Nome do livro: Geografia da Terra Santa e das Terras Bíblicas

Autor: Enéas Tognini
Tema: Aspectos geográficos relevantes
Editora: Editora Hagnos

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Sinopse

Por tratar-se de tema de alta relevância, apresentamos uma sinopse ampliada do livro com o intuito de demonstrar a importância do estudo deste conteúdo, esperando com isto estimular o leitor a estudar o tema em detalhes.

Ressaltamos que esta sinopse, apesar da designação “ampliada”, é apenas uma pequena parte de todo conteúdo que deve, segundo nosso entendimento, ser objeto de estudo completo e detalhado.

PARA QUE VOCÊ POSSA APROFUNDAR NESSE ESTUDO, RECOMENDAMOS A AQUISIÇÃO DE UM EXEMPLAR DESSA OBRA/TEMA.

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O Site TenhoSede entende que há uma gama enorme de bons livros cristãos que podem ajudar muito a todos os filhos de Deus no desenvolvimento de uma vida cristã consagrada, madura e frutífera. Neste sentido, os livros aqui mencionados são uma pequena demonstração desta visão.

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A indicação dos mesmos é feita essencialmente para abordar temas fundamentais para uma melhor e mais profunda compreensão da Palavra, não sendo necessária a aquisição especificamente dos títulos aqui indicados. No entanto, recomenda-se que os temas por eles abordados devam ser estudados em detalhes, ainda que por meio de outros títulos, para que se alcance uma maior consciência da grandeza do Senhor e de Sua Palavra.

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Sinopse ampliada

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Índice

O mundo bíblico

As nações cananeias

Geografia física da Palestina

Desertos de Israel

Geografia econômica de Israel

Usos e costumes de Israel

Mesopotâmia

O cristianismo no Ocidente

O dilúvio e a arca de Noé à luz da Bíblia, da geologia e da arqueologia

Regiões e lugares do mundo bíblico

Parte 1

Geografia da Terra Santa

1. O mundo bíblico

“Coroa de todas as terras”. Essa foi a maneira que indicou a centralidade, a posição geográfica e a magnífica importância de Israel entre as nações.

Há quatro mil anos, o Egito, passando pela Palestina e a Síria mediterrâneas, seguindo depois até o Tigre e o Eufrates, através da Mesopotâmia, e descendo pelo Golfo Pérsico formavam um poderoso semi círculo que era denominado Crescente Fértil. Ele abrigava um grande número de culturas e civilizações. Em algum ponto dessa região a humanidade teve seu início antes e depois do dilúvio.

Os cartógrafos medievais representavam o mundo por um círculo, com Jerusalém no centro. Geograficamente não é possível que a terra de Canaã seja o centro mas se analisado pelo curso dos acontecimentos, a conclusão faz sentido.

Se o centro fosse Jerusalém não incluiria todos os países principais mencionados no Antigo e Novo Testamentos, mas, também, o território duma vasta extensão nunca relacionado com o povo de Israel.

Os profetas descreviam proscisões de reis e nações subindo ao Monte Sião. Por isso Jerusalém não era o centro geográfico do mundo mas certamente Assim, conclui-se que Jerusalém não era o centro geográfico do mundo, mas a cidade-estratégia e estrategicamente posta por Deus para onde a atenção do mundo inteiro se voltaria “na plenitude dos tempos” (Gl 4.4) com o advento de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

O Antigo Testamento registra muitas vezes Israel ameaçado pelos assírios e caldeus, recorrendo ao poderio militar do Egito e vice-versa.

Em meados do século XX os judeus se implataram na palestina e foi a partir daí que o mundo começou a ter interesse no Oriente Médio. Os judeus tem um valor espiritual reconhecidamente muito grande.

A história nos conta que o mundo do Novo Testamento inclui as regiões do Oriente Médio, mais Macedônia, Grécia, Itália, Egito, Ásia Proconsular, Palestina e Síria além de sete rios que marcaram o curso de acontecimentos no Antigo Testamento: Nilo, Jordão, Leontes, Orontes, Abana, Tigre e Eufrates; enquanto no Novo Testamento apenas três: Jordão, Orontes e Tigre.

Deus escolheu a pequena cidade de Belém da Judeia para o nascimento de Jesus.

Através do estudo da geografia da Bíblia é possível:

  • Viver as páginas já vivas do Livro Santo.

• Entrar em comunhão com o Éden de Deus, com seus rios Tigre e Eufrates, Giom e Pisom.

• Acompanhar o desenrolar do dilúvio, quando Deus derramou juízo do céu sobre uma humanidade rebelde e desobediente.

• Imitar Sem, Cam e Jafé no repovoamento da Terra.

• Acompanhar de perto a linha semítica de Terá, Abraão e toda a família do primeiro filho de Noé.

• Estar com as sete nações cananeias.

• Assistir ao surto de progresso que viveu o Egito.

• Sofrer com os descendentes de Jacó na terra de Cam.

• Levantar-se com Moisés, retirando Israel do cativeiro egípcio e acompanhá-lo na milagrosa passagem do mar Vermelho, depois da peregrinação do penoso deserto, na entrada e posse de Canaã.

• Lutar ao lado dos juízes, mensageiros de Deus.

• Estar com Saul e com Davi, com Salomão e Roboão e todos os reis de

Judá e de Israel.

• Arrastar-se com o povo de Deus caminhando para o cativeiro na Assíria e na Babilônia.

• Voltar com Esdras,Neemias e Zorobabel para a reconstrução de Jerusalém.

• Viver com João Batista no deserto e com o Senhor Jesus nas poentas

estradas da Palestina, ao longo das praias do mar de Galileia, nos desertos e nos montes, no Getsêmani e no Calvário, no sepulcro de Arimateia, na ascensão do Olival.

• Participar do poderoso Pentecostes.

• Sofrer com os apóstolos que deram testemunho da ressurreição do Senhor,nas prisões, nos açoites, no martírio.

• Assistir à dispersão dos servos de Jesus, que começou com a perseguição de Paulo.

• Ver surgir a poderosa igreja de Antioquia da Síria.

• Entrar na companhia de Paulo para desfraldar o glorioso pavilhão de

Cristo em dois continentes e depois permanecer com ele dois anos no cárcere em Cesareia, acompanhá-lo até Roma e depois assistir ao seu martírio e ao de centenas de outros soldados da cruz.

  • Por último, assistir ao crepúsculo de tudo com João em Patmos, aguardando o raiar glorioso do dia em que Jesus será chamado Rei dos reis e Senhor dos senhores.

2. As nações cananeias

Uma versão aceita é que a posição central de Canaã e a fertilidade do seu solo atraíram grande número de povos que se radicou nas montanhas e nos vales de Canaã. A Bíblia, entretanto, traça a genealogia dos camitas partindo de Canaã (Gn 10.10-14), um dos filhos de Cam (Gn 10.6). Canaã gerou vários povos como por exemplo, os sineus e zamareus. Em escavações realizadas em Gezer, foram encontrados traços de uma civilização troglodita que remonta a mais ou menos 3000 a.C. A Bíblia, entretanto, em Gênesis 10, diz que os povos mais primitivos de Canaã foram os descendentes do próprio Canaã, neto de Noé.

Quando Abraão chegou a Canaã, era mais um semita que vinha engrossar a caudal camita dessa terra. Uma das grandes conquistas, da moderna investigação, consiste em provar que os dialetos dos hebreus e o das nações cananeias se derivam do mesmo tronco.

Gênesis 10.15 apresenta nove nações em Canaã, mais os filisteus e caftorins. No tempo da conquista, entretanto, apenas sete nações são mencionadas em Canaã (Js 3.10). E são elas:

Amorreus

O nome amorreu é usado no Antigo Testamento para designar, os habitantes da Palestina em geral entre outros.

Eles eram encontrados no lado ocidental do mar Morto (Gn 14.7), em

Hebrom (Gn 14.13), em Siquém (Gn 48.22), em Gileade e Basã (Dt 3.8-10) e nas imediações do monte Hermom (Dt 3.8). Deus ordenou a Israel que destruísse os amorreus (Gn 3.7; Dt 2.1). Os gibeonitas descendem dos amorreus também (2Sm 21.2).

O nome amorreu é de origem caldaica. Os amorreus surgiram cerca de 2500 a.C. dominando Mesopotâmia e Síria com capital em Harrã. Pouco depois, o norte da Caldeia era ocupado por dinastia amorita, cujos reis descendiam de Sumo (o Sem da Bíblia). Hamurabi, o Anrafel de Gênesis 14.1, pertence a essa dinastia. Nos documentos históricos da época de Hamurabi muitas referências são feitas ao rei dos amorreus.

Heteus

Gênesis 10.15 alinha Hete como o segundo filho de Canaã. Alguns críticos afirmam que os heteus não passavam de um povo sem importância e inexpressivo, como que pretendendo negar o valor histórico de 2Reis 7.6. Contudo, nessa passagem bíblica, os heteus aparecem em pé de igualdade com os egípcios ainda mais: era um povo forte e guerreiro, com carros, cavalos e cavaleiros. Hoje, entretanto, pelas grandiosas descobertas arqueológicas, principalmente as levadas a cabo em Bogaskoy, na Anatólia, sabemos que os heteus formavam um poderoso império e eram senhores de vasta cultura e apuradíssima civilização.

Os heteus eram fisicamente feios, de pele amarelada, com fisionomia pronunciadamente mongólica, fielmente reproduzidos nos seus próprios monumentos e nos do Egito. Seus olhos eram escuros e negros, seus cabelos, lisos e duros. Eram de baixa estatura e fortes; o contrário dos amorreus, que eram altos e bem formados, de boa aparência, olhos azuis e cabelos louros.

Cananeus

O nome cananeu vem de Canaã, filho de Cam, filho de Noé (Gn 10.6). Os irmãos de Canaã foram Cuxe, Mizraim e Pute.

Ocuparam uma grande faixa de terra no vale do Jordão e se estenderam pela orla do Mediterrâneo (Nm 13.29; 14.25). Apesar de procederem do mesmo tronco racial e de trazerem o mesmo nome, o grupo do Jordão era independente do grupo Mediterrâneo e vice-versa. O faraó Merneptá transformou os cananeus numa colônia egípcia. Quando Israel conquistou Canaã, o Egito perdeu sua colônia e seus aliados. O Egito reforçou sua posição na orla marítima ocupando grande parte do território filisteu. Sofonias 2.5 chama a terra dos filisteus de Canaã.

Nos dias de Josué, os cananeus eram um povo forte, belicoso, possuindo carros de ferro e fortes cavalos. Tinham cidades fortificadas, tais como Bete-Seâ, Megido, Sidom, Acor, Hebrom, Dor etc. Josué não conseguiu desapossar totalmente os cananeus (Jz 1.27-33). Escavações arqueológicas revelaram muitos mistérios que escondiam a história do poderoso povo cananeu, principalmente no período anterior à ocupação israelita.

Perizeus (ou ferezeus)

Descendentes de Canaã (Gn 15.20), os perizeus eram um povo pequeno, comparado com as outras seis nações cananeias. Perizeu significa camponês ou aldeão. O nome parece indicar a “posição social inferior” que ocupavam na terra. Na Bíblia, eles aparecem sempre ligados aos cananeus; daí muitos acreditarem tratar-se de um mesmo povo, diferindo apenas nas condições sociais.

Nos dias da conquista de Canaã, Josué defrontou-se aos perizeus nas faldas do monte Carmelo (Js 17.15) e também nos territórios ocupados por Judá (Jz 1.4,5). Israel desapossou os perizeus e foram quase totalmente exterminados. Todavia, alguns permaneceram até os dias de Salomão (1Rs 9.20).

Heveus

Um dos povos descendentes de Canaã (Gn 10.17; 2Cr 1.15). Povo antigo da Síria e da Palestina, distinto do cananeu, do jebuseu, do perizeu, do girgaseu e do amorreu (Êx 3.8; Nm 13.29; Dt 7.1), e às vezes associado aos arqueus, habitantes do Líbano (Jz 3.3) e da serra do Hermom (Js 11.3).

No tempo da conquista, os heveus iludiram Josué e os príncipes da congregação israelita, e Josué os reduziu a rachadores de lenha e tiradores de água para o povo de Deus (Js 9).

Girgaseus

Esse povo também procedeu de Canaã (Gn 10.16; 2Cr 1.14). Quando Abraão chegou a Canaã, os girgaseus já estavam na terra e fazem parte da lista de povos que Deus deu a Abraão (Gn 15.21; Ne 9.8). Pouco se sabe das atividades desse povo. Eles ofereceram resistência a Josué na conquista de Canaã, mas foram vencidos pelos exércitos do Deus vivo (Dt 7.1; Js 3.10).

Jebuseus

Esse povo também descende de Canaã (Gn 10.16; 15.21). Colonizaram o distrito em redor de Jerusalém, que primitivamente se chamava Jebus, e seus habitantes, jebuseus (Jz 19.10,11; 2Cr 11.4,5; Js 15.28). Habitaram as colinas talvez não em Jerusalém, mas nos arredores (Nm 13.29; Js 11.13; 15.8,16). A primeira referência aos jebuseus é feita pelos doze espias (Nm 13.29), a não ser que Melquisedeque (Gn 14.18-20), rei de Salém, tenha sido rei jebuseu, e disso absolutamente nada se sabe.

Eles construíram no monte Ofel, ao sul do monte Moriá, uma fortaleza quase inexpugnável. Ninguém conseguia penetrá-la. Joabe, sobrinho de Davi, descobriu o canal que abastecia de água a cidade, entrou e tomou a fortaleza (2Sm 5.6-10), a mesma que Josué não conseguira dominar (Js 15.63). Davi fortificou ainda mais a fortaleza dos jebuseus, habitou nela e chamou-lhe Cidade de Davi.

3. Povos vizinhos de Israel

Durante a conquista de Josué, Israel estava cercado por um grande número de nações e multidão de povos. Todas eram perigosas e constituíram uma ameaça constante a Israel.

Até hoje, alguns desses povos são um tormento para Israel. Nos tempos bíblicos, oito nações principais limitavam com o povo de Deus: Filístia, Fenícia, Amaleque, Moabe, Amom, Edom, Midiã e Síria. Essas não eram as únicas nações que cercavam o povo de Israel, mas eram as mais importantes. Essas nações desapareceram, mas o seu povo não. Mesmo com reinos, costumes e política distinta, são sempre árabes, descendentes de Abraão e Agar através de Ismael. Eles são unidos, porém, pela religião, pela língua e pelo ódio que devotam ao povo hebreu.

Algumas das nações que limitavam com Israel, principalmente nos dias do Antigo Testamento são:

Filisteus

Ebla era a capital de um famoso império que se estabeleceu do golfo Pérsico ao Mediterrâneo, entre 2500 e 1500 a.C. Esse império aparece nos registros ugaríticos de Ras-Shamra descobertos em 1934 por Scheffer e W. F. Albright. Ras-Shamra já era habitada quando povos vindos das ilhas gregas invadiram Canaã e se radicaram ao sul da região: eram os filisteus.

Origem

Apesar dos enormes esforços da arqueologia, a origem dos filisteus ainda é um mistério. A Bíblia afirma que procedem de Casluim, do filho de Mizraim (Egito). Mas como Gênesis 10.14 e 1Crônicas 1.12 fazem referência a “Caftorim” (de Caftor), os especialistas, especialmente até as primeiras décadas do século XIX, estabeleciam seu berço em Creta. Todavia, “as últimas descobertas arqueológicas indicam a ilha de Chipre”.

Localização

O território ocupado pelos filisteus em Canaã ia do sul do monte Carmelo até o sul da Palestina, na direção do Egito. Incluía toda a orla marítima, a região conhecida como Sefelá ou vale de Sarom.

Divisões políticas

O povo filisteu se dividia em cinco territórios: três marítimos (Gaza, Ascalom e Asdode) e dois interiores (Gate, na Sefelá, e Ecrom, que confinava com Jerusalém [1Sm 6.17]). Tinham também tutela sobre algumas cidades.

Religião

De seu berço natal — Creta ou Chipre — trouxeram seus deuses gregos. Mesclaram com os egípcios e, por fim, casaram-se com os de Canaã. Dentre as dezenas de deuses, estes três eram os principais: Dagom, Astarote e Baal-Zebube. Dagom era o deus nacional, o mais importante.

Registros

Até hoje, apesar dos ingentes esforços da ciência, nada se tem encontrado a respeito da origem dos filisteus, a não ser na Bíblia e nas inscrições egípcias.

Cultura

Eles usavam ataúdes, com máscaras mortuárias semelhantes às dos egípcios. Foram descobertos invólucros sepulcrais em Bete-Seã, Tel-el-Forá e Laquis. Usavam carros de guerra, armas feitas de ferro e roupas adequadas para as batalhas. Respeitavam a organização familiar, embora o homem pudesse desposar mais de uma mulher.

Amalequitas

A Bíblia alinha três “amaleques” distintos:

1. Gênesis 14.7 refere-se à destruição dos amalequitas por Quedorlaomer.

2. Gênesis 36.12-16 menciona Amaleque, filho de Elifaz com sua concubina Timna.

3. O povo a quem Israel encontrou no deserto do Sinai e com quem travou sucessivas batalhas (Êx 17.8-15; Nm 13.29).

Gênesis 14.7 se refere a diferença de tratamento que Moisés dispensou aos amalequitas e aos descendentes de Abraão: a Amom e Moabe, filhos de Ló, sobrinho de Abraão, o Senhor não permitiu que Israel tocasse em coisa alguma (Dt 2.9-19); a mesma coisa com Esaú, neto de Abraão (Dt 2.4-8). Com Amaleque, o tratamento foi outro. Deus disse a Moisés: “… apagarei totalmente a lembrança de Amaleque de debaixo do céu” (Êx 17.14).

Há também os que aceitam dois grupos distintos de amalequitas: os nômades, que viviam no deserto do Sinai, e os descendentes de Esaú; mas todos amalequitas. A verdade, porém, é que até hoje quase nada sabemos da origem desse grupo.

Os amalequitas entraram em guerra com Israel diversas vezes através de séculos:

1. Logo que Israel passou o mar Vermelho, Amaleque atacou os cansados peregrinos do Senhor em Refidim (Êx 17.8-13; Dt 25.17,18).

2. O segundo foi em Cades-Barneia; Amaleque feriu milhares do povo do Senhor e os perseguiu até Hormá (Nm 14.43-45).

3. Aliaram-se a Eglom, rei de Moabe, e perturbaram Israel (Jz 3.13).

4. Com os midianitas, por muito tempo, devastaram as searas dos filhos de Jacó (Jz 6.3-5,33), até que Gideão os derrotou.

5. Conquistaram a região montanhosa de Efraim, no tempo de Abdom, um dos juízes do povo de Israel (Jz 12.15).

6. Por ordem de Samuel, Saul os destruiu (1Sm 15).

7. Atacaram Ziclague, cidade que Aquis, dos filisteus, deu a Davi, mas Davi voltou inesperadamente e os derrotou (1Sm 27.6).

8. Os filhos de Simeão invadiram os territórios amalequitas, destruíram tudo e passaram a morar em suas cidades e aldeias (1Cr 4.39-43).

Nada se sabe sobre sua religião.

Midianitas

Após a morte de Sara, Abraão desposou uma mulher chamada Quetura (Gn 25.1). Dessa união, nasceram seis filhos (Gn 25.2). Um deles chamava-se Midiã, que gerou cinco filhos: Efá, Efer, Enoque, Abidá e Eldá (Gn 25.4). Dessas famílias saíram os midianitas.

Em maioria nômades habitaram o deserto da Arábia nas proximidades do golfo de Elã.

Moisés morou quarenta anos na terra de Midiã. Hobate, filho de Jetro, era midianita. A esposa e os dois filhos de Moisés eram midianitas. Nessa terra, Moisés teve as mais profundas e gloriosas experiências com Deus. O povo de Israel em sua formação tem uma boa dose de herança midianita.

Eram comerciantes peritos, grandes caravaneiros e homens de estrada. Circulavam da Síria ao Egito no labor constante de comprar e vender, passando por Palestina e Gileade. Entretanto, a ocupação fundamental deles era a pecuária.

Gradativamente se uniram aos moabitas (Nm 22.4-7). Midianitas e moabitas combinaram convidar Balaão para amaldiçoar Israel. Nessa época, os dois povos, influenciados pelo culto sedutor de Canaã, que permitia a mais degradante imoralidade nas práticas religiosas, tentaram arrasar Israel com essas licenciosidades, levando as mais lindas mulheres midianitas aos homens israelitas. Por meio do sexo, eles iam aos deuses, e destes, à infidelidade ao Senhor dos senhores (Nm 25). Todo o esforço divino para tirar Israel do Egito e levá-lo à Canaã estaria perdido. Então, Deus ordenou que Israel afligisse os midianitas (Nm 25.7), o que levou Israel a enfrentá-los nos campos de batalha, derrotando-os (Nm 31.1-12). Nessa ocasião, os meninos foram mortos, bem como as mulheres que se deitaram com algum homem (Nm 31.13-24).

No período dos juízes, os midianitas, em grande número, atacaram e invadiram os territórios de Israel. Muitas tribos midianitas fixaram-se na terra. Começaram a explorar o cobre, abundante na península do Sinai e do Edom. Extraíam o metal e o vendiam no Egito e em Canaã.

Moabitas

Os moabitas procedem do incesto de Ló com sua filha mais velha (Gn 19.37). Praticamente Moabe começou em Zoar (Gn 19.20-22), onde Ló e suas filhas, por permissão de Deus, se refugiaram após a destruição de Sodoma.

Moabe se limitava a leste com o deserto siro-arábico, região conhecida como “deserto de Moabe”.

Suas terras são férteis, bem irrigadas e de grande produção, como declara o livro de Rute.

Os moabitas construíram grandes cidades. As principais foram: Mispa de Moabe (1Sm 22.3), Kir Moabe, Dibom (que se tornou célebre pela famosa Pedra Moabita ou Estela de Mesa, encontrada em seu território),13 Bete-Peor (Dt 34.6), em cujas proximidades Moisés foi sepultado. E outras como Hesbom, Medeba, Quiriataim, Aroer, Jazer, Ramote-Baal.

O idioma era bem parecido com o falado pelos filhos de Israel.

A religião era de grosseira idolatria. Camos era o deus principal.

Praticavam a prostituição sagrada. O rei de Moabe havia sido derrotado por Israel; por isso, ele ofereceu seu filho primogênito sobre os muros em holocausto ao deus Camos (2Rs 3.26,27).

Moabe está muito relacionada com a Bíblia. Além de Gênesis, que narra sua origem, aparece em outros livros da Palavra de Deus.

Amonitas

Descendem de Amom, filho também incestuoso de Ló com sua filha mais nova. Nasceu na caverna de Zoar, após a destruição de Sodoma. Segundo Gênesis 19.38, o nome Amom vem de “Ben-Ami”.

Os amonitas ocuparam o território que pertenceu aos zanzumins, povo grande e numeroso como os enaquins. Suas terras eram férteis e produtivas.

O contrário de seus irmãos moabitas, os amonitas eram turbulentos, belicosos, nômades, povo cruel, dado ao saque e vingativo. Viviam do que roubavam de seus vizinhos. Suas cidades eram poucas. O livro de Juízes (11.13) menciona vinte cidades amonitas. Sua capital era Rabat-Amim; hoje, Amã, capital da Jordânia.

Sua religião tinha como centro o deus Moloque.

A Bíblia registra muitos episódios em que o povo de Deus esteve envolvido com os amonitas.

A Lei do Senhor repudiava expressamente sacrifícios humanos (Lv 18.21). Apesar disso, encontramos reis de Israel e de Judá cometendo tais atrocidades, e até Salomão construiu altares a Moloque em Jerusalém (2Rs 17.17; 23.10; 16.6; 21.6; 1Rs 11.1-8).

Edomitas

Os edomitas vêm de Esaú, irmão gêmeo de Jacó. Ambos são filhos de Isaque e Rebeca; portanto, netos de Abraão e Sara.

As cidades principais de Edom foram: Elate, Bosra, Eziom-Geber, Sela e Petra (1Rs 9.26; Gn 36.33; Dt 2.9; 2Rs 14.17). Petra, cidade cavada na rocha, ainda hoje demonstra o seu esplendor e sua grandeza. É o paraíso dos arqueólogos. Como Israel e Esaú eram irmãos gêmeos, os dois povos viveram dias de união e de paz, e também de aberta hostilidade e sangue em campos de batalha.

Isaque disse que Esaú viveria de sua espada e serviria a seu irmão (Gn 27.40). Essa profecia se cumpriu, pois Edom foi um povo belicoso e irrequieto. Josefo chama os edomitas de “turbulentos e indisciplinados”.

Fenícios

Ficava localizada na orla do Mediterrâneo. Terra muito acidentada, sáfara e grandemente pedregosa. Isso obrigou os fenícios a construírem suas maiores cidades em ilhas próximas da costa.

Origem

Não se sabe à origem dos fenícios. Isaías chamou os fenícios de cananeus (Is 23.1-12). Segundo bons autores, cananeu significa “comerciante”, o que os fenícios eram acima de tudo. Eram, portanto, descendentes de Cam, através de Canaã (Gn 10.15-19).

Expansão

Como eram comerciantes por excelência, tornaram-se navegadores, e dos maiores da antiguidade. Fundaram grandes colônias ao longo de seu ciclo de navegação.

No norte da África, pela hegemonia do Mediterrâneo, venceram os etruscos. Fundaram também colônias em Jope, Dor, Acre, Ugarite e Ras-Shamra.

Comércio

Os fenícios sempre se dedicaram, em grande escala, ao comércio. Seus colossais estoques eram armazenados nas colônias, o que tornavam essas cidades riquíssimas e poderosas.

Cidades

Duas grandes cidades, dentre outras, tornaram a Fenícia conhecida no mundo, rica e famosa: Sidom e Tiro.

A descrição que a Bíblia faz de Tiro empolga qualquer um. Tudo nela brilhava, porque era revestida de ouro e pedras preciosas. Era uma fortaleza no meio dos mares. Suas avenidas eram largas e bonitas, bem arborizadas; seus edifícios eram suntuosos e nobres. Tudo nela denotava as fabulosas riquezas em seus cofres ou nos depósitos de mercadoria.

Características

Ezequiel 28 diz que o príncipe de Tiro era mais sábio que Daniel, não havia segredo para ele e pela sua sabedoria ajuntou ouro e prata e, com esses tesouros, se tornou o mais poderoso da terra. A referida Escritura o compara ao “querubim da glória”, isto é, Lúcifer, antes de se tornar Satanás.

Eram diplomatas. Tiro era uma fortaleza quase inexpugnável. Não temiam ataques inimigos. Não precisavam guerrear. Sabiam, entretanto, a arte da guerra e a empregaram muitas vezes contra os etruscos e os romanos, principalmente contra os cipiões.

Detiveram, por muito tempo, o segredo da fabricação do vidro. Fabricavam púrpura, perfumes e lindas cerâmicas.

Religião

A atividade religiosa dos fenícios convergia para duas divindades principais: Baal e Astarote. O primeiro era mais importante. Forte deus, cruel vingativo, cuja ira só era aplacada com sacrifícios de vidas humanas.

Relação com o povo de Deus

As relações entre fenícios e hebreus foram sempre boas e amistosas. Jesus esteve em Tiro e Sidom (Mc 7.24-30), onde libertou uma menina do poder do demônio.

Siros (ou sírios)

A Bíblia reserva um lugar humilde para a Síria. As razões possíveis talvez sejam por sua posição geográfica, entre poderosas nações cananeias, os heteus e os assírios que impediram sempre o seu progresso.

Seus rios principais são Eufrates, Orontes, Farfar e Albana. Suas principais cidades são Damasco, Homs, Hamate, Alepo e Antioquia.

Por mais de 1.500 anos foi a língua comercial e internacional dos povos civilizados. No quinto ano de Ramsés II, nas margens do Orontes, travou-se a batalha entre egípcios e heteus. Os egípcios se retiraram.

Os assírios subjugaram a Síria, bem como os caldeus. Alexandre Magno e os romanos dominaram a Síria. Da amálgama das culturas grega e assíria nasceu o helenismo. Paulo se converteu em Damasco, onde foi também batizado por Ananias, na rua chamada Direita (At 9.18).

4. As doze tribos de Israel

Abraão deixou Ur dos caldeus até Siquém e o carvalho de Moré.

A terra de Canaã foi dividida em duas partes: oriental (Transjordânia) e ocidental (Canaã).

Transjordânia

Duas tribos de Israel ficaram além Jordão: Gade e Rúben, e mais a meia tribo de Manassés (Dt 3.13-16).

Canaã

Em Canaã ficaram nove tribos: Aser, Naftali, Zebulom, Issacar, Efraim, Dã, Benjamim, Judá e Simeão, e a meia tribo de Manassés. Aos doze filhos de Jacó acrescentaram-se os dois filhos de José: Efraim e Manassés. Acontece, porém, que José, pela bênção de seu pai, teve duas partes, e sua herança lhe veio através de seus dois filhos (Gn 48.11-22; Js 14.4). Levi, sendo a tribo sacerdotal, não recebeu herança, senão cidades na porção de cada um de seus irmãos (Js 14.1; 21). Assim, geograficamente, temos doze tribos ocupando treze porções, porque Manassés se dividiu.

Estava muito mal localizada e exposta sempre ao perigoso inimigo. Pouca água. Muita areia. Terra sáfara. Hordas de nômades amalequitas invadiam suas terras com frequência, roubavam-lhe o gado e destruíam-lhe a já empobrecida produção agrícola (Jz 6 e 7).

Os simeonitas e seu gado se multiplicaram. Os amalequitas os apertavam ao sul; o mar Morto e Edom os impediam ao oriente, e os filisteus ao ocidente. Foram obrigados a sair, à procura de espaço. Chegaram até Gedor (1Cr 4.39), ao oriente do vale. Essa Gedor tanto pode ser em Judá (1Cr 4.4), como entre os amalequitas,3 como ainda ao sul de Hebrom (1Cr 4.18). A Bíblia afirma que acharam lugar espaçoso e tranquilo, e aí passaram a habitar.

Os simeonitas tomaram duas direções:

1. A maior parte se alojou em Maom e matou os maonitas.

2. Quinhentos de seus homens tomaram cidades, feriram o restante dos amalequitas e permaneceram na terra (1Cr 4.41-43).

Os simeonitas se espalharam por diversos lugares de Israel e avançaram também por terras estrangeiras. As Escrituras informam que os rubenitas foram dilatando seus territórios até o rio Eufrates (1Cr 5.9).

Reino Unido

Israel foi aumentando seus territórios. Davi venceu pelo uso da força. Ele derrotou os filisteus, os moabitas, Hadadezer, os siros de Damasco, os edomitas (1Cr 18.1-13), os amonitas (1Cr 19 e 20) e conquistou Sião, em Jerusalém (1Cr 11.4-9).

Salomão conservou e consolidou as conquistas de seu pai Davi e, mediante alianças, estendeu seus domínios até “além do rio” (Ed 4.20), ou seja, o Eufrates. Salomão dominou tudo e sobre tudo.

Reino dividido

No princípio, os limites de Israel dos tempos do Reino Unido não sofreram alteração. O reino foi dividido em duas partes: Norte (ou Israel), com capital em Siquém e Penuel (1Rs 12.25), e depois Samaria (1Rs 16.24), com dez tribos e mais a meia tribo de Benjamim; e Sul (ou Judá), com capital em Jerusalém, com Judá e a outra meia tribo de Benjamim (1Rs 12.20-21; 2Cr 11.2).

Palestina do Novo Testamento

Geograficamente, a Palestina era um lugar estratégico. Os romanos aproveitaram dessa e de outras vantagens. Possuindo os romanos a Palestina, tinham na mão a chave do Oriente Médio”. Quando Alexandre, o Grande, conquistou e helenizou o mundo, a Palestina sofreu a influência desse poder. Roma acabou dominando o Oriente Médio, e a Palestina foi entregue ao poder dos romanos em 63 a.C.

Quando Herodes, o Grande, foi indicado pelo imperador Augusto, rei da Palestina, procurou imediatamente unir o país. Conseguiu. A Palestina, que não passava de um aglomerado de cidades, tornou-se uma confederação consistente. As pequenas e as grandes cidades da Palestina estavam debaixo da mão forte e eficiente do grande Herodes.

Herodes, o Grande, foi reconhecido como um dos maiores administradores de Israel desde os tempos de Salomão.5 Levou suas reformas administrativas e seus empreendimentos por todo Israel, agradando os judeus e causando surpresa aos romanos.

A morte de Herodes, o Grande, desencadeou uma série de transtornos que conduziram a nação de Israel a um semicaos.

Os dominadores de Israel resolveram retalhar a terra dos judeus. E o fizeram do seguinte modo:

Herodes Arquelau

A esse filho de Herodes, o Grande (Mt 2.22), coube a parte mais significativa da Palestina: Judeia, Samaria e Idumeia.

Herodes Antipas

Reinou em Galileia e Pereia.

Herodes Filipe

Coube-lhe Basã, com os cinco distritos: Gaulanita, Betânia, Auranitas, Itureia e Traconites.

Herodes Agripa I

Os romanos deram-lhe modestas partes nos Líbanos e Antilíbanos. Após a morte de Herodes Antipas, tomou conta de Galileia e Pereia, mais a Judeia.

Herodes Agripa II

Com apenas 17 anos, ao morrer seu pai, Herodes Agripa II. Deram-lhe Tetrarquia de Herodes Filipe e Lisânias.

Jesus nasceu no apogeu do reinado de César Augusto (Lc 2.1).

O mundo palestino em que Jesus viveu era diferente daquele de Davi e Salomão. Tudo havia mudado. No aspecto geográfico, as fronteiras não eram mais as mesmas; as transformações também se deram no campo político, econômico e até mesmo espiritual.

A Palestina dos dias de Jesus compreendia cinco regiões ou distritos principais. Descreveremos, resumidamente, cada um desses territórios. Primeiro, as três regiões do oeste do Jordão:

Galileia

Na Bíblia

Há mais de sessenta vezes ocorrências à Galileia, sendo a maioria no Novo Testamento.

Localização

Está situada na região montanhosa e mais setentrional da Palestina.

Divisão

Simplesmente em duas partes: Alta Galileia e Baixa Galileia, separadas por uma linha imaginária.

História

Quando Josué entrou em Canaã, os habitantes da Galileia eram heveus, cananeus e perizeus. Uma parte desses povos morava nas montanhas (Js 11.3). A maior parte ocupava o altiplano de Esdraelom (Js 11.2).

A circulação de povos que vinham do Oriente ou do Ocidente era enorme. Por essa razão, as cidades da Galileia eram cosmopolitas. A influência grega era acentuada, mas a judaica prevalecia. Era uma região aberta ao Senhor Jesus.

Dos 36 meses do seu ministério terreno, pelo menos 18 Jesus passou na Galileia.

Em toda a Galileia, no tempo de Jesus, havia nada menos que 240 cidades. Todas elas populosas e boas. A menos populosa contava com cerca de 15 mil habitantes. A maior e mais importante era Séfaris. Nas montanhas, nos vales e ao longo das praias do lago de Genesaré, o Senhor Jesus realizou maravilhosas obras de seu ministério. Todos esses lugares foram testemunhas de tudo o que Jesus fez e ensinou.

Samaria

Na Bíblia

No Antigo Testamento é citada mais de 100 vezes; no Novo Testamento, 10 (3 nos Evangelhos e 7 em Atos dos Apóstolos).

Localização

Situa-se na região montanhosa ao centro de Israel, numa colina com pouco mais de 100 m sobre o Mediterrâneo. Está a 60 km ao norte de Jerusalém e a 30 km do Mediterrâneo.

Histórico

Ao tempo de Josué, essa região era habitada por perizeus e cananeus.

Onri começou a edificar a cidade, mas morreu antes de concluir a obra. Ele reinou apenas seis anos em Samaria. Acabe, seu filho, terminou de edificá-la. Cercou a cidade com grossas muralhas. Fortificou-a ao máximo. Era impossível alguém tomar Samaria. Acabe foi um grande administrador. Não teve, entretanto, firmeza para evitar que o culto a Baal tomasse o lugar de Jeová em Israel. Essa idolatria foi a causa de sua ruína.

Por causa de seus aviltantes pecados, foi assediada por Salmanasar, rei da Assíria. Durante o cerco, Salmanasar morreu; seu filho, Sargão, tomou Samaria (2Rs 17.3-6). A causa da queda de Samaria foram seus abomináveis pecados apontados na Palavra de Deus.

A Samaria do Novo Testamento é hostil aos judeus (Jo 4.9). Quando Sargão levou as dez tribos para o cativeiro, deixou em Samaria um povo estrangeiro. Os novos habitantes de Samaria eram constituídos de uma mistura de gentes orientais (2Rs 17.24). Não temiam ao Deus vivo e poderoso. Leões apareceram e devoraram alguns do povo. Estes, apavorados, pediram providências ao rei da Assíria, que lhes enviou sacerdotes do Deus Altíssimo, os quais ensinaram o povo como adorar a Jeová. Aprenderam a temer a Deus, mas cada nação continuou fabricando seus deuses e adorando-os. Até ao dia de hoje fazem segundo os antigos costumes; não temem o SENHOR.

Entre 332 e 331, Alexandre, o Grande, tomou Samaria. Fortificou-a ainda mais e construiu um majestoso templo, arquitetonicamente grego. Esse templo foi destruído por João Hircano, um dos macabeus, em 109 a.C.13 Herodes, o Grande, reconstruiu Samaria, dilatou seu tamanho, cercou-a com grossas muralhas, construiu um grande templo e grandes edifícios, e tornou-a mais linda que Jerusalém.

Em 66 d.C., Samaria se insurgiu poderosamente contra Roma. Os romanos a incendiaram, arrasando-a até os alicerces.

Judeia

Na Bíblia

No Antigo Testamento não aparece nenhuma vez; no Novo Testamento, há 48 referências.

Localização

Ocupava o lugar que durante o Reino Unido pertencia à Judá, uma parte de Benjamim e Simeão. A região ao norte é toda montanhosa, cujos picos mais altos estão em Jerusalém.

Histórico

Na divisão de Canaã entre as tribos de Israel, a maior parte coube a Judá e a Simeão. Quando o Reino de Israel se dividiu, Judá geograficamente não sofreu alteração, nem mesmo em sua capital que continuou em Jerusalém. Enquanto Judá esteve no exílio babilônico, a Judeia ficou com poucos habitantes, quase deserta. Voltando de Babilônia, Neemias reconstruiu os muros de Jerusalém (Ne 3), Zorobabel, o Templo (Ed 3 e 6), e Esdras ensina a Lei ao povo (Ne 8).

Consideraremos, a seguir, as duas regiões da Palestina ao tempo de Jesus, a leste do Jordão, a saber: Decápolis e Pereia.

Decápolis

Na Bíblia

Aparece apenas no Novo Testamento, e só três vezes.

Localização

Distrito que começava na planície de Esdraelom e se abria avançando para o vale do Jordão e ocupando o leste desse rio. Eis a lista das dez cidades que formavam a Confederação do Leste: Damasco, Canata, Citópolis, Hipos, Rafana, Gadara, Pela, Diu, Filadélfia e Gerasa. Ptolomeu acrescentou oito aldeias ao Sul de Damasco, elevando-se a dezoito o número de cidades.

Histórico

Historicamente, Alexandre costumava presentear seus soldados com cidades. É possível que tenha dado a alguns de seus homens cidades em Decápolis, que com o correr dos tempos se tornaram centros de influência grega. Pelo menos uma dessas cidades — Citópolis — ficava no oeste do Jordão e era controlada pelos judeus.

James Adams listou sete características da região de Decápolis:

  1. A obra de Decápolis só foi consumada após a morte de Herodes, o Grande.
  2. Politicamente essas cidades eram livres, independentes.
  3. A liga caracterizava-se por interesses econômicos recíprocos no comércio, nas tarifas alfandegárias, de modo a garantir a todos o bem-estar nas coisas indispensáveis da vida.
  4. Cada cidade mantinha grandes contingentes militares.
  5. Religiosamente havia impressionante uniformidade entre elas. Deuses gregos e romanos se multiplicavam nos templos, nas ruas e nas casas.
  6. O sistema de estradas de rodagem, construídas pelos romanos, punha em comunicação essas cidades entre si e essas com o restante do Oriente e a própria Roma.
  7. Outro traço de união entre essas cidades era a língua grega, comum a todas.

Pereia

Na Bíblia

Diretamente, não aparece nem uma vez sequer, mas algumas passagens bíblicas parecem se referir à região (veja Mt 4.15-25; 19.1; Mc 3.7,8; 10.1; Jo 1.28; 3.26; 10.40).

Localização

A oeste limitava com o Jordão e uma porção nordeste do mar Morto; ao sul, com a Fortaleza de Maquerus; a leste, com os distritos de Hesbom, Filadélfia e Gerasa; e ao norte com Pela. Sua capital era Gadara. Provavelmente ocupou o território de Basã do Antigo Testamento.

Histórico

Alexandre Janeu tomou-a e passou às mãos dos judeus, com influência mosaica. Os romanos não importunaram a Pereia. Em 44 d.C. guerrearam os nabateus. No ano 70 d.C. foram fiéis a seus irmãos do Ocidente contra os romanos. Nero deu Pereia a Agripa II, que a governou até sua morte em 100 d.C. Nessa região, Jesus realizou boa parte do seu ministério terreno. Hoje, essa região de terra está anexada à Jordânia.

É preciso uma maior compreensão sobre a Palestina do tempo de Jesus para uma melhor se entender o Novo Testamento.

5. Geografia física da Palestina

O antigo país formava uma estreita faixa que se distendia ao longo do Levante: a leste confrontava com a orla ocidental do grande deserto sírio-árabe; ao sul, separava-a do Egito a área inculta do Sinai; ao norte, o extremo do país era marcado pela cidade de Dã, junto à nascente principal do Jordão, próximo ao Monte Hermom.

Depois da Guerra dos Seis Dias (junho 1967), o território de Israel passou a ter 89.351 km².

Os geógrafos da Bíblia, atendo-se principalmente aos tempos bíblicos, dividem a Palestina em quatro bem acentuadas e distintas regiões:

1. Orla Mediterrânea (ou Marítima).

2. Planalto Central.

3. Vale do Jordão e mar Morto.

4. Transjordânia.

Cada uma dessas quatro regiões, por sua vez, se divide em outras partes, como passamos a demonstrar:

Orla Mediterrânea

Suas possessões iam da tribo de Aser, que limitava ao norte com a Fenícia, e desciam ao Carmelo. A Orla Mediterrânea conta com as seguintes divisões:

  1. Do Líbano ao monte Carmelo. Hoje o limite de fronteira se faz em Rosh Hanikrah, a famosa caverna cavada.
  2. Planície de Acre. Abrange a parte ocidental de Esdraelom e Jezreel, correndo do sul da Baixa Galileia, tocando o norte de Samaria.
  3. Planície de Sarom. Começa no sul do Carmelo e vai até Jope, hoje o grande porto judeu de Jafa.
  4. Planalto da Filístia. É a continuação de Sarom.
  5. Sefelá. É um altiplano rochoso que corre da costa, rumo sudeste, penetrando até a fronteira da tribo de Judá (Dt 1.7; Js 10.40; 12.8; 15.33; 1Cr 26.10; 28.18).

Planalto Central

Corre de norte para sul, entre a faixa da Orla Mediterrânea e o vale do Jordão, e vai dos contrafortes da cadeia dos Líbanos, na Fenícia e se dirige para o extremo sul do Neguebe, em pleno deserto, passando naturalmente pelo mar Morto. As principais divisões do Planalto Central são:

  1. Alta Galileia. A mesma região, separada por uma linha imaginária que, saindo da cidade de Safede, vai até Acre.
  2. Esdraelom. Grande planície, com a forma de um triângulo, cuja base se inclina para o norte do Carmelo.
  3. Jezreel. Fica entre o Pequeno Hermom e os montes da Baixa Galileia ao norte e o Gilboa ao sul.
  4. Samaria. Pode ser considerada continuação do território da Galileia e Esdraelom. Planalto que está a mais de 100 m sobre o nível do mar. Limita ao norte com o mar da Galileia, ao ocidente com o Mediterrâneo, ao sul com as montanhas da Judeia e a leste com o Jordão.
  5. Judeia. começa em Betel e termina em Berseba.
  6. Neguede. Limita-se com a parte meridional dos montes da Judeia; ao oeste com o Mediterrâneo; a leste com o deserto de Sin e a Arabá; e ao sul com Cades. A área do Neguebe é extensa e se divide em:

• Neguebe dos quereteus.

• Neguebe de Judá.

• Neguebe de Calebe.

• Neguebe dos queritas.

• Neguebe Yerahmeel, na direção de Cades.

Vale do Jordão e mar Morto

Essa região palestínica vai do Hermom, que se ergue soberbo a quase três mil metros, e o vale do mar Morto, que está a 400 m abaixo do nível do mar. Acresce a isso que o leito do mar Morto está a 400 m de profundidade. As principais divisões desses vales são:

1. Do Hermom ao vale de Hula.

2. Do vale de Hula ao mar da Galileia.

3. Do mar da Galileia ao mar Morto.

4. O vale do mar Morto.

Transjordânia

Fica além do Jordão a leste desse rio. Suas principais divisões são: Terra de Golã ou Basã, o Hauram, Gilead, o Altiplano de Moabe.

Essas são as principais regiões da Palestina de outrora. Naturalmente o Israel de hoje tem uma configuração diferente e não inclui a Transjordânia, com exceção da parte norte.

6. Hidrografia da Palestina

O sistema hidrográfico de Israel é dos mais pobres do mundo. Desde os tempos patriarcais, a terra luta com escassez de chuvas (Gn 12.10; 41.54-57; Rt 1.1; 2Sm 21.1; At 11.28). Pode haver anos sem chuva. Ainda hoje água é o problema da região. Isso, naturalmente, com exceção da orla marítima, onde chove com mais frequência. Além do rio principal de Israel, o Jordão, conta com lagos e alguns riachos, a maior parte deles intermitentes. O mar da Galileia garantem uma irrigação perfeita na região por meio de canais, chegando até o Neguebe.

Mar Mediterrâneo

O Mediterrâneo banha a Europa meridional, a Ásia ocidental e a África setentrional. É o maior dos mares internos.

O Mediterrâneo ter pouquíssima profundidade em suas costas. Ninguém podia se aproximar de Israel por mar. Isto permitia a Israel um isolamento que garantia proteção.

O Mediterrâneo guarda muitas histórias:

  1. Jonas desceu até Jope e tomou navio para Társis (Jn 1.3).
  2. Pedro estava em Jope, na casa de Simão curtidor, próxima ao mar, e foi avistar-se com Cornélio em Cesareia (At 10.1-8).
  3. 5. Paulo e Barnabé tomaram navio no porto de Selêucia e navegaram muito tempo pelo Mediterrâneo (At 13.4-6). Diversas vezes o grande apóstolo navegou as águas do Mediterrâneo, demandando terras, para anunciar a graça de Deus em Jesus Cristo.
  4. 6. O general Tito levou para Roma milhares de cativos judeus que foram usados na construção do Coliseu.

Rio Jordão

Etimologia

Dizem que Jordão significa “o que desce”, talvez baseado no vertiginoso curso que o rio descreve, dos cimos do Hermom ao ponto geográfico mais baixo da terra, que é o vale do mar Morto.

O rio

É um rio pequeno, isto é, de curto percurso. Desde a cabeceira, nas

proximidades do monte Hermom, em linha reta, até o mar Morto, mede apenas 200 km.

Nascentes

O rio Jordão nasce nas faldas do monte Hermom. Quando a seca assola as outras regiões de Israel e os países vizinhos, no Hermom faz frio e a neve não cessa. O calor do dia derrete grande parte desse gelo, transformando-o em água líquida que escorre pelas superfícies e vai formar as três nascentes do Jordão. São elas:

  1. A primeira delas, a mais oriental, é Nahr-Banias, que corre do Hermom, subterraneamente, e vai até um pequeno lago, chamado Berkretane, e novamente, pelas entranhas da terra, vai a um lugarejo chamado Bânias. Esse lugar fica a 329 m acima do Mediterrâneo. Situava-se outrora na região de Itureia. Nos dias de Jesus, a cultura helênica, com todas as suas implicações, predominava nessa área. Na época do Antigo Testamento, pertencia ao reino de Basã, e depois a meia tribo de Manassés plantou suas fronteiras ali, avançando nesse reino. Foi um grande centro de idolatria.
  2. A segunda nascente do Jordão é Nahr-Ledã, a fonte central. Nasce perto de Tel-el-Cadi, a antiga Dã da Bíblia.
  3. A terceira nascente, a ocidental, é Nahr-el-Hasbani, a mais alta. Essa nascente é menor ainda do que a Bânias. Desde que brota da terra, até a confluência com as demais, recebe um afluente, o Nahr-Bareigit.

O curso

Quando as três vertentes se encontram, a 14 km ao norte do lago de Hula (Hulé) ou Merom, o Jordão está a mais ou menos a 150 m acima do nível do mar. O Merom está a 68 m. Este lago tinha mais ou menos 6.800 m de norte a sul, por 3.800 m leste-oeste. Saía o Jordão do sul do Merom, percorria 18 km num vale estreito e acidentado e muito perigoso, numa descida vertiginosa, entrando ruidosamente no mar da Galileia, a 212 m abaixo do nível do Mediterrâneo, formando um pequeno delta.

O vale do Jordão corre de norte a sul entre duas muralhas de

montanhas: as cadeias dos Líbanos e Antilíbanos.

Vegetação. Nos dias bíblicos, havia um bosque no vale do Jordão, uma floresta

imensa, que abrigava até leões (Jr 12.5; 49.19; 50.44). Hoje o vale do Jordão inferior, isto é, do lago da Galileia ao mar Morto, com exceção de alguns plantios de cereais, é morto e desnudo.

A primeira vez que a Bíblia menciona o Jordão é quando Abraão, ao voltar do Egito, separa-se de seu sobrinho Ló (Gn 13.10,11). Moisés, talvez, tenha até se banhado no Jordão, na margem oriental. Josué, com todos os filhos de Israel, o atravessou a pé enxuto, no grande milagre dos céus. Foi no Jordão que o Filho de Deus iniciou seu ministério terreno.

Devido a sua sinuosidade, sua descida vertiginosa e suas águas barrentas e escuras, o Jordão não é um rio atraente. Pelas suas 107 corredeiras num trajeto de 117 km em linha reta, do sul do Galileia ao norte do mar Morto, o Jordão não é navegável.

Afluentes

Da banda oriental são dois apenas: o Iarmuque e o Jaboque. E do lado ocidental, apenas o Querite onde Elias se escondeu de Acabe, até que o ribeiro secou (1Rs 17.5-7).

Lago Merom

Na Bíblia

Mencionado apenas em Josué 11.5,7.

Nome

O nome significa “superior”, talvez pela sua posição geográfica.

Localização

Depois que os três mananciais se unem e formam o Jordão, este percorre 14 km e suas águas quase se perdem num pântano enorme que ocupa uma área de 28 km de norte a sul e 10 km de leste a oeste. Essa bacia na parte norte era inabitável e infestada de mosquitos transmissores da malária. A parte sul da bacia era mais saneada, e era exatamente aqui que ficava o Merom.

O Merom hoje

Com o retorno de Israel a essa região, o percurso do Jordão superior, isto é, entre Merom e Galileia, foi retificado, alinhado e aprofundado em algumas partes; o lago de Merom ou Hula foi reduzido a uns pequenos açudes para criação de peixes.

Descobriu-se uma jazida de ricos fertilizantes durante os trabalhos de drenagem. A grande bacia pantanosa que media 28 km por 10 km hoje é o rico e fertilíssimo vale de Hula.

Mar da Galileia

Nomes

O Antigo e o Novo Testamentos têm nomes diferentes para designar esse mar:

  1. Quinerete ou Quinerote
  2. Genesaré
  3. Tiberíades
  4. Mar da Galileia

Localização

Depois que o Jordão deixa o Hula, desce precipitadamente e entra no Galileia. Aloja-se no leito de uma bacia profunda. Nessa bacia imensa está o mar da Galileia, com seu encanto, seu deslumbramento e suas águas azuis ou revoltas nas tempestades, irrigando as terras da região e atraindo pessoas às suas praias.

O lago

É chamado “mar” pela enorme extensão de água que ocupa uma área

imensa.

Forma. O mar da Galileia tem a forma de uma pera com base para o norte. Existem muitas divergências sobre seu tamanho.

Profundidade. Em alguns lugares não vai além de 4 a 5 m; noutros, porém, atinge entre 45 e 50 m, que é o seu máximo.

Natureza das águas. Absolutamente potáveis, excelentes para beber e usadas hoje, bem como nos dias antigos, para irrigação das terras de lavoura.

Natureza do solo. Por onde corre o Jordão, bem como onde está o lago, notam-se sinais pronunciados da ação vulcânica; em muitos lugares a quantidade de pedra-pomes é grande.

As tempestades. Do norte sopram ventos frios que deslocam o ar quente do lago, provocando as inesperadas tempestades.

As cidades do lago. Ao redor do lago, floresceram grandes cidades Cafarnaum, que era a maior cidade dos dias de Jesus.

A poucos quilômetros, ao norte, ficava Betsaida, cidade de Pedro e André. Pouco abaixo de Cafarnaum, também à beira-mar, estava Magdala, onde hoje floresce Medjel. Muito mais para o sul estava outra grande cidade, Tiberíades.

Ao norte, ficava Corazim, hoje identificada com a moderna cidade de Corasé. Do outro lado do lago, estava Betsaida Júlias. Muitos quilômetros ao sul estava Gergesa, e mais ao sul Hipos.

Relações com a Bíblia. Comparando os evangelhos, vê-se que Jesus deve ter passado nada menos de 18 meses de seu ministério terreno em Cafarnaum e lugares adjacentes. Foi naquele alvorecer, depois de os discípulos de Jesus trabalharem a noite toda, sem nada conseguir, que o Mestre chegou e lhes disse: “Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar” (Lc 5.1-11). E apanharam peixes para encher muitos barcos. Jesus acalmou nesse mar uma tempestade (Mt 8.23).

O mar de hoje: suas praias estão bastante abandonadas.

Mar Morto

A Bíblia apresenta alguns nomes distintos para o mar Morto.

Localização

O vale do Jordão, que começou no extremo sul do mar da Galileia continuou sua trajetória descendente. Os dois vales — do Jordão e do mar Morto — se encontraram, formando o ponto mais baixo da terra. A bacia do mar Morto, no lado leste, está protegida por uma parede de montanhas cuja

altura oscila entre 700 m e 1.000 m sobre o Mediterrâneo e correm de norte para o sul: são os montes de Moabe que, ao norte, começam na altura de Jericó, e, ao sul, se perdem em Seir, monte de Edom.

Tamanho e formato

O mar Morto assemelha-se a um longo triângulo, com os ângulos agudos, interrompido por um promontório que se inclina para o sudoeste, formando uma península chamada El-Lisã, que quer dizer “língua”.

Afluentes

Os principais afluentes são: o Jordão, o uádi el-Adeimah, o uádi Zerka-Main, o ribeiro de Arno, que possui os seguintes afluentes: Seil Heidan, Seil el Mogib, o uádi el-Hesã. No extremo sul, nas terras do Arabá, desemboca no mar Morto o uádi el-Tafilah.

As águas do mar Morto são grossas, isto é, densas e pesadas. Nenhuma espécie de vida foi até agora encontrada no mar Morto.

O mar Morto, por sua posição geográfica, não tem saída para suas águas. Elas se evaporam, e numa proporção gigantesca. Calcula-se entre 6 e 8 milhões de toneladas cada 24 horas. Daí sua densidade. Quando os ventos sopram furiosos sobre elas ou então desabam tempestades, o quebrar das ondas nas praias ou nas embarcações assemelha-se ao soar de metal contra metal. Em 1930 foi montada a primeira fábrica no mar Morto e, mais tarde, outra em Sodoma.

Fortalezas

Alexandre Janeu, construiu a Fortaleza de Maquerus ou Maqueronte, a mais ou menos 8 km a leste do mar Morto. Em 56 a.C. foi arrasada pelos romanos e reedificada entre 25 e 13 a.C. por Herodes, o Grande, e foi o lugar de suplício de João Batista. Herodes, o Grande, construiu Massada, último reduto dos judeus contra os romanos em 73 d.C.

Temperatura

Pela profundidade em que está colocada a bacia do mar Morto, a temperatura é bastante elevada. No inverno baixa para 25º e até 20º e no verão sobe até 45º e 50º.

Vida

Parece não existir vida no mar e também nas suas imediações, atingidas pelos efeitos da terrível evaporação do lago. Porções de terra fértil, semelhantes a um delta, formaram-se por onde entram as águas do Jordão. Os peixes que chegam ao mar Morto morrem em poucos minutos e flutuam na superfície.

Sal

A excessiva quantidade de sal do mar Morto é devida a duas causas especialmente: A primeira, os rochedos salinos de Jebel Usdum que correm ao longo das praias ocidentais, e que constantemente adicionam ao Mar grande parte de sal fóssil; a segunda resulta dos rios tributários do Jordão que atravessam regiões impregnadas de sais, fontes sulfurosas, matéria betuminosa e depósitos petrolíferos. Tudo isto é trazido de arrastão por esses rios e depositado no mar Morto.

Constituição do terreno

As rochas que rodeiam o mar são, na maioria, de constituição calcária de origem vulcânica.

Sodoma e Gomorra

Sodoma e Gomorra estariam situadas num vale chamado Sidim. Resta agora saber se Sodoma e Gomorra ficavam ao norte ou ao sul do mar Morto. Existem duas teorias sobre isto: uma sustenta ao norte; a outra, ao sul.

Exploração

Desde 1835 existe o interesse pela exploração do mar Morto. Vários países ainda hoje buscam informações sobre eles.

Outros rios

Além dos lagos e do rio Jordão, há no território palestínico outros rios,

grandes e pequenos.

  1. Iarmuque. É o maior afluente do Jordão.
  2. Jaboque. Divide o altiplano da Galaade em duas partes iguais, entre o mar da Galileia e o mar Morto. Atravessa uma região alta e deserta, a mais ou menos 927 m, passa depois por Rabbat-Ammom, a seguir por Filadélfia. Corre num leito profundo e entre montanhas que variam entre 400 e 600 m. É perene. A profunda experiência que Jacó viveu ao retornar de Harã foi nos vaus deste rio (Gn 32 e 33).

No oeste, há apenas o Querite, trata-se de um filete d’água, sem muita importância; é intermitente. Na maior parte do ano não passa de um uádi, isto é, um vale seco. Até hoje não pôde ser identificado. Elias esteve junto a esse ribeiro, onde corvos, que existem em boa quantidade ainda hoje, lhe traziam comida (1Rs 17.1-16).

Rios que correm para o mar Morto

  1. Zerka-Main. A cabeceira fica nos altos de Moabe. Desemboca no mar Morto, defronte à foz do Cedrom. Irriga as cidades moabitas de Eleale, Hesbom, Medeba e Baal-Meom.
  2. Arnom. Separava Moabe do Amorreu e depois Moabe da tribo de Rúben (Nm 21.13). Formado por dois braços, percorre mais ou menos 80 km. Nas épocas de chuva é volumoso. Da primavera em diante começa a diminuir e chega no rigor do verão, a secar.
  3. Zerede. Hoje é chamado uádi Kerak. Era a linha divisória entre Moabe e Edom (Nm 21.12). Na sua aproximação para a conquista de Canaã, Israel cruzou esse ribeiro ao deixar Cades Barneia (Dt 2.13,14).

Depois de percorrer o vale ao redor de Jerusalém, vai se estreitando e, cada vez mais profundo e serpeando por montes e desertos, num percurso de 40 km chega ao mar Morto. Permanece seco a maior parte do ano. Só volta a existir quando as chuvas são abundantes.

Rios que correm para o Mediterrâneo

Diversos ribeiros correm do Planalto Central de Israel e vão desaguar diretamente no Mediterrâneo.

  1. Belus. Menciona-se em Josué 19.26 uma localidade, hoje não identificada, com o nome Sior-Libnate. Deveria estar ao sul da tribo de Aser. Por esse lugar corria um riacho que foi chamado de Belus. O nome Belus foi dado pelos gregos. Os judeus e os árabes chamam-no hoje Namã, e está a mais ou menos 2 km de Acre.
  2. Quisiom. Parece que seu nome significa “turvo” e “tortuoso”. Os árabes o chamam de Nahr Makutts, mas os israelenses designam-no Quisom (Jz 4.7, 13; 5.21; 1Rs 18.40; Sl 83.9). Nasce nos altos de Esdraelom, formado de inúmeras vertentes da mesma planície. Recebe depois outros filetes d’água que vêm do Tabor e do Pequeno Hermom. No inverno é caudaloso, e com apoucadas águas no verão, todavia é perene.
  3. Caná. Nasce em Samaria e desce para Sarom, cujas terras irriga, terminando no Mediterrâneo. Seu nome se atribui ao fato de o ribeiro correr nas proximidades da cidade de Caná, mas Caná de Efraim, e não a do primeiro milagre de Jesus.
  4. Gaás. O ribeiro nasce na região montanhosa de Efraim. Suas águas banham a planície de Sarom e desembocam a 5 km ao norte de Jope (hoje Jafa). Os árabes chamam-no Hahr El-Audjeb. Serviu de limite entre Samaria e Judeia.
  5. Soreque. Nesse vale, ou nas suas proximidades, residia a noiva de Sansão (Jz 14.1-5), que a Bíblia chama de Timna. Nas imediações fica também o vale de Sora (1Sm 1.19), cidade natal do profeta Samuel.
  6. Besor. Um ribeiro de boas proporções nas imediações de Ziclague, no sul de Judá (1Sm 30.9). Identificado hoje como uádi el-Seriah. Corre entre pedras, é bem largo e com bastante água. Está na parte norte do Neguebe.

Ribeiro do Egito

Várias passagens bíblicas registram o nome “ribeiro do Egito”.

No Antigo Testamento há pelo menos quatro termos diferentes para “rio”:

1. Yeor Mizrayim — rio do Egito é sempre o Nilo (Gn 41.1-3,17,18; Am 8.8 e Is 7.1).

2. Nahar Mizrayim — “rio transbordante”; aparece uma só vez na Bíblia (Gn 15.18).

3. Naahar — “rio perene” (veja Gn 2.10-14; Êx 7.19; Dt 1.7).

4. Nahal — rios intermitentes, que correm somente na estação chuvosa. Os árabes designam nahal por wadi (Lv 11.9; Dt 2.24,36,37; 10.7; Js 16.8; Jz 4.7,13).

Alguns autores afirmam que “ribeiro do Egito” refere-se ao yeor Mizraim, de Josué 13.3 (“defronte ao Egito”).

7. Orografia de Israel

A terra de Canaã é montanhosa por excelência. Daí a razão de a Bíblia chamá-la de “terra de montes e de vales” (Dt 11.11). A Eretz Israel, era como Israel era denominado nos tempos bíblicos. Existem os contrastes mais chocantes da terra, e por isso encantadores. Do monte Hermom, a quase 3.000 m acima do nível do Mediterrâneo, ao vale do mar Morto, a 400 m abaixo do nível do mar, com rios e vales, montes e desertos, lagos e pântanos, jardins floridos e aridez gritante, olivais imensos e areias quentes, frio e calor, a Eretz Israel forma o conjunto mais espetacular do globo.

A importância dos montes na Bíblia é muito grande. As tábuas da Lei foram dadas por Deus a Moisés num monte; Arão morreu num monte; também Moisés; a bênção e a maldição foram proclamadas em montes; João Batista nasceu nas montanhas; Jesus nasceu na região montanhosa da Judeia; sua grande batalha com o Diabo foi num monte; num monte proferiu o seu maior sermão.

Montes Líbanos

O monte

Não se trata de um monte, mas de uma cordilheira, que corre de noroeste para nordeste, paralelamente ao Mediterrâneo.

Os flancos ocidentais dos Líbanos chegam até o Mediterrâneo, formando estreita faixa costeira, planície onde os cananeus plantaram suas importantes cidades. A Bíblia registra umas 70 vezes o nome Líbano.

A mão humana formou em muitas partes do Líbano jardins maravilhosos. Desses, existem ainda dois, dos quais o principal é o Bhsarreh, situado a sudeste de Trípoli.

A madeira do Líbano foi usada em grandes e suntuosas construções do passado no Oriente Médio, como por exemplo: Egito, Mesopotâmia, Síria e Palestina.

Os montanheses do Líbano contam que a origem desses doze cedros está tecida numa lenda: Jesus foi ao Líbano com os Doze Apóstolos. Cada um destes carregava um bordão. Enquanto descansavam, cravaram na terra o bordão. Quando quiseram desenterrá-lo, não conseguiram. Os bordões plantaram raízes e cresceram, e hoje são os colossais cedros.

Montes Antilíbanos

O Antilíbano corre paralelo ao Líbano de nordeste para sudoeste: avança para o sul; pelo Hermom, separa-se dos montes de Israel. Ocupa uma extensão de mais ou menos 163 km. Nessa serra nascem os famosos rios Abana e Farfar (2Rs 5.12).

Apesar de suas terras não serem tão férteis como as do Líbano, na serra do Oriente são abundantes os olivais, as vinhas, as figueiras, as laranjeiras, os limoeiros, as macieiras e também a madeira.

A parte ocidental dos Líbanos pertence ao país chamado Líbano; as demais, à Síria. A parte sul dos Antilíbanos é ocupada por três povos distintos: drusos, maronitas e metuales.

Os drusos parecem descender do povo de Cuta (2Rs 17.24-30) e se fixaram nessa serra após a ocupação de Israel pelos assírios. Eram terrivelmente belicosos.

Os maronitas são rivais irreconciliáveis dos drusos. Falam um dialeto árabe, mas são sírios. Também de modestos costumes e vida simples. Dedicam-se à agricultura, à criação de ovelhas e cultivam o bicho-da-seda.

Os metuales são os mais numerosos dos três: irrequietos e belicosos. Hostilizam de morte os cristãos. Pertencem a uma seita chamada xiita, isto é, maometanos de Alá. Não bebem em recipiente em que um cristão tenha bebido e não se sentam à mesa com cristãos.

Celesíria

A Bíblia lhe chama “vale do Líbano” (Js 11.17) e os árabes a denominam Biq’ath. Celesíria é o nome clássico que lhe deram os romanos. É um grande vale limitado a oeste pelos montes Líbanos, a leste pelos Antilíbanos. O imenso vale é de uma beleza incalculável e de grande fertilidade. Abriga pequenos povoados que se dedicam à agricultura e à criação de ovelhas. Extremamente frio no inverno. Hoje pertence à Síria.

Monte Hermom

É o pico mais elevado do Antilíbano. Maciço montanhoso situado a sudoeste dos Líbanos orientais. Separado deste por um vale profundo e grande, avança para o sul, onde começa a serra do Hermom.

Os cananeus, muito cedo, usaram o Hermom para festejar seus deuses. Designaram-lhe “Haran” que significa consagrar — e sobre todo o monte praticaram as mais grosseiras abominações. Muitos outros templos foram erigidos no sopé do monte. O monte é de grande fertilidade.

Helena, mãe de Constantino, mandou construir no Tabor, no século quarto, três templos: um para Jesus, outro para Moisés e outro para Elias. Daí para frente, a Igreja Romana finca pé no Tabor como o monte da Transfiguração, e com ela um bom número de exegetas protestantes.

A cadeia dos Líbanos

A cadeia dos Líbanos, depois da Fenícia, desce para o sul, corre entre o Mediterrâneo a oeste e o vale do Jordão a leste. No território de Israel vai de “Dã a Berseba”, já entrando no “deserto da Judeia”. No norte de Israel, esses montes são chamados montes de Naftali, no centro montes de Efraim e ao sul montes da Judeia. Os montes de Israel a leste do Jordão pertencem à cadeia dos Antilíbanos.

Montes de Naftali

Designa o aglomerado montanhoso ao norte de Israel, na região conhecida como Galileia. Erguem-se onde outrora estiveram as tribos de Aser, Zebulom, Naftali e Issacar. Abrangem tanto a Alta como a Baixa Galileia.

Misto de montes e vales, fendas profundas, barrancos e toda uma série de acidentes, foi sempre uma região marcada pela fertilidade e pela riqueza. Procurada, através dos séculos, por judeus e gentios. Daí o nome com que ficou conhecida: “Galileia dos gentios” (Is 9.1; Mt 4.15). Jesus passou aproximadamente 18 meses do seu ministério terreno na Galileia. Nela habitou também dos 4 aos 30 anos de idade (Lc 3.23), quando se manifestou a Israel.

Cornus de Hattim

Fica a noroeste do mar da Galileia, cuja bacia está a 205 m abaixo do Mediterrâneo. O monte deve estar a 180 m sobre o vale, defronte de Cafarnaum, entre esta cidade e o Tabor. Nos dias do Senhor Jesus, no dorso do Cornus de Hattim — hoje conhecido como monte das Beatitudes ou Bem-aventuranças —, abundavam os lírios vermelhos, usados como ilustrações no Sermão do Monte (Mt 6.28).

Os cruzados, no século XII d.C., apontaram esse monte como o lugar tradicional onde o Senhor Jesus pregou o Sermão conhecido como o “do Monte”.

Pensa-se que Jetro, sogro de Moisés, tenha sido sepultado nas proximidades desse monte.

Tabor

No território de Zebulom, fronteira com Issacar, nas proximidades do monte Tabor, houve uma cidade com o nome de Tabor (Js 19.22; Jz 8.18; 1Cr 6.77). O carvalho de Tabor deve ser outra localidade no território de Benjamim (1Sm 10.3).

No hebraico é Tabor mesmo, e significa “pedreira” ou simplesmente “montanha”. No presente, os árabes chamam-no Gebel al-Tour, e os israelenses de Har-Tabor. É um monte isolado. Seus flancos são rochosos.

Em Salmos 89.12, o Tabor é comparado com Hermom; em Jeremias 46.18, com o Carmelo. Sua posição estratégica, na vasta planície de Esdraelom, dava-lhe importância para as guerras. Em 1799 Napoleão derrotou os turcos no combate conhecido como “Batalha do Monte Tabor”.

Gilboa

Ergue-se em plena planície de Esdraelom. Em hebraico é Gilboa; na Septuaginta, Gelboué; na Vulgata, Gelboe. O significado da palavra é “fonte borbulhante”. A norte, correndo para nordeste, limita com o rio Galude; a oeste pelo uádi Semmah e o el-Nusf, e o uádi Subas ao sul. Constituição rochosa, com boa camada de terra na superfície. Não tem vegetação, com aspecto triste e sombrio. Nele se cultivam oliveiras, figueiras e alguns cereais que não necessitam de muita umidade.

Mais do que um monte, parece tratar-se de uma pequena cordilheira. Davi chama-lhe “montes de Gilboa” (2Sm 1.21). Atualmente são denominados Colinas de Gebel Fakua. Nesse monte os filisteus derrotaram Israel. Ali também morreu Saul com seus filhos (1Sm 31).

Carmelo

O termo vem a ser “vinha”, “jardim”, “terra ajardinada e frutífera” ou simplesmente “terra fértil”. Usado quase 30 vezes somente no Antigo Testamento. No hebraico é Karmel; no árabe, Kurmul. Sob o nome “Carmelo”, designa-se:

1. Uma cidade situada a 15 km ao sul de Hebrom.

2. Uma pequena montanha ao sul de Judá, onde Saul, depois de ferir amalequitas, ergueu o monumento em sua própria honra (1Sm 15.12).

3. Um monte. Trata-se, na verdade, de uma cadeia de montanhas que corre de nordeste para sudeste. Na divisão das terras de Canaã por Josué, o Carmelo ficou com Aser. O ar no cume do Carmelo é puríssimo. Verduras, legumes, frutas variadas e flores sobejam em seus flancos. Grande número de cavernas naturais aparece no monte.

Diz a tradição que nesta caverna Elias e Eliseu tinham a “Escola de Profetas”. Eliseu se encontrou com a sunamita nesse monte (2Rs 4.25). Num recanto do monte, existe um lugar chamado El-Mahrakan, que significa “incêndio”, um poço que a tradição afirma ter sido de onde Elias tirou água três vezes para o seu sacrifício. O profeta Eliseu passou muitas vezes pelo Carmelo (2Rs 2.25; 4.25). Ao sul do Carmelo está Dotã, onde José foi vendido aos ismaelitas por seus irmãos (Gn 37.17). Ali também os siros foram feridos de cegueira por Eliseu (2Rs 6.13-18).

Monte Carmelo

Do Carmelo tem-se uma vista esplêndida do Mediterrâneo, do Líbano, de toda a Galileia, do vale de Jezreel e do Sarom. A moderna cidade de Haifa, com seu magnífico porto, está aos pés do Carmelo. A fortaleza de São João Acre não está longe também. Em Haifa está a segunda maior lapidação de diamantes do mundo. O monte Carmelo está hoje transformado num bairro muito importante de Haifa, onde se multiplicam prédios gigantescos e residências luxuosas. Abriga a sede mundial dos carmelitas e da religião Bahá’i.

Montes de Efraim

A região que coube por herança a Efraim na terra de Canaã (Js 20.7) era montanhosa e foi chamada de “montes de Israel” (Js17.15) e, posteriormente, “montes de Samaria” (Jr 31.5,6; Am 3.9).

Localização

A fronteira norte parte de um ponto em Micmetá (Js 16.6) a leste de Siquém (Js 17.7) e volta-se para o ocidente; seu curso, nessa direção, corria desde Tapua até o ribeiro de Caná, que se junta ao uádi Aujah e chega ao Mediterrâneo, cerca de 7 km ao norte de Jope (Js 16.8). Ao ocidente, seus limites estão definidos em Josué 16.6,7.

A região

A região é pouco elevada e bastante irregular. Algumas de suas elevações têm a forma de campânula escalonada, próprias para a lavoura. Ao tempo de Flávio Josefo, a água era abundante e o seu solo fertilíssimo.

Os montes principais

A região toda é montanhosa, mas apenas dois montes se destacam sobre o altiplano: Ebal e Gerizim. De ambos se obtém uma vista panorâmica da

Palestina; ao norte, do Ebal, e ao sul, do Gerizim. No Gerizim construíram-se casas e um templo, maior e mais suntuoso do que o de Salomão em Jerusalém.

Ambos os montes ocupam posição estratégica no centro da Palestina,

caminho forçado para alcançar tanto o norte como o sul.

Entre os dois montes existe uma planície que comporta milhares de pessoas. É um anfiteatro feito pela mão de Deus. A acústica é perfeita. De qualquer dos montes que se fale, ouve-se com nitidez no vale. Isso permitiu a seis tribos proclamar do Ebal a maldição, e do Gerizim a bênção, e dentre os representantes de Israel, mais de 600 ouviram a Palavra do Senhor. Posteriormente, peregrinos e cientistas que visitaram o local fizeram prova da acústica, que é perfeita.

Os samaritanos primitivos e os remanescentes atuais acham que Abraão

pagou dízimos a Melquisedeque no Gerizim, que lá Isaque quase foi sacrificado e que Moisés mandou levantar o “altar do Senhor” no Gerizim, e não no Ebal (Dt 27.4-10). Um grupo de samaritanos ainda hoje sobe o Gerizim para orar, celebrar suas festas e adorar a Deus. Para eles, o lugar é sagrado e de gloriosas recordações.

Montes da Judeia

Começam em Betel e chegam a Berseba. De Belém a Hebrom são 17 km e de Hebrom a Berseba, 51 km. A partir de Hebrom para o sul, os montes

começam a declinar, até atingir Berseba, onde o altiplano da Judeia se perde nas areias do grande deserto do Neguebe.

Na divisão de Canaã entre as tribos de Israel, esse território foi dado a

Dã, Benjamim, Judá e Simeão.

O aspecto físico dessa região é agradável e até fascinante, principalmente em Jerusalém e arredores, onde os montes são arredondados, com o dorso plano, formando enormes tabuleiros, onde cidades foram edificadas. A terra não é tão fértil como a de Samaria e da Galileia, mas produz frutas, legumes, verduras, além de oliveiras e figos.

Precisamos distinguir duas coisas importantes nessa região: as montanhas da Judeia e o deserto da Judeia.

Jerusalém está edificada sobre montes, o que confirma Salmos 122.4: “para onde sobem as tribos”, isto é, as tribos de Israel. O Novo Testamento também confirma essa informação. A cidade toda está edificada sobre montes (Sl 125).

Monte Sião

Na Bíblia, a expressão “monte Sião” aparece sob diversas acepções, como por exemplo:

  1. Conhecido como “monte santo” em Joel 3.17, porque nele esteve a arca do Senhor, antes do templo de Salomão. Depois da edificação do templo no monte Moriá e da transferência definitiva da arca, Sião compreendia também o templo. Por essa razão, o Antigo Testamento registra “Sião” quase 160 vezes e “Moriá” apenas duas (Gn 22.2; 2Cr 3.1).
  2. Ao tempo dos macabeus, o monte do templo distinguia-se do Sião (1Macabeus 7.32,33).
  3. Sinônimo do povo de Jerusalém, como comunidade religiosa (Sl 126.1; 129.5; Is 33.14; 34.8; 49.14; 52.8).

Com o correr dos séculos, na banda oriental, o Sião sofreu profundas

alterações de limites: ora estreitando-se ao norte, ora ao sul. Hoje, uma parte dele fica fora dos muros e está ocupada por cemitérios e campos de lavoura, cumprindo-se o que disse o profeta Miqueias (3.12).

Acredita-se que, numa das salas do “Palácio de Davi”, Jesus tenha comido a última páscoa com seus apóstolos, e instituído a Ceia Memorial.

No Sião está o mosteiro com a “Igreja do Sono”. A Igreja Romana crê que no local onde se levantou esse templo, Maria, mãe de Jesus, dormiu sua última noite neste mundo.

Monte Moriá

O Moriá é chamado “monte do Senhor” ou “monte de Jeová”.

O monte

Aparece na Bíblia pela primeira vez em Gênesis 22, mas não é chamado

“monte”, e sim de “terra de Moriá”, região onde havia muitos montes. A Bíblia diz que Abraão gastou três dias para cobrir a distância entre Berseba e a “terra de Moriá”. A distância de Berseba ao Moriá do templo de Salomão é de 48 km e do Gerizim é de 144 km. A Bíblia diz também que o monte que Deus indicaria a Abraão seria visto de longe. O Moriá de Jerusalém não pode ser visto de longe.

Salomão construiu muros de pedras colossais na parte ocidental do monte para suportar o gigantesco templo. Esses muros foram desenterrados e constituem grande atração turística, principalmente para os judeus, que ali vão orar ao Senhor e lamentar, por isso ficaram conhecidos como “Muros das Lamentações”. As pedras que aparecem no referido “muro” são do templo de Salomão, exceto as mais superiores.

Os montes Acra, Bezeta, Ofel e o próprio fazem parte do Sião ou do Moriá. Podemos resumir a topografia orográfica de Jerusalém a dois montes: Sião, intramuros, e Oliveira, extramuros.

A colina do templo guarda preciosas recordações tanto do Antigo como

do Novo Testamento.

Monte das Oliveiras

O monte das Oliveiras está situado a oriente da cidade de Jerusalém e separado do Moriá pelo vale do Cedrom. Três elevações sobressaem à lombada:

  1. Ao norte o Karm El-Sayyad, isto é, a “Vinha do Caçador”.
  2. No centro está o Gebel El-Tur, com 812 m.
  3. No sul, o Gebel Bath El-Hawá, com 734 m, também chamado pelos antigos Mons Offensionis e Mons Scandali, por causa dos ídolos que Salomão erigiu às suas mulheres estrangeiras (1Rs 11.18; 2Rs 23.13).

A distância do monte das Oliveiras ao centro de Jerusalém era cerca de 2.775 m, “jornada de um sábado” (At 1.12).

Nos dias do Antigo Testamento, esse monte estava coberto de oliveiras, vinhas, figos e muitas outras árvores frutíferas e ornamentais. As multidões que aclamaram a Jesus na entrada triunfal em Jerusalém cortaram galhos de árvores do monte das Oliveiras, pois saíram de Betfagé (Mt 21.8). Quando os romanos no ano 70 d.C. destruíram Jerusalém, destruíram tudo pelo fogo, a partir do Monte das Oliveiras.

Na encosta do monte das Oliveiras, no Getsêmani, a estrada que vem de Jerusalém bifurca-se: uma vai para o sul até Jericó, passando por Betânia; a outra dirige-se para o leste. O Senhor Jesus, vindo da Galileia ou voltando, passou muitas vezes por essa estrada, do Jordão a Jericó e de Jericó a Jerusalém. Os motivos geográficos da parábola do Bom Samaritano encontram-se numa dessas estradas.

A tradição afirma que na cova ao norte do Oliveiras são conservados muitos dos últimos ensinos de Jesus. Entre eles o “Pai-nosso”, que está reproduzido em dezenas de línguas. Dentro da pequena mesquita, está a marca de um calcanhar gravado na pedra, que, segundo os romanistas, é de Jesus, deixado na hora em que subiu ao Pai.

Getsêmani

Jesus deixou o cenáculo acompanhado por onze apóstolos e foi em direção ao Getsêmani (Mt 26.36), em seguida conta-se como Jesus agonizou pelos doze apóstolos.

Monte da Tentação

Um monte isolado que os árabes chamam de Gebel El-Dug, ou seja, “monte da observação”, conhecido atualmente como Gebel Qarantal (“Quarentena” ou “Tentação”).

Nas covas ou grutas do monte, anacoretas se refugiaram para livrar-se do bulício do mundo e meditar. Os gregos o transformaram em comunidade. Dos cruzados para cá, tem-se aceito como o lugar ao qual o Espírito Santo levou Jesus para ser tentado pelo Diabo após o batismo no Jordão. Na realidade, a Bíblia não diz em que monte Jesus foi tentado pelo Diabo.

Montes da Galaade

Essa região é conhecida como “Transjordânia”, isto é, “Além-Jordão”, hoje ocupada pela Jordânia e governada pela “dinastia ashemita”. O nome surgiu do encontro de Labão com Jacó (Gn 31.47-55). Labão chamou o lugar Jegar-Saaduta; Jacó, de Galeede; ambos querem dizer “montão do testemunho”.

A região

Nos dias de Josué, essa região praticamente ia do Hermom a Edom e do Jordão e mar Morto, ao Grande Deserto siro-arábico. Antes da conquista de Moisés, abrangia três partes principais:

1. Norte (Basã), que ia do Iarmuque ao Jaboque.

2. Centro (Gileade), que ia do Jaboque ao Arnom.

3. Sul (Moabe), que ia do Arnom até o Zerka-Maim.

Montes de Gileade

Os Antilíbanos vão do norte da Síria ao Hermom. De norte para o sul, as montanhas principais são:

Montes de Basã

Estendem-se do monte Hermom ao Iarmuque, e do Jordão a Ledjah. A porção compreendida entre o Jordão e o mar da Galileia é mais alta e mais regular.

Montes de Gileade

Era a região do centro. Nascia no Iarmuque e se estendia até o norte do mar Morto.

A história de Gileade está ligada à vida de importantes homens nas suas experiências profundas e marcantes com Deus, como por exemplo, Jacó e Labão, Moisés, Davi, dentre outros.

Por Gileade passava a Estrada do Leste que, vindo da Galileia, cruzava o Jordão em Beisã, no sul do mar da Galileia, e chegava até Betânia de Além-Jordão num passo natural (Jo 1.28), defronte de Jericó, e subia a Jerusalém. Era onde passavam os romeiros que iam a Jerusalém e foi também onde Jesus passou repetidas vezes.

Montes de Moabe

A leste com o deserto siro-arábico, conhecido também como “deserto

de Moabe”; ao sul com o ribeiro de Zerede, hoje chamado uádi el-Hesa; pelo ocidente limita-se com o mar Morto e mais ao norte com o próprio Jordão.

As terras moabitas sempre foram secas e estéreis. Rute e a sogra Noemi devem ter vivido num desses uádis de abundância (Rt 1.1-6). O país de Moabe se divide em quatro regiões distintas:

  1. Planícies de Moabe.
  2. Campos de Moabe.
  3. Regiões moabitas.

4. Montes de Moabe. São formados por duas cadeias principais:

O Seir, que fica ao sul do mar Morto e chega ao golfo de Ácaba ou Eilate, entre o deserto da Arábia e o vale de Arabá.

Os primitivos habitantes do Seir foram os horeus (Gn 14.6). Os descendentes de Esaú, entretanto, os desalojaram (Gn 36.8) e se firmaram no monte, cresceram e se multiplicaram, tornando-se uma nação rica e um povo forte. Fundaram grandes cidades, tais como Bozra, Elate, Eziom-Geber, Sela, Petra e outras.

Seus principais cumes são: Pisga, Peor e Nebo.

Monte Sinai

A Bíblia tem três acepções para o monte Sinai: Sinai (Êx 19.11-18, 20-24), Horebe (Êx 33.6; 24.13), que sugere a terra “árida” e “deserta” (Dt 1.6), e monte de Deus (Êx 3.1; 1Rs 19.9).

O monte apresenta forma triangular, cujos vértices superiores se apoiam na Ásia e na África. Penetra até o mar Vermelho. Ao leste é banhado pelo golfo Ácaba, que Israel chama de Eilate, e ao ocidente pelo golfo de Suez.

Três zonas geológicas são reconhecidas na Península: 1) Cretácea, incluindo o deserto de Tih ou Parã; 2) Arenística, no centro; e 3) Granítica, na parte sul.

Duas cadeias montanhosas começam ao norte da península e descem entre os golfos e se dirigem para o mar Vermelho, no extremo sul:

1. A ocidental, que acompanha o golfo de Suez e vai até o sudoeste, nas proximidades do mar Vermelho.

2. A oriental, que segue o golfo de Ácaba e avança para o sul, confinando também com o mar Vermelho.

As duas cordilheiras se encontram no centro da península.

A região, apesar de árida, é bonita, cheia de contrastes, formando paisagens encantadoras. Os montes são grandes, altos e imponentes pelo colorido de suas areias. A vegetação é escassa.

O faraó Semehert, da primeira dinastia egípcia, até Ramsés IV, da vigésima, exploraram o granito e a turquesa dessas rochas. A turquesa, especialmente, era extraída do uádi Magará.

Os montes mais altos do maciço sinaítico são: Gebel Serbal, Gebel Musa, Gebel Umm-Somer, Gebel Catalina e Gebel Zebir. O Sinai dos Dez Mandamentos exige uma série de condições apontadas na Bíblia:

1. Distância de “onze jornadas” do Horebe a Seir (Dt 1.2).

2. O monte era visto pelo povo que se achava no vale (Êx 19.11).

3. Deveria haver um vale grande ao pé do monte, suficiente para abrigar cerca de três milhões de pessoas (Êx 19.17,18).

4. O monte deveria estar isolado do povo.

5. O monte teria de ser alto, permitindo ao povo contemplar, de longe, o que nas alturas acontecia (Êx 20.18).

6. Deveria haver água no local onde o povo se reunia (Dt 9.21).

Pela soma de circunstâncias exigida pela Bíblia, o Umm-Somer, o Catalina e o Zebir são naturalmente excluídos. Restam dois: o Serbal e o Musa.

Somente o Gebel Musa reúne o conjunto de exigências bíblicas para ser o monte Horebe, ou Sinai.

Em 1948, na Guerra de Independência, Israel tomou do Egito parte da península do Sinai; na de 1956, tomou tudo. Sob pressão da ONU, Israel devolveu todo o Sinai ao Egito. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel tomou a península outra vez, e em suas mãos está até o dia de hoje. Em Eilate, no golfo de Ácaba, Israel tem hoje o seu mais movimentado porto e saída garantida pelo mar Vermelho.

8. Planícies de Israel

“Planície” quer dizer grande porção de terreno plano.

A terra de Canaã, propriamente dita, se divide em quartro grandes regiões: Orla Mediterrânea, Planalto Central, Vale do Jordão e mar Morto e Transjordânia. Em cada uma dessas regiões há planícies e planaltos. Descreveremos as planícies de cada uma dessas regiões.

Orla Mediterrânea ou Marítima

As mais importantes planícies da orla marítima são:

Acre ou Aco

A planície ocupa toda a faixa da baía que vai de Acre a Haifa. É uma faixa de terra que circunda as montanhas entre a Galileia e o Mediterrâneo e do promontório de Rás en-Nakura, ao sul de Tiro, prossegue até o Carmelo, que a separa da planície sul, que é Sarom.

Sarom

A faixa mais estreita é a que está próxima ao Carmelo.

Na faixa ocidental, além dos montes de areia que são muitos na região, havia pântanos palúdicos e perigosos bosques.3 Nos dias do Antigo Testamento, por causa da natureza do terreno, não houve possibilidade de estradas na região.

Filístia

Essa planície nasce em Jope, no Nahar El-Arish, o “rio do Egito” (veja Nm 34.5; Js 15.4,47). A “Pentápolis” estava nesta região e se compunha de: Gaza, Ascalom, Asdode, Gate e Ecrom. As três primeiras eram marítimas e as duas últimas ficaram no interior. Essas cidades contavam com terras férteis, exceto as que ficavam próximas da Sefelá, onde estavam as dunas (Dt 1.7; Js 11.2,6; 12.8).

O movimento sionista (antes de 1948) reconstruiu Jope (hoje é Jafo ou Jafa) e fundou Tel-Aviv ao norte desse porto.

Sefelá

Literalmente quer dizer “terras baixas” ou “mais baixas”. Trata-se de uma faixa de terra mais do que uma planície; um altiplano rochoso que corre da costa, rumo a sudeste, penetrando até a fronteira da tribo de Judá (Dt 1.7; Js 10.40; 12.8; 15.33; 2Cr 26.10; 28.18).

É uma região politicamente estratégica e economicamente importante. Foi muito disputada entre filisteus e israelitas.

Planalto Central

O altiplano “central” da Palestina atravessa todo o país e vai morrer nas areias do Neguebe.

Alta Galileia

No tempo dos juízes ia até Dã; nos dias do Novo Testamento chegava até o sul do lago Merom. Hoje, ocupa uma área menor do que a dos dias dos juízes. A cidade mais importante da região é Safede, o limite entre a Alta e a Baixa Galileia.

Baixa Galileia

Seus limites vão de Safede, ao norte, aos montes de Samaria, ao sul. A leste confronta com o lago da Galileia e com o Jordão, e ao ocidente com Acre. As principais planícies da Baixa Galileia são: Esdraelom e Jezreel.

“Esdraelom” é a forma grega e não aparece na Bíblia. “Jezreel” aparece

cerca de 40 vezes no Antigo Testamento (Js 17.16; Jz 6.33).

Alguns geógrafos afirmam que são duas planícies no grande vale: Esdraelom e Jezreel. Outros, entretanto, acham que Esdraelom e Jezreel são nomes diferentes para designar o mesmo fenômeno geográfico.

Três vales são formados a leste da imensa planície, separados pelo monte Gilboa e o Pequeno Hermom. O do centro é o maior: o Jezreel. Descem abruptamente para o Jordão. À entrada do vale está Jezreel, que foi a capital do Reino do Norte, e hoje é Zerim. A vinha de Nabote deveria estar nas proximidades. O rio Quisom corta a planície de leste para oeste, correndo para o Mediterrâneo.

Era de imenso valor do ponto de vista estratégico. A rota que ia de Jerusalém a Damasco passava por ela e atingia a costa Mediterrânea. Para proteger a estrada de ladrões, os judeus construíram Bete-Seã, que os romanos chamaram de Citópolis.

Com terras abençoadas, amolecidas por chuvas abundantes, pelo orvalho do céu, pelos rios que serpeavam pelo vale, quer nos montes, quer nas planícies, Jezreel produzia abundantes colheitas de trigo e cevada, oliveiras e figos, em grande quantidade, além de legumes e verduras.

Aqui se travaram batalhas sangrentas.

Samaria

Essa planície abrange o território ao norte com o mar da Galileia, a oeste com o Mediterrâneo, a leste com o Jordão e ao sul com as montanhas de Judá. Duas planícies merecem destaque nesta região: Dotã e Siquém.

Dotâ

Por ela passava a estrada que ia de Gileade do Egito, e era a preferida pelos caravaneiros ismaelitas, como os que compraram José.

Planície fertilíssima, com muita água, colheitas fartas e verdes pastagens para os rebanhos. Na região há uma fonte de águas vivas.

Siquém

Siquém ficava na região montanhosa de Efraim (Js 20.7), nas proximidades do Gerizim (Jz 9.7). Embora seja identificada hoje com Nablus, é na realidade Tell Balatah, perto do Poço de Jacó.

A planície é de tamanho regular e conta com muitas águas.

Judeia

Ao norte de Jerusalém, bem como ao ocidente e oriente, existem terras

entre os montes, faixas de plantio; algumas extensas; outras, menores, que não merecem o nome de planície. Em Belém existem desses campos; em Hebrom também. Não podemos assinalar no território da Judeia nenhuma planície, como temos no centro e no norte de Israel.

Neguebe

De Berseba até as cercanias de Cades estende-se uma vasta planície, ou quase planície, sulcada por numerosos vales, que convergem para o uádi

Gazzah e o uádi el-Arish. O material de aluvião depositado em suas estepes constitui a maior parte de suas terras cultiváveis. Dificilmente chove na região. Existem, entretanto, lençóis d’água no subsolo. Por isso, na vastidão arenosa, foram cavados poços, como os de Abraão e Isaque.

Nos dias do Antigo Testamento havia cinco províncias neguevianas. Essas ocupavam as terras de pasto e próprias para plantio entre Berseba e Bir Rikhmeh e as vertentes ocidentais das terras altas centrais de Khurashe Karnub. Esse distrito foi ocupado por Amaleque (Nm 13.29), podendo-se ver ainda hoje as ruínas de seus locais fortificados entre Tell Arade e Gerar.

Controlar o Neguebe sempre foi e ainda é garantir abertura para todas as direções de Israel e os países vizinhos.

Vale do Jordão e mar Morto

Trata-se realmente mais de um vale mais do que de uma planície. É o que oferece o maior contraste em todo o nosso planeta:

  1. Geográfico. O monte Hermom, onde nasce o Jordão.
  2. Climático. Enquanto no topo do Hermom a neve é constante, no vale do mar Morto a temperatura no verão sobe até 50º.
  3. Natureza do solo. Do Hermom ao mar Morto, a natureza do terreno é a mais variada que podemos imaginar.
  4. Vegetação. O vale do Jordão produz desde a palma-crísti (mamoneira) até maçãs, peras e uvas.

Do Hermom ao Hula

A região conta com abundância de água, o clima é ameno, os ventos suaves, a terra boa, com muito orvalho. Produz frutos de todos os tipos, muito gado, excelentes cereais.

Do Hula ao mar da Galileia

Josefo menciona a excelência da terra, a fertilidade do solo, a amenidade do clima, a brandura do vento, a variedade de frutos e legumes, a abundância de peixes e a fartura de cereais. De fato, é um jardim encantador, acrescentando-se o contraste oferecido pelo desnível do lago com os montes, sob um céu azul e límpido.

Do Galileia a Jericó

É chamada na Bíblia “cidade das Palmeiras” (Jz 3.13). Jericó é um oásis. Nunca chove em Jericó, e é uma cidade verde, como poucas em Israel.

Na imensa planície de Jericó há uma variedade mui grande de palmeiras, sendo a tâmara a principal. Há também o “bálsamo”, o mel e o sicômoro, bem como cítricos, legumes e verduras. Israel se acampou nessa planície.

Os ricos de Jerusalém, bem como do norte de Israel, costumam passar hoje o inverno em Jericó por causa do seu clima cálido e constante.

De Jericó ao mar Morto

Os árabes costumam chamar essa parte do vale de Ghor. Podemos reconhecer nessa seção três planos diferentes:

  1. O curso das águas.
  2. 2. A planície inferior, com uma largura (do vale) que oscila entre 400 e 1.600 m.
  3. A planície do Jordão, que vai até o mar Morto.

Transjordânia

Como essa região é essencialmente montanhosa, as planícies são poucas e os altiplanos numerosos. As principais planuras desta região são:

Haura. Limita ao sul com a Galaade (Ez 47.16,18).

Galaade. Mesmo sendo um altiplano, a região é extensa. Vai de Basã a Moabe, do Jordão ao deserto. Divide-se em duas partes: Alta Galaade e Baixa Galaade.

Moabe. É toda montanhosa. Alguns arbustos se espalham pela planície. O solo, na periferia, é estéril; no centro, as terras são boas e produtivas.

9. Desertos de Israel

Nas Escrituras, os vocábulos traduzidos como “deserto” incluem não somente os desertos estéreis de dunas, de areia ou de rocha, que surgem mas, igualmente designam terras plainas de estepes e terras de pastagens, apropriadas para a criação de gado.

No Antigo Testamento, o vocábulo “deserto” aparece sob diversas acepções. As principais são:

  1. Midbar
  2. Arabá
  3. Yesimon
  4. Orbáh
  5. Tohu
  6. Siyyah

No Antigo Testamento, as formas gregas de “deserto” coincidem muitas

vezes com as latinas, com exceção do “deserto de Judá”. Em quase todos os textos bíblicos, “deserto” não é propriamente uma região árida, mas um lugar solitário.

Desertos bíblicos

Os principais desertos mencionados na Palavra de Deus situam-se ao sul e ao oriente da Palestina. Os do sul estão todos agrupados na península do Sinai e se dividem em dois grupos:

1. Sur, Sin, Sinai, Parã, Cades, Zim e Berseba. Estes desertos formam um e o mesmo deserto; um colossal deserto, com nomes distintos, apenas para descrever e localizar regiões.

2. Os de Judá e Benjamim são: Maom, Zife, Engedi, Tecoa, Jeruel, Jericó, Bete-Ávem e Gabaom.

Os principais desertos mencionados na Bíblia são: da Idumeia (2Rs 3.8), de Moabe (Dt 2.8), da Arábia (Jr 25.23,24), de Queademote (Dt 2.26), de Diblate (Ez 6.14) e de Bezer (Dt 4.43 e Js 20.8).

De Sin, Israel dirigiu-se para leste e chegou ao deserto do Sinai (Êx 19.1), um vasto maciço montanhoso, localizado no sul da Península. Foi onde o Todo-poderoso deu a Lei ao seu povo, conhecida como “Lei de Moisés”. Nesse sítio Israel permaneceu por um ano (Nm 10.11,12,33).

Duas vezes Israel acampou no oásis de Cades: a primeira quando os doze espias voltaram de reconhecer Canaã, e a segunda quando se descreve a morte de Miriã, irmã de Moisés; logo a seguir, Israel entra em Edom e Moabe (Nm 20.1-21).

Maom, Zife e En-Gedi estão relacionadas com a vida de Davi, quando fugia de seu sogro Saul (1Sm 23, 24, 25, 26). Em Tecoa e Jerusal se desenrolaram os fatos descritos em 2Crônicas 20, isto é, a vitória de Josafá sobre Amom, Moabe e Edom. Amós era boiadeiro e cultivador de sicômoros em Tecoa (Am 1.1; 7.14). João Batista cresceu nessa região até o dia de manifestar-se a Israel (Lc 1.80).

Betsaida, para onde Jesus se retirou após a morte de João Batista e onde multiplicou pães e peixes, ficava ao nordeste da Galileia e ao sul do lago.

10. Vales de Israel

A palavra vale ocorre no Antigo Testamento quase 190 vezes; no Novo Testamento, duas no máximo. Em hebraico existem quatro designações para a palavra “vale”.

  1. Emeque ou bigá. “Desse vocábulo são formados diversos topônimos, alguns de suma importância para o povo de Israel.
  2. Gay ou Ghe. Designa simplesmente um vale estreito e profundo, como o dos “filhos de Hinom”, também chamado Geena e vale da sombra da morte (Sl 23.4).
  3. Nahal. Correspondente ao árabe wadi (uádi).3 Refere-se ao leito de um rio intermitente.
  4. Shefelá (Sefelá). Designa um terreno baixo, particularmente costeiro. Confunde-se muitas vezes com emeque ou bigá.

A Bíblia, naturalmente, menciona muitos vales. Os principais são:

Acor

O nome foi dado por causa de Acã, que desobedeceu à ordem de Deus no tocante aos despojos de Jericó; transgrediu e levou Israel à derrota quando tentou tomar Ai. Acã foi destruído com sua família (Js 7). Esse vale de tristes recordações aparece em outras passagens bíblicas (veja Js 15.7; Is 65.10; Os 2.15).

Aijalom

Lugar onde Josué enfrentou a confederação cananeia (Js 10; 11), e mais tarde os macabeus tiveram decisiva batalha com os siros.

Mishmar Ayalom fica numa colina. Nela, Judas Macabeu derrotou os gregos e abriu caminho para Jerusalém. Em 638 d.C. os árabes se acamparam nessa colina para derrotar os bizantinos. Um sem-número de batalhas foi travado nesse vale pelos cruzados. Na Primeira Guerra Mundial, os ingleses aí derrotaram os turcos. Na guerra de Libertação em 1948, Israel travou sangrentas batalhas com árabes.

Beraca

É o vale pertencente a tribo de Judá. O nome aparece em 2Crônicas 20.26 e descreve o grande livramento de Deus a Josafá contra a coligação de Amom, Moabe e Edom.

Cedrom

O riacho de Cedrom na atualidade está completamente seco. As águas das chuvas que no uádi correm são canalizadas para Jerusalém.

O Cedrom separa Jerusalém do monte das Oliveiras.

O monarca Davi, fugindo de seu filho Absalão, cruzou o vale (2Sm 15.23-30); o rei Ezequias queimou no Cedrom imundícias idolátricas que estavam no templo (2Cr 29.16; 30.14). O Senhor Jesus Cristo, saindo do cenáculo e dirigindo-se ao Getsêmani, também o cruzou (Lc 22.39-44). Ele o cruzou na mesma noite do Getsêmani à casa de Caifás.

Hinom

Pensa-se que Hinom é o nome de seu antigo proprietário, porque Josué, na conquista de Canaã, já o encontrou assim chamado (Js 15.8). O culto bárbaro de Moloque tinha sua sede nesse vale, também associado a outros deuses pagãos, adorados por Acaz e Manassés (2Cr 28.3; 33.6; Jr 32.35). O rei Josias cobriu esse vale com ossos humanos e o tornou imundo (2Rs 23.10-16); Jeremias o condenou e o chamou de “vale de Matança” (Jr 7.31,32). Depois do exílio babilônico, o vale passou a ser usado para queimar cadáveres de criminosos e de animais. A palavra (= vale de) Hinom se tornou geena no vernáculo, como sinônimo de “inferno”.

Escol

Os doze espias enviados por Moisés, depois de percorrerem a terra de

Canaã passaram por Hebrom e no vale de Escol, cortaram um gigantesco cacho de uvas, meteram-no numa vara e dois homens o carregaram no ombro a Moisés, em Cades Barneia (Nm 13.22-24; Dt 1.24). Ainda hoje o vale é famoso pela fertilidade de suas terras e pela produtividade, principalmente de uvas.

Hebrom

Pertencente a Judá ao sul de Jerusalém. A cidade de Hebrom está nesse vale, bem como o famoso “Terebinto de Moré” e a sepultura de Macpela, onde estão enterrados Sara e Abraão, Rebeca e Isaque, Lia e Jacó.

Refaim

Os refains foram derrotados por Quedorlaomer (Gn 14.5) e Deus prometeu a Abraão a terra dos refains (Gn 15.20). A algumas passagens bíblicas, a Septuaginta traduz “gigantes” em lugar de “refains” (Gn 14.5; Js 12.4; 13.12; 1Cr 11.15).

Trata-se de um vale enorme. Desse vale, os filisteus muitas vezes atacaram os exércitos de Israel.

Davi, estando na Cova de Adulão, teve desejo de beber água do poço que estava na porta de Belém. Três de seus homens valentes atravessaram o vale de Refaim, onde se acampavam os filisteus, tiraram água do poço de Belém e a trouxeram a Davi (2Sm 23.13-17; 1Cr 11.16-19).

A rua principal de Bukaa corta a linha férrea Jerusalém-Lode e chega até a estação de energia elétrica, que fica à direita e penetra “Moshava Germanit”, bairro alemão fundado em 1880 por membros da Sociedade dos Templários, expulsos pelos ingleses na Segunda Guerra Mundial.

Siquém

É um vale de aproximadamente 12 km, que corre na direção noroeste. Está entre os montes Ebal e Gerizim. É notável por sua exuberante vegetação e por suas inúmeras nascentes de água.

Siquém é mencionada nos textos egípcios das cartas de Tell el-Amarna. Foi o primeiro lugar onde o patriarca Abraão residiu em Canaã ao chegar da Mesopotâmia (Gn 12.7). Jacó, ao voltar de Harã, armou sua tenda em Siquém (Gn 33.18,19). Jacó mandou enterrar em Siquém ídolos e amuletos de seus filhos (Gn 35). Ao morrer, José foi sepultado nessa região (Êx 13.19; Js 24.32).

Sidim

É um vale na região do mar Morto e, às vezes, identificado com o

próprio mar Morto. Está localizado nas proximidades da Pentápolis. Na região havia um sem-número de poços de betume (Gn 14.10).

A geologia, a topografia e a hidrografia, auxiliadas pela arqueologia, encontraram na referida península restos de cidades que parecem coincidir com as cidades região.

Tudo indica que nos dias de Ló esse vale era verdejante, produtivo e

muito bonito (Gn 13.10-13).

Soreque

Terra natal de Dalila (Jz 16.4). A região é célebre pelas atividades de Sansão contra os filisteus. Sansão foi sepultado junto com seus pais, entre Zorá e Estaol (Jz 16.31). Soreque era limite entre Judá e Dã.

Terebintos

Palco de sangrentas batalhas entre israelitas e filisteus (1Sm 17.2-19; 21.9). Davi matou o gigante Golias nesse vale.

11. Estradas e caminhos da Palestina

Na Palestina, tanto no Antigo como no Novo Testamento, havia dois tipos de estradas. O primeiro tipo que se referem a um caminho mais largo, mais regular, próprio para o trânsito de tropas com ou sem carro, tanto de guerra como comercial.

O segundo termo não propriamente um “atalho”, um “trilho”, mas um caminho batido pelos pés dos homens e dos animais, principalmente de camelos.

Geograficamente Israel estava plantado no mundo antigo entre as duas

superpotências da época: Egito, no ocidente, e Mesopotâmia, no levante.

Essas potências disputavam a hegemonia do mundo e lutavam. Israel era o

caminho inevitável para as grandes disputas.

Nas estradas e os caminhos se estabeleciam o intercâmbio espiritual, cultural e comercial entre os povos. Se estabelecia o intercâmbio espiritual, cultural e comercial entre os povos. Os romanos, com propósitos militares, construíram muitas estradas. Pela direção que tomavam e pelo curso que seguiam, as principais estradas de Israel eram:

Via Maris. Saía de Damasco e se dirigia a Tolemaida, no Mediterrâneo. Entrava em Israel pela ponte Benat Ya-Qub, ao sul do então lago de Hula (Águas de Merom). Os romanos prepararam um grande porto em Cesareia, capital política do Império no Oriente Médio. Ficava ao sul do monte Carmelo, na tribo ocidental de Manassés. Uma parte dessa famosa via era pavimentada.

Estrada do Centro. Eram na verdade duas estradas. Uma saía de Jerusalém e se dirigia para o sul, passando por Belém, chegava em Hebrom. A outra Estrada do Centro saía também de Jerusalém e seguia para o norte, passando por Betel, Siquém, Citópolis (Bete-Seã), Cafarnaum, até encontrar-se com a Via Maris. Em Bete-Seã, cruzando o Jordão, unia-se à estrada do Leste.

Estrada da Costa. Saía do Egito, de um dos pontos da fértil região do Delta. Seguia por uma região deserta, tanto como 120 km, e atingia o Mediterrâneo na altura de Gaza. Continuava, pela costa, até Ascalom, Jamia, Jope, Cesareia,Tolemaida, Tiro e terminava em Sidom.

Estrada do Leste. Saindo de Jerusalém, cruzava o vale de Cedrom, subia o monte das Oliveiras, chegava a Betânia. Descia para Jericó. Em Filadélfia (Pereia do Novo Testamento), um ramal seguia para Gerasa, Pela, Betábara e, no sul do lago de Tiberíades, por um passo natural, atravessava o Jordão e penetrava na região da Galileia. Era o caminho perlustrado pelos judeus que iam da Galileia para Jerusalém. O Senhor Jesus palmilhou esse caminho inúmeras vezes.

Caminhos secundários

Havia caminhos secundários, de curta distância e não muito percorridos, como:

1. O que saía de Anatote e passava por Hismã, Gabaa, Micmás, Ramum e

terminava em El-Tayibah.

2. O de Nazaré a Cafarnaum, passando por Caná, Genesaré.

3. O de Jericó a Jerusalém, através do úadi El-Qelt;

4. O de Jericó a Gabaom, também pelo úadi El-Qelt, úadi El-Fawwar, Gabaa, El-Ram.

5. O de Jericó a Ai e Betel,

6. O de Tiro a Cesareia de Filipe.

7. Na Transjordânia, um trem chega até Medina e Meca.

8. O do Sinai foi o que Moisés seguiu do Egito até o mar Vermelho e depois na

península do Sinai, marginando o Suez e depois o Ácaba, até Edom e Moabe.

12. Climas da Palestina

Geograficamente, a Palestina situa-se na faixa subtropical; seu clima,

portanto, é sui generis, com apenas duas estações: chuvosa com frio e seca

com calor. Existem três climas distintos nesse país:

  1. Montanhas. Israel é um país essencialmente montanhoso.
  2. Litoral. Israel confina a ocidente com o mar Mediterrâneo. A brisa marinha é constante, principalmente à noite. No inverno, em Gaza e em Jafa, a temperatura baixa para 14º; algumas vezes, um pouco menos. No verão sobe para 23º, e na maior intensidade do verão, até 34º.
  3. Deserto. Quando o Jordão sai do mar da Galileia, corre a 200 m abaixo do nível do mar Mediterrâneo; em Jericó a 300 m e, por último, quando entra no mar Morto, está a 400 m. O Jordão corre de norte para sul entre duas muralhas de montes.

Jericó é um lugar diferente e com um clima também diferente. Nunca

chove.

Estações

Pelos textos de Gênesis 8.22; Isaías 18.6 e Zacarias 14.8, e talvez outros, concluímos que em Israel e em todo o Oriente Médio havia somente duas estações: verão e inverno.

O verão começava em abril e se estendia até setembro. O tempo era bom e seco; era o tempo das colheitas, dos trabalhos agrícolas. Eram seis meses de completa seca.

Os rabinos dividiam o ano em seis estações de dois meses:

1. Colheita — de 16 abril a 15 junho.

2. Cálida — de 16 junho a 15 agosto.

3. Estio — de 16 agosto a 15 outubro.

4. Semeadura — de 16 outubro a 15 dezembro.

5. Inverno — de 16 dezembro a 15 fevereiro.

6. Fria — de 16 fevereiro a 15 abril.

Chuvas

Diferentemente do Egito, onde não chove, em Israel são abundantes as

chuvas na estação própria (Dt 11.14; 1Sm 12.17,18). As primeiras chuvas caem em outubro; são aguaceiros fortes, geralmente com trovoadas. No litoral, as chuvas são torrenciais e mais frequentes; nas montanhas, finas e continuadas. No deserto dificilmente chove.

A Bíblia menciona a chuva “serôdia”, ou seja, a “chuva tardia” (Pv 16.15; Jr 3.3; 5.24; Os 6.3; Jl 2.23; Am 7.1; Zc 10.1). Também registra “chuva de pedras” ou granizo (Js 10.11). Por último, o Livro Santo menciona o famoso “orvalho”, que era e ainda é abundante em Israel, e cai até mesmo nas regiões desertas.

As precipitações pluviais, na média de um ano, chegam a 1.090 mm

Calendário

Entre os hebreus, tudo era regulado pela lua.

O princípio do mês — Rosh Khodesh — era determinado pela primeira

aparição da luz, no ocidente, durante o crepúsculo vespertino (1Sm 20.5-18,24-27). Os nomes hebraicos dados aos meses expressam características

próprias, como por exemplo:

1. Abibe — mês das espigas (Êx 13.4; 23.15; Dt 16.1).

2. Zive — mês das flores (1Rs 6.1-37).

3. Etanim — mês da enchente dos rios (1Rs 8.2).

4. Bul — mês das chuvas (1Rs 6.38).

5. Nisã — março-abril

6. Jyyar — abril-maio

7. Tisri — setembro-outubro

8. Morshevã — outubro-novembro.

O ano hebreu

O ano hebreu era “solar”. Assim como a lua servia para determinar os meses, o sol determinava a duração e a sucessão dos anos. Não era como entre os antigos egípcios nem como o dos muçulmanos, que atrelavam o ano à determinação do curso das estações e da renovação dos trabalhos agrícolas. Com base em Êxodo 23.16, sabemos que as grandes festas dos judeus determinavam o princípio, o meio e o final do ano, que era lunissolar.

13. Geografia econômica de Israel

Em Deuteronômio 32.13,14, Deus descreve a fertilidade da terra de Canaã e sua exuberância com as belíssimas e oportunas figuras: “comer as messes do campo”, “chupar mel da rocha e azeite da dura pederneira”, “coalhada de vacas”, “leite de ovelhas”, “gordura dos carneiros”, “escolhido trigo” e “sangue de uvas”.

Canaã era realmente uma terra maravilhosa e farta, com chuvas do céu

e com colheitas abundantes. Em linhas gerais, a fauna, a flora e a mineração da Palestina.

A fauna

A Bíblia menciona animais em todos os seus livros, exceto Rute. A palavra “leão” (lebi, sahol, lavis) ocorre dezenas de vezes. Parece que seu habitat era a “floresta do Jordão” (Jr 49.19; 50.44). Esse animal existia em Israel ao tempo de Sansão (Jz 14.5,6) e nos dias de Jeroboão, rei de Israel (1Rs 13.24).

Levítico 11 e Deuteronômio 14 fornecem uma lista de 50 animais, puros e imundos, que podiam ser comidos e não.

A fauna palestinense foi exterminada por freqüentes incêndios provocados pelos exércitos que conquistavam Israel e pela simples derrubada selvagem das reservas naturais. Com o desaparecimento da flora, desapareceu a fauna.

A Bíblia ensina a amar os animais e a protegê-los (Êx 22.30; 23.5; Dt

5.14; 22.6,7,10,30; 25.4; Dt 32.10,11; Os 11.10).

A Enciclopedia de La Biblia cataloga 50 espécies de mamíferos mencionados na Bíblia. Os nomes desses catálogos aparecem em hebraico, grego, latim, castelhano e cada um com referência bíblica.

Flora

A flora bíblica é riquíssima. Mais de cem vegetais são mencionados somente na terra palestínica. Fora da Bíblia, em Israel, há mais de 1.300 espécies. Salomão estudou as plantas (1Rs 4.33). Vejamos as famílias mais importantes e mais mencionadas na Palavra de Deus.

Cereais leguminosos

  1. Trigo
  2. Espelta
  3. Cevada
  4. Milho
  5. Favas
  6. Lentilhas
  7. Alfarroba

Hortaliças

Cinco hortaliças são mencionadas em Números 11.5: pepinos, melões, cebola, alho e alho silvestre (também chamado de “alho-poró”). Há traduções bíblicas que em lugar de “melões” trazem “melancia” (como a Nova Versão Internacional), completamente desconhecida na Bíblia.

Árvores frutíferas

A Bíblia registra um grande número de árvores frutíferas, nativas ou

cultivadas na Palestina. As principais são:

  1. Figueira
  2. Sicômoro
  3. Romeira
  4. Videira
  5. Palmeira
  6. Amendoeiras
  7. Macieira
  8. Oliveira
  9. Amoreiras
  10. Nogueira

Condimentos, incenso e bálsamo

São inúmeras as palavras que aparecem na Bíblia para designar condimentos, incensos e bálsamos.

  1. Endro.
  2. Coentro
  3. Cominho
  4. Nigela
  5. Menta
  6. Mostarda
  7. Açafrão
  8. Aloés
  9. Incenso
  10. Mirra
  11. Nardo

Árvores do bosque

  1. Acácia
  2. Cedro
  3. Cipreste
  4. Hissopo
  5. Murta
  6. Oliveira selvagem
  7. Tamargueira
  8. Terebinto
  9. Carvalho
  10. Salgueiros

Plantas de adorno

O livro também apresenta informações interessantes sobre plantas de adorno e aquáticas, ervas e cardos.

Plantas diversas

  1. Ervas amargas
  2. Alcaparra
  3. Mandrágora
  4. Maná

Minerais

São muitos os minerais registrados na Bíblia.

  1. Ouro. O ouro fundido e purificado é chamado paz; e zahab sagur é o ouro maciço. Na Palestina não havia nem há ouro.
  2. Prata. Não havia minas de prata na Palestina. Era toda importada. Usada como dinheiro, como Abraão fez com os filhos Hete (Gn 23.15);
  3. Ferro. O minério de ferro vinha do Líbano, perto da atual Beirute. Mencionado na Bíblia em Gênesis 4.22.
  4. Enxofre. Em estado natural nas regiões vulcânicas. Abundante nas imediações do mar Morto (Gn 19.24; Sl 11.6; Ez 38.22; Lc 17.29; Ap 9.17,18 etc.). Existe em grande quantidade em Israel.
  5. Asfalto.
  6. Piche. Produto de destilaria.
  7. Betume. Derivado natural do petróleo cru. Encontrado na Mesopotâmia.
  8. Cobre. O cobre com estanho resulta no bronze. Essa liga era preparada por Salomão na planície do Jordão (2Cr 4.17). O bronze foi largamente trabalhado por Hirão e seus artífices na

construção do templo de Jerusalém.

  1. Estanho. Pouco usado nos tempos antigos. Era confundido com o chumbo. Também importado de Társis.
  2. Chumbo. Muito citado na Bíblia (veja Êx 15.10; Nm 31.22; Jó 19.24; Jr 6.29; Ez 22.18-20; 27.12; Zc 5.7,8). Era usado como

tablete para inscrições.

Pedras preciosas

A expressão “pedras preciosas” aparece quase 30 vezes na Bíblia (veja,

por exemplo, Et 1.6).

Pedras

A palavra “pedra” aparece na Bíblia mais de 300 vezes.

Em Israel, Tudo é pedra. Pedra por toda parte. Salomão tinha 80 mil homens que talhavam pedras nas montanhas (1Rs 5.15). Essa matéria mineral era usada de muitos modos: em inscrições, como as duas tábuas de Moisés no Sinai, na construção de casas, muros, palácios, fortalezas; como muretas nos canteiros de lavoura, nas fundas, como a de Davi, nos aríetes e catapultas; para eriçar de altares, na boca de poços, entrada de sepulcros; para canivete, como o de Josué; para vasilhas e utensílios domésticos. Pelo atrito, produzia fogo. A primeira fonte de divisas do atual Israel é o diamante.

Turismo

O turismo é outra excelente fonte de divisas. Anualmente 2,5 milhões de turistas visitam Israel. Nesse número não se contam os árabes vizinhos que visitam parentes em Israel. Seus portos de Eilate, Jafa e Haifa são de grande movimento e fabulosa renda.

Pesos e medidas

Metrologia é a ciência que estuda pesos e medidas.

Saber a correspondência a nossos pesos e medidas facilita a leitura e a compreensão do texto bíblico.

14. Usos e costumes de Israel

Casas

A habitação do judeu podia ser muito simples ou muito rica, até de marfim, como havia algumas em Samaria no tempo de Acabe. Os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó habitavam em tendas (Hb 11.9). Entretanto, Abraão procedia de Ur dos Caldeus, onde o povo morava em casas.

Quando Israel possuiu a terra de Canaã, passou a habitar em casas.

Referindo-se ao tamanho da casa, Eric Heaton afirma: “As grandes famílias, em muitos casos, viviam, trabalhavam, comiam e dormiam num único quarto, o qual também era habitado, durante uma boa parte do ano, por uma ou duas ovelhas”.

As portas (Jo 10.7) e janelas (Dn 6.10) eram necessárias nas habitações. Nas mais abastadas havia muitas portas e não poucas janelas. Nas mais pobres havia uma porta na frente e outra que dava para o quintal. Dificilmente havia janelas. As portas eram de madeira, giravam sobre seus gonzos e eram fechadas com trancas e tramelas (Sl 147.13).

Nos lugares mais frios usava-se lareira, como podemos ver em Jeremias

36.22.

Em cada casa havia uma escada externa que levava ao telhado e à torre

da casa.

Móveis e utensílios

Os móveis de uma casa hebreia, além de não serem muitos, eram pouco sofisticados.

Cama

Uma das mobílias indispensáveis numa casa era o leito. Jacó abençoou

os filhos reclinado numa cama (Gn 47.31), que era alta e na qual ele morreu (Gn 49.33). Davi tinha uma cama (1Sm 19.13). Em 2Reis 4.10 temos a descrição de um quarto mobiliado (cama, cadeira, mesa e candeeiro). As camas eram duras, tanto assim que o Senhor as afofava (Sl 41.3), uma referência ao colchão. Usava-se lençol (Lc 23.13), colcha (Pv 7.16) e travesseiro (Mc 4.38; Sl 4.4), embora o de Jacó fosse de pedra (Gn 28.11). Havia leitos de ferro (Dt 3.11) e de marfim (Am 6.4). Os pobres, porém, dormiam em esteiras.

Mesas

Na Palestina usavam-se três tipos de mesa:

1. Um tapete estendido no chão ao redor do qual ficavam os comensais. Na

multiplicação dos pães, a relva serviu de tapete (Mc 6.39).

2. Pedaços de madeira empilhadas e a família ao redor.

3. Mesas em forma de “U”. Eram baixas, medindo entre 30 e 40 cm. Os convivas se reclinavam apoiados em almofadas. Numa das pernas do “U” sentava-se o chefe da família e na outra o filho mais novo.

Pratos

Não havia pratos pequenos como os que usamos hoje. Não eram individuais. Eram pratos grandes, travessas, travessões e coisas semelhantes onde se levava comida à mesa (1Sm 9.23).

Talheres

Garfo, faca e colher, como as que usamos hoje, não havia. No centro da

mesa ficava o prato com o alimento e cada um molhava nele o seu pão (Jo 13.26) ou tirava a sua parte de alimento.

Assentos

Nas sinagogas havia cadeiras (Mc 12.39). Jesus derrubou as cadeiras dos cambistas (Mt 21.12). Usavam-se almofadas como cadeira, também uns banquinhos toscos e uma cadeira maior, mais ou menos do tipo de um divã.

Lâmpadas

Mateus 5.15 menciona uma lâmpada. No princípio, era em forma de pires com uma aba ao redor. Evoluiu para uma lâmpada ou fifó. De barro ou de metal, um invólucro com azeite de oliveira ou de sésamo, com um pavio feito de algodão ou lã. As lâmpadas do templo de Salomão eram de ouro e grandes.

Alimentos

O pão era alimento de cada dia e para todo mundo. O mais comum e barato era o de cevada (Jo 6.9). O trigo era mais difícil e, portanto, mais caro. Cada um precisava cultiva, colher e moer o trigo ou a cevada.

Além do pão, o leite também era alimento importante.

A base da alimentação de Israel era a carne: bovina, caprina e pescado (2Sm 6.19). Comiam-se legumes em grande quantidade, principalmente pepinos, cebola, alhos, melões e frutas (2Sm 16.1,2; Jr 40.10-12; Mq 7.1).

A uva era comida fresca, na colheita, e depois preparada em passas e vinho.

Água

Quase sempre vinha de poços. Devido ao sabor desagradável da água, o israelita bebia muito leite azedo e vinho. No sul da Palestina, a água é escassa.

Vestuário

A Bíblia apresenta diversas peças do vestuário:

1. Vestes sacerdotais (Êx 28).

2. Ornamentos sacerdotais (Êx 28.4-32; Lv 16.4; Ez 44).

3. Vestes reais (2Rs 11.12; Et 6.8,9; Sl 21.2; Is 62.3).

4. Vestes masculinas. O Antigo Testamento não dá muita informação sobre o modo de o homem daquele tempo se trajar.

As vestes de luto (hebraico, kasah, labás, lebus, saq) denotavam tristeza

por morte e arrependimento (2Rs 19.1,2; Et 4.1,2; Is 37.1,2; Jn 3.5,6). Esse pano (de saco) era usado diretamente sobre a pele, debaixo das vestes usuais (2Rs 6.30).

Cabelo e barba eram elementos de beleza e dignidade (2Sm 10.4). Os homens usavam certos adornos (Nm 15.38-41; Dt 22.12). (Para calções masculinos, veja Êx 28.42, Lv 6.10, Dn 3.21 etc).

Pijama e camisola não existiam.

  1. Vestes festivais. Eram semelhantes às do povo, mais ricas e mais sofisticadas (veja Gn 27.15; 41.14; 45.22; Jz 14.12; 2Sm 12.20; 1Rs 10.25; Dn 5.7; Mt 22.11,12; Mc 9.3; Lc 15.22; 1Tm 2.9; Ap 3.4).
  2. Vestes. As figuras masculinas aparecem com trajes claros (branco ou amarelo), em oposição às femininas, que aparecem vestidas com cores escuras e coloridos fortes.

As mulheres usavam cosméticos, pinturas, adornos, adereços e jóias (veja Is 3.18-22; Ez 23.40).

  1. Véu. Era um pedaço de pano que servia para cobrir a cabeça e o rosto.

Família

Na Bíblia, a família é de origem divina. Nasceu debaixo das potentes mãos do Senhor, que abençoou a primeira união conjugal. No hebraico não existe o termo família. O mais aproximado é o beth (casa), que é o vertido para “família”.

A família hebraica era essencialmente patriarcal.

Por Mateus 19.1-8 sabemos que a monogamia foi o grande ideal de Deus desde “o princípio”, como disse Jesus.

O divórcio era permitido no Antigo Testamento como “tolerância”, não como plano divino (1Cr 8.8), e foi condenado pelo Senhor Jesus (Mc 10.2-12).

O sacerdote não podia se casar com mulher repudiada, prostituta ou viúva, a não ser que esta fosse viúva de sacerdote (Lv 21.14).

Noivado era coisa muito séria nos dias do Antigo Testamento.

Jacó pagou dote para desposar Raquel e precisou pagar também por Lia

(Gn 29.20-27). Essa prática passou a fazer parte da Lei (Êx 22.17; Dt 22.28,29; 1Sm 18.25).

Não existe no hebraico bíblico a palavra “solteiro”. A mulher estava sujeita ao pai enquanto não casasse; depois de casada, ao marido.

O filho primogênito tinha porção maior na herança do pai. À família, podiam ser acrescentados adh (irmão) e ahoth (irmã), que em alguns casos eram parentes consanguíneos. A instrução dos filhos era ministrada no lar e mais tarde na sinagoga.

A mulher hebraica desfrutava de muitas regalias na vida social, não

encontradas em outros povos da antiguidade.

Houve mulheres hebraicas proeminentes como Débora, Hulda e

outras.

Saudações

As saudações eram acompanhadas de um movimento de corpo:

1. Levantar-se diante de um ancião (Jó 29.8).

2. Apear do cavalo (1Sm 25.23).

3. Correr ao encontro de alguém que chegava (Lc 15.20).

4. Pegar da barba e beijar (2Sm 20.9).

5. Prostrar-se com o rosto em terra (Gn 33.3).

6. Abraçar os pés (2Rs 4.27; Mt 28.9).

Luto

Os povos orientais, principalmente os de origem semita, são muito sentimentais. Fazem profundas lamentações quando lhes morre um parente.

Sabe-se que os israelitas “enterravam” seus mortos, prática herdade dos sumerianos (Gn 47.29; Js 24.32; 1Rs 13.29). Antes do sepultamento, preparavam o cadáver, como lemos em João 19.38-42. Não usavam caixão para o morto, via de regra.

Os judeus sepultavam seus mortos:

  1. Em cavernas naturais.
  2. Comumente na terra, como se faz hoje Daí o emprego no Antigo Testamento de verbos como “enterrar” e “sepultar”, ou de palavras como “sepulcro” e “túmulo”.
  3. Podia ser um sepulcro cavado na rocha, como foi o de Lázaro (Jo 11): uma caverna cavada na pedra, da superfície para a profundidade, cujo acesso é mediante degraus feitos na pedra. Embaixo é uma espécie de salão amplo com dois compartimentos. No mais interior, depositaram Lázaro.

Festas de Israel

No passado, como no presente, os filhos de Israel comemoravam suas

festas. Eram prescritas pela Lei de Moisés. Todas com um objetivo: o de glorificar a Deus.

Formas de colonização do Israel de hoje

Nos tempos bíblicos, Israel foi um povo essencialmente agrícola. Mesmo nos dias de hoje, isso não mudou. Cidades como Jerusalém, Tel-Avia, Hebrom,

Belém, Nazaré, Tiberíades, Berseba e outras concentram o comércio, os grandes hotéis e os centros de diversão, como cinema, teatro etc. Mas o forte da vida comunitária do Israel de hoje está no campo, na zona rural.

A partir do século XIX, em Israel apareceram as primeiras colônias comunitárias.

  1. Moshava. designa uma aldeia. Foi a primeira forma de colonização rural no Israel hodierno.
  2. Moshav. é uma aldeia de pequenos proprietários.
  3. Moshav shitufi. Aldeia coletiva de pequenos proprietários.
  4. Kevutza e kibutz. Todos os seus membros vivem juntos e juntos trabalham a terra que o Fundo Nacional Judeu lhes arrenda.

O kibutz é uma kevutza ampliada, com pequenas indústrias. O primeiro kibutz — Degania A — foi fundado em 1910, sendo privatizado em 2007.

Há o Haoved Hatisioni, que é um aglomerado de kibutzim pertencentes ao Partido Liberal Independente.

15. Cidades de Israel

Quando os filhos de Israel chegaram a Cades Barneia, Moisés enviou doze homens para espiar a terra de Canaã, de Dã a Berseba, do Grande Mar ao Jordão, com o seguinte propósito: “E qual é a terra em que habita, se boa ou má; e que tais são as cidades em que habita, se em arraiais, se em fortalezas. Também qual é a terra, se fértil ou estéril; se nela há matas ou não.

Três espécies de “cidades” devem ser distinguidas:

1. Quiriat ou ‘îr é uma cidade propriamente dita.

2. Sha-ar ou quefar indica uma aldeia aberta, isto é, sem muros.

3. Irmibsar é uma cidade fortificada.

O livro de Josué menciona a existência de mais de 600 cidades. As cidades antigas eram muradas e tinham grandes portas de ferro ou de bronze, com fortes ferrolhos e trancas (Jz 16.3); as menores contavam com uma só porta (Lc 7.12).

As ruas eram estreitas e escuras. Cada cidade contava com praças grandes para mercado e reuniões populares (Ne 8.1,3; Jó 29.7).

Ao tempo do ministério terreno de Jesus, as cidades contavam com densa população. As grandes multidões que acompanhavam o Mestre vinham da região do Decápolis, de influência helênica marcante, portanto mais liberal do que as massas judaicas, cheias de preconceitos raciais e religiosos.

Será impossível descrever as centenas de cidades palestinenses alinhadas na Bíblia. Algumas foram destruídas, outras abandonadas, outras soterradas e outras transformadas.

Algumas das mais importantes são:

Hebrom

Números 13.22 diz que Hebrom foi fundada sete anos antes de Zoã, no

Baixo Egito, mais ou menos em 1750 a.C. (época de Tânis). É das mais antigas do mundo. Abraão viveu na região.

A Bíblia registra os principais acontecimentos de Hebrom através dos séculos:

1. Abraão edificou um altar ao Senhor (Gn 13.18).

2. De Hebrom Abraão saiu para libertar Ló (Gn 14.13-24).

3. Em Hebrom nasceu Ismael (Gn 16).

4. Abraão hospedou mensageiros celestiais (Gn 17.1; 18.1-15).

5. Morreu Sara. Abraão comprou a Efrom, o heteu, o campo e a gruta de Macpela e ali sepultou Sara (Gn 23).

6. Outras pessoas foram sepultadas em Macpela (Gn 25.7-11; 49.29-31; 50.13).

7. Abraão, Isaque e Jacó viveram em Hebrom (Gn 35.27; 37.1).

8. Isaque viveu muitos anos em Hebrom (Gn 35—37).

9. José viveu em Hebrom com seus irmãos (Gn 37).

10. De Hebrom, Jacó e sua família são levados ao Egito (Gn 46.1).

11. Os doze espias passam por Hebrom (Nm 13.22-24).

12. Hoão, rei de Hebrom, foi vencido por Josué (Js 10.3).

13. Calebe herda Hebrom e alarga seus territórios (Js 14.6-15; 15.14-19).

14. A cidade levita tornou-se pertencente a Judá (Js 15.54; 21.13).

15. Cidade de refúgio (Js 20.7).

Jericó

Localização

Situa-se no vale do Jordão. Pertencente à tribo de Benjamim (Js 18.21).

Arqueologia

Na realidade, há três Jericós, a saber:

  1. A de Josué.
  2. Outra é a Jericó herodiana.
  3. A última é a Jericó atual, chamada El-Riha.

Desde o século XIX os arqueólogos escavam Jericó.

A palavra “Jericó” ocorre mais de 50 vezes no Antigo Testamento, sendo 26 no livro de Josué.

É a cidade mais verde do Israel de hoje. Junto a Jericó estão casinhas abandonadas, centenas e centenas; é o campo de refugiados palestinos, completamente abandonado desde 1967.

Testemunho da Bíblia

A Bíblia registra os seguintes e importantes fatos relacionados com Jericó:

1. Moisés contou os israelitas diante de Jericó (Nm 26.3-63).

2. O Senhor falou a Moisés (Nm 31.1).

3. Jericó era uma grande cidade, com altas muralhas e governada por um rei (Js 2.5-15).

4. Josué enviou a Jericó dois espias (Js 2).

5. Foi tomada por Israel e declarada anátema (Js 5.13-6.27).

6. O pecado de Acã (Js 7).

7. Sua queda infundiu temor nos reinos vizinhos (Js 10.1-30).

8. Dada à tribo de Benjamim (Js 18.12-21).

9. Reedificada por Hiel, o belemita (1Rs 16.34; Js 6.26).

10. Elias e Eliseu passaram por ela indo ao Jordão (2Rs 2.4-18).

Belém

A Bíblia registra dois lugares com esse nome: Belém de Zebulom (Js 19.15) e Belém de Judá (Jz 17.7). Belém fica sobre um alto monte. Por sua posição geográfica, é uma fortaleza natural. Não existem mananciais de água em Belém.

Na primeira ocorrência de Belém nas Escrituras Sagradas, ela está relacionada com a morte de Raquel (Gn 35.19).

Belém cidade foi palco de notáveis acontecimentos. Vale a pena recordá-los:

1. Micaia contratou os serviços de um jovem levita para ser sacerdote de seu ídolo (Jz 17.7-13).

2. A concubina do levita da região montanhosa de Efraim era de Belém e foi ultrajada em Gibeá de Benjamim (Jz 19).

3. Em Belém, Rute, a moabita, se encontrou com Boaz, com quem se casou, dando-lhe um filho de nome Obede, que foi pai de Jessé, e este pai de Davi (Rt 4.21,22).

Muros e portas

Belém foi uma humilde aldeia no tempo de Boaz, e continuou a ser no tempo de Davi. Nos dias do nascimento de Jesus, ainda era uma aldeia insignificante. Nas atividades do seu ministério, Jesus nunca visitou Belém.

A cidade, sob o domínio israelense, cresceu extraordinariamente. Seus

muros e suas portas continuam. Seu comércio é fabuloso.

O poço

A Bíblia se refere ao poço junto à porta de Belém (2Sm 23.14-24; 1Cr 11.16-26). Davi, que nasceu e viveu em Belém, conhecia muito bem esse poço. Na ocasião, a cidade estava sob o poder filisteu. Os valentes de Davi romperam as fileiras inimigas, tiraram água e a trouxeram a Davi.

Fertilidade do solo

Os campos de Belém ainda hoje conservam a mesma fertilidade e exuberância que nos dias de Noemi. Hoje se cultiva milho, trigo, cevada, oliveira, figo, uva. Também se cria gado.

Campos de Boaz

O livro de Rute descreve o romance que resultou no casamento da fiel moabita com Boaz, homem rico e com muitos bens. Foi nesses campos, hoje são assinalados nos arredores da cidade, que Rute se encontrou com Boaz.

Água

Sempre foi escassa em Belém. São três superpostas em forma de escada e cavadas na rocha. A maior mede 160 m de comprimento, por 55 m de largura e 14 m de profundidade. Resistindo aos séculos, elas continuam alimentadas com água de chuva e com as de uma nascente que brota a uns 300 m mais altos.

O túmulo de Raquel

Sabemos que Jacó sepultou Raquel em Belém (Gn 35.19).

Campos dos pastores

Nos arredores de Belém (fora da cidade) havia pastores que guardavam

os rebanhos durante as vigílias da noite (Lc 2.8-20). Um anjo do Senhor foi até eles e lhes deu a grande nova do nascimento de Jesus.

Jope

Foi incluída nos territórios do Estado de Israel em 1948. Porto importante e próspero.

Foi construída sobre um promontório rochoso de pouca altura. Na entrada do porto, existe uma rocha no mar que é o lugar apontado pela mitologia onde Andrômeda foi amarrada para ser devorada pelo monstro marinho e Perseu o matou, libertando-a.

No Antigo Testamento

1. Na distribuição das terras entre as tribos de Israel, caiu para Dã (Js 19.46).

2. Os filisteus investiram sobre Dã, tomando-lhe terras e obrigando-o a procurar lugar em terras do norte (Js 19.47).

No Novo Testamento

Atos 9.36-43 registra a vida e o trabalho de Dorcas ou Tabita, também sua morte e ressurreição por instrumentalidade de Pedro.

Fora da Bíblia

1. Jope foi uma das cidades capturadas por Senaqueribe da Assíria.

2. Depois do domínio assírio, caiu sob o poder dos sidônios. Artaxerxes III (358-338) tomou-a dos sidônios, libertando-a.

3. Conquistada por Alexandre, o Grande, anexada por Ptolomeu I ao Egito após a batalha de Ipso (301 a.C.), permanecendo com os egípcios até 197 a.C., quando Antíoco III, o Grande, a anexou ao Império Selêucida.

Nazaré

O nome “Nazaré” aparece apenas no Novo Testamento.

Nazaré está edificada sobre um alto e grande monte, a uma altitude de

375 m sobre o mar (Lc 4.29); na estação chuvosa, as encostas do monte ficam recobertas de lindas flores, nos mais encantadores matizes.

Nas faldas do outeiro, onde está edificada Nazaré, existem restos de uma civilização que floresceu na Idade do Ferro II (900 a 550 a.C.).

Nazaré hoje é uma cidade grande com milhares de habitantes (cristão na maioria). O comércio está quase todo nas mãos dos árabes. Nos primeiros

séculos cristãos, Nazaré era uma cidade judia.

O número de edificações históricas em Nazaré é muito grande. Eis

alguns:

Nova Igreja da Anunciação

Inaugurada em 1969. É um templo grande, moderno, todo de cimento

armado e muito bonito.

A Igreja de São José

Separada da Igreja da Anunciação por um convento dos franciscanos, foi dedicada em 1914.

Museu

Junto à Igreja de São José, está o museu com peças decoradas de antigos edifícios da região.

Igreja — Sinagoga

Católica grega. Ao lado do templo há uma pequena sinagoga, tida como a que Jesus assistia quando residia em Nazaré (Lc 4.16).

Cafarnaum

Importante centro comercial da Baixa Galileia, escolhida por Jesus como o quartel-general de suas atividades messiânicas. Mencionada exclusivamente nos Evangelhos: Mateus, 4 vezes; Marcos, 3; Lucas, 4; e João, 5.

A localização da famosa cidade causou as mais acesas polêmicas através dos séculos. Foram duas as correntes principais: uma localizou Cafarnaum, com Pedro Bellon, no segundo quartel do século XVI, em El-Minayah, sítio próximo de El-Tibigah, a mais ou menos 3 km de Tell Hum.

No entanto, em 1878, os defensores de que Cafarnaum ficava em Tell Hum apresentaram provas irrefutáveis de sua localização. Hoje os especialistas aceitam sem reservas essa segunda versão. Tell Hum, hoje, comprovado até pela arqueologia do moderno Estado de Israel, é a Cafarnaum dos Evangelhos.

Cafarnaum foi destruída em 665 d.C. Com o tempo, foi soterrada. As

ruínas do Tell Hum medem 1 km de comprimento por 300 m de largura. A noroeste do mar da Galileia ficava Cafarnaum. Em 1894, os franciscanos compraram o local. Em 1905, os próprios franciscanos continuaram o trabalho arqueológico.

O Senhor Jesus Cristo passou 18 meses ou mais do seu ministério terreno em Cafarnaum.

O Mestre realizou grandes obras e operou maravilhosos milagres nessa cidade:

1. Curou o servo do centurião (Mt 8.5-13).

2. Curou o paralítico trazido pelos quatro amigos (Mc 5.22-43).

3. Curou um leproso (Mc 1.40-45).

4. Curou o homem da mão mirrada (Mc 3.1-5).

5. Curou a sogra de Pedro (Mt 8.14,15).

Samaria

Uma cidade e, profeticamente, o “país de Israel”; desempenhou papel preponderante no curso da história do povo de Deus.

Localização

Está na região montanhosa do centro da Palestina, a 400 m sobre o

Mediterrâneo e a 150 km sobre o vale. Dista 60 km ao norte de Jerusalém e 30 km da costa marítima.

O monte é inexpugnável. Rendeu-se algumas vezes por cercos prolongados. O monte de Semer domina o vale de Esdraelom.

História

A maior parte da construção da cidade, foi obra de Acabe, um excelente administrador, ultrapassado apenas por Herodes, o Grande, séculos mais tarde. tarde. A parte mais importante de Samaria foi feita no monte. A engenharia fenícia funcionou tanto com Salomão como com Acabe. Ao redor da casa real, vale dizer, no cume, foi levantado um muro que serviu de plataforma. Dentro desse círculo amuralhado, além da casa real que ocupou a crista do morro, foram construídos os mais importantes edifícios, tanto da administração, como residenciais.

Ben-Hadade II, da Síria, cercou Samaria (1Rs 6.25), mas Deus, por meio de Eliseu, a libertou (2Rs 7). Acabe foi sepultado em Samaria (1Rs 22.37) e mais tarde toda a sua casa pereceu às mãos de Jeú (2Rs 10.1-14).

Arqueologia

Em 1931, estendendo-se até 1935 toda Samaria foi desenterrada.

Samaria foi tomada por Alexandre, o Grande, e quase reedificada (331 a.C.). Muitos edifícios foram construídos. Septimio Severo elevou Sebastia à categoria de colônia e construiu um teatro, reconstruiu prédios e uma estrada de 30 km ligando Sebastia à Cesareia do Mar.

Decápolis

Era um espaçoso território situado a leste do mar da Galileia, estendendo-se tanto a norte quanto ao sul do Tiberíades, sempre do outro lado do Jordão, com exceção de Citópolis, que ficava ao ocidente. As guerras dos macabeus representam a tenaz resistência do judaísmo contra o helenismo.

Mesmo que muitas cidades existissem antes da conquista macedônica, podemos crer que elas receberam o seu emolduramento grego durante o domínio grego e romano.

Cerca do ano 200 a.C. os gregos conseguiram implantar a cultura grega e o paganismo em Gadara e Filadélfia. Em 63 a.C., Pompeu desmembrou Hipos, Citópolis e Pela dos judeus, anexando-as à Síria.

“Decápolis” desempenhou importante papel tanto na expansão helenística no Oriente quanto no ministério terreno de Jesus, bem como na difusão do cristianismo nascente.

No tempo de Herodes, o Grande, “Decápolis” era uma região consumada e, nos dias do Senhor Jesus, uma realidade. Com o estabelecimento de Decápolis, formou-se o “Grande Império” contra o semitismo (uma espécie de poder hodierno contra o sionismo).

Jerusalém

Talvez a mais famosa cidade do mundo. Uma das mais antigas. Palco

dos maiores e mais decisivos episódios da terra. A mais falada. A mais disputada. Nela aconteceu o fato mais extraordinário que abalou a terra e sacudiu as potestades do mundo além e, consequentemente, mudou os rumos da história: a morte do Senhor Jesus, o Filho de Deus, no Calvário.

Nomes, na Bíblia e extrabíblicos, dados a Jerusalém:

1. Cidade de Davi (1Rs 8.1).

2. Cidade de Judá (2Cr 25.28).

3. Cidade Santa (Ne 11.1 e Is 52.1).

4. Aelia Capitolina — esse foi o nome que, em 135 d.C., o imperador elio

Adriano deu à cidade paganizada por ele.

  1. El-Kuds (“A Santa”) — nome dado a Jerusalém pelos árabes.

As muralhas

Jerusalém está edificada sobre montes: a noroeste, o Acra; a nordeste, Bezeta; ao ocidente, o Sião; ao oriente, o Moriá, e a sudeste, o Ofel. James McKee Adams diz:

Sabe-se agora que a cidade começou no monte Ofel, pouco acima da Fonte da Virgem, ou Giom, que proporcionava aos primitivos habitantes relativo suprimento de água, e que à medida que a população crescia, outros montes foram ocupados pela cidade, começando pelo Moriá, então Sião, o Acra e o Bezeta.

Primeira muralha — Construída por Salomão. É provável que Davi tenha começado e até aproveitado algo feito pelos jebuseus. Rodeava todo o monte Sião, abrangendo o Moriá, o Ofel, até Siloé. Saía da atual Porta de Jafa e fechava todo o norte da cidade, até encontrar-se com o monte da área do templo, na sua banda oriental, a meio caminho do Tiropeom. Aqui se juntava a alta muralha com a profundidade do declive, tornando Jerusalém inexpugnável.

Segunda muralha — O segundo muro foi construído por Jotão, Ezequias e Manassés, e destruído em 586 a.C. por Nabucodonosor. Neemias, a partir de 516 a.C., o reconstruiu exatamente onde estava o segundo. O local do segundo muro da cidade é o problema crucial da topografia jerusalemita, relacionado com o Santo Sepulcro. As recentes investigações arqueológicas desse muro concluem também que Neemias levantou as muralhas exatamente onde Jotão, Ezequias e Manassés construíram o segundo muro, antes da descrição por Nabucodonosor.

A segunda muralha estendia-se da Genate à Torre Antonia, circundando a parte norte de Jerusalém.

Terceira muralha — Flávio Josefo afirma que o governante Herodes Agripa I construiu em 41 d.C. um muro colossal ao norte de Jerusalém. Por séculos, a afirmação de Josefo “gritou no deserto”. A Sociedade Judaica de Explorações começou a investigar um relatório a respeito de grandes pedras encontradas nas escavações para a construção de um edifício, bem ao norte do muro da atual Jerusalém. A referida Sociedade continuou a escavar o local e encontrou extensas seções das partes fortificadas do muro descrito por Josefo. O historiador judeus tinha razão. O muro encontrado pela Sociedade Judaica corresponde exatamente ao de Josefo, até mesmo no tamanho das pedras empregadas na construção de Agripa I.

Restos destes muros nos habilitam a seguir as suas linhas com segurança. Começando na Porta de Jafa, dirigindo-se para o nordeste, até um ponto que ficava do lado oposto ao Quarteirão Russo, e dali virava para leste, passando pela torre de Psefinos até o local da Escola Americana de Arqueologia, e finalmente, virando para o sul, ia unir-se ao muro do Templo, nas imediações da Torre Antonia.

Muro de Adriano

Construído pelo imperador Adriano, a partir de 135 d.C. para fortificar a Aelia Capitolina. Esse muro deixou fora Ofel e parte sul do monte Sião.

Muro de Saladino

Construído em 1187 d.C. Muro de Solimão, o Magnífico Construído entre 1538 a 1541 d.C. Com algumas alterações, são os atuais muros da Velha Jerusalém. Este muro dirige-se para o oeste do templo, para a Porta do Monte Sião e deixa fora grande parte do sudoeste do monte Sião e todo o monte Ofel.

Portas da antiga Jerusalém

Através dos séculos, Jerusalém passou por muitas transformações não

só nos seus monumentos, como nas suas muralhas e nas portas. A Bíblia registra as seguintes portas (ou portões) das muralhas em todos os tempos:

1. Porta das Ovelhas (Ne 3.1,32; 12.39).

2. Porta do Peixe (2Cr 33.14; Ne 3.3; 12.39).

3. Porta Velha (Ne 3.6; 12.39).

4. Porta de Benjamim (Jr 37.13; Zc 14.10).

5. Porta de Efraim (2Rs 14.13; Ne 8.16; 12.39).

6. Porta da Esquina (2Rs 14.13; Jr 31.38; Zc 14.10).

7. Porta do Vale (2Cr 26.9; Ne 2.13,15; 12.31).

8. Porta do Monturo (Ne 2.13; 3.13,14; 12.31).

9. Porta da Fonte (Ne 2.14; 3.15; 12.37).

10. Porta dos Muros (2Rs 25.4; Jr 39.4; 52.7).

11. Porta dos Cavalos (2Cr 23.15; Ne 3.28).

12. Porta Oriental (Ne 3.29).

13. Porta da Guarda (Ne 3.31).

14. Porta do Oleiro (Na-Harsit; Jr 19.2).

15. Porta Antiga (Na-Misneh; Ne 3.6; 12.39).

16. Porta do Meio (Jr 39.3).

17. Porta Primeira (Zc 14.10).

18. Porta superior de Benjamim (Jr 20.2).

19. Porta de trás da guarda (2Rs 11.6).

20. Porta de Salequete (1Cr 26.16).

21. Porta Sur (2Rs 11.6).

22. Porta do Fundamento (2Cr 23.5).

23. Porta do Governador Josué (2Rs 23.8).

24. Porta Nova do Templo (Jr 26.10; 36.10).

25. Porta Superior do Templo (2Cr 27.3).

Colona do templo

Deuteronômio 12.5 diz que o Senhor escolheria o lugar em Israel onde

o seu nome seria proclamado. Ele escolheu, nos dias de Davi, a eira de Ornã ou Araúna (2Cr 3.1).

Salomão construiu o templo de Moriá e Nabucodonosor o destruiu em 586 a.C. Dario II o reconstruiu, a partir de 516 a.C. Em 19 a.C. Herodes, o Grande, começou a reconstrução e ampliação do templo de Zorobabel, que só foi terminado em 64 d.C., seis anos antes da destruição de Tito. Dizem que o de Herodes superou em suntuosidade o de Salomão.

Em 135 d.C. o imperador Adriano ordenou que suas legiões varressem

de Jerusalém todo e qualquer vestígio de judaísmo, a fim de implantar seu paganismo. Até o nome da cidade foi alterado.

Em 691 d.C., o califa Abd Al-Malik construiu uma magnífica mesquita chamando-lhe “Cúpula da Rocha”, também conhecida como “Mesquita de Omar”, nome do líder muçulmano que tomou Jerusalém das mãos dos bizantinos.

Em 1187, Saladino recapturou a mesquita, que ficou sob o poder dos egípcios até 1517, quando então os turcos otomanos conseguiram tomá-la, liderados por Selim I. No oitavo século foi também construída a famosa Mesquita de El-Aksa, a mais importante dos árabes, depois Meca e Medina.

Cidadela

Como estas torres ficavam do lado norte do muro, o rei tinha o palácio do lado de dentro e perto delas; porém, o todo desta obra escapa a minha imaginação descrevê-lo. Era tão bonito que não há preço nem gosto artístico que se tivessem poupado na construção; todo cercado de altos muros com mais de 20 m e adornado de torres de espaço a espaço.

Fortaleza Antonia

Localizava-se no ângulo noroeste do templo. Um muro colossal a circundava. Sua maior segurança, entretanto, estava no norte, onde se erguiam as “torres”. Fasael ficava a oeste; Mariana, a leste. Herodes, o Grande, que a edificou, construiu dentro dela o Palácio Real, com exageros de segurança, mas residiu no local.

Pináculo do Templo

Estava localizado no ângulo suleste do muro do “pórtico de Salomão”. Olhava para o ribeiro do Cedrom, com cerca de 100 m de altura. Flávio Josefo diz que dava vertigem só em olhar dele para a profundeza do vale. Daqui Satã quis que Jesus se atirasse. Hegésipo diz que Tiago menor foi lançado do pináculo ao vale.

Pórtico de Salomão

Pode ser a frente de uma casa, de um palácio (1Rs 7.6,7) ou de um templo (1Rs 6.3). O sírio emprega Bit-Nalani para designar um conjunto de salas, incluindo um pórtico pelo qual se entrava subindo alguns degraus e que conduziam a um salão de audiências. O Pórtico de Salomão era uma dependência dentro da área do templo, destinada a grandes reuniões.

Sob essas colunas, os escribas ministravam aulas e travaram debates com o Senhor Jesus Cristo (Lc 2.46; 19.47; Mc 11.27). Comerciantes e cambistas instalaram mesas nessa área do templo e foram expulsos pelo próprio Jesus (Lc 19.45,46; Jo 2.14-16).

Tanque de Siloé

É uma pequena caudal intermitente. Nasce no vale do Cedrom e corre em duas direções: superior e inferior. Hoje é conhecida como Aim Siti Miriã ou Fonte da Virgem.

Tanque de Betesda

Esse nome designa um enorme tanque em Jerusalém, com cinco pavimentos (Jo 5.2). Escreve-se “Betesda” de vários modos:

1. Bet-Hesda = casa da misericórdia.

2. Bet-asda = casa do derramamento.

3. Bet-eshdathayin = casa dos dois derramamentos.

4. Bet-sayda ou Bet-sedah = casa da pesca.

5. Bet-zayit = casa das azeitonas.

6. Bezata ou Bezete, do verbo baza, que é “cortar”, talvez por separar o “Tanque” da “Torre Antonia”.

Escavações feitas no século XIX descobriram um tanque com cinco pavilhões no nordeste da cidade, com uma pintura a fosco, bastante esmaecida.

Os Padres Blancos demonstraram que o Tanque Betesda era retangular, medindo 120 m de comprimento por 60 m de largura. Era dividido em duas partes iguais por um muro sobre o qual estava uma galeria com alpendres laterais que, com o principal, formavam os cinco mencionados em João 5.2. Comportava a multidão de enfermos que aguardavam o mover das águas. Está junto à Igreja de Santana.

Cenáculo

As antigas e ricas habitações familiares tinham o seu refeitório. Os evangelhos relatam que o Senhor Jesus pediu emprestado um cenáculo (Mt 26.17-30; Mc 14.12-16; Lc 22.7-13). A tradição romanista situa-o no monte Sião, um pouco fora da Porta Sião e das atuais muralhas. Na parte inferior da casa, os judeus apontavam a sepultura do rei Davi, uma vez que o cenáculo em que Jesus comeu com os discípulos a última Páscoa e instituiu a Ceia Memorial era “alto”, isto é, de dois pavimentos.

Palácio de Caifás

A casa de Anás é apontada dentro dos atuais muros de Jerusalém, ao sul da Fortaleza Antonia. Ao sul desta casa, ficava o “cenáculo”. Ao sul do Tanque de Siloé, estava a casa de Caifás, quase em cima do Aqueduto de Herodes e fora dos muros de hoje. A Igreja Romana erigiu neste lugar uma igreja chamada de Galli Cantu. Apontam a masmorra onde Jesus passou a noite do julgamento e o lugar onde foi amarrado.

Palácio de Herodes

Herodes, o Grande, nunca residiu no palácio que construiu na Fortaleza Antonia, mas numa casa ao sul da atual Porta de Jafa, sua residência oficial. Ele deu o palácio ao oficial comandante das legiões romanas, cuja função era proteger o templo e manter a paz e a ordem em Jerusalém. Jesus teria saído

daqui carregando a cruz, palmilhando a Via Dolorosa rumo ao Calvário, hoje a Igreja do Santo Sepulcro. Essa tradição aponta as 14 “estações” em que Jesus “parou” e “caiu”.

1. Jesus é condenado à morte por Pilatos.

2. Jesus recebe a cruz.

3. Jesus cai a primeira vez.

4. Jesus se encontra com Maria sua mãe.

5. Cireneu carrega a cruz de Jesus.

6. Verônica enxuga o suor do rosto de Jesus.

7. Jesus cai a segunda vez.

8. Jesus consola as mulheres de Jerusalém.

9. Jesus cai a terceira vez.

10. Jesus é açoitado pelos soldados.

11. Jesus é pregado na cruz.

12. Jesus morre na cruz.

13. O corpo de Jesus é retirado da cruz.

14. O corpo de Jesus é posto no santo sepulcro.

Há coisas que não passam de fantasia. Por exemplo, Jesus nunca caiu e Verônica nunca existiu.

A palavra grega que Josefo usa para designar o tribunal do procurador Florus é a mesma usada por Mateus para designar o tribunal de Pilatos.

Gólgota e Santo Sepulcro

É o termo latino calvarium que traduz o grego kránion, e ambos traduzem o aramaico gulgotah (Mt 27.33; Mc 15.22; Jo 19.17). Há duas razões para esse nome ser dado ao monte:

1. Era um lugar de execuções, onde havia muita caveira humana.

2. A topografia assemelha-se a um crânio humano. Sobre o monte em que Jesus foi crucificado e sepultado, a Bíblia declara: Era um lugar fora dos muros da cidade de Jerusalém (Mc 15.20; At 7.58; Hb 13.12).

Era perto da cidade, muito concorrido, de fácil acesso e perto de uma porta, que dava para uma estrada (Jo 19.17-20). Havia nele um jardim, e neste um sepulcro (Jo 19.41,42).

Santo sepulcro

Construído a primeira vez por Helena, mãe do imperador Constantino em 325 d.C., mais por fervor religioso que certeza do local. Os três itens mencionados não coincidem com o local do Santo Sepulcro.

Calvário de Gordon

Fica fora das muralhas, nas proximidades da Porta de Damasco. O morro assemelha-se realmente a um crânio humano. Embaixo do morro há um jardim e neste um sepulcro cavado na rocha, descoberto em 1849 pelo general bretão Gordon.

Jerusalém Nova

Até 1860 só existia a Jerusalém antiga, a intramuros. Nesse ano, os judeus começaram a construir um bairro fora dos muros, na parte ocidental, estendendo-se para sul e norte. Hoje, dois pontos assinalam os extremos entre as duas Jerusalém: a Cidade Velha, a oriente, e a Universidade Hebraica, a ocidente. Em 1844, Jerusalém deveria ter pouco mais de 25 mil habitantes.

Israel possui milhares de sinagogas.

16. Mesopotâmia

Com o nome Mesopotâmia se descreve a mais antiga região da terra, o berço real da civilização. É um lugar profundamente sagrado e relembra os episódios grandiosos alinhados na Bíblia, apontados na história e vividos por gerações sucessivas.

Nome

O Antigo Testamento registra Arã Naaraim, designando não somente as terras compreendidas entre o Tigre e o Eufrates, mas incluindo alguns países vizinhos da margem ocidental, especificamente no Eufrates.

Limites da Bíblia

A Bíblia, em Gênesis 2, não chama a região que estamos aqui considerando de Mesopotâmia, mas de “jardim do Éden”, e assim o descreve dos versículos 7-14:

Então formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de árvore agradável à vista e boa para alimento; e também a árvore da vida no meio do Jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

Pisom

A Septuaginta (ou versão dos LXX) registra Phison, um dos quatro braços do rio que saía do paraíso (Gn 2.11). Modernamente atribui-se o rio Fasis, hoje conhecido como Rioni, que nasce nos montes Ararate e desemboca no mar Negro.

Giom

É o segundo braço do rio que saía do Éden. Gênesis 2.13 diz que “o Giom circunda a terra de Cuxe”. A Septuaginta e Flávio Josefo o identificam com o “Sior” de Jeremias 2.18, que não é outro senão o Nilo. Eclesiástico, um apócrifo do Antigo Testamento, também apoia essa versão.

Tigre

Aparece na Bíblia apenas duas vezes: em Gênesis 2.14 e Daniel 10.4. Um dos mais importantes e famosos rios do Oriente Próximo.

Eufrates

No Novo Testamento, aparece em Apocalipse 9.14 e 16.12. Heródoto (484-420 a.C) o emprega pela primeira vez no grego, e Cícero, no latim, passando depois para outras línguas. “Eufrates” significa “fertilizante”.

Aparece cerca de 50 vezes no Antigo Testamento e 2 vezes no Novo

Testamento.

O Eufrates, como o Tigre, também nasce nos maciços montanhosos da

Armênia.

Descendo os planaltos, o Eufrates corre para o Ocidente, e era natural

que fosse direto ao Mediterrâneo; entretanto, muda inexplicavelmente o seu curso e corre para o sul.

Das alturas dos montes de Ararate, o Eufrates e o Tigre arrastam considerável quantidade de material de aluvião. Na antiguidade, esse material, na Baixa Mesopotâmia, se transformava em fina argila usada na, fabricação de tijolos para construção, vasos e toda sorte de utensílios domésticos.

Divisões da Mesopotâmia

Sete regiões distintas podem ser observadas nesse vale:

1. Ribanceiras do Tigre e Eufrates.

2. Vales do Tigre e Eufrates.

3. O Delta.

4. Região dos pântanos.

5. Região dos estuários do sul.

6. Planícies costeiras do sul.

7. Leques aluviais do leste.

Essas divisões aplicam-se mais aos tempos atuais da região. Dificilmente poderemos saber se no tempo de Abraão, por exemplo, essas

demarcações seriam as mesmas.

Antigamente, o rio Eufrates, ou um seu afluente importante, banhava as

muralhas de Ur pelo ocidente, e dele saíam numerosos canais, grandes e pequenos, que irrigavam os férteis campos da planície. Pelos canais principais navegavam barcos com artigos comerciais procedentes do golfo Pérsico e de outras povoações situadas nas margens do famoso rio.

Rotas comerciais

O povo do vale da Mesopotâmia se comunicava com outros povos, principalmente com o ocidente, apenas de duas maneiras:

1. Continental. Unia Pérsia com Capadócia, estendendo-se depois até Sardes,

passando, nesse caso, por Nínive.

2. Fluvial. Partindo do golfo Pérsico, seguia o curso do Eufrates até Mari, Meskene, Carquemis, atingindo, afinal, o Mediterrâneo. Pelo Mediterrâneo, chegava a Chipre, Creta e Egito. Do Elã ao Mediterrâneo, uma importante rede de comunicações, cujo centro regulador era a Mesopotâmia, internacionalizava

O comércio, veículo importante da irradiação da cultura mesopotâmica.

Religião da Mesopotâmia

A religião da Mesopotâmia, particularmente da Suméria, era idólatra.

Destacamos quatro elementos principais da religião sumeriana:

1. Era essencialmente naturalística e antropomórfica. Interpretava as diversas forças da natureza com figuras humanas, atribuindo-lhes forma, sentimentos e atos humanos, à semelhança do que fazem os poetas.

2. Astrologia. O céu estrelado, o sol e a lua sempre chamaram a atenção dos sumerianos.

3. Magia. Parece-me que a magia, como forma de culto aos ídolos e como pseudociência, nasceu no vale da Mesopotâmia (At 8.9,11; 19.19) e se

estendeu para o Egito e o mundo todo.

4. Cidades-estados. Cada cidade era estado e cada estado eram regido

teocraticamente. A Suméria não constituía uma unidade política, social e econômica. Antes, era uma individualidade até excêntrica. Cada um desses reinos minúsculos dependia de uma divindade.

Os sumérios dividiam o cosmo (terra e céu) em três partes:

  1. O céu, sede e domínio de An, deus supremo, pai dos deuses e o grande criador.
  2. Outro deus era Enlil, governador da segunda região, isto é, a atmosfera interior.
  3. Enki ou Ea era dominador das águas doces e salgadas. Era também o deus da sabedoria. Residia no santuário de Eridu.

A essa tríade cósmica, correspondia uma tríade astral, com as seguintes divindades:

  1. Utu (Samas dos babilônicos), ou seja o Sol.
  2. Nanna (Sin dos babilônicos), ou seja, a Lua.
  3. Inanna, conhecida como esposa de um deus (indeterminado). Seu nome se interpreta como derivado de (Ni) In-Anna, que vem a ser “senhora do céu”.

Cada cidade da Mesopotâmia tinha a sua divindade. As principais eram:

1. Nin-Girsu, filho de Enlil e deus da cidade de Lagas e de Girsu.

2. Gatumdug, também de Lagas. Era adorado como a deusa-mãe da cidade.

3. Zabara, deusa da cidade de Kis.

Em cada cidade, o deus principal estava rodeado de uma corte de pequenas divindades.

Quadro histórico-cronológico da Mesopotâmia

Especificamente, em se tratando do quadro histórico-cronológico da Mesopotâmia, apontaremos os pontos principais, e o faremos com as respectivas sincronias com o da Palestina:

Mesolítico

Refere-se ao período (Nm 25.1-18) de Karim Sahir, situada a nordeste de Kirkut, onde foram encontrados registros dos primeiros ensaios de agricultura e domesticação de animais.

Neolítico

É o período do classicismo, onde encontramos estágios culturais bem

definidos. Os três principais são:

1. Garmo. Localizada a nordeste de Kirkut; uma aldeia agrícola, 4740 a 4360 14.20 a.C., e outras mais antigas ainda, comprovadas pelo carbono 14.

Nesse mesmo período, na Síria aparece Ugarit V; na Palestina, Jericó, e na

Anatólia, Hacilar e Catal-Huyuk.

2. Hassunah-ia. Nessa região aparece a primeira construção arquitetônica funcional, em estágio preliminar, com acentuado desenvolvimento e cerâmica pintada.

3. Samaria. Aqui foram encontrados fragmentos de cerâmica com desenhos bastante abstratos e figurativos.

Calcolítico

Assinalam-se os seguinte períodos culturais na Mesopotâmia:

1. Tell-Halaf (agora representado por Aspatsyah), com cerâmica decorada com motivos figurativos, abstratos e geométricos.

2. Gemdet-Nasr (3000 a 2700 a.C.). Período cultural que os arqueólogos norte-americanos denominaram de protoliterate, compreendendo os períodos pré-histórico e proto-histórico. Na Palestina desenvolve-se a famosa cultura de Esdraelom.

Bronze Antigo

De acordo com os melhores cálculos, vai de 2800 a 1955 a.C.

Bronze Médio

Em 1955 a.C., Ur cai em poder de conjugadas forças do norte; e, com o

desmoronamento desse baluarte, começa a desaparecer o mundo sumério, sob as armas de elamitas e amorreus (semitas ocidentais) e sucessivamente

sob as armas da dinastia de Isin e Larsa (1950 a 1700 a.C.), da Assíria (1836; 1750 e 1690 a.C.), da Babilônia, a principal (1836-1531 a.C.) e de Mari (séc. 18 a.C.).

A hegemonia do Fértil Crescente passa par Mitani, Hatti e Egito, nenhuma delas mesopotâmica. A propagação da cultura sumeriana é feita através da escrita acadiana, que atingiu Creta, na famosa escrita “linear”, datada de 1600 a 1400 a.C.

Canais da Mesopotâmia

No norte da Mesopotâmia predominava a seca, que prejudicou grandemente a lavoura; no sul era o contrário: as enchentes do período pluvial (outubro-novembro) ou no degelo dos maciços montanhosos da Armênia (março-abril) inundavam a Baixa Mesopotâmia, causando também sérios prejuízos.

Para resolver o angustiante problema da seca, os sumérios descobriram

um sistema de canais e subcanais para irrigar suas terras; posteriormente, a

técnica foi aperfeiçoada pelos babilônicos. Textos dos mais antigos mencionam frequentemente os “canais” e os “diques”. Esses canais beneficiavam toda a região: no norte, castigado pela seca, trouxeram vida nova; no sul, onde as inundações prejudicaram as terras, com a formação de grandes pântanos, os canais drenaram a região.

O próprio governo da cidade ou do país mantinha abertos os canais. O

Proprietário de um terreno pelo qual passava o canal tornava-se responsável por aquela secção e dele se requeria o pagamento por todos os danos e perdas devidos à sua negligência.Os rios serviam também de vias de comércio.

Edite Allen aponta três fatores principais como responsáveis pelo declínio da Mesopotâmia meridional:

1. As mudanças do leito dos rios deixaram cidades afastadas do seu principal meio de comunicação e da água indispensável às plantações.

2. A falta de fiscalização da rede de canais de irrigação, devida ou ao enfraquecimento do próprio governo ou à conquista por um povo que não compreendia a necessidade de manter os canais desobstruídos, resultava na

sua destruição, tornando em deserto a região anteriormente tão fértil.

  1. Com a conquista mongólica em 1258 d.C., finda a história da Mesopotâmia até os tempos modernos.

Origem do povo da Baixa Mesopotâmia

Os primitivos habitantes da Baixa Mesopotâmia eram, aparentemente,

semitas. Seu lugar de origem, muitos creem ter sido ou na região oriental, ou no Sudoeste da Arábia. Os povos semitas habitaram primitivamente a Baixa Mesopotâmia, mantinham relações próximas com outros povos existentes.

Até pouco, acreditava-se que a egípcia era a civilização mais antiga do

Mundo. Os sumérios influenciaram as artes e o pensamento não somente do Egito, bem como dos gregos. Estes povos são devedores aos sumérios, povo

esquecido por milênios, e que na realidade plasmou o pensamento dos povos ocidentais.

Acredita-se que os turanianos, povo semibárbaro, foram os precursores dos grupos arianos e semitas da Ásia ocidental e da Europa.

Os sumerianos eram um povo não semita. Foram os últimos a chegar ao grande delta do Tigre-Eufrates. Antes deles a terra já estava povoada provavelmente por dois ramos diferentes da raça semita. Mas os sumerianos trouxeram consigo uma civilização superior, completa e perfeita em suas linhas fundamentais, que impuseram aos semitas semi-bárbaros.

Geograficamente, os acádios ocuparam a Alta Mesopotâmia, e os sumerianos, a Baixa.

1. O sul do vale da Mesopotâmia foi primitivamente habitado por um povo semita, semibárbaro.

2. O norte dessa região foi habitado também por semitas.

3. O sul da Mesopotâmia, conhecido como Caldeia, foi dominado por um povo vindo dos Urais ou outro lugar, chamado sumério.

4. Os sumérios não eram semitas.

5. Eles eram um povo adiantado, grandemente desenvolvido, que se dedicou a obras de colossais construções, a engenhos de guerra, às letras, ao comércio, à navegação, à agricultura, à astrologia.

Quando Abraão nasceu, Ur já fora possuída pelos acádios, que eram semitas; porém, a cultura dos sumérios prevalecia e exercia poderosa influência.

Os dois começos da humanidade

A Bíblia declara (Gn 2.7) que Deus criou o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida e por isso o homem passou a ser alma vivente. Pela localização de dois dos quatro braços do rio que “saía do Éden” — o Tigre e o Eufrates —, sabemos que o primeiro berço da humanidade foi o vale da Mesopotâmia. Foi nesse vale paradisíaco que Deus criou o homem, depois a primeira mulher; e foi aqui ainda que Deus vivia com o homem e onde se travou a primeira batalha da mulher com o Diabo, na qual o homem foi envolvido.

Pela geografia apresentada em Gênesis 10, sabemos que o vale da Mesopotâmia foi o berço da humanidade que repovoou a terra após o Dilúvio.

Sumérios e acadianos se estabeleceram no sul da Mesopotâmia no terceiro milênio antes de Cristo. Antes desses dois povos, porém, outros habitantes já estavam radicados na região, desde o quinto milênio antes de Cristo.

Os sumérios tiveram uma concepção política que se tornou precursora da ideia de “cidade-reino”, ou, segundo os gregos, “autônoma”. Os sumérios, entretanto, conseguiram isso nada menos de 1.500 anos antes. Espalhados por todo o território da Mesopotâmia, as “cidades autônomas” surgiram, desenvolveram-se e começaram a fazer guerra umas às outras, lutando para conseguir a hegemonia da região. Entre as cidades não havia um governo central, nem mesmo alguma unidade.

As cidades mais antigas da região são: Eridu, a mais meridional do golfo, reconhecida como o berço da civilização suméria; Ur dos Caldeus, cidade natal de Abraão, mencionada quatro vezes no Antigo Testamento (Gn 11.28,31; 15.7; Ne 9.7); Erek (Gn 10.10), localizada 64 km a noroeste de Ur; Elasar, cujo rei Arioque, era aliado de Anrafel (Gn 14.1); Acabe, que foi a cidade capital do Grande Sargão I (Gn 10.10); e Babel, que talvez venha a ser a própria Babilônia (Gn 10.10).

A cultura suméria exerceu influência decisiva sobre Elã, Acade e Babilônia. Guerras entre os estados da Mesopotâmia enfraqueceram Ur consideravelmente, dando a Elã oportunidade de vencê-los sem muita dificuldade.

Sobre a cronologia mesopotâmica, C. W. Ceram declara: “Pesquisas modernas francesas em Mari, no Médio Eufrates, e a descoberta dum arquivo de Estado indicam existir relações entre Hamurabi e o rei assírio Samsi-Adad I.

1. A “cronologia” sugerida pelos arquivos reais de Mari ainda não chegou a nenhuma conclusão de fato. Apenas levantou poeira e deixou tudo no ar.

2. Homens ponderados, mesmo depois das descobertas de Mari, colocam ainda a data de Hamurabi na faixa de 2000 a.C.

Há muitas datas incertas na história do mundo antigo, mas, de Abraão

Para cá, não há incertezas. A era de Moisés está perfeitamente caracterizada, tanto nos documentos egípcios, como na história geral.

3. André Parrot sugeriu mudanças na cronologia mesopotâmica, mas não deixou nada concreto, e historiadores apressados revolucionaram o mundo com datas novas.

4. Sabemos que a Mesopotâmia não foi o único país no mundo. Alterar a cronologia da Mesopotâmia é mudar tudo no mundo todo.

5. Esse recuo da cronologia mesopotâmica de aproximadamente dois séculos parece mais um problema de ordem “modernista” com a intenção de golpear a Bíblia.

Antiguidade e valor cultural de Ur

Em 1854, Mr. J. E. Taylor, cônsul inglês em Basora, foi contratado pelo Museu Britânico para investigar alguns dos lugares meridionais da Mesopotâmia, e escolheu para suas principais atividades o “Montículo do Alcatrão”. Neste, Taylor desenterrou inscrições que revelaram, pela primeira vez na história, que aquela ruína sem nome era “Ur”, chamada “dos Caldeus”, a cidade natal de Abraão.

O trabalho arqueológico começou em 1929 e se estendeu até 1932. O resultado desse esforço culminou na revelação da mais adiantada, mais apurada civilização do mundo antigo: Ur dos Caldeus, a cidade do patriarca Abraão.

Woolley descobriu as sepulturas reais de Ur. As mais antigas datam de 3500 a.C. Alguns delas podem atingir 5 mil anos. Essas sepulturas revelam que os cadáveres eram envoltos em esteiras ou colocados em urnas de argila. Eram sepultados com colares, faca, punhal, alfinetes e uma tabuinha de argila com o nome do morto.

Woolley é de opinião que a harpa é invenção sumeriana. Nas sepulturas escavadas, ele encontrou diversas, e em ouro.

Os sumerianos construíram barcos de popa e proa altas, com cinco assentos e no centro um mastro para armar o toldo para proteção e também lugar para os remos.

O tipo de arquitetura desenterrada por Woolley é altamente desenvolvido e prova que a “engenharia” dominava os princípios de construção como hoje se faz.

Woolley reconstruiu uma casa de Ur e, depois de pronta, disse: “Esta pode bem ter sido a casa onde morou o patriarca Abraão. Esse tipo de construção era comum tanto em Ur como em toda a região”.

As técnicas agrícolas eram realmente adiantadas e rendiam muito dinheiro, que alimentava o luxo e o esplendor do povo, além de fartura que lhes proporcionava.

Consequentemente, o comércio, via terrestre ou fluvial, era intenso não só entre os “estados autônomos” da Mesopotâmia, mas alcançou a Anatólia e toda a orla do Mediterrâneo.

Na Suméria, um bom milênio antes de os hebreus terem escrito a Bíblia e os gregos a Ilíada e a Odisseia, encontramos já toda uma literatura rica e florescente, compreendia mitos e narrativas epopeias, hinos e lamentações.

Em Shurrupak, berço natal de Gilgamés, foi encontrado grande número de “textos escolares”, datados de 2500 a.C. Cada uma dessas escolas contava com um escriba especializado e outros subalternos.

Os sistemas escolares obedeciam a dois estágios:

1. Formação erudita, abrangendo: Botânica, Zoologia, Matemática, Gramática, Geografia, Mineralogia.

2. Criação literária, por meio da qual o escriba versado e hábil aprendia a fazer as grandes citações literárias, como aconteceu com Gilgamés e seu famoso poema.

O patriarca Abraão deve ter frequentado uma dessas escolas e, possivelmente, tenha sido “Ummia”, ou “Grande Irmão”. Pelo diálogo que Abraão manteve com os filhos de Hete a respeito da cova de Macpela, verifica-se que o grande patriarca não era uma pessoa comum, mas de educação, de fina formação, um cavalheiro ilustre. Ele foi reconhecido como “príncipe de Deus” pelos filhos de Hete (Gn 23.1-20).

Os sumérios escreveram narrativas de guerras e episódios de lutas com povos estrangeiros. Pela primeira vez na história foi empregada a palavra sumeriana amargi (“liberdade”). Isso em 2500 a.C.!

Abraão foi contemporâneo de Hamurabi. Moisés, entretanto, só escreveu o Pentateuco 430 anos depois ou mais (Gl 3.17). Para uma época tão recuada, é admirável que esse povo tenha catalogado leis tão precisas, claras e humanas; mas ficam muito aquém das de Moisés, uma vez que foram dadas pela inspiração do céu e ungidas com o Espírito Santo.

Na antiguidade clássica dos romanos e gregos, duas obras marcaram época na agronomia: As geórgicas, de Virgílio, e Os trabalhos e os dias, de Hesíodo.

A civilização sumeriana, como acabamos de verificar, era grande, importante, adiantada, apuradíssima. Mas Samuel Kramer afirma:

Mais importante ainda, a ocupação da Baixa Mesopotâmia pelos sumérios, que deu lugar à sua Idade Heroica, deve ter marcado o estádio culminante num processo histórico começado várias centúrias antes, quando a Baixa Mesopotâmia fazia ainda parte de um estado com uma civilização muito mais adiantada que a dos sumérios, estabelecidos algures ao longo de suas fronteiras externas.

O Deus todo-poderoso, tendo em vista cumprir a “promessa” do Messias em Gênesis 3.15, foi buscar no ninho da civilização esplendorosa um homem, Abraão, e por meio dele começou um povo, uma nação, um Livro. Esse povo seria o hebreu, destinado por Deus a cobrir uma longa trajetória, com luzes e sombras, com bonança e tempestade, com alegria e tristeza, com rosas e espinhos, através dos milênios, até que veio a Promessa: Jesus, proposto a aparecer, na conjuntura dos tempos, “segundo as Escrituras”.

Abraão foi fruto da multissecular cultura sumeriana.

Abraão não era e nunca foi um nômade, um beduíno semibárbaro, a percorrer regiões desconhecidas, entre povos estranhos e de estranhos costumes.

17. Outras regiões próximas à Mesopotâmia

Harã

Aparece doze vezes na Bíblia (Gn 11.31,32; 12.4-5; 27.43; 28.10; 29.4; 2Rs 19.12; Is 37.12; Ez 27.23; At 7.2,4).

Arã

Na versão Almeida Atualizada, essa palavra indica um lugar geográfico apenas uma única vez (Nm 23.7). No hebraico, entretanto, aparece associada a cidades e regiões, sendo estas as principais:

Arã Bete-Reobe

Designa povoações diversas, idênticas a Bete-Reobe de Juízes 18.28, situada na extremidade setentrional da Palestina, próximo às nascentes do Jordão e do Hermom.

Arã Damasco

Israel e Arã Damasco viveram relações tanto de amizade como de embates, que muitas vezes terminaram em sangrentas batalhas (veja 2Sm 8.5; 1Rs 11.23-25; 15.18-20; 20.1-34; 1Rs 22; 2Rs 5—7; 10.32,33; 12.18,19; 13.7,25; 14.25; 16.9; 1Cr 18.5; 2Cr 16.7; Is 17.1-3; Jr 49.23-27; Am 1.5).

Arã Maacate

Limitou, outrora, com a herança de Jair, filho de Manassés, e com os domínios de Ogue (Dt 3.4; Js 12.5). A Bíblia afirma que esse território foi dado aos filhos de Israel, que não conseguiram desapossar o inimigo (Js 13.13), tendo de conviver com eles em seu meio.

Arã Naaraim

Literalmente significa “Arã dos dois rios”, referindo-se, por certo, ao Tigre e ao Eufrates. Ocupava o planalto entre o Habur e o Eufrates, tanto na margem oriental, como na ocidental. A cidade de Petor estava nessa região (Dt 23.4).

Jacó fugiu da ira ardente de seu irmão Esaú para esse território, onde permaneceu por mais de 20 anos (Gn 28.2,5,6,7; 31.18; 33.18; 35.9,26; 46.15).

Arã Naaraim ficava a meio caminho entre o golfo Pérsico e o Mediterrâneo. Os caravaneiros que iam do extremo sul da Mesopotâmia ao Mediterrâneo, e vice-versa, descansavam em Arã Naaraim.

Jacó o atravessou rumo à montanha de Gileade, que fica no ocidente dessa região.

Harã, a cidade de Terá, Naor, Betuel e Labão, ficava em Arã Naharaim, território localizado ao oriente do Eufrates.

Arã Zobá

Reino arameu, no sul da Síria. Fundado no segundo quartel do século XI a.C. Era o mais importante no tempo de Davi.

Mitânios

Localização

Pertencem à Mesopotâmia Setentrional.

Nomes

Aparecem como mitanos, hirritas, naarinos e hanigalbatanos.

Origem

Os primitivos habitantes da região eram os horeus, semitas, agricultores e artesãos, pacíficos e bondosos. Mantiveram relações diplomáticas com os habitantes e os egípcios. Monarcas mitânios deram suas filhas em casamento aos monarcas egípcios Totmes IV, Amenofis III e Amenofis IV. Por causa disso, os hititas se tornaram seus figadais inimigos.

Civilização

Os mitânios deixaram marcas de sua adiantada civilização. Seus documentos escritos são minguados. Pouco se tem desenterrado.

Religião

Politeístas. Idólatras. Adoravam Tesub, o deus da tempestade, e sua parceira Hepa. No mais, seguiam os passos dos assírios em matéria religiosa.

Hititas (hiteus ou heteus)

Povo famoso da antiguidade. Seu império foi sepultado e dormiu por alguns milênios no mais completo esquecimento.

Quem eram

Um grupo étnico. Habitaram a terra de Canaã, desde os tempos de Abraão (Gn 15.20; 23.3). No tempo da conquista, foram subjugados por Josué (Dt 7.1; Jz 3.5). Esse não é o mesmo grupo mencionado em Gênesis 23.3, cuja origem vem de Canaã (Gn 10.15). O primeiro grupo habitou em Canaã, na região de Hebrom; foi onde Abraão os encontrou e de quem comprou a cova de Macpela (Gn 23.17-20).

Território

O núcleo central do Império Hitita, com sua capital em Hattus, hoje conhecida como Boghazkoy, ocupou o território da Ásia Menor,8 com uma área de 450.000 km².

Os rios mais famosos dos hititas são: Halys, Sangaria e Menandro.

Origem

A Enciclopedia de la Biblia afirma: “Até fins do terceiro milênio, a região do Halys esteve ocupada por povoações de origem e de história ainda desconhecidas. Sabe-se apenas que não foram indo-europeias”. “Os hititas vêm, sob essa classificação, de origens incertas. Ainda ninguém tem aventurado uma teoria da linhagem hitita, que tenha aprovação geral”.

A Enciclopedia de la Biblia declara que os primitivos hititas da Anatólia procediam do país Hatti, de onde vem o nome Hiteia; esses são os autênticos hititas, hoje conhecidos como proto-hititas.

Reis

Pouco ou nada sabemos dos primitivos reis dos hititas.

O Suppiluliuma (1380-1340). Esse monarca fez aliança com o Egito. Um dos filhos de Suppiluliuma era pretendente à mão de uma princesa egípcia. Quando se dirigia ao Egito para realizar o casamento, desapareceu misteriosamente. As duas potências se hostilizaram. Muwatalli, filho de Suppiluliuma, dirigiu a batalha de Cades contra o Egito.

Língua

No Império Hitita, nada menos de oito línguas diversas já foram identificadas. Entre elas estão: o acádio, o hurrita, o levita e, principalmente, o hitita de origem indo-europeia.

Religião

Os primitivos hititas adoraram Aruína, deusa do mar e da vida cotidiana.

Fragmentação do Império

Com a queda do Império Hitita, 24 cidades-estados surgiram em lugar do poderoso reino.

Na região, entre o vale da Mesopotâmia, avançando para o leste e abrindo o leque para o país dos hititas, aparecem na Bíblia cidades ou pequenos reinos, cujos nomes nos causam certa confusão. Citando algumas teremos uma melhor compreensão da Palavra de Deus.

Hamate

Identificada hoje com a Hamath da Síria, a 52 km de Homs, ao norte do monte Hermom.

Iva ou Awwá

Ficava a sudoeste de Homs, nas margens do Orontes. Hoje identificada com Tell Kafr Aya.

Arpade

Nas proximidades de Alepo, em 1931, foi descoberta uma inscrição de Sugin, alusiva à organização interna de Arpade. Hoje identificada com Tell Rifiat, a 25 km ao norte de Alepo, a leste da estrada de ferro que conduz à Ádana.

Sefarvaim

Localizada nas proximidades de Damasco.

Carquemis

Hoje é conhecida como Jerablus. Protegia os vales do Eufrates. Dista 101 km de Alepo.

Cades

Com esse nome, a Bíblia registra pelo menos cinco localidades:

1. Cades Barneia (Nm 20.1; 32.8).

2. Cades da Galileia (Js 12.22; 21.32; 1Cr 6.61; 2Rs 15.29).

3. Cades de Naftali (Jz 4.6,11).

4. Cades dos Levitas (1Cr 6.57; Js 6.5-7; Js 21.28; 19.20).

5. Cades do Orontes. situava-se na parte superior do rio Orontes, ao sul do lago de Homs e a noroeste de Ribla.

Ribla

É mencionada em Números 34.11. Fica entre Sefã e Aim, nas proximidades do mar da Galileia.

As evidências sobre os hititas foram encontradas nas escavações arqueológicas em Megido, Bete-Seã, Tiberíades e Jerusalém. Marcas espalhadas aqui e ali nas cidades palestinas atestam o fato de que o hitita não era estrangeiro nessa terra de sua conquista e adoção.

Assíria

A Mesopotâmia foi habitada ao sul pelos sumérios e ao norte pelos acádios.

Depois que Abraão deixou Ur dos Caldeus, habitou em Hará; por fim, a mão do Todo-poderoso o conduziu à Canaã. Os descendentes de Abraão, bem como assírios e caldeus, continuaram a manter, através dos séculos, relações de amizade, intercâmbio político e, às vezes, até militar. É verdade que Israel se confrontou com assírios e caldeus; e é verdade também que Deus usou a Assíria como vara para açoitar Israel, o Reino do Norte, que entrou na noite escura da idolatria e do pecado.

Nome

Nos tempos áureos desse povo, Assur designa o reino todo. A Enciclopedia de la Biblia20 diz não existir um nome para o “país da Assíria”, a não ser o de Subartu. Na tradição babilônica, Subartu designa a região entre o Tigre e os montes Zagros, incluindo geograficamente a Assíria.

Geografia

Territorialmente, a Assíria não teve fronteiras definidas. Seus limites flutuavam ao sabor de suas vitórias e derrotas. Nos dias de esplendor, a Assíria ocupou uma área que ia do norte da atual Bagdá até as imediações dos lagos Van e Urmia; na linha leste-oeste, ia dos montes Zagros até o vale do rio Habur.

Sua capital foi transferida para Nínive, à esquerda do Tigre, defronte da atual Mosul. Depois foi para Kalhu (a “Calá” de Gênesis 10.11) e hoje é Ninrode.

História

A história da Assíria segue uma trajetória que começa em 5000 a.C. e vai até 614 a.C.

A origem dos assírios é ainda assunto debatido, mas está fora de toda a dúvida de que os sumérios estiveram presentes em Assur desde 2900 a.C. e influenciaram a língua e a cultura dos assírios.

A Assíria, que ficava ao norte da Mesopotâmia, é conhecida também como Acade. Com a influência ascendente de mitânios e hurrianos no Eufrates superior, o progresso assírio declina.

As rotas comerciais com o norte foram reabertas, graças ao declínio dos mitânios.

Novo Império Assírio (932-612 a.C.)

O novo Império Assírio surge com o famoso e temido guerreiro Assur-Dan II (932-910). Ele fez grandes conquistas e preparou as bases para o poderoso império que começou a surgir. Na sequência vieram:

  1. Adad-Nirani II (909-889).
  2. Tukulti-Ninurta II.

3. Assurbanipal II.

4. Salmanasar III (858-824).

5. Adad-Nirari III (809-872).

Império universal da Assíria

Assíria se fortalece com dinheiro e homens de guerra. Consolida o reino internamente, toma posição com os vizinhos e agora está pronta para se tornar a superpotência mundial. Eis os reis que lançaram as bases desse grandioso império e o consolidaram:

1. Tiglatepileser III (745-727). Reorganizou o país;

2. Salmanasar V (726-702). Filho de Tiglatepileser III. Invadiu Síria e Palestina.

3. Senaqueribe (704-681). Sua maior preocupação foi manter as conquistas de Sargão II.

4. Esar-Hadom (2Rs 19.37). Teve um curto e acidentado reinado. Nada fez ou quase nada.

5. Assurbanipal (668-627). Tirhaka do Egito fugiu para Tebas (667); seu filho Tanutamón recupera o Delta.

Últimos dias da Asspiria

Babilônia ressurge avassaladora e terrível com Nabopalassar. Os medos continuam hostis aos assírios. Em 614, Ciaxiares, rei da Média, toma Assur, auxiliado pelos caldeus. Nínive, Calá e outras importantes cidades assírias são arrasadas. O príncipe assírio Assur-Ubalit foge para Harã, último baluarte do Império Assírio. Em 609, pela ação conjugada de babilônicos, medos e citas, Nínive rende-se, apesar do esforço do faraó Neco, que lutou ao lado dos assírios (Na 1—3). Depois de destruída, Nínive dormiu no seio da terra, por mais de dois milênios.

Babilônia

Caldeia versus Babilônia

O termo “caldeus” aparece mais de 80 vezes no Antigo Testamento e uma só no Novo (At 7.4). Designa:

1. Uma tribo seminômade que habitava entre o norte da Arábia e o golfo Pérsico (Jó 1.7).

2. Assurbanipal II (883-859) fez distinção entre assírios e babilônicos antigos. Outro rei, Adad-Nisari III, nomeia diversos caldeus para o seu serviço.

3. Caldeia foi uma região da Assíria, tanto assim que um chefe desse distrito caldeu de Bit-Yakin — Marduk-apla-idima II — se apossou do trono de Babilônia e buscou ajuda do ocidente contra a Assíria (Is 39).

4. “Caldeu” é empregado como sinônimo de “Babilônia” em Isaías 13.19; 47.1,5; 48.14,20. Com o termo “caldeu”, Ezequiel 23.23 designa todos os domínios babilônicos.

5. Nabopalassar (626 a.C.) inaugurou a dinastia, tornando famoso o termo “caldeu”.

País

A Enciclopedia de la Biblia25 adverte: “Todos os nomes dados ao país ‘Babilônia’ indicam um conceito político-histórico mais do que étnico e geográfico”.

A cidade

“Babilônia” no sumeriano é Kadingir, que vem a ser “porta de Deus”; daí vem a palavra Bab-ilu, que, no plural, é Ka-Dingir-Ra, e passamos a ter então Babilani.

Geografia

Segundo a Enciclopedia de la Biblia, “Babilônia corresponde ao território da Mesopotâmia que vai de Hit e Samaria (norte de Bagdá) até o golfo Pérsico, e que reúne as antigas regiões de Sumer e Acade, que no sumeriano se lê Ke-em-geki-uri”.

As escavações norte-americanas de 1956 e 1957 constataram a existência de uma vasta rede de canais entre Bagdá e Nippur, que constituiu a base da sua agricultura. Pouca ou quase nenhuma pedra havia na Babilônia; em compensação, a cerâmica era encontrada em profusão. As principais cidades da região que formavam a “Grande Babilônia” eram: Sippar, Kuta, Kis, Borsippa, Nippur, Uruk, Ur, Eridu. A cidade de Babilônia ficava sobre o Eufrates.

História

Origens

Sarkalisarri, rei acadiano, deixou um texto onde aparece Babil (século XXIII a.C.). Em crônicas posteriores, aparece Babil insurgindo-se contra Sargão de Acade. Durante o período da terceira dinastia de Ur (2060-1950), Babil é um reino de pouca ou nenhuma importância. Sua verdadeira história, entretanto, começa com a chamada “Primeira Dinastia” da Babilônia (2036-1731).

Primeira dinastia babilônica (2036-1731 a.C.)

A dinastia amorreia, a primeira da Babilônia, esplende com Hamurabi e seu filho Sumsu-iluna. Com Hamurabi, Babilônia chega a ser um centro de progresso religioso, social e cultural. Paralelamente ao progresso de Babilônia, dois reinos se tornam superpotências: ao norte, Assíria, e ao ocidente, Mari. Hamurabi conquista Larsa, Assíria e Mari e Esnunna. Sob Sumsu-iluna, Babilônia começa a decair.

Dinastia cassita (1730-1350 a.C.)

Até hoje não foi possível identificar a origem dos cassitas. Pensa-se que eram hordas nômades que desceram das montanhas de Zagros. Os cassitas se dirigiram para o sul da Mesopotâmia. Nada de valor cultural deixaram nas terras que ocuparam por muitos e muitos anos.

O mais importante rei cassita foi Kurigalzu, fundador de Dur Kurigalzu, hoje conhecida como Aqarquf. O elamita Sutruk-Nahhunte I pôs seu filho Kutir-Nahhunte no trono de Babilônia e transfere para Susã a estrela de Naram-Sin e a do Código de Hamurabi. A dinastia cassita se apaga para sempre.

Tempos nebulosos (1350-1130 a.C.)

Levanta-se Nabucodonosor I, um rei da dinastia de Isin, e expulsa os elamitas e recupera a imagem de Marduque. Mas Tiglatepileser I conquista Dur Kurigalzu, Sippar, Upi e Babilônia, e reduz à vassalagem o seu rei Mardukna-Dinahhe. Assíria afasta o perigo de tribos nômades de arameus e suteus; estes, porém, golpeiam Elã e tomam Babilônia e Assíria. Os reis babilônicos são quase todos arameus e insignificantes. Senaqueribe destruiu Babilônia e Asarhaddon a reconstruiu.

Período neobabilônico (812-723 a.C.)

Uma dinastia genuinamente caldaica passa a reinar. Nabopalassar foi a primeira estrela a brilhar nesse novo céu babilônico. Começou por fazer aliança com os medos, objetivando conquistar Harã, onde Assíria tem seu último baluarte, sustentado pelo braço egípcio.

Nabucodonosor toma Jerusalém, mata os filhos de Zedequias, vaza-lhe os olhos, destrói Jerusalém, incendeia o templo e leva o povo judeu cativo para Babilônia com ricos despojos. Babilônia, com Nabopolassar e Nabucodonosor, se torna o maior, o mais rico, o mais poderoso reino do mundo antigo.

Babilônia era a cidade maravilhosa. Com Evil-Merodaque, Babilônia começa a declinar.

Últimos tempos de Babilônia

A partir de 539 a.C., os reis persas, ou aquimênidas, alargaram seus domínios e chegaram à Grécia. Sangrentas batalhas foram travadas entre persas e gregos: são as famosas guerras médicas. Babilônia continuou a se insurgir contra os persas. Xerxes chegou a incendiar Babilônia certa vez. Destruiu o templo de Marduque, fundiu sua imagem e matou seus sacerdotes.

O Império Babilônico desapareceu completamente entre 480-476 a.C.

Pérsia

Geografia

Pelos documentos desenterrados, conhecemos duas Pérsias:

1. Grande Pérsia. situada a Sudeste de Elã, correspondia quase à Pérsia atual, chamada Fars ou Farsistã, corruptela de Parsa.

2. Pequena Pérsia. Limitada ao norte pela Magna Média; a sudeste pelo golfo Pérsico; a leste pela Carmânia, hoje Kerman; e a noroeste, pela Susiana.

Origem

Quando o Senhor Deus constituiu as nações (Gn 10), a Pérsia não aparece na lista. Prova que ela é posterior. Pensa-se que surgiu com povos vindos do planalto do Irã, situado entre o mar Cáspio e o golfo Pérsico. Grupos étnicos, procedentes desse planalto, invadiram o território persa, formando comunidades das quais a mais antiga é o de Sialk (sexto milênio a.C.). No segundo e terceiro milênios a.C. os guti e os lulubi, os cassitas e os elamitas se instalaram também na mesma região.

Império Aquimênida

Os persas se estabeleceram no sul em Persa (Pársis, hoje Fars) e em Anshan, onde Teispes (Chrishpsh) reinou de 675-640 a.C. Tudo dá a entender que foi esse monarca o verdadeiro fundador do novo reino. Elã se enfraqueceu pelos constantes ataques de Assurbanipal.

O princípio do reinado de Dario I foi marcado por terríveis insurreições na Babilônia, no Elã, na Média e na própria Pérsia, no Egito, na Armênia e em Sardes. Em 517, ele tinha tudo debaixo do seu controle, mostrando que era ativo, de atitude e conquistador. Começou a trabalhar para dilatar seu reino. Conseguiu. Levou seus domínios até o Egeu e conquistou Samos, Trácia, Macedônia e as ilhas de Lemnos e Imbros. Quando se preparava para vingar-se de Atenas e atacar o Egito, ele morreu.

Dario é considerado um dos gênios políticos do mundo antigo.

Os selêucidas

Com a morte de Alexandre, o Grande, seu vasto império foi dividido entre os seus quatro generais ou sucessores (diádochi). Um deles, Seleuco, reuniu sob sua coroa todo o Irã até o Indo. É considerado o fundador da dinastia selêucida. Em 247, Ársaces I fundou a dinastia arsácida. Antíoco II, o Grande, sufocou diversas insurreições na Média.

Os romanos prejudicaram os persas, causando-lhes terríveis derrotas.

Os partas

Frates I (176 a.C.) e Mitrídates I (171-138 a.C.) da Pártia já haviam conquistado Média, Babilônia e outras possessões do Império Persa. Demétrio II Nicator (140) é derrotado pelos partos, que também derrotaram Antíoco VII. Os selêucidas são apagados mais ou menos em 130 a.C.

Mitridates II luta contra seu filho Orontes I e os armênios. A dinastia parta vai se enfraquecendo. Com Fraates III (70-57 a.C.) o império volta a experimentar estabilidade e poder.

Os partas tomam a Síria.

Pérsia moderna

Limita-se ao norte com a União Soviética e o mar Cáspio; a ocidente, com a Turquia asiática; a leste, com Beluchistam e Afeganistão.

Religião

A religião aquimênida, conhecida hoje por inscrições rupestres e que dominou o pensamento iraniano, foi, no princípio, de um deus: Ahuramazdan, o supremo criador e protetor da justiça e da verdade.

Média

País

Ficava a noroeste do Irã. Limitava a noroeste com Armênia, a ocidente com Assíria, ao sul com Susiana, Pérsia, Caramânia, e a leste com Pártia e Hircânia.

As terras de nordeste, chamadas Atropatena, eram muito férteis e produziam mel, laranja e vinho em abundância; e as do leste eram transformadas em pastos para criação de cavalos.

A cidade de Rages, a primitiva capital meda. Essa cidade, destruída e abandonada diversas vezes, voltou a florescer na Idade Média com o nome de Raí, hoje destruída.

O rei medo Fraortes, antes dos aquimênidas, estendeu seus domínios até Araxes. Depois da conquista macedônica, essa região foi chamada Média Atropaten, de onde deriva o nome Atorpatakan.

História

Elã e Assíria confrontaram-se muitas vezes. Assíria ora vence, ora perde. Média se vale da luta encarniçada de seus dois grandes rivais para subir e reinar. Isso despertou o ódio dos persas. Média contratou exércitos mercenários que vieram da Assíria. Fraortes (675-0653), filho de Dayakku, subjugou os persas, enfrentou os assírios e acabou morrendo em batalha.

Civilização

Os medos foram os primeiros considerados arianos e formaram, assim, uma hegemonia mundial. Durante a vigência do Império Persa, os medos aparecem como “magos”, que vêm a ser uma casta sacerdotal que se opunha aos profetas.

Falavam a língua indo-europeia, semelhante ao sânscrito.

De Nínive transportaram para Ecbatana obras de arte assíria. Adotaram o cerimonialismo religioso dos assírios.

Os medos e a Bíblia

Os medos foram convocados pelo Deus todo-poderoso para castigar Babilônia. Em Isaías 21.2 os medos conjugam suas forças com as de Ciro e Elã para destruir Babilônia. Há muitas outras referências à Média nas Escrituras.

Cidades famosas

Ecbatana

Rages

Susã

Persépolis

18. Egito

Por muitos anos, os historiadores disputaram qual teria sido realmente o berço da humanidade: o vale da Mesopotâmia ou o do Nilo.

A Suméria resplandecia na glória de uma civilização avançada, enquanto o Egito era ainda uma expressão geográfica, um aglomerado de cidades-estados independentes, o que o tornava frágil, pois havia guerras constantes entre esses minúsculos reinos, disputando a hegemonia da região. Essa luta prosseguiu até que Menés reuniu numa só coroa o governo de todo o Egito. Quando isso ocorreu, a Suméria já era potência política, econômica e, principalmente, cultural. A influência de suas conquistas culturais chegou até o vale do Nilo.

A contribuição do Egito para a civilização é muito grande e de importância decisiva. A Bíblia diz que Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios (At 7.22).

As regiões do Egito, com sua geografia, seus acidentes, que foram palco dos grandes lances de sua opulenta história, tanto de fome como de fartura, tanto de guerra como de paz.

Na Bíblia

A Bíblia confere ao Egito um lugar destacado. O substantivo aparece mais de 540 vezes no Antigo Testamento e mais de 20 no Novo.

Geografia

De toda a sua área 96% são desertos, e apenas 4% são terras utilizáveis; e 99% da população egípcia vivem naqueles 4% de terra habitável.

Os dois Egitos

O Egito se divide em duas regiões distintas. Essas divisões são o resultado de acidentes geográficos naturais. As divisões são:

Alto Egito

Fica no sul do país. Essa região era chamada de Patros pelos hebreus (Jr 44.1,15). Apenas duas cidades dessa região aparecem na Bíblia: Nô, ou Nô-Amom, que a Septuaginta traduziu por Dióspolis, nome grego para Tebas; e a outra cidade é Syene.

Baixo Egito

Vai da primeira Catarata do Nilo, Assuã, até o Mediterrâneo. O Nilo se divide em dois braços principais a 20 km² ao norte do Cairo:5 o nortista, que atinge o Mediterrâneo em Roseta, e o oriental, em Damieta, distante do primeiro cerca de 150 km. Do Cairo ao Mediterrâneo há uma distância de aproximadamente 160 km.

O Antigo Egito limitava-se em ambos os lados com desertos. O árido território emerge gradualmente do deserto do Saara, que vai do ocidente para o oriente, terminando numa alta cadeia de montanhas que servem de muralhas ao mar Vermelho.

O deserto ao ocidente do Nilo pertencia à Líbia.

O Nilo

O Nilo é o rio do Egito. O mais extenso do mundo.

Localização

Situa-se no nordeste africano, entre a linha do Equador e o Mediterrâneo. Banha, além do Egito, Uganda, Tanzânia e drena as terras de Ruanda, Etiópia e Zaire.

Bacia

A bacia do Nilo ocupa uma área de aproximadamente 2.900.000 km², cujas terras, na sua maior parte, são desertos estéreis e insuportáveis.

Nascentes

Em el-Khartum, cidade próxima de Omdurmãn, quase no centro do Sudão, o Nilo Branco recebe o seu maior afluente, o “Nilo Azul”.

Quando o Nilo passa pelo Sudão Inglês, recebe três afluentes:

  1. O Baro.
  2. Vem do Planalto onde está o lago Tana, também na Etiópia, com um curso de 768 km.
  3. Atbara.

As águas do Nilo Azul com seus tributários determinam as “enchentes” e as “vazantes” nas terras do Baixo Egito, no verão e outono de cada ano.

Cataratas

Entre Assuã e Khartum, as formações graníticas que interceptam o curso do Nilo formam seis corredeiras ou cataratas. De norte para sul, são: Assuã, que marca o limite entre o Alto e Baixo Egito, uádi-Haifa, Esh-Shimalia, entre Delgo e Argo, Karima, Berbera e Geili, em el-Khartum, onde o Nilo Azul entra no Nilo Branco. As seis cataratas ficam no Sudão e no Egito.

O granito da cordilheira que atravessa o Nilo é multicolor (a escuro-clara é a mais conhecida).

O Delta

A 20 km norte da cidade do Cairo, o Nilo se abre em dois braços: o Ocidental, conhecido como Roseta, que desemboca no Mediterrâneo perto de Alexandria; e o Damieta, é o oriental, que termina em Port Said, também no Mediterrâneo, próximo ao Suez.

Além dos dois braços principais que formam os extremos do Delta do Nilo, há cinco estuários menores. Esses cinco canais secundários não constam dos registros antigos do Egito. Heródoto sustenta uma tradição antiga a respeito das sete bocas do Nilo.

Canais

O Egito é um deserto como o do Saara e o da Líbia, exceto no longo vale do Nilo. O Nilo não recebe um afluente sequer. Na região do Delta, entretanto, há água com abundância e a terra é fertilíssima. Do Cairo até a cascata de Assuã, a única água existente no Egito vem do Nilo. O comum mesmo era os usuários irem aos açudes tirar e transportar em vasilhas as águas.

A importância do Nilo para o Egito

Sem o Nilo, o Egito seria um Saara — terrível e inabitado.

O Nilo proporcionou riquezas aos faraós que puderam viver nababescamente, construindo templos suntuosos, monumentos grandiosos, palácios de alto luxo, pirâmides gigantescas e a manutenção de exércitos bem armados, que não somente protegiam o Egito, mas conquistavam por meio de guerras novas regiões.

O Nilo lhes garantia a irrigação e as águas lhe davam colheitas fartas e certas.

Calendário

Os egípcios denominavam as três estações anuais com os seguintes nomes:

1. Akhet ou “inundação”. Era o tempo das enchentes que começavam em junho e se estendiam até setembro.

2. Peret ou “emersão dos campos”. As terras inundadas começavam a secar e a aparecer de sob as águas. Era o tempo da semeadura, que começava em outubro e terminava em fevereiro. A terra ainda conservava a umidade.

3. Shomu ou “estiagem”. Ia de março a maio, ou princípio de junho. Nessa época, o Nilo se mantinha baixo, o calor aumentava. Era tempo de colher.

Nilômetro

“Nilômetro” é um aparelho para medir a altura das águas do Nilo. Os faraós queriam ter certeza das colheitas no Egito.

Valores imobiliários

As terras do Egito valiam pela quantidade de água que recebiam do Nilo. As categorias eram três:

1. Muita água. Por serem produtivas, de grande rendimento, eram as mais valorizadas e de cotação elevada no mercado imobiliário.

2. Pouca água. Devido à escassez de água, as colheitas eram reduzidas. O valor dessas terras era proporcional ao rendimento.

3. Nenhuma água. Terras ressequidas e abrasadas pelo terrível deserto. Ainda que não fossem arenosas, não recebendo água, essas terras nada produziam, por isso o valor era irrisório, apenas nominal.

Disputas pelas águas

O uso das águas do Nilo era a causa das grandes disputas nos tribunais.

Determinava até as contas que os homens prestavam da sua vida depois da morte.

O que o Nilo produzia

Os principais produtos do vale do Nilo eram:

Trigo

Centeio

Cevada

Linho

Papiro

Óleo

Animais

Madeira

Cerâmica

Pedra

Cobre

Ouro

Pedras preciosas

Navegação

Os produtos agrícolas do Egito eram transportados em barcos de pequeno porte. Como o rio Nilo percorre o Egito de norte a sul, os produtos agrícolas podiam ser levados a qualquer ponto do Baixo Egito.

Os barcos também serviam para o transporte de passageiros,

Comunicações

O Nilo facilitava a comunicação da capital com as outras cidades do Egito, levando e trazendo informações rápidas e precisas aos faraós.

Comércio

O Egito mantinha intercâmbio comercial com Canaã, Síria, Fenícia, Hiteia e Líbano, através do Mediterrâneo e de algumas “estradas reais”. Importava madeira, cobre, incenso, perfume e azeitona.

Proteção

O Egito antigo contava com dois meios principais de proteção: o mar e o deserto. Ao norte era protegido pelo Mediterrâneo; ao ocidente, estava o impenetrável deserto da Líbia; ao sul, estava o Sudão (a antiga Núbia), nação fraca no passado e sem recurso. O Egito tinha a proteção de enorme cadeia de montanhas.

Sociedade

Como em qualquer parte do mundo hodierno, ou do passado, as classes sociais se alinhavam nos extremos da riqueza e da pobreza, com raras exceções da chamada classe média, que era mais nominal que real, como a que ainda se denomina de “pobre engravatado”.

As classes altas do Egito levaram uma vida luxuosa. Havia amplos jardins, majestosos salões de recepção decorados com alegres murais, balcões orientados para a viração da tarde, varandas para dormir ao ar-livre, quartos, banheiros com lavatórios e pias com água corrente. Até as casas dos mais humildes tinham instalações sanitárias.

Em outras partes do Egito, as classes favorecidas viviam regaladamente. As inscrições encontradas nas paredes dos túmulos registraram como os ricos viviam: passeando de barco no Nilo, caçando aves, pescando, comendo, bebendo vinhos finíssimos, descansando em seus lindos jardins, dormindo nos seus leitos perfumados, servidos por criados fiéis.

Os pobres eram pobres, mas não mendigos. Seu trabalho era incessante, mas tinham alimentação farta, muita bebida, vestiam-se bem, moravam em casas confortáveis e frequentemente comiam às expensas do erário público durante festas que duravam semanas.

O trabalhador do campo não vivia assim regaladamente. Sua vida era mais precária, mais simples e mais dura. Suas habitações eram rudes choupanas, sua alimentação, entretanto, era farta e boa.

A família egípcia

No antigo Egito, era permitido a poligamia. O egípcio atribuía valor muito grande à família. A mulher era tratada com respeito e dignidade. Os filhos eram educados e bem orientados. Alguns seriam fiéis soldados do faraó; outros, grandes artistas; e outros simples lavradores ou trabalhadores braçais. O lar egípcio (antigo, naturalmente) era integrado e unido.

A religião egípcia

A religião dos egípcios era politeísta. Acompanhou a evolução política do país. Quando o Egito foi unificado sob o poder das dinastias, os deuses continuaram a exercer influência em sua região de origem. O mais importante era Rá ou Atom, o deus-sol, cuja filha Maete personificava a verdade, a justiça, a equidade e a ordem cósmica. O culto nacional era prestado a Osíris, com sua esposa Ísis e seu filho Hórus.

Os deuses egípcios não eram meras formas abstratas e distantes; pelo contrário, tinham os mesmos desejos e as mesmas necessidades dos mortais.

Os egípcios davam importância muito grande à vida além-túmulo. Para eles, essa vida era a continuação da vida aqui.

Quando a múmia de Tutancamon foi selada no túmulo, os sacerdotes trouxeram provisões para o rei (para quando acordasse na outra vida). A múmia de Tutancamon foi colocada em quatro ataúdes, um dentro do outro.

Grande número de pirâmides foi construído para guardar, em cada uma delas, o corpo de apenas um único rei. As pirâmides mais conhecidas são: a Escalonada e as de Quéopes, Quéfrem e Miquerinos em Gizé, no Baixo Egito. Dessas três, a mais conhecida é a de Quéfrem.

Os egípcios antigos tinham uma famosa publicação chamada Livro dos mortos. Seu objetivo era guiar os que partiam para o além. Era um vade-mécum para a outra vida. Nessa trajetória, rumo à eternidade, animais, principalmente cães, serviam de guias aos “peregrinos”.

As pragas que o Deus todo-poderoso contra o Egito tinham como finalidade precípua “desmoralizar” os deuses do panteão egípcio. As Escrituras Sagradas declaram: “Porque naquela noite passarei pela terra do Egito, e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até os animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o SENHOR” (Êx 12.12).

Primeira: as água transformam-se em sangue (Êx 7.14-25).

Segunda: rãs (Êx 8.1-15). A rã era extremamente imunda para os egípcios.

Terceira: piolhos (Êx 8.16-19). Os sacerdotes egípcios, ao ministrarem nos lugares sagrados, usavam vestes brancas de linho extremamente alvas. Raspavam a cabeça e, antes de entrar para o lugar sagrado, eram examinados minuciosamente, porque não podiam ter no seu corpo ou nas suas vestes um piolho, inseto imundo e abjeto.

Quarta: moscas (Êx 8.20-32). Os egípcios tinham um deus chamado Belzebu, poderoso para afugentar moscas.

Quinta: peste nos animais (Êx 9.1-7). Os egípcios consideravam alguns de seus animais sagrados. Outros eram até adorados.

Sexta: as úlceras (Êx 9.8-12). Por ordem de Moisés, servo do Deus Altíssimo, começaram a aparecer úlceras nos homens e nos animais. Os egípcios recorreram ao deus Tifom, pois acreditavam que ele seria capaz de livrá-los da dor e da morte. Tifom, entretanto, nada pôde fazer em favor deles.

Sétima: chuva de pedras (Êx 9.13-35). A deusa Serápis protegia a lavoura. O Deus de Moisés mandou sobre o Egito chuvas de pedras.

Oitava: a dos gafanhotos (Êx 10.1-20). Outro juízo do céu contra Serápis. Os gafanhotos, como nuvens que escureciam a terra, chegaram ao Egito.

Nona: trevas (Êx 10.21-29). Rá era o deus-sol. Os egípcios temiam as trevas. Por isso tinham um deus que os protegia da escuridão.

Décima: morte dos primogênitos (Êx 12.29-36). Foi uma desmoralizarão ao próprio faraó, considerado um deus. Ele não foi capaz de salvar o próprio primogênito, nem o dele nem o de seus súditos.

Templo de Serabite

O culto asiático, particularmente o dos hebreus, era abominação para os egípcios. Em Deir el-Bahari, no Alto Egito, há um monumento mortuário para perpetuar-lhe a memória. Sabendo que seu “filho” Moisés era hebreu (Hb 11.24-26), a celebrada rainha mandou construir na península do Sinai um templo conhecido com o nome de Serabite. Destinava-se ao culto asiático, preferencialmente semítico.

Quando Moisés e Arão disseram ao faraó: “Deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, a fim de que sacrifiquemos ao SENHOR nosso Deus” (Êx 3.18; 5.3; 8.27.), naturalmente eles se referiam ao templo de Serabite, no deserto de Sinai, lugar onde os hebreus podiam livremente sacrificar ao seu Deus sem escandalizar os egípcios.

Origem dos egípcios

O substantivo “egípcio” aparece no Antigo Testamento centenas de vezes, e algumas no Novo Testamento.

Depois de verificarmos o peso da erudição bíblica e histórica sobre a origem dos egípcios, chegaremos à conclusão de que os três filhos de Noé — Sem, Cam e Jafé — nunca arredaram o pé da Mesopotâmia nem lhes era possível fazê-lo. Seus descendentes, entretanto, se espalharam pelas “ilhas das nações” (Gn 10.5). Talvez, pouco antes de Babel (Gn 11.1-9), ou talvez depois, os descendentes de Noé ocuparam o mundo: os jaféticos foram para a Europa, os camitas para a África e os semitas continuaram na Ásia.

Idioma egípcio

A mais primitiva língua do Egito é conhecida como camita-semita, que é realmente uma língua do ramo camita, relacionada de algum modo com as línguas líbico-bérberes do norte africano, que foi fortemente influenciado por uma língua semita.

A longa trajetória da história da língua egípcia abrange pelo menos cinco estágios distintos:

1. Egito Antigo. É o período conhecido como arcaico, durante as dinastias I até a VIII, no terceiro milênio antes de Cristo.

2. Médio Egito. É o período clássico, conhecido como oficial das dinastias IX a XI a.C. Estendeu-se ao Novo Reino até 1300 a.C.

3. Egito Posterior. Foi a língua popular do Novo Reino nos séculos XVI ao VIII a.C. Considerada hoje a linguagem dos documentos oficiais e da literatura. Nesses três períodos, escrevia-se em caracteres hieroglíficos.

4. Egípcio Demótico. Nessa fase já se libertou um pouco da forma hieroglífica e caminha para um egípcio mais evoluído. Começou nos fins do século VIII a.C.

5. Cóptico. Foi o idioma nativo do Egito, durante o período romano-bizantino. Conta com inúmeras formas dialéticas. Transformado em meio literário pelos cristãos egípcios ou coptas.

A escritura egípcia

O caminho da escrita egípcia foi longo e muito complexo. Entretanto, podemos assinalar três nítidos estágios em seu desenvolvimento:

1. A escrita hieroglífica.

2. Escrita hierática.

3. Escrita demótica.

O sistema hieroglífico pictórico consistia em gravuras para expressar as coisas que representavam. Mais tarde vieram a expressar os sons, especialmente as consoantes.

Segundo as Escrituras, Moisés foi educado em toda a ciência do Egito (At 7.22). Ele dominava, portanto, os idiomas egípcios, escrevia correntemente e era versado em todo o conhecimento do grande e poderoso império.

Literatura egípcia

A produção literária do antigo Egito é muito grande. Estão gravados seus monumentos literários em pedras, em óstracos, em papiros.

Os grandes feitos dos faraós foram contados em versos líricos, reais e religiosos, como “As instruções de Ani e de Amenemope” etc. No primeiro milênio, na escrita demótica, temos As instruções de Onchsheshongy e Histórias dos sumo sacerdotes de Mênfis.

Cronologia do Egito

Os dados são prováveis e nunca definitivos.

  1. Época Pré-histórica. A indústria lítica do período paleolítico apresenta aqui quase todos os caracteres evolutivos dos mesmos períodos da europeia.

1. Período Neolítico (5500-4000 a.C.). Encontradas aldeias e necrópolis enterradas debaixo das camadas de aluvião.

2. Período Eneolótico (4000-3600 a.C.). Simples continuação do período anterior. O cobre foi conhecido no Egito muito tarde.

Alto Egito. Cultura tasiense badariense, Nagada I e Nagada II.

Baixo Egito. Três culturas: merindense, omariense e maadiense.

Período Pré-Dinástico. Exclusivamente no Alto Egito (3600-3000) e se divide em: antigo, médio e atual.

2. Período Tinita (3300-2778)

As duas primeiras dinastias que reinaram no Egito no tempo de sua unificação vieram do Alto Egito, procedentes de Tis ou Tinis, localidades próximas de Abidos.

3. Império Antigo (2278-2263)

Nesse período os reis do Egito começaram a governar com grande força, concentrando o poder sob suas coroas e dominando o Egito todo.

4. Primeiro Período Intermediário (2263-2050)

Sétima e oitava dinastias

Apenas uma interrogação. Houve reis que governaram, mas não há registros de nenhum deles na história.

Nona e décima dinastias

A sexta dinastia terminou com violenta crise de poder. A sétima governou com dificuldade. Os reis da oitava foram subjugados pelos reis heracleopolitas da nona dinastia. A segunda dinastia de reis procedentes da nona dinastia foram vencidos pelos monarcas tebanos que iniciaram um período histórico e brilhante.

5. Império Médio (2050-1785)

O país havia voltado, provavelmente, durante as dinastias sétima e oitava, a ser um aglomerado feudal. Nova unificação começou com os reis da undécima dinastia, alcançando seu apogeu com a duodécima.

6. Segundo Período Intermediário (1785-1580)

Um período sombrio da história do Egito. Os dados históricos desse período de cronologia atrabiliária e de quase nenhuma informação segura são escassos. Durante a vigência da décima quarta dinastia, os hicsos ou reis pastores penetraram no Egito pelo Delta e permaneceram até a décima oitava dinastia, quando então foram expulsos do país.

Décima terceira dinastia

O número de reis é indeterminado. Nada se pode precisar no decurso desse período.

Décima quarta dinastia

Não há lista de reis que governaram o Egito nesse período.

Décima sexta dinastia

Os reis hicsos registraram seus nomes nas pedras e papiros do Egito.

7. Novo Império (1580-1085)

Essa é a época de magnificência para o Egito. Tudo floresceu no país. Fontes históricas atestam uma fabulosa riqueza canalizada para o Egito. Poderosos monarcas reinaram e os hicsos foram expulsos. Os egípcios retomaram o reino e governaram com grande poder.

8. Baixo Egito (1085-333)

Reinaram as dinastias vigésima primeira até a trigésima. Reis de procedência desconhecida vieram a governar o Egito. Apesar disso, a história do período é homogênea e com bastante progresso.

9. Primeiro período persa (525-404)

De Psamético II até o domínio macedônico, a história do Egito se confunde com a dos persas.

Vigésima oitava dinastia (404-398)

Governa um só rei, procedente de Saís e conhecido como Amirteu ou Amenertais.

10. Segundo período persa (341-332)

O domínio persa no Egito foi mais curto que o anterior, sendo interrompido pela presença de Alexandre na Macedônia.

11. Período grego (332-321)

Alexandre, o Grande.

12. Lágidas (331-330)

Ptolomeu Sóter fundou uma dinastia que governou até o domínio romano.

Hicsos ou reis pastores

O capítulo referente ao período da dominação hicsa no Egito é um dos mais contraditórios de toda a história do país do Nilo. De 1930 a 1970, as mudanças de conceitos sobre os invasores hicsos foram quase radicais, não só no problema da duração desse sombrio período, mas sobretudo na sua origem e no sistema de governo imposto ao Egito.

Origem

Os Hicsos foram um povo setentrional (possivelmente da Síria) que, pelo fim do século XVIII a.C., passou estrondosamente por Canaã e invadiu o Egito. Os egípcios achavam-se a esse tempo dilacerados por rivalidades dinásticas, e os Hicsos se aproveitaram dessa fraqueza. Os invasores, além do mais, traziam poderosas armas novas, tais como o carro de guerra puxado a cavalo e o arco composto. Em pouco tempo subjugaram as defesas egípcias.

Com os hititas na Mesopotâmia (cerca de 1900 a.C.), os hurritas agruparam-se no reino Mitani na Síria e obrigaram o deslocamento de povos na direção sul. Entre esses que fugiram, estão os hicsos.

O Egito, quando os hicsos eram apenas os habitantes do deserto, estava em lastimável decadência econômica, político e militar.

O tempo

O período da dominação hicsa compreende o tempo das dinastias décima quinta (com seis reis) e décima sexta (com nove reis). Os documentos que traziam o registro dos nomes desses quinze reis foram destruídos. Por outros documentos, calcula-se que os hicsos permaneceram no trono egípcio mais ou menos 108 anos.

Como tomaram o poder

Sob o reinado de Tutemaios, não sei como a cólera divina desceu sobre nós, e um povo do leste, de origem obscura, teve a audácia de invadir o país conquistando à força sem dificuldades ou qualquer combate; seqüestraram chefes, incendiaram selvagemente as cidades, destruíram os templos dos deuses e trataram os habitantes com a mais extrema crueldade, decapitando uns, levando as mulheres de uns e crianças de outros como escravos. Finalmente, fizeram rei a um dos seus, chamados Salitas.

Os asiáticos tinham permissão para entrar e negociar no vale do Nilo. A decadência política do Egito, que gerou a crise econômica, coincidiu com a maior afluência de migração semítica. Os hicsos, que já estavam instalados no Egito, enriqueceram.

Numa cidade chamada Tebas, constituíram a sede do seu novo governo, regida por uma dinastia paralela à dos hicsos.

Esplendor hicso

Aos poucos, os hicsos foram se apoderando do governo egípcio. Com a participação de elementos civis, militares e religiosos insatisfeitos com a dinastia vigente, acabaram por dominar completamente a terra dos faraós. Instalaram sua capital em Avaris (Hut-Waret), situada na orla setentrional da região de Gósen, nas proximidades da fronteira norte-oriental do Egito.

Os hicsos tornaram-se grandes e fortes na economia. Os egípcios, por sua vez, divididos e confusos, não tiveram meios de conter os invasores. A filha de Khian, um dos mais destacados soberanos hicsos, casou com um ilustre príncipe de Tebas.

Na área religiosa trouxeram a deusa Ishtar, representada completamente nua. Implantaram também a esfinge alada da Síria.

Os hicsos, de fato, exerceram forte influência sobre os egípcios. Por outro lado, os egípcios eram senhores da ciência e detinham a chave da sabedoria através de séculos. Os hicsos adotaram fórmulas e protocolos dos faraós para os seus cerimoniais.

Dedicaram-se ao comércio exterior. Seus produtos estiveram presentes em todo o Oriente Médio.

A arqueologia confirma a presença dos hicsos em todo o Oriente Médio.

Expulsão dos hicsos

As dinastias nativas radicadas em Tebas foram-se fortalecendo pouco a pouco. Recuperaram-se economicamente, organizaram grandes exércitos e se adestraram em planos estratégicos com a finalidade de retomar o poder perdido. Por outro lado, os hicsos, por uma série de fatores inexplicáveis, foram se enfraquecendo. Os nativos começaram por hostilizar os hicsos, veladamente no princípio e depois declaradamente. Progrediram em seus planos e acabaram por declarar guerra aos hicsos, conhecida hoje como a “Guerra de Libertação”.

Os hicsos retornaram ao deserto Sírio, de onde talvez vieram.

Consequência hicsa para Israel

Tendo por base Êxodo 1.9, o faraó reconheceu o espantoso crescimento dos filhos de Israel e temeu ante a explosão demográfica desses estrangeiros. Êxodo 1.11 registra a medida que faraó tomou contra Israel: “afligi-los com suas cargas”, isto é, fazer tijolos que foram empregados na construção das cidades armazéns Pitom e Ramessés.

Ramessés foi levantada na área onde outrora estava Avaris. Seti I começou a edificação dessa cidade. Seu neto Tamsés II terminou e deu-lhe seu próprio nome.

Os hicsos e a história egípcia

A história egípcia omite, em grande parte, a presença hicsa em seu governo.

Deixaram, sim, marcas indeléveis de sua passagem pelo Egito. É provável que outros reis, principalmente Ramsés II, tenham mandado apagar dos monumentos egípcios todo e qualquer vestígio da passagem dos hicsos pelo Egito.

19. O cristianismo no Ocidente

Israel é o berço do cristianismo. O Senhor Jesus pregou em toda a Palestina. Morreu, foi sepultado e ressuscitou em Jerusalém. Nessa cidade o Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes. Formou-se, então, a grande e poderosa igreja, que se espalhou por toda a Judeia, Galileia e Samaria (At 9.31).

Segundo a ordem do Senhor Jesus (Mt 28.19,20) e com determinações específicas em Atos 1.8, o evangelho seria pregado em Jerusalém, na Judeia, em Samaria e até os confins da terra.

Formou-se em Antioquia da Síria o grande centro de influência cristã para os gentios.

Paulo foi preparado por Deus para liderar a pregação do evangelho de Cristo.

Arábia

Foi onde Paulo passou três longos anos de sua vida após a conversão a Cristo, entregou-se às batalhas de oração, estudou acuradamente a Palavra de Deus e conversou face a face com Jesus nas revelações gloriosas que narra em 2Coríntios 12.

Nome

“Árabe” parece significar “terra árida” ou “terra seca”. O nome de um país (Arábia) não aparece no Antigo Testamento; mas no Novo Testamento foi empregado para designar a Síria e a península do Sinai.

Divisão da Arábia

Geograficamente, Arábia refere-se à grande península, um subcontinente, situada entre Ásia e África.

Limites

No lado oriental limita com o golfo Pérsico. Ao sul com o oceano Índico, ou mar de Omã, ou ainda mar da Arábia; ao ocidente com o mar Vermelho; ao norte suas fronteiras nunca foram definidas, nem geográfica, geológica e etnograficamente.

Extensão territorial

A Arábia deve ocupar uma área de 3 milhões de km². A parte mais conhecida desse imenso deserto é a que vai do mar Morto e pouco mais para o sul, até o Eufrates. Do ocidente do mar Vermelho até o Nilo estende-se o grande deserto do Saara.

Divisões da Arábia

The International Standard Bible Encyclopaedia divide o Grande Deserto da Arábia em três regiões: Arábia Pétrea, Arábia Deserta e Arábia Felix.4 Essa divisão foi feita por Ptolomeu.

Acidentes geográficos

Montes se erguem na região quase na vertical. O mar Morto está na depressão com cerca de 2.400 m de profundidade.

As muitas depressões da região facilitam as comunicações entre nações e cidades. Dessas depressões, a mais importante é o uádi Hadramawt. Pouco além estão os montes da região de Mahra, com seus famosos camelos.

O deserto sírio, com aproximadamente 200.000 km², eleva-se a quase 1.000 m sobre o nível do mar. Durante milênios, as rotas caravaneiras que vão da Arábia central ao Mediterrâneo têm passado por esse uádi. Hoje, passa o famoso oleoduto e a estrada trans-árabe, por onde escoa o petróleo do golfo Pérsico para o Mediterrâneo.

O povo árabe

Entre os árabes surgiu o famoso reino dos minos, cuja capital era Maim. A arqueologia descobriu uma lista contendo os nomes de seus 36 reis. Conheciam o alfabeto semítico e o usavam. O reino dos minos foi absorvido pelos sabeus conhecidos na Bíblia como “reino de Sabá”. Os árabes se relacionavam com os hebreus.

O termo “Arábia” comportava, nesse tempo, um sentido muito amplo. Abrangia toda a península arábica e se estendia até Damasco, e além, até as águas do Eufrates. A alma desse país era formada pelo Reino dos Nabateus, chamada “Arábia Pétrea”. Aretas, o rei dos árabes nabateus vivai, então, em pé de guerra com Herodes Antipas, tetrarca da Galileia, o qual repudiara a sua legítima esposa, filha de Aretas, por amor de Herodíades.

A Arábia é mencionada apenas duas vezes no Novo Testamento. Paulo relata como, após a sua conversão, ele foi para a Arábia (Gl 1.17).

A Arábia de Paulo deve ter sido numa cidade do reino dos nabateus, ou nalgum lugar da imensa península do Sinai, entre Cades Barneia e o monte de Moisés. Foi um lugar calmo, solitário e convidativo à comunhão com Deus. Talvez ele tenha morado em tenda com algum conhecido e fabricado tendas para garantir sua manutenção. É possível que tenha pregado a Palavra e ganhado algumas almas para Cristo. Seu objetivo principal, entretanto, foi sentar-se aos pés de Cristo e harmonizar lei e graça, preparando-se, assim, para ser mestre dos gentios na fé e na verdade (1Tm 2.7).

Damasco

Localização

Fica no noroeste da planície de Rhuta ou el-Gutah, a 33º latitude N e 36º 18’ longitude E. A 690 m sobre o nível do mar; limita a ocidente com o deserto siro-arábico. Banhada pelo famoso rio Barada (o Abana de 2Rs 5.12) e pelo Farfar.

Pelo oriente chegava, no passado, à Assíria e Babilônia; e pelo sul alcança a Arábia através de Israel ou Jordânia; pelo norte comunicava-se com Alepo.

Antiguidade

Admite-se que Damasco seja uma das mais antigas cidades do mundo. Dois milênios antes de Cristo já apareceu no Antigo Testamento em Gênesis 14.15.

História

Conhecida desde tempos imemoriais, alinha-se entre os lugares conhecidos como pré-históricos:

1. Isaías 7.8 diz que Damasco é o cabeça de Arã.

2. Abraão derrotou a coligação de reis orientais, perto de Damasco (Gn 14.15).

3. Abraão tinha um servo fiel chamado Eliezer, que era de Damasco (Gn 15.2).

4. Davi tomou Damasco e nela estabeleceu guarnições (2Sm 8.5, 6; 1Cr 18.5,6).

5. Hezion, Tabrimom e Ben-Hadade, reis da Síria no tempo de Asa, rei de Judá, residiam em Damasco (1Rs 15.18).

No período selêucida, Damasco deixou de ser capital. Em 64 a.C., Damasco tornou-se uma cidade romana.

Antioquia

Localização

A cidade dormia ao pé do monte Silfo e voltava-se para Selêucia Pieria, famosa pelo seu grande porto sobre o Orontes. Pelas rotas caravaneiras, chegava à Mesopotâmia, Ásia Menor, Palestina e Egito.

O povo

Gente heterogênea formava a massa populacional de Antioquia. os selêucidas estimularam os judeus a se radicarem em Antioquia.

Antioquia era uma cidade muito grande e com uma densidade demográfica colossal.

História

Antioquia nasceu grande. Ao norte de Damasco estava Palmira. Os selêucidas e romanos estiveram em guerra muitos anos. Pompeu (64 a.C.) capturou a cidade, declarando-a livre. Foi transformada em capital da Província Romana da Síria. Romanos e sírios começaram a remodelar a cidade com grandes edifícios e templos colossais, com pontes maravilhosas sobre o rio Orontes, com ruas e avenidas magníficas. Tornou-se esplendorosa, gloriosa e rica, a terceira cidade do mundo, ultrapassada apenas por Roma e Alexandria. Em Dafne, atividades indecorosas e orgias eram praticadas em nome dos deuses.

A perseguição que sobreveio à igreja em Jerusalém, começando com o martírio de Estêvão (At 8.1-4), espalhou os cristãos por diversas partes do mundo.

A igreja de Jerusalém enviou Barnabé para inspecionar o nascente trabalho e para ajudar a igreja.

Antioquia foi destruída em 538 d.C., tomada por Cosroes, rei persa. O imperador Justiniano a reconstruiu. Os serracenos tomaram-na em 635 d.C. Em 1084 passou para o domínio turco. Em 1068, os Cruzados dominaram-na até 1269. Daqui em diante, esteve sempre sob poder muçulmano.

Ásia e Ásias

A palavra “Ásia” comporta diversas acepções:

1. O imenso continente.

2. Uma das divisões do Oriente, como: Extremo Oriente, Oriente Médio e Oriente Próximo.

3. A região da Anatólia, hoje ocupada pela Turquia asiática.

4. A região das sete igrejas do livro de Apocalipse, acrescida de outras pequenas cidades.

Anatólia

1. Ásia. Foi o nome que a Roma clássica deu à imensa península que ocupa a metade da atual Turquia;

2. Ásia Menor. Osório foi o primeiro a empregar essa terminologia por volta de 400 d.C.

3. Anatólia.

“A palavra Ásia origina-se de denominações dadas, em meados do segundo milênio antes de Cristo, por textos hititas e egípcios, respectivamente às costas ocidentais, Assuwa, e regiões meridionais, Iasia da Ásia Menor.

Fronteiras

A Anatólia a norte confina com o mar Euxino, hoje chamado “Negro”; ao sul, com o Mediterrâneo; a ocidente, com o mar Egeu; e a leste, com a cordilheira do Taurus.

As fronteiras internacionais da Turquia hoje são: a leste com a União Soviética e Irã; a oeste com Bulgária e Síria; ao sul com Síria e Iraque; ao norte com o mar Negro.

População

A população da Anatólia no tempo do Império Romano: 10 milhões de habitantes.

Montes

A península da Anatólia é constituída por duas grandes mesetas: ao ocidente, a da Anatólia, e a da Armênia, ao oriente.

Na Turquia europeia, os montes principais são: Istranca e Tekirdag.

Planícies

A região da Ásia Menor é essencialmente montanhosa.

Hidrografia

Mares

Ao norte está o famoso mar Negro; a leste, o mar Egeu.

Rios

Não há na Anatólia rios importantes. Os principais rios são:

1. Licus e Halis

2. Sangário

3. Macestos, Ridaco e Granico

4. Hermo

5. Caister

6. Indus

7. Questro.

8. Calicadno.

9. Cidno

10. Saro

11. Piramo

12. Tigre e Eufrates

Lagos

Aproximadamente 40 lagos se espalham pelo território da Anatólia. Um dos mais famosos é o Lago Salgado. A região de Tus, onde está o Lago Salgado.

A maior quantidade de água que chega ao mar provém das vertentes das geleiras dos grandes montes que correm ao longo da costa marítima.

Desertos

De quase todo o território da Anatólia, 60% são constituídos de montes, serras e cordilheiras; 20% de água. As terras são de exuberante fertilidade. Não encontramos na Ásia Menor regiões desertas.

Clima

Em geral, mais ou menos o clima mediterrâneo, no litoral Egeu e do mar Mediterrâneo.

Estradas

As estradas eram essenciais para suas grandes conquistas, o que levou esses impérios a construir grandes estradas. O mesmo fizeram os hiteus. Estava reservado aos romanos o maior império da antiguidade, a maior expansão, o imenso poderio bélico, as maiores riquezas. Por causa disso, eles construíram as maiores e melhores estradas do passado.

Os romanos construíram muitas estradas para manter seus domínios.

Tudo isso seria usado mais tarde por Deus para expandir o cristianismo.

As estradas e as comunicações marítimas foram um fator importante para os conquistadores, mas para os propagadores do evangelho da paz representou algo muito mais grandioso.

As vias fluviais da Anatólia eram poucas por causa da natureza do seu relevo montanhoso. Em compensação, os caminhos e as estradas eram numerosíssimos:

1. Uma estrada partia do norte de Carseise e Alepo, atravessava os montes Amano e Taurus e chegava a Boghazkoy. Passava por Marassa, Cesareia e terminava no mar Euxino ou Negro. Era movimentadíssima.

2. Outra estrada saía de Nínive, nas imediações do Tigre, passava por Malácia e se unia à primeira nas proximidades de Cesareia.

3. Passo das Portas da Cilícia, também conhecida como Gulek Bogazi.

4. Caminho velho.

5. Via Ignatia.

As regiões da Anatólia

A Anatólia era constituída de um grande número de regiões, que hoje formam a Grande República Turca.

As principais províncias da Anatólia são:

1. Ásia.

2. Bitínia.

3. Ponto.

4. Galácia.

5. Reino de Polemom .

6. Capadócia.

7. Lícia.

8. Panfília.

9. Cilícia.

10. Pisídia.

11. Licaônia.

Grécia

Localização

A península balcânica encontra-se entre o Mediterrâneo e o mar Egeu, e o território grego que dela faz parte limita-se ao norte com Albânia, Iugoslávia e Bulgária, e a leste com a Turquia. As numerosas ilhas, das quais a maior é Creta, estendem-se a sul e a oeste.

A Grécia está dividida em nove regiões (diamerismata): ilhas Jônicas, com Epiro, Creta, Macedônia; ilhas do Egeu, com Nisoi Igníoi, Peloponeso; Grécia Central (Eubeia) ou Stereá Ellas, com Tessália e Trácia.

A capital da Grécia é Atenas.

No período clássico, temos duas Grécias: a Continental e a Marítima.

O limite antigo da Grécia marcava-se com uma linha que, partindo do ocidente do golfo de Arta, antigamente golfo de Ambrácia, chega a leste no golfo de Salônica, na região montanhosa do Olimpo, na desembocadura do Salambria, no Peneo.

A Grécia Continental é separada da Marítima pelo istmo de Corinto.

As três regiões da Grécia

Na Bíblia encontramos três regiões que aparecem com os nomes: Grécia, Acaia e Macedônia.

Deuses da Grécia

Não é possível alistar aqui os milhares de deuses que povoaram os templos e os montes da Grécia.

Cidades do tempo de Paulo

Os caldeus, que sucederam aos assírios, consolidaram as conquistas anteriores. Os persas tiveram um império universal. Na linha de sucessão, vieram os gregos, a começar com Alexandre, o Grande, e depois seus continuadores.

O apóstolo Paulo foi o homem preparado por Deus para levar o evangelho de Cristo através de três continentes.

Rápidas informações sobre algumas das muitas cidades espalhadas pelo Império Romano, que eram centros poderosos de influência helênica.

Tarso

Localização

Pertence à grande região da Cilícia, e era um grande e poderoso país nos dias do Novo Testamento; hoje pertencente à Turquia.

Dois rios passam perto de Tarso: Soro e Piramo.

O planalto onde floresceu a cidade de Tarso era de incomparável fertilidade. Além do trigo, as terras produziram frutos em quantidade e outros cereais em abundância.

A cidade

Tarso, uma das mais antigas cidades do Oriente Médio, nasceu na confluência de tantos pontos estratégicos. Tornou-se baluarte militar e uma fortaleza econômica.

Só os nativos de Tarso podiam ensinar e frequentar essa universidade. Nenhum estrangeiro se firmava ali.

A filosofia predominante na Universidade de Tarso, nos dias do apóstolo Paulo, era o estoicismo, escola filosófica fundada por Zenão de Cício (335-264 a.C.).

A religião dominante em Tarso foi a grega, mistura de ídolos e mitologia.

Outro vestígio do passado glorioso de Tarso é a chamada Doniktas (Pedra Retirada); um colossal bloco de pedra encontrado à margem direita do rio Tarsus Cayi.

Alexandria

“Alexandria” e “alexandrino” são termos que constam no Novo Testamento (At 6.9; 18.24; 27.6; 28.11), mas não há menção de nenhum esforço evangelístico em Alexandria nos tempos apostólicos.

Alexandre, o Grande, fundou setenta cidades. Uma delas foi Alexandria, que veio a ser a principal, sobrepujando em muito a Atenas.

Ptolomeu Sóter, o mais sábio e o mais hábil vínculo da dinastia Lágida, elevou Alexandria à mais bela e mais importante cidade do mundo. Traçou um plano geral para a cidade. Dividiu-a em ruas e avenidas paralelas. As ruas eram adornadas com ricas colunatas.

É bem provável que tenha havido em Alexandria uma famosa escola de oratória (cf. At 6.9).

A colônia judaica cresceu grandemente em Alexandria. Com o passar dos anos, os judeus foram se esquecendo do seu querido hebraico. Não puderam mais ler o Antigo Testamento, pois a língua grega era empregada na cultura e no comércio.

O Novo Testamento não relata nenhuma poderosa igreja plantada em Alexandria.

Alexandria se tornou a capital do mundo intelectual do passado, além de um baluarte político, principalmente dos romanos, e um poderio militar e econômico.

Filipos

Trata-se de importante cidade. Segundo Atos 16.12, Filipos é “primeira do distrito” e da “colônia”. Por “primeira do distrito” deve entender-se mais pela posição geográfica.

Macedônia era uma província e estava dividida em quatro distritos governamentais, com Anfípolis e Tessalônica, cidades principais, tidas como as capitais desses distritos, assim enumerados: primeiro e segundo. Filipos pertencia ao primeiro.

Havia muito ouro em Filipos.

Os romanos tomaram Filipos em 108 a.C. na batalha de Pidna.

Por chamado direto de Deus, Paulo e seus companheiros visitaram a cidade de Filipos.

Sendo Filipos uma cidade de importância militar, ponto estratégico para batalhas, o comércio ocupava lugar inferior. Por esse motivo, nela havia reduzido número de judeus, o que não comportava a existência de uma sinagoga.

Hoje, só restam escombros de Filipos.

Tessalônica

Situada na Europa, foi plantada no golfo de Termas, no coração da Macedônia. O porto de Tessalônica era dos mais movimentados, e ainda hoje é um dos principais da Europa.

Tessalônica era ponto estratégico. Grandes contingentes militares estavam sempre aquartelados na cidade.

Ao deixarem Filipos, Paulo e seus companheiros dirigiram-se para Tessalônica. Coisas notáveis aconteceram: o povo aceitou bem o evangelho.

Os convertidos pela pregação de Paulo eram destemidos e valorosos na fé.

Pela perseguição dos judeus, Paulo não teve tempo de completar o ensino sobre a volta de Jesus. Os tessalonicenses, animados com a volta iminente do Senhor Jesus, venderam propriedades, abandonaram emprego etc. Jesus não voltou conforme o que eles anunciaram.

Atenas

Era a capital da Ática.

Entre os séculos VIII e VII a.C., Atenas recebeu seu primeiro código, redigido por Bracón. Sólon inaugurou o regime censitário que consistia na igualdade política para todos os cidadãos, cujo critério era a quantidade de dinheiro e não a liberdade de Atenas.

Grandes obras foram erguidas:

  1. A primeira delas foi a Acrópole, o Partenon, o templo de Apolo.

2. Grandes edifícios públicos foram levantados em Atenas, todos eles relacionados com o deus Helas.

3. A Propileia.

4. A estátua de Atena.

5. O Erechteum.

6. A estátua da Atena Vitoriosa.

7. O teatro de Dionísio.

8. O templo de Esculápio.

9. O Odeon de Herodes Ático.

10. O templo de Zeus (Júpiter).

11. O “Estádio”, hoje reconstruído para inaugurar os jogos olímpicos.

12. A “Torre dos Ventos”.

13. O mercado e o Forum do período romano.

14. Agorá

15. Areópago

O espírito de Paulo se revoltava com a brutal idolatria de Atenas. Paulo exaltou a religiosidade dos atenienses.

O apóstolo destacou, entre os milhares de altares que se espalhavam pela cidade, o dedicado ao “DEUS DESCONHECIDO”. Esse “Deus” que eles veneravam, mas não o conheciam, era o que Paulo pregava. Foi o “introito” de seu poderoso sermão, no qual ele descreveu os atributos desse Deus maravilhoso.

A obra cristã em Atenas parece que continuou com Dionísio, o areopagita, mas o trabalho evangélico, propriamente dito, hoje é fraco na Grécia.

Corinto

A primeira Corinto, da época pré-helênica, chama-se Epira.

A cidade é banhada por dois mares: Egeu e Jônico ou Adriático.

A cidade relacionada com o Novo Testamento não foi a dos tempos clássicos, pois esta fora destruída em 146 a.C. por Lúcio Mummio. A Enciclopedia de la Biblia diz que, no esplendor de Corinto, sua população era de 200 mil habitantes e 400 mil escravos.

Era uma cidade cosmopolita. A população de Corinto se compunha de colonos, libertos, veteranos e cidadãos romanos. A colônia judaica era grande, pois a arqueologia descobriu as ruínas de uma grande sinagoga.

Opulenta, porém, depravada, predominava a luxúria no famoso templo dedicado a Afrodite na Acrocorinto.

Paulo, vindo de Atenas, chegou a Corinto, talvez no final do ano 40 d.C., na sua segunda viagem missionária (At 18.1).

Roma

Maior que Atenas, Alexandria e Antioquia. Foi a maior do mundo nos dias áureos de seu grandioso império. Estendeu suas armas vitoriosas sobre o Oriente Médio, Ilhas Britânicas, França, Bélgica, Espanha, Portugal e África do Norte. Maior que o império de Alexandre.

Roma foi iniciada numa planície, com sete elevações conhecidas como as “sete colinas romanas”.

O rio Tibre banha uma boa parte da cidade.

Era murada. Fora dos muros floresceram bairros com boa densidade demográfica. Roma era uma cidade praticamente sem muralhas de 146 a.C. até Marco Aurélio, em 270 d.C.

No tempo de Augusto havia milhares de judeus em Roma.

Roma era a cidade magnífica com o Panteón, a Basílica Júlia, o templo de Apolo, o Fórum, que foi ligado ao Arco Triunfal de Tibério, as riquíssimas construções de Nero (a casa de ouro e os jardins), o circo máximo, o Coliseu, as casas de banho, os grandes edifícios públicos. Essas coisas fizeram de Roma a cidade bela, rica e magnificente.

No ano 64 d.C., Nero mandou incendiar a cidade de Roma e atribuiu a responsabilidade do fogo aos cristãos.

Paulo foi decapitado em Roma.

Roma foi reconstruída, e muito maior. Sua população chegou a 1,5 milhão de habitantes, sendo 700 mil livres e 800 mil escravos.

Os tribunais romanos, oferecendo justiça imparcial, eram encarnações da ordem romana mesma; as grandes estradas, como a Via Ápia, a Flamínia e a Óstia, ligando as mais remotas regiões do mundo com o centro do Império, encontravam um ponto comum nas Portas de Bronze do Fórum.

A grande arena do Mediterrâneo, onde o cristianismo ganhou as suas primeiras vitórias triunfais e suas conquistas futuras incluíam todo o Império Romano. Mesmo que Roma não seja muitas vezes mencionada nas páginas do Novo Testamento, a sua impressionante sombra pode ser vista através de cada página, desde o decreto de César Augusto que levou José e Maria à Belém, ao edito de Cláudio, que baniu Áquila e Priscila de Roma.

As sete igrejas da Ásia

Essas sete igrejas e outras da mesma região nasceram como resultado do trabalho diuturno e sacrificial do apóstolo Paulo.

São citadas as das “sete igrejas”, incluindo a ilha Patmos, onde foi escrito o último livro do Novo Testamento.

Éfeso

Grande cidade. A mais importante da “Ásia”. Algumas coisas tornaram Éfeso uma grande cidade:

  1. Capital da província romana da Ásia.
  2. Havia um grande mercado, comprando e vendendo produtos da região e de outras partes.
  3. Podia-se chegar ou sair de Éfeso por mar, pois o porto distava apenas 5 km; no tempo de Paulo era mais perto ainda.
  4. Havia também um famoso centro de medicina.
  5. A cidade abrigava o templo de Diana ou Artêmis, a deusa símbolo da fertilidade.
  6. O Grande Fórum Romano.
  7. O Estádio também era de gigantescas dimensões (assim o provam as ruínas).
  8. Uma muralha de 11,2 km circundava a cidade, dando-lhe segurança e paz.

Coisas importantes aconteceram pela pregação de Paulo e de seus companheiros:

1. Começou com homens convertidos e cheios do Espírito Santo e com dons espirituais (At 19.1-7).

2. Paulo evitou brigas e polêmicas entre judeus e cristãos (19.9).

3. Paulo pregou somente a Palavra de Deus.

4. A mensagem de Paulo não era apenas na sabedoria humana, mas na demonstração do poder de Deus com milagres e maravilhas (At 19.11,12).

Esmirna

Plantada ao pé do monte Pagos, sua topografia encantadora conferiu-lhe o título de “O adorno da Ásia”.

Seus primitivos habitantes eram eólios, depois jônicos. Chegou a ser destruída em 580 a.C. por Alyattes, rei da Lídia, mas foi restaurada pelos sucessores de Alexandre Magno.

Antes da Primeira Guerra Mundial os gregos tinham grandes indústrias em Esmirna. Após a guerra, o governo turco expulsou os gregos. A indústria foi golpeada.

A cidade era terrivelmente pagã. O evangelho, entretanto, progrediu. O Senhor advertiu ainda que a igreja passaria por grande tribulação.

Pérgamo

Importante cidade da Ásia Menor. Construída sobre uma montanha de mais ou menos 300 m sobre o mar. Cresceu à sombra do helenismo.

Com importantes estradas que ligaram Éfeso a quase toda a região da Anatólia, Pérgamo assumiu uma condição inferior, mas continuou sendo a capital da Província.

A vida religiosa de Pérgamo foi muito intensa no alvorecer da era cristã.

O Senhor Jesus enviou à igreja de Pérgamo uma mensagem, registrada em Apocalipse 2.12-17. Jesus diz: “Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás”.

As solenidades idolátricas celebradas em Pérgamo atraíam gente de toda a Ásia.

Tiatira

A estrada de Pérgamos a Sardes passava por Tiatira.

Tornou-se um grande centro comercial e também industrial. Produtos fabricados em Tiatira eram famosos na Ásia e na África. Lídia (At 16), a primeira pessoa convertida na Europa pelo trabalho de Paulo, procedia dessa cidade. A cidade também era fabricante de cerâmica para adorno e uso doméstico.

Provavelmente o ensino da “Jezabel” da igreja de Tiatira deveria ser algo ligado a práticas imorais e idolátricas de algumas das muitas instituições espalhadas pela cidade pagã.

Sardes

Erguida quase no centro da Ásia Procunsular, hoje território pertencente à Turquia.

Nos séculos VII e VI a.C. progrediu grandemente. Foi atacada pelos cimérios (668-652 a.C.), que lhe mataram o rei Giges. Em 498 a.C., os jônios se revoltaram contra o governo e prejudicaram a cidade.

Sardes era uma cidade-fortaleza quase inexpugnável.

O mercado de Sardes era grande e movimentado.

Filadélfia

Situada no sopé de um contraforte do monte Tmolo, hoje chamado “Boz Dgi”. Suas terras eram férteis, seu comércio intenso e a cidade muito rica. No ano 17 da nossa era foi destruída por violento terremoto. O movimento religioso da cidade era grande. Muitos templos suntuosos espalhavam-se por suas ruas e bairros. O local está hoje ocupado por uma aldeia chamada Alaseir, pertencente à Turquia asiática.

Laodiceia

Pertencia à Frígia e ficava às margens do rio Lico. Laodiceia era um centro cultural, político, comercial e religioso dos mais consideráveis da Ásia.

Laodiceia era uma cidade importante por muitos fatores. Destacamos estes:

  1. A medicina era valorizada, principalmente a oftalmologia.
  2. Com a morte de Átalo III, ocorrida em 133 a.C., o governo passou aos romanos que estabeleceram uma poderosa guarnição na cidade.
  3. Cícero diz que em Laodiceia houve bancos que movimentavam grandes somas de dinheiro.
  4. Seu comércio era dos mais ricos, segundo Cícero. O que a igreja dizia ter em Apocalipse 3.17 não passava de um reflexo da grandeza da cidade.
  5. A fabricação de tecidos era uma atividade importante, sobretudo os de cor preta lustrosos, caríssimos e muito procurados.
  6. Apesar de toda a riqueza da cidade, havia escassez de água. As águas vinham das fontes termais de Hierápolis, através de tubos.
  7. No primeiro século havia uma numerosa comunidade judaica em Laodiceia; por isso o cristianismo adentrou com certa facilidade na região.

Patmos

Trata-se de uma pequena ilha do mar Egeu.

Sua formação é granítica de rochas vulcânicas, montanhosa e estéril.

Seus habitantes viviam da agricultura. O comércio era muito fraco.

Pouco ou quase nada sabemos da história da ilha de Patmos.

Os romanos tinham três condições de exílio:

  1. Relegatio ou Deportatio in insulam.
  2. Condenação ad metalla.
  3. Ad Opus Publicum.

João, na realidade, foi exilado em Patmos com a finalidade de permanecer separado das sete igrejas da Ásia.

Apêndice 1

O dilúvio e a arca de Noé à luz da Bíblia, da geologia e da arqueologia

Até cerca de cem anos atrás, o fato histórico do dilúvio era quase universalmente aceito, não só pelos membros da Igreja Católica e Protestante, mas também pelos homens da ciência.

Com o darwinismo; a catástrofe do dilúvio não se encaixou no sistema. Foi rejeitado por motivos geológicos, biológicos e históricos.

Definição

Já o Dicionário brasileiro da língua portuguesa traz a seguinte definição: “Inundação extraordinária. 2. Castigo imposto por Deus aos homens ao tempo de Noé e relatado no Antigo Testamento. 3. Grande quantidade de líquidos. 4. Chuva copiosa e torrencial”.

Autenticidade da Bíblia

Autores de profundo saber, homens de cultura invulgar, não há contestação, aceitaram a dúvida sobre a autenticidade de Gênesis.

André Parrot faz esforço descomunal para dividir a narrativa bíblica em duas redações. Naturalmente usou material de outros autores da mesma linha. Seguem várias citações de Gênesis que comprovam o minucioso estudo do autor.

Gênesis 6.5-8

Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; então, se arrependeu o SENHOR de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. Disse o SENHOR: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Porém Noé achou graça diante do SENHOR.

Gênesis 7.1-5

Disse o SENHOR a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração. De todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas

dos animais imundos, um par: o macho e sua fêmea. Também das aves dos céus, sete pares: macho e fêmea; para se conservar a semente sobre a face da terra. Porque, daqui a sete dias, farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites; e da superfície da terra exterminarei todos os seres que fiz. E tudo fez Noé, segundo o SENHOR lhe ordenara.

Gênesis 7.9-16

Entraram para Noé, na arca, de dois em dois, macho e fêmea, como Deus lhe ordenara. E aconteceu que, depois de sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio. No ano seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram, e houve copiosa chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites. Nesse mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cam e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos; eles, e todos os animais segundo as suas espécies, todo gado segundo as suas espécies, todos os répteis que rastejam sobre a terra segundo as suas espécies, todas as aves segundo as suas espécies, todos os pássaros e tudo o que tem asa. De toda carne, em que havia fôlego de vida, entraram de dois em dois para Noé na arca; eram macho e fêmea os que entraram de toda carne, como Deus lhe havia ordenado; e o SENHOR fechou a porta após ele.

Gênesis 7.21,23

Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e todo homem. […] Assim, foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra; o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus foram extintos da terra; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca.

Gênesis 8.2

Fecharam-se as fontes do abismo e também as comportas dos céus, e a copiosa chuva dos céus se deteve.

Gênesis 8.6-13

Ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela que fizera na arca e soltou um corvo, o qual, tendo saído, ia e voltava, até que se secaram as águas de sobre a terra. Depois, soltou uma pomba para ver se as águas teriam já

minguado da superfície da terra; mas a pomba, não achando onde pousar o pé, tornou a ele para a arca; porque as águas cobriam ainda a terra. Noé, estendendo a mão, tomou-a e a recolheu consigo na arca. Esperou ainda outros sete dias e de novo soltou a pomba fora da arca. À tarde, ela voltou a ele; trazia no bico uma folha nova de oliveira; assim entendeu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra. Então, esperou ainda mais sete dias e soltou a pomba; ela, porém, já não tornou a ele. Sucedeu que, no primeiro dia do primeiro mês, do ano seiscentos e um, as águas se secaram de sobre a terra. Então, Noé removeu a cobertura da arca e olhou, e eis que o solo estava enxuto.

Gênesis 8.20-22

Levantou Noé um altar ao SENHOR e, tomando de animais limpos e de aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar.

E o SENHOR aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz.

Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.

Para o “P” (Sacerdotal), Parrot reconhece as seguintes partes:

Gênesis 6.9-22

Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus. Gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé. A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra. Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra. Faze uma arca de tábuas de cipreste; nela farás compartimentos e a calafetarás com betume por dentro e por fora. Deste modo a farás: de trezentos côvados será o comprimento; de cinquenta, a largura; e a altura, de trinta. Farás ao seu redor uma abertura de um côvado de altura; a porta da arca colocarás lateralmente; farás pavimentos na arca: um em baixo, um segundo e um terceiro. Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra perecerá. Contigo, porém, estabelecerei a minha aliança; entrarás na arca, tu e teus filhos, e tua mulher, e as mulheres de teus filhos. De tudo o que vive, de toda carne, dois de cada espécie, macho e fêmea, farás entrar na arca, para os conservares vivos contigo. Das aves segundo as suas espécies, do gado segundo as suas espécies, de todo réptil da terra segundo as suas espécies, dois de cada espécie virão a ti, para os conservares em vida. Leva contigo de tudo o que se come, ajunta-o contigo; ser-te-á para alimento, a ti e a eles. Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara.

Gênesis 7.6

Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando as águas do dilúvio inundaram a terra.

Gênesis 7.11

No ano seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram.

Gênesis 7.13-17

Nesse mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cam e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos; eles, e todos os animais segundo as suas espécies, todo gado segundo as suas espécies, todos os répteis que rastejam sobre a terra segundo as suas espécies, todas as aves segundo as suas espécies, todos os pássaros e tudo o que tem asa. De toda carne, em que havia fôlego de vida, entraram de dois em dois para Noé na arca; eram macho e fêmea os que entraram de toda carne, como Deus lhe havia ordenado; e o SENHOR fechou a porta após ele. Durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra; cresceram as águas e levantaram a arca de sobre a terra.

Gênesis 7.20-21

Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos. Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e todo homem.

Gênesis 7.24

E as águas durante cento e cinquenta dias predominaram sobre a terra.

Gênesis 8.1-5

Lembrou-se Deus de Noé e de todos os animais selváticos e de todos os animais domésticos que com ele estavam na arca; Deus fez soprar um vento sobre a terra, e baixaram as águas. Fecharam-se as fontes do abismo e também as comportas dos céus, e a copiosa chuva dos céus se deteve. As águas iam-se escoando continuamente de sobre a terra e minguaram ao cabo de cento e cinquenta dias. No dia dezessete do sétimo mês, a arca repousou sobre as montanhas de Ararate. E as águas foram minguando até ao décimo mês, em cujo primeiro dia apareceram os cimos dos montes.

Gênesis 8.13

Sucedeu que, no primeiro dia do primeiro mês, do ano seiscentos e um, as águas se secaram de sobre a terra. Então, Noé removeu a cobertura da arca e olhou, e eis que o solo estava enxuto.

Gênesis 8.15-16

Então, disse Deus a Noé: Sai da arca, e, contigo, tua mulher, e teus filhos, e as mulheres de teus filhos.

Gênesis 9.1

Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra.

Em um mesmo livro, como em Salmos, pode aparecer mais de um nome de Deus. Na própria narrativa do dilúvio “Jeová” e “Deus” se confundem. A narrativa não é uma duplicidade, mas uma unidade.

Negar a Palavra de Deus é próprio da operação da impiedade como nos diz 2Pedro 3.15,16. A Palavra é autêntica: é martelo que despedaça a rocha, fogo que consome (Jr 23.29), é espada que penetra (Hb 4.12). Declaramos aqui nossa confiança plena na autenticidade divina da Bíblia, no seu poder e na sua eternidade (1Pe 1.24,15).

Sobre esse fundamento da Palavra divina e inspirada, entraremos para considerarmos algumas lições importantes do dilúvio universal como apresentado em Gênesis de 6 a 9.

As provas intrínsecas da Bíblia constituem argumento que ninguém consegue refutar, a não ser os que entram no santuário do Livro Santo com espírito preconcebido.

A Bíblia toda confirma o dilúvio, senão vejamos os seguintes textos: Mateus 24.38,39; Lucas 17.27 e 2Pedro 2.5. Na sua totalidade, ela aceita Noé como o patriarca do dilúvio, como constatamos das seguintes escrituras: 1Crônicas 14.4; Isaías 5.9; Ezequiel 14.14,20; Mateus 24.37; Lucas 3.36; 17.26,27; Hebreus 11.7; 1Pedro 3.20; 2Pedro 2.5.

Os “eruditos” podem nos chamar de tolos, inocentes etc., mas essa é a nossa convicção na Palavra de Deus: cremos na Bíblia toda como a Palavra Santa de Deus; cremos até nas suas vírgulas. A “erudição” sem o Espírito Santo, que crê numa parte da Bíblia e noutra não, conduz para a descrença das demais partes da Bíblia, para o pecado, o caos e a perdição.

As causas do dilúvio

As causas do dilúvio estão alinhadas em Gênesis 6.1-7. Deus deu aos homens uma bênção, qual seja, o “multiplicar” de filhos e filhas (6.1).

A causa determinante do dilúvio foi a mesma que levou Adão e Eva a pecar e, consequentemente, perder o paraíso, a saber: a desobediência à expressa ordem de Deus.

Essa desobediência a Deus levou a humanidade antediluviana a três resultados funestos:

  1. Excessiva luxúria (Gn 6.2). Naturalmente os “filhos de Deus” dispunham em seus lugarejos de quem poderiam se casar, mas seus olhos cheios de cobiça descobriram mais formosura nas filhas de Caim.
  2. Orgulho (Gn 6.4). Pecaram contra Deus, casando-se com quem o Senhor proibira. O resultado foi maior pecado. Não há mais grave pecado do que o orgulho.
  3. Violência (Gn 6.11,13). O fruto desse terrível pecado não podia ser outro, senão a violência. E não foi pouca. Gênesis 6.11,13 afirma que a terra estava cheia de violência. Por violência podemos admitir crimes, os mais hediondos, furtos, blasfêmias, desrespeitos, violentações, fraudes, ódio, requintes de barbarismos. A terra se encheu de abomináveis pecados.

O castigo de Deus sempre é consequência do pecado humano.

Eis as três características dessa terrível corrupção moral da humanidade antediluviana:

  1. Universalidade (Gn 6.5,12). O pequeno estopim que o homem acendeu com o fogo da desobediência a Deus ateou, alastrou e incendiou a humanidade toda, exceto Noé e sua família, como verificamos de Gênesis 6.8,9. A tendência do pecado é crescer e multiplicar.
  2. Totalidade (Gn 6.5). Cada indivíduo pecava e não se arrependia da maldade que cometia; continuava a pecar e envolvia outros no seu pecado. Desse modo, todos pecaram, exceto Noé e sua família.
  3. Continuidade (Gn 6.5). “Todo o desígnio do seu coração era continuamente mau!” Não era um simples pecar irrefletido, seguido de arrependimento; antes, era um pecar incessante, contínuo.

Deus plantou uma boa semente, que germinou, cresceu e frutificou; quando, porém, foi colher, nada houve que se aproveitasse. Ruína completa. O remédio para isso só podia ser destruição.

O tempo da clemência de Deus

Deus não apanha ninguém de surpresa. “Deus não tem prazer na morte do ímpio” (Ez 33.11). Deus viu a maldade contínua do homem; fez-lhe apelos para que se arrependesse. O homem não o atendeu. O Senhor anunciou o dilúvio. Deu, porém, tempo para que o homem abandonasse os seus maus caminhos. O tempo foi dilatado: 120 anos. Nesse interregno, Deus dava tempo ao homem se voltar para o céu, e também para que Noé e sua família pudessem construir a arca e preparar tudo para Deus trazer o grande dilúvio.

Preparativos para o dilúvio

“Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra. A arca era um navio colossal, e não um simples barquinho.

Quando ocorreu o dilúvio?

Determinar o tempo exato em que veio o dilúvio não é tarefa simples. Temos, na realidade, um sem-número de tradições sobre o dilúvio, mas nenhuma delas assinala o tempo da terrível ocorrência.

Pela prova do carbono 14 descobriu-se que há 11.500 anos, exatamente na época que Platão coloca o seu dilúvio, o nível do mar subiu repentinamente 12 metros. Se confirmada tal notícia, haveria uma razão fortíssima de coincidência com a tradição egípcia sobre o dilúvio. Encontrou-se um inexplicável hiato na marcha da cultura, que coincide também com o tempo do dilúvio egípcio. Esse hiato estaria entre os períodos magdaleniense e neolítico, e isto está além da nossa história. Todavia, isso é mera hipótese. Aguardemos os resultados da pré-história e da geologia.

Quanto tempo durou o dilúvio?

A Bíblia omite o tempo acerca da chegada do dilúvio, mas informa em minúcias a sua duração. Trata-se de algo claro e rico em detalhes. Em O novo dicionário da Bíblia, T. C. Mitchell nos informa: Noé entrou na arca no décimo sétimo dia do segundo mês do ano 600 de sua vida (7.11), e a terra já estava seca no vigésimo sétimo dia do segundo mês de seu ano 601, pelo que, se contarmos 30 dias para cada mês, o dilúvio ter-se-ia prolongado por 371 dias. As chuvas caíram durante 40 dias e as águas continuaram subindo durante mais 110 dias. Então as águas diminuíram durante 74 dias. 7 dias mais tarde. Noé soltou a pomba (8.8), com a implicação de outros 7 dias. Então soltou-a novamente 7 dias mais tarde. E ainda pela terceira vez, 7 dias mais tarde. Noé removeu a cobertura da arca 29 dias depois e a terra ficou finalmente seca 57 dias depois. 371 dias no total.

Os ocupantes da arca

Foram oito pessoas: Noé, a esposa de Noé, Sem e esposa, Cam a esposa, Jafé e esposa. Noé não teve nenhum neto antes e durante o dilúvio. O Novo Testamento confirma o número de seres humanos que entrou para a arca (1Pe 3.20). Todo o gênero humano foi destruído da face da terra, com exceção dessas oito pessoas.

O Senhor resolveu dar cabo dos animais da terra, os répteis e as aves dos céus. Deus especifica o número de animais que entrariam na arca: (1) dos animais limpos, sete pares de cada um, macho e sua fêmea; (2) dos animais imundos, um par, o macho e sua fêmea; (3) das aves dos céus, sete pares: macho e fêmea. Em 7.9, lemos: “… entraram para Noé, na arca, de dois em dois, macho e fêmea, como Deus lhe ordenara”.

Chamamos a atenção do leitor para o verbo “entraram”. Noé não precisou ir caçá-los.

De toda carne, em que havia fôlego de vida, entraram de dois em dois para Noé na arca; eram macho e fêmea os que entraram de toda carne, como Deus lhe havia ordenado.

A área total da arca era de 16.200 m². Comportavam muito bem os animais. Ainda mais: nenhum texto bíblico menciona os enxames das águas. Sabemos que estas dominam a terra seca. Maior abundância há nas águas do que na terra. Os seres das águas já estavam nas águas, eram das águas e nelas continuaram.

Para Deus não há impossíveis. A preservação de Noé e sua família foi um milagre, e milagre também a conservação de animais, répteis e aves. Para quem não crê em milagre, nada é possível. Vive nas trevas da incredulidade, da dúvida e do desespero. Hebreus 11.7 revela que tudo o que Noé fez, fê-lo pela fé, contemplando o invisível, seguro, porém, na mão de Deus.

Sobre a universalidade do dilúvio há duas correntes: uma que afirma e outra que nega. Muitos autores cristãos, católicos e protestantes, se inclinam por um dilúvio parcial, limitado ao vale da Mesopotâmia. Alguns dicionários bíblicos de boa reputação perfilam essa teoria e chegam até a evocar argumentos “extraídos” da Bíblia e outros baseados em autores renomados. Todos eles amontoam “provas” que desembocam num lago morto.

Inúmeras passagens do Gênesis retratam o Dilúvio como um fato confirmado. Trata-se de explicar os motivos do castigo de Deus para a humanidade bem como recontam como foi durante o evento.

Na Bíblia

A Palavra apresenta, sob diversos aspectos, um dilúvio universal:

1. Gênesis 6.2 usa a partícula “todo”. Isto é, todo ser vivente corrompera o seu caminho. Retrata ao vivo a universalidade do pecado. Se o mal era geral, segue-se que o castigo seria igual.

2. Gênesis 6.13 traz a seguinte declação de Deus a Noé: “Resolvi dar cabo de toda carne…”. Se a Bíblia emprega a partícula “toda” para expressar a destruição universal, ninguém tem o direito de torcê-la para limitar o juízo de Deus sobre a humanidade rebelde e perdida.

3. Em Gênesis 6.17 aparece duas vezes a partícula universal “toda” ou “tudo”. O Senhor Deus disse a Noé: “Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego de vida debaixo dos céus: tudo o que há na terra perecerá”.

O que podemos extrair dessa passagem bíblica:

  1. As águas do dilúvio vieram de duas fontes: “debaixo” = fontes do grande abismo, e “de cima” = comportas dos céus, ou seja, chuvas.
  2. O que é fontes do grande abismo? Foi um “movimento violento”, uma “perturbação”, um “estrépito” de todas as colossais “massas líquidas” do globo que se levantaram movidas pelo braço de Deus, que deve ter usado alguma força especial, assim como usa a força da lua para formar a maré cheia.
  3. A causa: as comportas dos céus se abriram; o resultado: houve copiosa chuva. A incredulidade costuma ver em Gênesis 7.12 uma chuvinha manhosa e prolongada; mas a Bíblia, quando lida corretamente, declara: copiosa chuva. Temos, então, primeiro as águas dos oceanos e depois as da chuva.
  4. Deus rompeu as fontes do grande abismo e abriu as comportas dos céus. As águas avassalaram tudo. Todo o ser que respirava sobre a terra, morreu.

5. Para a arca do Noé, o colossal volume d’água não prejudicou em nada. A arca era um navio de grandes proporções. Tinha peso suficiente. flutuava. As águas subiam, a arca também. Quanto maior volume d’água, mais alto a arca ficava, portanto mais perto de Deus.

6. O fato de a arca ter pousado na cordilheira do Ararate, um monte muito alto, prova o volume d’água determinado pelo dilúvio. A arca deve ter parado numa lombada mais baixa, de fácil acesso a homens e animais.

Na tradição dos povos

O dilúvio, exatamente como afirma a Bíblia, foi uma catástrofe universal.

A narrativa do dilúvio no Gênesis não é a única do gênero. Tradições semelhantes encontram-se em quase todas as tribos da raça humana. É o que se deveria esperar. Se aquela terrível catástrofe mundial, conforme descrita pela Bíblia, realmente aconteceu, a existência das tradições sobre o dilúvio entre os povos primitivos extensamente afastados uns dos outros é exatamente o que se deveria esperar”.

Essa horrível catástrofe deixou uma indelével impressão na mente dos homens antes que se espalhassem pela terra. Tais tradições foram modificadas através dos séculos e receberam influência dos costumes diversos de povos onde viveram. Apesar das modificações, a verdade central permaneceu em quatro aspectos principais: (1) houve uma destruição universal da raça humana e de todos os outros seres viventes por meio de água; (2) uma arca ou navio foi o meio para preservar a raça humana; (3) uma minoria foi poupada com a finalidade de preservar a raça humana; (4) a maldade humana foi a causa determinante do dilúvio.

Índios americanos

Existem ainda outras partes da América nas quais a tradição do dilúvio é ainda mais diferente do que entre as florestas do Orinoco. Herrera, um dos historiadores espanhóis da América, conta que até mesmo entre os nativos brasileiros mais bárbaros há algum conhecimento do dilúvio que foi geral.

Persas

Os persas tinham uma tradição que dizia que o mundo fora corrompido por Ahrimã, o Príncipe das Trevas. Foi necessário cobri-lo com um dilúvio para lavar suas impurezas.

Caldeia

No reinado de Xisuthros, o décimo rei da Babilônia, houve um grande dilúvio. Antes disto, o deus Kronos apareceu ao rei num sonho e o advertiu de que no décimo quinto dia do mês Daisios, todos os homens pereceriam através de uma enchente.

Egito

Manetho, que viveu cerca de 250 a.C. e escreveu a antiga história dos egípcios conta que houve uma catástrofe mundial na qual alguém chamado Toth foi salvo. Antes do cataclismo, Toth escreveu sobre uma laje de pedra em língua sagrada os princípios de todo o conhecimento e depois da catástrofe traduziu a obra para a língua comum. Com a tradição do dilúvio os egípcios ligaram a homenagem prestada aos mortos, que era feita numa cerimônia, na qual o sacerdote colocava a imagem de Osíris numa arca sagrada e a lançava ao mar, a qual era observada até desaparecer de vista. Essa cerimônia foi realizada no dia décimo sétimo de Athyr, que corresponde à data apresentada na narrativa mosaica do dilúvio.

Frígia

Na antiga cidade de Apamea na Frígia havia uma coluna na qual se encontrava gravada a figura de uma arca que, de acordo com a tradição, repousara exatamente naquele lugar. Encontrou-se também uma moeda que tinha um dos lados a figura de uma arca.

Grécia

Zeus fez cair uma grande chuva, que inundou a maior parte da Grécia. Deucalião, sendo jogado pelo mar durante nove dias e nove noites, finalmente foi parar na praia de Parnasso. Cessando a chuva, saiu do seu cofre e ofereceu um sacrifício a Zeus, que mandou Hermes lhe perguntar o que desejava. Respondeu que desejava povoar a terra. Por ordem de Zeus, ele e sua esposa jogaram, então, pedras para trás. As que foram jogadas por Deucalião tornaram-se homens, enquanto aquelas jogadas por Pirra tornaram-se mulheres.

Ovídio

Poeta romano, que viveu no tempo de César Augusto, preservou o dilúvio em sua famosa obra conhecida como Metamorphoses. Gostaríamos de reproduzir essa peça literária aqui; entretanto, desistimos por ser demasiado extensa.

Gilgamés

Gilgamés, conta a inscrição cuneiforme da tabuinha XI da Biblioteca de Nínive, está decidido a assegurar sua imortalidade, e empreende uma longa e aventurosa viagem a fim de encontrar seu antepassado Utnapistim, do qual espera saber o mistério da imortalidade, que os deuses lhe conferiram.

Quando os deuses tomaram a resolução de exterminar a humanidade por meio de uma inundação, Ea avisou seu adorador Utnapistim e deu-lhe a seguinte ordem: “Homens de Shuruppak, filho de Ubaratutu / Destrói tua casa / Constrói um navio / Abandona as riquezas / Despreza os haveres / Salva a vida! / Introduze toda sorte de semente de vida no navio”.

Segue-se o poema:

1. Gilgamesh disse a Uthapishtim, o Distante:

2. “Olho para ti, Utnapishtim,

3. Tua aparência não é diferente; és parecido comigo.

4. Sim, não és diferente; és parecido comigo.

5. Meu coração imaginou-o perfeito para a batalha.

6. (Mas) tu jazes (ociosamente) sobre (teu) lado, (ou), de costas.

7. (Dize-me), como penetraste na companhia dos deuses e obtiveste a vida (eterna)”?

8. Utnapishtim lhe disse, a Gilgamesh:

9. “Gilgamesh, vou revelar-lhe um segredo

10. Isto é, um segredo dos deuses vou-lhe contar.

11. Shurippak – uma cidade que tu conheces,

11. (E a qual) está situada (às margens do) rio Eufrates –

13. Aquela cidade (já) estava velha, e os deuses se encontravam ali.

14. (Agora) seus corações incitaram os grandes deuses (a) provocar um dilúvio.

15. (Havia?) Anu, o pai deles;

16. Enlil, o guerreiro, seu conselheiro.

17. Ninurta, seu representante;

18. Ennugi, seu vizir;

19. Ninigiju (isto é) Ea, também se encontrava com eles.

10. Seu discurso repetiu para a cabana de bambus:

11. ‘Cabana, cabana! Parede, parede!’

11. Cabana, preste atenção! Parede, considere!

13. Homem de Shurippak, filho de Ubara-Tutu!

14. Derruba a (tua) casa, constrói um navio!

15. Abandona (tuas) propriedades, procura (salvar) a vida!

16. Ignora (teus) bens, e salva (tua) vida;

17. (Faze) entrar no navio a semente de todas as criaturas viventes.

18. O navio que vais construir,

19. Suas medidas serão (exatamente) tomadas;

30. Sua largura e seu comprimento serão iguais.

31. Cobre-o (co)mo águas subterrâneas!

31. Quando compreendi, disse a Ea, meu senhor:

33. ‘(Vê), meu senhor, o que assim ordenaste

34. (Eu) respeitarei (e) executarei.

35. (Mas o que) direi à cidade, ao povo, e aos anciãos?’

36. Ea abriu sua boca e disse,

37. Falando a mim, seu servo:

38. “Assim lhes dirás:

39. (Fiquei saben)do que Enlil me odeia,

40. Que eu (não mais) habitarei em voss(a) cidade,

41. Nem olharei mais para a terra de Enlil.

41. (Por isso desce)rei para o pasû [N.T. habitação de Ea] e a habitarei com Ea, meu (Senho)r.

43. (Sobre) vós ele (então) fará chover abundantemente;

44. (…das a)ves (?) …dos peixes.

45. (…) colherás riquezas.

46. (À tarde o enviador) da tempestade (?).

47. (Fará cair uma chuva de trigo sobre vós.’

48. (Logo que (o primeiro vislumbre da ma)nhã surgir,

49. A terra foi reunida (à minha volta).

50. (Fragmentário demais para ser traduzido).

51. (Fragmentário demais para ser traduzido).

51. (Fragmentário demais para ser traduzido).

53. (Fragmentário demais para ser traduzido).

54. A criança (trou)xe breu,

55. (Enquanto) os fortes trouxeram (tudo mais) que foi preciso.

56. No dia quinto (eu) levantei sua estrutura.

57. Um ikû [N.T. Cerca de 3.600 m²] foi o seu assoalho, cada uma de suas paredes tinha 110 côvados de altura.

58. Cada lado do seu convés media 110 côvados.

59. ‘Dei forma’ ao lado de fora (e) o ajustei

60. Construí dentro dele seis convés (inferiores).

61. dividindo-(o), (portanto), em sete (andares).

61. Seu andar térreo dividi em nove (seções)

63. Escavei nele calhas.

64. Providenciei mastros e armazenei mantimentos.

65. Seis shar (N.T. 3.600) de breu e derramei na fornalha,

66. (E) três shar de asfalto (derramei) dentro dele.

67. Três shar de óleo continham os recipientes:

68. Além de um shar de óleo que a saturação (? – das calhas) consumiram.

69. Dois shar de óleo (que) o barqueiro escondeu.

70. Novilhos matei para (o povo).

71. Ovelhas matei todos os dias.

71. Mosto, vinho tinto, óleo, e vinho branco,

73. (Dei) aos trabalhadores (para beber) como se fosse água de rio,

74. (Para que) fizessem uma festa no Dia do Ano Novo.

75. Eu (…) unguento passei em minhas mãos.

76. (…) o navio ficou pronto

77. Foi difícil (o …).

78. …em cima e em baixo.

79. (…) seus dois terços.

80. (Tudo o que eu tinha eu) carreguei dentro dele;

81. Tudo o que eu tinha em prata levei para dentro;

81. Tudo o que eu (tinha) em ouro levei para dentro;

83. Tudo o que eu tinha da semente de todas as criaturas vivas (carreguei) para dentro.

84. Depois que fiz toda minha família e amigos subirem no navio,

85. Fiz todos os animais do campo, todas as feras do campo, (e) todos os artífices entrarem (nele).

86. Shamash (N.T. o deus-sol) estipulou um período de tempo definido:

87. “Quando aquele que envia a tempes(tade?) fizer cair uma chuva destruidora ao entardecer,

88. Entra no navio, e fecha a tua porta.”

89. Aquele momento definido chegou:

90. Ao entardecer aquele que envia a tempes(tade?) fez cair uma chuva destruidora.

91. Observei o aspecto do tempo;

91. O tempo metia medo.

93. Entrei no navio e fechei a porta.

94. Para a navegação (?) do navio ao barqueiro Pazur-Amurri

95. Confiei a imensa estrutura com seus bens.

96. Logo que os primeiros raios matutinos se fizeram visíveis,

97. Uma nuvem negra apareceu no horizonte.

98. E trovejava dentro dela,

99. Enquanto Shullat e Hanish saíram,

100. Como arautos sobre montes e campinas;

101. Irragal puxa os mastros;

101. Ninurta chega (e) solta os diques;

103. Os Anunnaki erguem (suas) tochas,

104. Iluminando a terra com sua luminosidade;

105. A ira de Adad vai até o céu

106. (E) transforma em trevas tudo o que é luz.

107. (…) a terra quebrou-se (?) como um vas(o?)

108. (Durante) um dia a tempes(tade soprou).

109. Soprou forte e (…)

110. Como uma batalha (ela sobre)veio ao p(ovo).

111. Nenhum homem enxergava outro homem.

111. As pessoas não podiam ser reconhecidas dos céus.

113. (Até) os deuses foram tomados de pavor pelo dilúvio.

114. Fugiram (e) subiram para o céu de Anu;

115. Os deuses encolhiam-se como cachorros (e) se humilhavam desesperados (?)

116. Ishtar gritava como uma mulher em trabalho de parto;

117. A senhora dos d(euses) com sua voz linda lamentava:

118. ‘Verdadeiramente, os velhos tempos se desmancharam na lama,

119. Porque eu ordenei o mal na assembleia dos deuses!

110. Como pude ordenar (tal) coisa na assembleia dos deuses!

111. (Como pude ordenar a guerra para destruir meu povo,

111. (Porque) fui eu que dei a vida (este) meu povo!

113. Com ovas de peixe eles (agora) enchem o mar.’

114. Os deuses-anunnaki choravam com ela;

115. Os deuses se assentaram inclinados (e) choravam.

116. Cobertos estavam seus lábios…

117. Seis dias e (seis) noites.

118. O vento soprou, a chuvarada, a tempestade, (e) o di(lúvio) tomaram conta da terra.

119. Quando chegou o sétimo dia, a tempestade, o dilúvio,

130. Que lutou como um exército, acalmou-se em (sua) violenta investida.

131. O mar se aquietou, a tempestade se acalmou, o dilúvio parou.

131. Olhei para o mar, (tudo) era silêncio.

133. E toda a humanidade se transformara em barro;

134. O […] estava liso como um telhado (chato).

135. Abri uma janela, e a luz me bateu no rosto.

136. Inclinei-me, assentei-me, e chorei.

137. Minhas lágrimas corriam pelo rosto.

138. Olhei em (todas) as direções até os limites do mar.

139. À (distância de) doze (horas duplas) apareceu uma faixa de terra.

140. No monte Nisir o navio pousou sobre terra.

141. O monte Nisir segurou o navio firmemente e não deixou que (ele) se mexesse.

141. Um dia, um outro dia, o monte Nisir segurou o navio firmemente e não deixou que (ele) se mexesse.

143. Um terceiro dia, um quarto dia, o monte Nisir segurou o navio firmemente e não deixou que (ele) se mexesse.

144. Um quinto dia, um sexto dia, o monte Nisir segurou o navio firmemente e não deixou ele (ele) se mexesse.

145. Quando chegou o sétimo dia,

146. Soltei uma pomba e deixei-(a) sair;

147. A pomba se foi e voltou para mim;

148. Não havia lugar para pousar, por isso ela voltou.

149. (Então) enviei uma andorinha e deixei-(a) sair.

150. A andorinha foi e voltou para mim;

151. Não havia lugar para pousar, por isso ela voltou.

151. (Então) enviei um corvo e deixei-(o) sair.

153. O corvo se foi, e quando viu que as águas tinham baixado,

154. Comeu, voou por todos os lados, crocitou, (e) não retornou.

155. (Então) enviei (tudo) para os quatro ventos e ofereci um sacrifício.

156. Derramei uma libação no pico da montanha.

157. Sete e (mais) sete caldeirões preparei.

158. Debaixo deles amontoei cana (doce), cedro e murta.

159. Os deuses sentiram o perfume.

160. Os deuses sentiram o doce perfume.

161. Os deuses se ajuntaram como moscas sobre o sacrificante.

161. Logo que a grande deusa chegou,

163. Levantou as grandes joias que Anu fizera de acordo com a vontade dela:

164. ‘Ó vós, deuses, que estais presentes, assim como jamais me esquecerei do lápis-lazúli que tenho no pescoço.

165. Lembrar-me-ei destes dias e jamais me esquecerei (deles)!

166. Quando os deuses se aproximem para ver a oferta;

167. (Mas) Enlil não deve se aproximar.

168. Porque sem refletir provocou o dilúvio

169. E destinou meu povo à destruição!’

170. Logo que Enlil chegou

171. E viu o navio, Enlil ficou furioso;

171. Indignou-se contra os deuses, os Igigi:

173. ‘Será que algum dos mortais escapou? Nenhum homem poderia escapar à destruição!’

174. Ninurta abriu a boca e disse, falando ao guerreiro Enl(il):

175. ‘Quem pode fazer coisas sem Ea?

176. Pois só Ea compreende todas as coisas.’

177. Ea abriu a boca e disse, falando ao guerreiro Enlil:

178. ‘Ó guerreiro, tu é o mais sábio entre os deuses!

179. Como, oh! como pudeste sem refletir provocar (este) dilúvio?

180. Sobre o pecador fique o seu pecado; sobre o transgressor fique a sua transgressão!

181. Largai, para que ele não seja destruído; segurem firme, para que ele não fiqu(e) (solto demais).

181. Em lugar de enviar um dilúvio, talvez um leão pudesse ter vindo para dim(inuir) a humanidade!

183. Em lugar de enviar um dilúvio, talvez um lobo pudesse ter vindo para dim(inuir) a humanidade!

184. (Ou) em lugar de enviar um dilúvio, talvez uma fome poderia ter (destruído) a terra!

185. (Ou) em lugar de enviar um dilúvio, talvez Irra poderia ter vindo para ferir a humanidade!

186. (Além do mais) não fui eu que revelei o segredo dos grandes deuses;

187. (Mas) mostrei um sonho para Atrahasis, e por isso ele ficou conhecendo o segredo dos deuses.

188. E agora aconselhai-vos em relação a ele.’

189. Então Enlil subiu ao navio.

190. Pegou-me pela mão e me levou a bordo.

191. Fez minha esposa subir ao navio (e) ajoelhar-se ao meu lado.

191. Colocando-se entre nós, tocou em nossas frontes e nos abençoou:

193. ‘Até agora Utnapishtim não passava de um homem;

194. Mas agora Uthapishtim e sua esposa serão como nós, os deuses.

195. À distância, junto à nascente dos rios, Itnapishtim habitará!’

196. E assim eles me levaram e me fizeram habitar lá longe, junto à nascente dos rios.

Na geologia

T. C. Mitchell, em O novo dicionário da Bíblia, declara: “Não se conhece qualquer evidência geológica segura sobre dilúvio bíblico”. Creio ser um pouco de exagero. Naturalmente não vamos encontrar nas rochas um livro completo com direitos autorais garantidos sobre o importante assunto. Provas há. Espalham-se por aqui e por ali. Reunidas, nos darão um conjunto apreciável em favor do relato bíblico sobre o dilúvio.

Na arqueologia

Woolley encontrou no meio das pederneiras um tijolo de argila cozida, diferente no tamanho e na forma de todos os encontrados nas camadas superiores. Pertencia, sem dúvida alguma, a um período desconhecido. Era mais antigo dos que tínhamos encontrado até então. Ficou demonstrado, então, que na época de mistura cultural Ur não era, como Ubaid, uma aldeia de casinhas de barro e de palha, mas uma cidade de edifícios permanentes, solidamente construídos, berço de um povo civilizado.

Ele disse que entendeu logo que a grossa camada de argila fora depositada por uma inundação sem paralelo na história. Nenhum rio, por grande que fosse, nem inundação pequena, podia ter deixado aquele banco de argila. Isto marcou uma interrupção no curso da história local. Nessa argila se esconde uma civilização que existiu, mas desapareceu.

Onde está a arca de Noé

No século passado, muito antes que Botta, Layard, Koldwey ou Woolley pisassem no solo da Mesopotâmia, algumas expedições foram organizadas com a finalidade expressa de escalar o Ararate para encontrar a arca.

O dr. Mouri, dignatário eclesiástico de Jerusalém e Babilônia, em 1892, visitando as nascentes do Eufrates, diz ter visto os restos de um navio. Na Primeira Guerra Mundial, um aviador russo, chamado Roskowitzki, diz ter visto restos de um navio. Nicolas II enviou para o Ararate uma expedição que viu a arca e a fotografou. Aconteceu, porém, que todos os documentos dessa expedição desapareceram durante a revolução de outubro. Com a ocupação russa da região, nenhuma tentativa se fez mais no sentido de averiguar os fatos propalados.

Fernando Navarra, um espanhol, na companhia de seu filho Rafael, fez três viagens ao Ararate: 1952, 1953 e 1954. Diz ter encontrado a arca e trazido pedaços de madeira tirados dela, os quais foram submetidos a exames de laboratório que constataram a veracidade da sua versão.

O fato real, entretanto, é que nunca foi encontrada a arca. Foi do agrado de Deus fazê-la desaparecer, como aconteceu com a Arca da Aliança. E não faz falta. Cumpriu sua finalidade e desapareceu.

As lições do dilúvio

Naturalmente, são infinitas as lições que o dilúvio nos ensina. Vamos pensar apenas em algumas:

1. O dilúvio trata da obstinação humana que amou mais o pecado do que a Deus.

2. O dilúvio aborda a desobediência e a rebelião do coração humano.

3. Todo pecado será castigado.

4. “De Deus não se zomba, pois aquilo que o homem semear, isto também ceifará” (Gn 6.7).

5. O dilúvio nos fala da disposição de Deus em não apanhar o pecador de surpresa.

6. A misericórdia de Deus encontra no coração resistente do homem um limite.

7. O dilúvio nos ensina que Deus recompensa o justo. Noé foi premiado.

8. Noé foi salvo pela fé (Hb 11.7).

9. Os anos que Noé gastou construindo a arca foram tempos de oportunidade para o homem se arrepender e deixar os seus pecados.

10. O tempo que precederá a volta de Jesus para arrebatar a igreja, julgar as nações e o instaurar o juízo final será semelhante aos dias que antecederam o dilúvio, como afirmou o Senhor Jesus em Lucas 17.26,27:

Como lá não houve preparo, aqui também não haverá.

Como lá desprezaram a Deus, aqui será o mesmo.

Como lá não creram na Palavra de Deus, aqui também não crerão.

Como lá se distraíram, aqui está acontecendo o mesmo.

Como lá pereceram, aqui também perecerão.

11. Deus não mais destruirá este mundo com água; tudo está reservado para o fogo (2Pe 3).

12. Os sinais que precedem a volta de Jesus já se mostram cada vez. Urge nos prepararmos. “Vigiai e orai.” Hoje! Amanhã pode ser tarde.

Apêndice 2

As viagens de Paulo

Paulo foi o viajante do Senhor Jesus. Através de dois continentes, viajou bastante, empunhando o facho glorioso do evangelho da graça. Fez três grandes viagens missionárias, além de uma a Roma como prisioneiro de Cristo.

Primeira viagem missionária

Seus companheiros foram Barnabé e João Marcos (At 13.2-5), enviados pelo Espírito Santo. Saíram de Antioquia da Síria. Alcançaram o porto de Selêucia. Navegaram até a ilha de Chipre. Deixaram Chipre e, pelo mar de Lícia, sempre por mar, chegaram à Atalia e Panfília.

Agora, por terra, alcançaram Perge. A arqueologia desenterrou em Perge um teatro romano com capacidade para 13 mil pessoas; também piscinas públicas, ruas com colunatas, estádio, templos e outras construções greco-romanas, provando que Perge era uma grande e importante cidade.

Em Derbe, Paulo e Barnabé não foram perseguidos. A arqueologia não encontrou vestígios de nenhuma sinagoga no lugar, prova de que o número de judeus na cidade era reduzido ao tempo da visita de Paulo.

Segunda viagem missionária

Paulo iniciou essa viagem com Silas somente (At 15.40). Depois vieram Timóteo e Lucas (At 16.1-3,10). Eles foram por terra da Síria à Cilícia. Esse caminho situava-se no ângulo noroeste da Anatólia. Passava por Tarso, Porta da Cilícia, Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia.

Paulo foi impedido de pregar na Província da Ásia (At 16.6). Tomou então a direção noroeste que o levou à Mísia, intentando daí chegar até a Bitínia (At 16.7). O Espírito de Deus novamente o impediu de pregar aqui. Contornou Mísia e foi direto à Trôade (At 16.8), já no mar Egeu.

Pela carta aos Gálatas, Paulo dá a entender que foi para a região da Galácia por circunstâncias de saúde (Gl 4.13,14) e não com o propósito deliberado de pregar o evangelho e organizar igrejas.

A famosa Troia situava-se num maravilhoso outeiro na junção do Egeu com o Helesponto, chamado “Ponte de Helas”. Mais duas Troias vieram a existir, não muito distantes da primeira, todas elas descobertas no século passado.

Foi em Trôade, extremo ocidental da Ásia, olhando para a Europa, que Paulo ouviu o “clamor macedônico” (At 16.9). Paulo atendeu a esse “clamor” e assumiu a responsabilidade muito grande de evangelizar Filipos, Anfípolis, Apolônia, Tessalônica, Bereia, Atenas, Corinto e Cencreia.

Terceira viagem missionária

Não sabemos ao certo quais foram os companheiros de Paulo nessa viagem. Tudo indica que seu ponto de partida foi Antioquia da Síria. Ele foi por terra. De Antioquia da Síria foi a Cilícia, passando pelas famosas “Portas”; seguiu para Listra, Icônio, Antioquia da Pisídia e chegou a Éfeso.

Em Éfeso, ele permaneceu dois anos (At 19.10). Depois visitou Macedônia, Esmirna, Pérgamo, Adramício, Trôade e Neápolis. Na volta da Grécia, visitou outra vez Ásia Menor, tocando em Trôade, Assôs, Mitilene, Quios, Samos, Mileto, Cós, Rodes, Pátara e, por último, Jerusalém.

Viagem de Paulo a Roma

De Cesareia do Mar foi a Sidom, costeou a Ásia Menor, tocando na Baía de Alexandria no mar da Cilícia, avançou até a Panfília (mar de Lícia). Chegou à Mirra. Saindo de Mizra, rumou para Cnidos. Foram para “Bons Portos” na ilha de Creta, pretendendo invernar na Baía de Fênix. Nesse trajeto, houve a tempestade, o grande perigo que durou 14 dias.

Apêndice 3

Regiões e lugares do mundo bíblico

São apresentadas as cidades, vilas, aldeias e alguns acidentes geográficos dentro de Israel e nos arredores.

Costa Mediterrânea

Ptolemaida ou Acre

Tiro

Sarepta

Sidom

Beirute

Antioquia da Síria

De Beirute ao mar da Galileia

Montes Líbanos

Vale de Baca (lágrimas)

Baalath

Padã Harã e Arã

Damasco

Cesareia de Filipe

Monte Hermom

Lago de Hula (hoje vale)

Cades de Naftali

Ao redor do mar da Galileia

Galileia

Mar da Galileia

Betsaida

Cafarnaum

Magda (ou Dálmata ou Magadã)

Genesaré

Gadara (Mt 8.28; ou Gerasa – Mc 5.1)

Corazim

Tibérias

De Tiberias a Nazaré com seus arredores

Cornos de Hattim

Caná

Gat-Hepher

Naim

Suném

Endor

Monte Tabor

Esdraelom

Monte Carmelo

Haifa

Nazaré

De Nazaré a Siquém (Nablus)

Monte Gilboa

Jezreel

En-Gamim

Dotã

Samaria

Montes: Ebal e Gerizim

Siquém

Siló (1Sm 1.3), onde estava o tabernáculo no tempo de Eli

De Siquém a Jerusalém

Poço de Jacó

Sicar

Siló

Betel

Ai

Ofra

Efraim

Rimom

Bete-Horã

Nobe

Ramá

Micmás

Gabaom

Gabaá

Mispa

Jerusalém

Na cidade de Jerusalém

Área do Templo

Monte Sião

Getsêmani

Aposento Alto ou Cenáculo

Monte das Oliveiras

Vales: de Cedrom e de Hinom

Fonte de En-Rogel

Tanque de Siloé

Calvário

Aceldama

De Jerusalém a Jericó (vale do Jordão)

Betânia

Betfagé

Caverna do Bom Samaritano

Mar Morto

En-Gedi (Massada)

Rio Jordão

Sodoma e Gomorra

Zoar

Betábara

Querite

Salim Gilgal

Jericó

Monte da Tentação

De Jerusalém a Belém

Sepulcro de Raquel

Belém

Campo dos Pastores

Piscinas de Salomão

Tecoa

Fonte de Filipe

De Hebrom a Berseba

Hebrom

Carvalho de Manre ou Moré ou Mambre

Berseba

De Jerusalém a Jope (Jafa)

Emaús

Aijalom

Planície de Sarom

Lida

Jope

Tel-Aviv

Cesareia e a terra dos filisteus

Cesareia do Mar

Filístia

Ecrom

Asdode

Ascalom

Gaza

Gerar

Gate

Zara

Bete-Semes

Vale de Refaim

Leste do Jordão, mar Morto e o vale

Galaade

Golã

Ramote de Gileade

Beser

Jacó

Peniel

Amim

Moabe

Edom

Midiã

Deserto do Sinai – Egito – o Deserto

Território

Monte Sinai – (Horebe)

Cades

Outros lugares

Mar Vermelho e Canal de Suez