glória de Deus não foi extraída dos recursos naturais de Moisés, pois, na verdade, foi o Senhor que deu a Moisés a honra de desempenhar um papel de apoio, para que o arbusto suportasse o fogo. Moisés iria aprender que de si mesmo, não tinha nenhuma contribuição a fazer no que se referia à glória de Deus. Assim sendo jamais poderia roubar a glória do Senhor, dando ao povo a impressão errada de que a tinha de alguma forma esquecido.

Foi a misericórdia de Deus que concedeu a Moisés outros 40 anos para servir o Senhor, e a mesma misericórdia escolheu Moisés para ser o recipiente que conteria a glória divina, de forma tal que o povo não visse a ninguém nem sequer o próprio Moisés — mas somente a Deus. O arbusto em fogo estava na verdade caracterizando os últimos 40 anos da vida de Moisés. Ele foi grandemente usado, mas não consumido. Vemos em Moisés a todo instante uma sarça ardente, mas vemos também o fogo, a glória de Deus nessa sarça. Foi a disponibilidade, a capacidade de Moisés que manteve o fogo ardendo durante todo o caminho do deserto. Isso fala novamente de uma vida abnegada, de uma vida concentrada em Deus, cujos dias são sempre coroados de números.

A incredulidade e as murmurações dos filhos de Israel já estavam se mostrando um pesado fardo para Moisés e Deus agora sugeria uma forma de escapar e uma excelente oportunidade de auto-promoção. O teste foi mais profundo por ter sido Deus quem tomou a iniciativa. A abnegação e a nobreza de caráter de Moisés jamais foram vistas tão claramente quanto na sua reação. Ousado em sua fé, ele pega Deus pela sua palavra: “Lembra-te… tens jurado” (Ex 32. 13). Em outras palavras sua preocupação principal era a continuação da linhagem messiânica prometida. Para a glória de Deus, esta descendência que levaria eventualmente a Cristo não deveria de forma alguma terminar prematuramente. Era a linhagem messiânica, e não a sua, insistiu Moisés, que importava no plano eterno de Deus. Ele não admitiria, nem sequer por um momento, qualquer ideia de glória para si mesmo ou sua família, permitindo assim que a vontade de Deus fosse prejudicada. Moisés “suplicou ao Senhor” (Êx 32.11), pegando-O pela sua palavra, fazendo prevalecer o seu pedido. Assim sendo, com um tal espírito de generosidade e Cristocêntrico, Moisés estava mantendo o exato princípio que leva ao reconhecimento de nossos dias por parte de Deus.

Vimos três passos da vida cristã como retratados na linhagem genealógica de Sete, a saber: despertamento, comunhão e descanso. Isto parece fornecer perfeitamente o esquema da vida de Moisés.

Assim como a partir do nascimento de Enos, que significa frágil ou mortal, os homens começaram a invocar o nome do Senhor, a belíssima oração de Moisés, registrada no Salmo 90, está toda ela permeada pelo que Enos representa figuradamente. Tal despertamento espiritual aprofundou-se quando Moisés se aproximou do segundo período de sua vida, os 80 anos.

Deus o fez voltar à tarefa da qual fugira tão precipitadamente: “Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Ex 3.10). Estas palavras surpreenderam Moisés que não estava preparado para elas. Sua reação foi sem dúvida natural: “Quem sou eu para ir a Faraó?” Que mudança se operara nele. Quão pronto se mostrará quarenta anos antes, mas agora recua: Eu? Quem sou eu para ir”? Depois de 40 anos no deserto, toda auto-suficiência desaparecera. Seria este o homem antes poderoso em palavras e obras? Na verdade, a frase: “Quem sou eu?” — fala aqui de um homem chamado “Enos” nele. Moisés compreendera tão completamente a lição da insuficiência humana, chegara tão completamente ao fim da confiança em sua própria capacidade, que sua timidez impediu que respondesse ao chamado do Senhor. Na sua relutância, Moisés alegou falta de toda e qualquer qualificação, para a tarefa. Segundo este príncipe egípcio antes auto-suficiente, agora lhe faltava o prestígio (Ex 3.11), a mensagem (Ex 3.13), a autoridade (Ex 4.1), a eloquência (Ex 4.10), adaptação especial (Ex 4.13), sucesso (Ex 4.23). Esta lista impressionante de inaptidões não diz tudo sobre o nome “Enos”? A fim de enfrentar todas essas desculpas, Deus, entre muitas outras coisas, revelou-Se a Si mesmo no nome; EU SOU O QUE SOU. O título que Deus dá aqui a Si mesmo tem maravilhoso significado. Ao traçar através das Escrituras os vários nomes tomados por Deus, descobrimos que estão ligados intimamente com as diversas necessidades daqueles com quem Ele se relacionava.

“Jeová-jiré” ou “o Senhor suprirá”.

“Jeová-nissi” ou “o Senhor meu estandarte”.

“Jeová-shalom” ou “o Senhor envia a paz”.

“Jeová-tsidkenu” ou “o Senhor nossa justiça”.

Todos esses títulos graciosos são manifestados para satisfazer as necessidades de seu povo; e quando Ele se chama de “EU SOU” está abrangendo a todos. Ao tomar esse título, Deus estava dando a seu povo um cheque em branco, a ser preenchido com qualquer quantia. Ele chamou-se a si mesmo de “EU SOU”, podemos, pois preencher nosso cheque em relação a esse nome inefável com aquilo que quisermos. Deus é o único algarismo significativo, e a necessidade humana irá acrescentar as cifras. Se quisermos vida, Cristo diz: “EU SOU a vida”; se quisermos verdade ele diz: “EU SOU a verdade”; se quisermos sabedoria, santificação e redenção Ele deu tudo isso a nós. “EU SOU O QUE SOU”, um nome tão profundo e adorável, deveria ser suficiente para convencer Moisés de que todos os recursos divinos estavam à sua disposição. Durante os 40 anos no deserto, Moisés precisou percorrer a larga escala da necessidade humana para obter uma concepção da surpreendente profundidade e plenitude deste nome todo-suficiente.

Moisés tornou-se o homem mais manso em toda a terra, como comentado pelo Espírito Santo (Nm 12.3).

Assim como a santidade da descendência de Sete se revela mais amplamente em Enoque, a vida espiritual de Moisés alcançou o seu zênite nos dois períodos de 40 dias e 40 noites no Monte com o Senhor.

O coração do homem anseia pelo amor infinito; a mente pela verdade infinita; o espírito pela infinita comunhão com o Espírito Santo. A própria existência desse desejo ardente pelo Senhor — para uma comunhão face a face são os sintomas precursores, os sinais premonitórios, de que ao nosso alcance se encontra a possibilidade de uma comunhão íntima com Deus, a qual até então nossos corações não tinham concebido. Moisés teve finalmente o privilégio de estar com Deus por duas vezes, durante 40 dias e 40 noites. No monte fumegante, ele perdeu-se então no fogo devorador da presença divina. Ninguém que aguarda por Ele será envergonhado. Ele irá satisfazer os desejos que Ele próprio implantou. Nós também teremos, quando menos o esperarmos, como aconteceu com Moisés, a visão beatífica que talvez nos leve a clamar com John Tennant: — “Chega, Senhor, agora basta, ou o frágil vaso irá romper-se sob o peso da glória”.

A comunhão face a face com Deus nos faz conhecer as nossas verdadeiras cores. Se as duas tábuas de pedra tocam a nossa condição, então o modelo do Tabernáculo mostrado no monte mostraria nosso método, nosso caminho e nossa sabedoria. Temos o Tabernáculo segundo a mais alta autoridade, no sentido de que não somente nas suas linhas grandiosas, mas nos detalhes mais diminutos, tudo seria feito “segundo o modelo” que Deus mostrou a Moisés no monte. Nada foi deixado ao critério pessoal, tudo foi feito segundo a ordem. Toda peça de mobília no Tabernáculo — incluindo o altar, a bacia, a mesa, o candelabro, o incensário, a arca e assim por diante — foi feita segundo as especificações estabelecidas por Deus quanto a seu material, medida e cor. Nenhum aspecto sequer foi deixado ao critério de Moisés. Apesar de Moisés ter sido educado em toda a sabedoria do Egito, e certamente ter conhecimentos de arquitetura (provavelmente tinha visitado muitos templos no Egito); mesmo assim, ao construir o Tabernáculo, não lhe foi permitido copiar qualquer planta egípcia nem teve liberdade para decidir se um pequeno prego deveria ser feito de prata ou ouro. Ele fez cada item segundo as ordens do Senhor. Isto não deixava lugar para o engenho humano, para o raciocínio ou o bom senso do homem. Cada pino, cada conexão, cada nó, cada preguinho, foi apuradamente determinado. A fim de nos conformarmos a este padrão, nosso método, nossa opinião e nossa sabedoria precisam ser tratados pela obra da cruz, enquanto estamos em comunhão com o Senhor em Sua Luz permanente.

Quarenta dias e quarenta noites Moisés passou de novo no monte, e mais tarde ele conta ao povo o que aconteceu durante essa segunda e prolongada comunhão com Deus. “Prostrado estive perante o Senhor… quarenta dias e quarenta noites… por causa de todo o vosso pecado… orei por Arão ao mesmo tempo” (Dt 9.18, 20). Somente alguém que se esvaziou a si mesmo como Moisés poderia interceder durante 40 dias pelo povo. Apenas duas coisas ocupavam o coração de Moisés: o nome de Deus e aquele povo de “dura cerviz”. Além disso não havia mais nada, nem a sua própria pessoa.

Restam sempre traços inconfundíveis com relação àqueles que estiveram nas câmaras do Rei. O rosto de Moisés brilhava. Poderia ter sido de outra forma depois de 40 dias e 40 noites na presença constante de Deus? Podemos imaginar que alguém perdido no fogo consumidor que representa a glória de Deus e sendo continuamente absorvido pela radiância celestial poderia continuar o mesmo, sem se tornar radioativo? Os Iençóis em que a dona da casa coloca alecrim e lavanda ficam cheirosos; o ferro comum colocado junto a um imã fica imanado; os que frequentam a corte do rei se comportam como a realeza; quem faz amizade com sábios obtém sabedoria; é sabido que os casais depois de muitos anos de convivência acabam ficando parecidos, pois um reflete o outro. É impossível para nós ficarmos muito tempo na companhia de Deus sem nos tornarmos santos, isto é, parecidos com Ele. Depois da alma fixar por longo tempo a visão de Deus, os contornos da beleza divina passam para a vida de Moisés e a iluminam com um encanto extra-terreno.

A Bíblia diz: “Não sabia Moisés que a pele de seu rosto resplandecia” (Ex 34.29). Moisés se mostrava glorioso aos olhos de todas, menos aos seus próprios. A verdadeira excelência cristã tem tão pouca consciência de sua beleza quanto Moisés. Não existe mérito em ter orgulho da humildade que se possui, nem em tentar investir sobre a nossa insignificância. O encanto da criança está na sua absoluta espontaneidade, não existindo nela qualquer consciência do “eu”; e esse é o encanto da verdadeira semelhança com Deus.

Moisés velava o rosto para os homens, mas não para o Senhor, pois ele o retirava quando se aproximava de Deus e o repunha quando voltava a mover-se entre os homens. Quanta solidão, que isolamento tal coisa representava para ele, pois não podia ter uma comunhão íntima com o Senhor sem separar-se dos demais — unindo-se só a Ele! É este o significado da comunhão “face a face” com o Senhor. Pelo lado de Deus, uma vida “com o rosto desvendado, contemplando como por espelho, a glória do Senhor. Transformado de glória em glória, na sua própria imagem” (2 Co 3.18); todavia, pelo efeito inconsciente e inevitável dessa intimidade com Deus, velado com relação a outros e separado das coisas terrenas, como alguém que “não estivesse vivendo no mundo”. (‘Olhando Arão e todos os filhos de Israel para Moisés, eis que resplandecia a pele do seu rosto; e temeram chegar-se a ele”, Ex 34.30).

É instrutivo notar que o programa educacional de Moisés nos dois períodos de 40 dias e 40 noites que passou no monte com Deus pareceu ter como foco a lição sobre o “eu”. Nas duas tábuas de pedra, Moisés vê a miséria da justiça própria e a fraqueza da energia própria. Do modelo do Tabernáculo, ele aprende a impropriedade da auto-afirmação e o perigo da vontade própria. Nos segundos 40 dias, Moisés ficou tão espantado com a revelação do amor e da longanimidade de Deus e são perturbados com a rebeldia do povo de Israel que se ocupou inteiramente com o trabalho de intercessão, esquecendo-se por completo de si mesmo. Ele foi assim maravilhosamente libertado do ego. A vida do “eu” parecia que não mais pulsava e a vida divina penetrou-o de tal forma que seu rosto resplandeceu. Nesse momento abençoado, ele libertou-se inteiramente da consciência de si mesmo e não houve lugar para a glória própria.

Tudo isso não é senão parte do programa celestial de treinamento que nos leva até essa vida abençoada: NÃO EU, MAS CRISTO e que nos associa, figuradamente com a bendita linhagem de Sete, a qual eventualmente conduz a Cristo, cuja linhagem se acha pontilhada de muitas datas memoráveis.

Chegamos finalmente à contraparte de Noé na vida de Moisés. Noé representa o terceiro passo, o “descanso” na vida cristã como escrito na descendência de Sete.

Apesar de sua fidelidade e abnegação, a vida de Moisés encerrou-se com uma nota negativa. Ele foi excluído da Terra Prometida em razão de sua falha. Terrivelmente desapontado por não poder entrar em Canaã, Moisés suplicou ao Senhor três vezes para que cancelasse a ordem. Mas veio a resposta: — “Basta; não me fales mais nisto” (Dt 3.25, 26). Esta foi provavelmente a lição mais difícil que Moisés aprendeu em sua vida. Como poderia alguém descansar depois de saber que justamente o alvo que decidira atingir a qualquer preço durante todo o caminho do deserto, no final se transforma de repente em algo inatingível? Todos os sofrimentos e dores por causa do Senhor e do seu povo foram vãos? Como poderia Moisés fechar os olhos e descansar? Seu lado humano deve ter-se ressentido pela frustração de não atingir o alvo de sua vida, depois de ter corrido tão longa e exaustiva carreira. “Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras” (Hb 4. 10). Foi esta exatamente a lição, a última lição ou provavelmente a mais difícil para Moisés. Lemos então que Deus “o sepultou num vale, na terra de Moabe” (Dt 34.6). Ele foi honrado como nenhum outro homem o foi pelo fato de ter sido enterrado a fim de descansar em tal hora. Mas Deus mesmo fez isso para Moisés.

Descansar significa que a pessoa deixa de trabalhar e permite que o Senhor tome o seu lugar, entrando assim no descanso. E não foi somente o Iíder de Israel que deixou de trabalhar, mas os filhos de Israel fizeram o mesmo, pois, “e ninguém sabe, até hoje, o lugar de sua sepultura”; eles procuraram em vão a tumba de Moisés.

A tumba oculta fez com que o povo se voltasse da terra para o céu.

O verdadeiro descanso de Moisés foi que Deus o sepultou. Deixemos que Deus faça o sepultamento e que conceda o descanso. Depois de ter verdadeiramente descansado, para sua surpresa, o desejo de Moisés foi atendido. No Monte da Transfiguração, em Canaã, Moisés foi um dos homens que conversavam com o Senhor Jesus. Moisés entrou realmente na Terra Prometida, e em companhia do próprio Senhor da glória. Este é sem dúvida o verdadeiro descanso.

Até aqui, de maneira geral ou em detalhe, vimos que a vida de Moisés, especialmente os últimos 40 anos, se acha em princípio espiritual em paralelo com a linhagem genealógica de Sete. Desde que a descendência de Sete foi datada, isso nos fornece uma regra prática de como nossos dias serão lembrados e contados positivamente por Deus. A vida de Moisés preenche exatamente as condições no sentido de como essas regras celestiais podem ser aplicadas, fazendo com que aprendamos assim uma belíssima lição em nosso avanço na direção do objetivo celestial.

CAPÍTULO 14

O TERCEIRO 40: DECLARANDO O NÚMERO DE PASSOS

O tempo iria perder o seu significado se o universo parasse da mesma forma, os nossos movimentos diante de Deus tornam nossos dias significativos na sua presença. Deus não só numera os nossos dias como também mede os nossos movimentos.

Moisés, homem de Deus, moveu-se diante do Senhor; teve ele de declarar o número de seus passos? A resposta é afirmativa, especialmente em relação aos últimos 40 anos. Durante este período, a história de Moisés esteve intimamente ligada à de seu povo. Os movimentos dele e do povo são praticamente inseparáveis. Moisés viajou com o povo através do grande e terrível deserto na presença do Senhor. O número de passos do povo na jornada reflete assim, os de Moisés. De fato, o que Moisés aprendeu diante de Deus também se aplicava ao povo. Ele teve de atravessar o deserto antes que pudesse guiá-los numa experiência similar.

Como uma comunidade, o povo de Israel foi levado pelo mesmo caminho na presença do Senhor, também representada pela nuvem e pelo fogo, durante 40 anos. As únicas diferenças são devidas à qualidade dessas duas vidas. Como é perfeitamente sabido, houve muitas falhas na vida comunitária que resultaram eventualmente nos 38 anos em que vagaram pelo deserto. Se estes 38 anos foram considerados como perdidos, então quantos passos de seus movimentos diante de Deus seriam registrados? Devemos ter cautela neste ponto para não obtermos uma resposta errada simplesmente por nos surpreendermos com o registro desanimador do povo de Israel. Do ponto de vista humano, eles tinham realmente perdido os 38 anos em que vagaram no deserto (Dt 2. 14), mas do ponto de vista de Deus este fracasso fazia parte do programa educativo para o povo, a fim de que aprendesse algumas lições positivas.

Durante quarenta anos inteiros Deus alimentou o povo com maná (Ex 16.35) a fim de provar que sustentou verdadeiramente a seus filhos por todos esses anos. Entretanto, segundo a própria interpretação do Senhor, esta era também a maneira dEle humilhá-los e levá-los ao pleno conhecimento de sua Pessoa. Sustentar e disciplinar eram paralelos no programa educacional do Senhor. É certo que aqueles quarenta anos de peregrinação foram na verdade os anos em que os filhos de Israel deveriam levar sobre si as suas iniquidades, como afirmado por Deus (Nm 14.34); é igualmente verdade que Deus descreve esses anos como de sua liderança.

Em Números 33, Deus faz um retrospecto de todo o caminho pelo qual os levou, anotando cuidadosamente cada estágio sucessivo dessa maravilhosa peregrinação, e cada ponto no deserto em que pararam. Para Enoque, que andou com Deus, foi registrado o número de anos, 365; para Moisés e seu povo que fizeram o mesmo, foram anotados os estágios de sua jornada em direção a Canal, 42. Moisés começou os seus primeiros quarenta anos com a contagem de seus cabelos; ele pediu mais tarde sabedoria para numerar os seus dias, e agora terminava sua jornada com o povo, declarando com Jó: “Mostrar-lhe-ia o número de meus passos; como príncipe me chegaria a ele” (16 31.37).

 

TABELA
AS QUARENTA E DUAS ESTAÇÕES DAS MARCHAS DE ISRAEL DO EGITO ATÉ CANAÃ
— Números 33 —

O significado do nome da estação é dado entre parêntesis. Cada estágio tem 14 estações.

Primeiro Estágio



1. Sucote (currais de gado)

2. Etã (relha de arado)

3. Migdol (torre)

4. Mara (amarga)

5. Elim (palmeiras)

6. Mar Vermelho (mar de sargaços)

7. Deserto de Sim (atoleiro, espinhos)

8. Dofca (derrota)

9. Alus (lugar selvagem)

10. Refidim (planície)

11. Deserto do Sinai (montanha de espinhos)

12. Quibrote-Taavá (sepultura da cobiça)

13. Hazerote (recinto cercado)

14. Ritma (arbusto, algemas)

Segundo Estágio

15. Rimon-Perez (fenda-da-romã)

16. Libna (brancura)

17. Rissa (orvalho)

18. Queelata (lugar de reunião)

19. Monte Sefer (beleza)

20. Harada (terror)

21. Maquelote (reuniões)

22. Taate (humildade)

23. Tara (volta)

24. Mitca (lugar de doçura)

25. Hasmona (fertilidade)

26. Moserote (grilhões)

27. Bene-Jaacã (filhos da inteligência)

28. Hor-Gidgade (colina da fenda)

Terceiro Estágio

29. Jotbata (lugar da bondade)

30. Abrona (costa)

31. Eziom-Geber (espinha dorsal do poderoso)

32. Deserto de Zim-Cades (Cades: sagrado)

33. Monte Hor (montanha das montanhas)

34. Zalmona (subida)

33. Punom (trevas, perplexidade)

36. Obote (buracos, cavernas)

37. Ijé-Abarim (ruínas das passagens)

38. Dibom-Gade (curso do rio)

39 Almon-Diblataim (esconderijo dos dois bolos de figo)

40. Montes de Abarim (passagens)

41. Nas campinas de Moabe junto ao Jordão, na altura de Jericó

42. Canaã

Apesar do fracasso dos filhos de Israel no deserto, não devemos perder de vista o fato de que todas as jornadas (ou estágios), tendo sido escritas por ordem de Deus, indicam que foram consideradas de um ponto de vista divino. Trata-se de um registro permanente de movimentos com a coluna de nuvem e fogo, com a Arca e o Tabernáculo do testemunho. É um consolo saber que pode haver uma história no descrito à qual Deus atribui um valor positivo definido. Tal história é marcada por movimentos, cada acampamento passando por um período de experiência e educação distinto. Podemos aprender mais a respeito de Deus com Calebe e Josué em cada acampamento, e tendo aprendido eles estavam prontos para o estágio seguinte. Desde o momento cm que o tabernáculo foi erguido, todos os movimentos deles se relacionavam com o mesmo; eram os movimentos do testemunho divino. O deserto, um lugar de provações e dificuldades, onde a carne é testada e exposta, é também onde experimentamos os recursos e os cuidados divinos.

À medida que Cristo e a Sua presença indicam o caminho, nós devemos simplesmente “seguir as suas pisadas” (1 Pe 2.21). Como foi que Ele iniciou sua jornada na terra há quase 2.000 anos atrás, no maior de todos os desertos? Não num palácio real, mas numa humilde mangedoura (Lc 2.7). Qual é então o primeiro desses 42 estágios? É Sucote, que significa curral, curral para o gado. Esse o início de nossa jornada espiritual — um lugar igualmente humilde, pois “não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor” (Mt 10.24).

É muito instrutivo comparar as 42 jornadas com as 42 gerações na linhagem genealógica de Cristo em Mateus, desde que as 42 gerações levam eventualmente a Cristo e as jornadas pelas 42 estações finalmente atingem Canaã, ou, no tipo, a plenitude de Cristo.

Enquanto não alcançamos o que é positivo e permanente em relação ao propósito divino, cada exercício tem o caráter de uma “saída”. Jamais nos firmando em um estágio, há sempre algo melhor, algo mais alto e mais próximo de nosso alvo. É sempre agradável sair de Mara onde a água é amarga, mas difícil partir de Elim onde encontramos 12 fontes de água e 70 palmeiras (Ex 15.27). Elim é maravilhoso, mas não é o alvo, Canaã. Temos de continuar marchando, sem parar. O maná de ontem não pode satisfazer a necessidade de hoje. Pedro decidiu permanecer no monte da transfiguração com Moisés, Elias e o Senhor, quase se esquecendo de sair dali com o seu Senhor a fim de cuidar da necessidade ao pé do monte, quando devia lembrar-se de que o caminho da coroa passa pela cruz; o caminho da glória atravessa o sofrimento e a humilhação, Sair do segundo lugar a fim de entrar no primeiro é a mensagem desses 42 estágios.

É interessante notar que toda a jornada resultou de um dia muito especial, a Páscoa, o 14° dia, o qual deveria ser sempre lembrado entre os filhos de Israel. Assim também, 14 vezes no registro desses anos no deserto, Moisés teve de enfrentar as murmurações do povo de Israel, tendo de interceder por ele junto a Deus. Focalizando esses dois 14 e usando a genealogia de Mateus como guia, parece que podemos dividir as 42 estações em três outros estágios mais amplos, cada um cobrindo 14 estações, justamente como a divisão de 42 gerações em três 14. (Como mostrado na tabela da página 180). O primeiro estágio vai de Sucote a Ritma (Nm 33.6-18), O segundo de Rimom-Perez a Hor-Hagidgade (Nm 33.19-32) e o último dc Jatobá a Canaã (Nm 33.33-51). As simetrias numéricas parecem surgir de maneira muito natural nessas divisões. Por exemplo, as 14 primeiras estações são aquelas em que jornadearam justamente antes de sua perambulação. Comparando com Números 12. 16 e Números 13.25, Ritma deve ser, se bem o compreendemos, o lugar do acampamento de Israel perto de Cades. Cades deve ser reconhecido aqui tanto como uma ampla região geográfica como uma cidade local, pois lemos: “no deserto de Parã, a Cades” (Nm 13.26) e “no deserto de Zim… Cades” (Nm 20.1; 33.36). Cades foi o lugar de onde os espiões de Israel foram enviados e de onde Israel começou a vaguear, seguindo em direção ao Mar Vermelho (Dt 1.46; 2.1). Na verdade, existe uma planície próxima a Ain Gadis ou Cades que tem até hoje o nome de Abu Retemet que soa como Ritma. Quando se dirigiam para o Mar Vermelho, o lugar mais longínquo em que pararam depois de Cades ou Ritma parece ter sido Eziom-Geber; cujo ponto, ao que sabemos, fica no chamado golfo de Acaba do Mar Vermelho.

Dessa forma eles voltaram, no Final dos 40 anos de peregrinação, uma vez mais ao “deserto de Zim, que é Cades (Nm 33.36). As estações de suas jornadas de Cades a Eziom-Geber estão consignadas em Números 33.18-35. Existem exatamente 17 delas depois de terem deixado Ritma.

Um estudo dos nomes das 14 estações no segundo estágio ampliado mostra que todos os acampamentos foram com toda probabilidade escolhidos pela sua proximidade em relação à água e vegetação. Em termos espirituais, a vida e a sua preservação parecem ser o elemento comum que caracteriza o segundo estágio, assim como os 14 reis representam as 14 segundas gerações na genealogia de Mateus. A estrutura das segundas 14 estações parece sugerir mais do que vida. a vida em meio à morte, ou a vida depois da morte. Observando os nomes da primeira e da última estação no segundo estágio ampliado, este começa com Rimom-Perez. “a fenda da romã”, e termina com Hor-Gidgade, “a colina da fenda”. A ideia contida nesses dois nomes parece sugerir o resultado da terrível punição imposta à rebelião de Coré (Nm 16). Foi até mesmo sugerido que Rimom-Perez tinha sido talvez o lugar em que se deu essa rebelião. Depois de Rimom-Perez temos Libna, “brancura”, provavelmente devido ao álamo branco que cresce ali.

Temos a seguir Rissa, “orvalho” ou “monte de ruínas”, outro lembrete da vida após morte; monte Sefer, “monte da beleza” ou “da santidade”; Mitca, “doçura”, em referência à água; Hasmona, “opulência”, “abundância”, onde até hoje existe um tanque de água doce com muita vegetação ao seu redor; Bene-Jaacã, ou como em Deuteronômio 10.6, Beerote-Bene-Jaacã, “os poços dos filhos de Jaacã”, provavelmente os poços que os jaacanitas escavaram ao serem expulsos de seus lares pelos edomitas (Gn 36.27; 1 Cr 1.42). Os outros nomes ou são derivados de peculiaridades do cenário, ou de eventos especiais, como Queelata, “assembléia”; Maquelote, “assembléias”; Harada, “lugar de terro,”, etc.

Do mesmo modo em que os nomes da primeira e da última estação do segundo estágio tem significado semelhante, isto também acontece no terceiro estágio. Jotbata, “lugar da bondade” se compara a Canaã, “a boa serra”, descrita em Deuteronômio 8.7 pelo Espírito Santo.

De maneira simbólica, podemos ver essas jornadas como o Progresso do Peregrino em direção ao alvo, muito antes de John Bunyan encontrar-se na cadeia de Bedford, na Inglaterra. O próprio Espírito Santo esboçou este “Progresso do Peregrino” original. Ele desenrola a história experimental do crescimento cristão em linguagem pictórica. O primeiro estágio das quatorze estações é uma figura do que o Novo Testamento descreve como o “velho homem” em nós. As 14 estações reproduzem assim primariamente as jornadas da antiga geração de Israel que representa, simbolicamente, a história e a experiência do nosso velho homem e os seus atos carnais. A condenação de Deus sobre o nosso velho homem e sobre a carne é invariavelmente esta: “a carne… não pode herdar o reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção” (1 Co 15.50).

Ninguém da antiga geração, exceto Calebe e Josué pôde entrar em Canaã. A Lei foi dada no Sinai como um espelho para refletir a pecaminosidade da carne. Nós nos vemos nesta descrição, e não simplesmente como pessoas não-convertidas. “Desde o dia em que saísses do Egito, até que chegastes a esse lugar, rebeldes fostes contra o Senhor” (Dt 9.7); e isto foi depois da conversão como deveríamos dizer. Quanto ao tratamento aplicado por Deus, o nome Quibrote-Hataavá, “sepulturas de concupiscência”, indica perfeitamente o destino da carne e o Juízo d Deus sobre ela.

Os filhos de Israel levaram 38 anos para atravessar as 17 estações antes de voltarem a Cades. O número 17 na Bíblia representa o processo morte-ressurreição. Este processo ordenado por Deus é sempre o caminho que leva à recuperação, como frequentemente observado em outros pontos da Escritura. Por que 38 anos? Porque Deus afirma isto claramente em Deuteronômio 2.14-15: “…trinta e oito anos, até que toda aquela geração dos homens de guerra se consumiu no meio do arraial”. Lemos, também: “Nenhum dos homens desta malígna geração verá essa boa terra” disse o Senhor (Dt 1.35). Deus falou à antiga geração: “Neste deserto cairão os vossos cadáveres… Mas os vossos filhos… meterei nela, e eles saberão da terra que vós desprezastes… E vossos filhos pastorearão nesse deserto por quarenta anos… até que os vossos cadáveres se consumam neste deserto” (Nm 14.29-33).

O segundo estágio de 14 assinala a morte da velha geração e o crescimento da nova. A antiga deveria consumir-se no deserto e a nova avançar em direção a Canal Traduzindo isto em linguagem do Novo Testamento, este estágio representa o processo de despir-nos do nosso velho homem e revesti-los do novo, ou da decadência do homem exterior e da renovação do homem interior dia a dia (1 Co 4. 16).

Em outras palavras, esta é a vida do “eu” diminuindo e “Cristo” crescendo (Jo 3.30). O juízo de Deus para o nosso velho homem, é sempre de despojar-nos dele e permitir que a sua carcaça caia no deserto e morra. Trinta e oito anos representam um longo sofrimento para a nossa carne, e devemos tomar diariamente a nossa cruz a fim de consumi-la até que a vida egocêntrica não pulse mais. O segundo estágio de 14 estações é caracterizado pela ida e a preservação da vida, até mesmo a vida em meio à morte. Esta é a interpretação típica, exata das palavras: “Porque lá estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus… Cristo, que é a nossa vida” (CI 3.3, 4). O caminho para o crescimento do novo homem e para a renovação do homem interior se faz de novo através da obra da cruz. Quebrantamento e prisão pelo Espírito Santo é sem dúvida o caminho do crescimento cristão.

No último estágio das 14 estações, temos uma descrição do novo homem e sua manifestação em maturidade. Foi sem dúvida, bastante apropriado que no final de quase trinta e oito anos de perambulação, Israel se reunisse de novo em Cades. Ali lhes fora ordenado que voltassem na direção do Mar Vermelho por causa da sua incredulidade e daquele lugar a velha geração transportou, por assim dizer, sua sentença de morte, de volta ao deserto, até que durante esses longos e exaustivos anos fossem cumpridos todos os seus termos. Agora uma nova geração estava mais uma vez em Cades. No mesmo ponto em que o velho tinha sido interrompido, um novo começo deveria ser feito. Deus é fiel em seu propósito Ele jamais se interrompe.

Aprendemos que o novo homem é criado segundo Deus em verdadeira justiça e santidade (Ef 4.24). Como é bastante compreensível, o velho homem não suporta a santidade representada no nome de Cades e se afasta dali. Todavia, Deus não quer interrupção e em vez disso insiste nela como o princípio subjacente que deve governar a jornada celestial. Se o velho homem não pode viver com ela. Deus aguarda pacientemente até que esse velho homem morra. Quando a nova geração ou o novo homem cresce para a maturidade, Deus a leva ou o leva ao mesmo lugar, Cades. No que e onde o velho homem fracassa, Deus prossegue através do novo homem. Esta é a glória de Deus.

Além de Josué e Calebe, a quem tinha sido especialmente prometida a entrada na terra, somente três representantes da velha geração ainda restavam: Miriã, Moisés e Arão. O primeiro incidente depois da volta a Cades foi a morte e sepultamento de Miriã. Ela teve urna posição de destaque, na partida do Egito, pois o Senhor enviou adiante deles “Moisés, Arão e Miriã” (Mq 6.4). Mas agora a morte começa a tratar com este trio de líderes. Miriã é a primeira a partir; e logo depois Moisés e Arão recebem a sua sentença. O fracasso de Moisés e Arão em Meribá, Cades, provou ser fatal. Todavia, a partida e a falha desses três antigos líderes destacaram maravilhosamente o único princípio sob o qual o povo podia entrar na terra. Foi Josué e não Moisés quem se qualificou para guiar Israel a Canaã, pois Josué representa o Espírito Santo e Moisés a Lei. Arão representa todo sistema legal, e o sacerdócio levítico em relação ao qual esse sistema foi estabelecido. Mas tinha havido outro sacerdócio muito tempo antes de Arão “aquele de quem se testifica que vive” (Hb 7.8). É um sacerdote segundo essa ordem o único que pode levar o povo de Deus até aquilo que Seu amor propositou.

Assim sendo, o sacerdócio levítico deve dar lugar a outra ordem de sacerdócio “segundo o poder da vida indissolúvel”. E Cristo não foi feito sacerdote “segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível” (Hb 7. 16). Em resumo, esse princípio de uma nova liderança sob a nova economia de Deus foi então estabelecido simbolicamente em Cades e, dessa forma, o trio de antigos líderes precisa partir mais cedo ou mais tarde antes de cruzar o rio Jordão.

De Cades, a rota mais fácil para Canaã para dois milhões de pessoas, não era em direção ao norte, partindo de Cades através das colinas e montanhas traiçoeiras de Canaã, um caminho em que ficariam expostas aos exércitos defensores de prontidão, os que ocupavam o Neguebe, ou região Sul, que trinta e sete anos antes tinham enfrentado Israel em conflito hostil e finalmente os derrotaram (Nm 14.44, 45). Pelo contrário, como indica um mapa topográfico da Palestina, a linha de marcha cruzou as planícies baixas do Arabá que fica ao sul do Mar Morto, e depois prosseguiu para o norte, ao longo do lado oriental do Mar Morto no nível do planalto, e finalmente alcançou as planícies do Jordão do lado oposto de Jericó, onde seriam feitos os preparativos para a arrancada final até Canaã. A rota mais direta nesse sentido seria então passar através dos países dos edomitas, moabitas e amorreus.

Tinham de ser feitas tentativas a fim de obter permissão por parte dos governantes das terras para que Israel passasse por elas. Como era de se esperar, a permissão de passagem foi negada por todos os reis em questão. Essas negativas devem ter convencido Israel que as mais sérias dificuldades da marcha tinham então começado. Havia apenas duas alternativas, rodear a terra ou abrir caminho lutando. Ficamos sabendo que Israel rodeou a terra de Edom, acampando em Zalmona, Punom, Obote, e lJéAbarim e a seguir rodearam ainda a terra de Moabe, chegando finalmente ao rio Arnon, que era a fronteira entre Moabe e os amorreus. A batalha decisiva entre Israel e amorreus foi então travada quase à vista do Mar Morto. A grande vitória pertenceu à nova geração de israelitas e consequentemente a marcha avançou com êxito por todo o caminho até as portas da terra que manava leite e mel.

Os ensinamentos típicos se mostram claros neste ponto. Os edomitas, moabitas e amorreus, todos eles representam a carne em suas várias formas. Em nossa experiência, sabemos muito bem que a carne jamais nos daria passagem para alcançarmos nosso objetivo, para gozar do descanso em Cristo, para herdar a plenitude da vida em Cristo, sentando-nos nos lugares celestiais com Cristo e nos tornando semelhantes a Ele. A carne é sempre o impedimento do crescimento cristão para a maturidade. Mediante a orientação do Espírito Santo, ou temos de rodeá-la ou lutar contra ela, a fim de continuar nossa peregrinação. A fim de contorná-la, aprendemos que é preciso negar a nós mesmos diariamente e tomar a cruz para seguir a Cristo (Lc 9.23). Negar, em grego, significa ignorar. A negação de nós mesmos é, portanto, bem retratada no esforço de Israel para contornar a terra de Edom, mas essa parte da jornada não foi nada fácil, “porém a alma do povo angustiou-se nesse caminho” (Nm 21.24). O nome das estações, Zalmona, “subida”; Punom, “trevas, perplexidade”; Obote, “buracos, cavernas”; ljé-Abarim, “ruínas das passagens”, parece descrever perfeitamente a dificuldade do caminho. Isto era mais do que a carne podia suportar; é-nos dito então que de novo se fizeram ouvir murmurações entre os israelitas.

O juízo caiu sobre o povo em forma do flagelo de “serpentes abrasadoras” que morderam a muitos mortalmente.

Uma serpente abrasadora de bronze deveria ser feita e colocada sobre uma haste. Quando alguém era mordido por uma serpente viva, ficava curado ao olhar para a de bronze (Nm 21.4-9). Pelos ensinamentos do Senhor ficamos sabendo que este foi um tipo direto da crucificação do Filho do homem (Jo 3. 14, 15). O remédio é muito simples — olhe e viva! Basta olhar para Cristo, e Ele crucificado e consequentemente vivemos — o novo homem vive. Olhemos para Ele. Ficamos tão conscientes de Cristo e Sua cruz que não mais nos tornaremos obcecados com nossa própria pessoa, sendo esta obsessão o resultado da mordida fatal da serpente. O novo homem sempre desvia os olhos de si mesmo e os fixa em Jesus “o Autor e consumador da nossa fé” (Hb 12.2). Este é o grande segredo em direção à maturidade na vida cristã, tornando assim possível o avanço vitorioso para as margens espirituais do Jordão.

Quanto mais nos aproximamos dos portões da Terra, tanto mais temos de travar a batalha espiritual. A luta é inevitável. Pelo Espírito de Deus devemos ser fortalecidos com poder no homem interior ou no novo homem (Ef 3.16) para que em todas estas coisas sejamos “mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Rm 8.37). Como ilustrado pela conquista da nova geração de Israel, nós também, mediante uma série de vitórias alcançadas pelo novo homem, e pela capacitação do Espírito Santo, estamos nos dirigindo para o alvo.

Os israelitas tinham chegado agora ao portão da terra prometida. Esse portão acha-se geograficamente localizado em Números 22. Um dos preparativos finais para cruzar o Jordão foi fazer o censo de todos os israelitas. Depois da contagem é nos dito que: “são estes os contados dos filhos de Israel: seiscentos e um mil setecentos e trinta” (Nm 26.51) e também: “Entre esta, porém nenhum houve dos que foram contados por Moisés e pelo sacerdote Arão, quando levantaram o censo dos filhos de Israel no deserto de Sinai. Porque o Senhor dissera deles que morreriam no deserto; e nenhum deles ficou, senão Calebe… e Josué” (Nm 26.64-65). No tipo, o velho homem desapareceu agora de cena e o novo homem, no auge de sua força, manifestou-se plenamente.

Deus falou a Moisés: “a estes se repartirá a terra em herança, segundo o número de nomes… a cada qual se dará a sua herança, segundo o que foram deles contados” (Nm 26.52-54). Aquela nova geração não só tinha força bastante para vencer o inimigo e conquistar vitórias, como também estava agora suficientemente amadurecida para reivindicar a herança prometida por Deus na terra que mana leite e mel.

Depois de jornadear através de 42 estações no imenso, terrível e cansativo deserto, os filhos de Israel finalmente alcançaram o seu objetivo, Canaã o sonho deles se transformara em realidade. Diante de seus olhos se achava de fato uma terra que manava leite e mel, “uma boa terra, terra de ribeiros e águas, de fontes, de mananciais profundos, que saem dos vales e das montanhas; terra de trigo e cevada de vides, figueiras e romeiras; terra de oliveira, azeite e mel; terra em que… nada te faltará...“ (Dt 8.7-10).

Ao colocar pela primeira vez os pés na terra prometida, os israelitas aprenderam o momentoso significado daquela hora: “Traia-se de um pequeno passo para um povo, mas de um salto gigantesco para o céu.” Não foi apenas um passo para dentro da história, mas também para a Vida. Foi esse o 42° passo. Fazendo um retrospecto de cada passo da jornada mais incrível que tinham feito, podiam agora proclamar juntamente com Jó: “Mostrar-lhe-ia o número dos meus passos, como príncipe me chegaria a ele(Jo 31 .37). Sem dúvida alguma, os passos são ao todo 42.

Quanto a Moisés, o seu 42° passo no solo tão sonhado foi adiado enquanto descansava no Senhor até que o encontramos no monte da Transfiguração com o seu glorioso Senhor na Terra Prometida. Moisés tem então também 42 passos a declarar.

A duração da grande tribulação no fim dos tempos será de 3.5 anos, ou para ser mais impressivo, 42 meses. Os sofrimentos pelos quais Moisés e o povo passaram em sua peregrinação não foram sem esperança ou futuro. Existe uma classe de sofrimento que leva ao desespero, à ausência de futuro ou de propósito, como o devido ao câncer. Todavia, aqueles como os da mãe que dá à luz um filho pertencem a outra classe. Depois de um período de dor e agonia, uma experiência que se assemelha à da morte, um lindo bebê vem a fazer parte da família. Sofrimento assim tem futuro e propósito. Foi esta a categoria do sofrimento de Moisés. A gloriosa esperança da terra prometida iria tornar todas as tristezas e dores da jornada mais suportáveis. Nesta relação, o próprio Deus compara as 42 jornadas ao processo de disciplina ou educação de filhos (Dt 8.2-5). Não é preciso dizer que as crianças sofrem quando são disciplinadas, mas esse sofrimento não leva à destruição; tudo o que o pai deseja é fazer de seu filho um homem mediante estes castigos.

Em outras palavras, os mesmos fazem parte do crescimento em direção à virilidade.

Tudo o que Ele deseja é produzir uma vida amadurecida e Cristocêntrica em nós. Durante 40 + 40 + 40 anos Moisés foi treinado e transformado nas mãos de Deus, passando de um simples “egípcio” para um “homem de Deus” (SI 90) e finalmente para alguém a quem Deus se referiu como: “Meu servo, Moisés” (Nm 12.7). Depois de completar seus cursos, ele teve a honra de receber o comentário do Espírito Santo em seu “diploma”: “MOISÉS, COM QUEM O SENHOR TRATOU FACE A FACE” (Dt 34.10). Quanta honra!

Agora é mostrado o programa educativo de Deus em relação a Moisés na equação: 120 = 40 + 40 + 40. Ao atravessar três estágios de provações e testes como representado pelo número 40, Moisés tornou-se finalmente um instrumento útil às mios de Deus a fim de trabalhar ou descansar para Deus. “Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o Senhor houvesse tratado face a face, no tocante a todos os sinais e maravilhas, que por mando do Senhor, fez na terra do Egito, a Faraó, a todos os seus oficiais, e a toda a sua terra; e no tocante a todas as obras de sua poderosa mão, e aos grandes e terríveis feitos que operou Moisés à vista de todo o Israel” (Dt 34. 10-12).

Apesar de Moisés ter tido tanta utilidade nas mãos de Deus não vamos perder de vista, nem por um segundo sequer, a verdade invariável e permanente do princípio espiritual: “Ser é mais importante do que simplesmente fazer”.

É animador aprender através da vida de Moisés, que Deus sabe perfeitamente como criar seus filhos!

Devemos meditar cuidadosamente sobre as palavras de Hebreus: “Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe para disciplina que perseverais (Deus vos trata como a filhos)” (12.5-7), e aceitar de bom grado a equação 120 = 40 + 40 + 40 que Deus ordenou para a nossa vida, assim como para a vida de Moisés, com o propósito de “sermos participantes de sua santidade… ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto da justiça” (Hb 12.10-11).

Ó, quão belo é esse processo de treinamento: 120 = 40 + 40 + 40. Vamos levantar-nos e nos consagrar de novo ao Senhor para que seu glorioso propósito se cumpra em nossa vida.

Nota do site:

O Site TenhoSede entende que há uma gama enorme de bons livros cristãos que podem ajudar muito a todos os filhos de Deus no desenvolvimento de uma vida cristã consagrada, madura e frutífera. Neste sentido, os livros aqui mencionados são uma pequena demonstração desta visão.

Esclarece ainda, que todo conteúdo dos livros aqui indicados é de responsabilidade de seus autores e que os mesmos foram incluídos nesta Plataforma tão somente pelo seu elevado conteúdo bíblico. O objetivo é o de trazer à luz uma enorme gama de aspectos relevantes para o todo da revelação das Escrituras e para uma melhor interface com outras seções do site.

A indicação dos mesmos é feita essencialmente para abordar temas fundamentais para uma melhor e mais profunda compreensão da Palavra, não sendo necessária a aquisição especificamente dos títulos aqui indicados. No entanto, recomenda-se que os temas por eles abordados devam ser estudados em detalhes, ainda que por meio de outros títulos, para que se alcance uma maior consciência da grandeza do Senhor e de Sua Palavra.

O Site TenhoSede reitera que não tem nenhuma participação na comercialização dos livros, sendo um site totalmente gratuito e sem fins lucrativos.