Breve Estudo sobre a Genealogia de Nosso Senhor Jesus Cristo

Em primeiro lugar, vemos na genealogia de Jesus Cristo mulheres em cuja vida há marcas reprováveis.

Tamar, coabitou com o seu próprio sogro Judá e gerou dele dois filhos gêmeos Perez e Zera; Raabe era prostituta em Jericó; Rute era moabita e Bate-Seba, mãe de Salomão, adulterou com Davi. Muito provavelmente nenhum personagem gostaria de destacar em sua biografia mulheres com esse passado. Mas por que elas estão inseridas na genealogia de Jesus Cristo? Para reforçar a verdade de que o Filho de Deus se identificou com os pecadores a quem veio salvar.

Em segundo lugar, vemos na genealogia de Jesus homens em cuja vida há marcas de mentira.

Os patriarcas mencionados aqui, Abraão, Isaque e Jacó tiveram momentos de fraqueza na área da mentira. Eles não só se omitiram, mas esconderam a verdade e inverteram os fatos com medo de sofrerem comas consequências de seus atos. Foram fracos e repreensíveis. Isso prova que Deus nos escolhe não pelos nossos méritos, mas apesar dos nossosdeméritos.

Em terceiro lugar, vemos na genealogia de Jesus homens em cuja vida há marcas de violência.

Na lista da genealogia de Jesus há homens como Davi,cujas mãos estavam cheias de sangue. Roboão governou Judá com truculência. O rei Acaz queimou seus filhos, perseguiu seu próprio povo e cerrou ao meio o profeta Isaías. Manassés foi muito violento. Ele encheu Jerusalém de sangue. Foi um monstro. Um tormento para seu próprio povo. Oh, jamais escolheríamos homens dessa estirpe para integrar nossa família. Oh, a genealogia de Jesus Cristo aponta-nos para a infinita misericórdia deDeus! Ele ama com amor eterno os mais indignos.

Em quarto lugar, vemos na genealogia de Jesus homens em cuja vida há marcas de idolatria.

Salomão, por causa de suas muitas mulheres, sucumbiu à idolatria. Roboão, fez um bezerro de ouro e construiu novos templos em Israel para desviar o povo de Deus. Acaz fechou a casa de Deus e encheu Jerusalém de ídolos abomináveis. Manassés foi astrólogo, idólatra e feiticeiro. Levantou altares pagãos e prostrou-se diante de todo o exército dos céus. Oh, na esteirada genealogia de Jesus Cristo temos pessoas que nos deixam perplexos por causa de sua afrontosa rebeldia a Deus.

Isso prova, de forma incontestável, que Deus ama os objetos de sua ira e enviou Jesus para identificar-se com os pecadores e salvá-los de seus pecados. Mas, antes de ficarmos mais chocados com essa assombrosa lista, olhemos para nós mesmos. Somos indignos. Somos pecadores. Somos culpados. Nosso coração é desesperadamente corrupto. Por que Deus nos escolheu? Por que ele nos amou? Por que ele não poupou o seu próprio Filho, antes por todos nós o entregou, para morrer em nosso lugar? A resposta é: Por causa de Sua graça, que é maior do que o nosso pecar!

Texto compilado por Rev. Hernandes Dias Lopes

Pergunta-se agora: porque tanto se importava Mateus com o esquema «três séries de quatorze gerações?»

O motivo está em que quatorze representa o valor numérico do nome hebraico de Davi (D = 4; V = 6; D = 4). Destarte, Cristo apresentado sob a rubrica 3×14 é apregoado como Davi ou como o Rei de Israel por excelência (a multiplicação por três, na linguagem simbolista dos números, significa elevação ao grau superlativo, plenitude de qualidades); a árvore genealógica de Jesus, por conseguinte, no Evangelho de Mateus é arquitetada de modo a exprimir propriamente uma tese teológica;

o Evangelista quis dizer que em Cristo se cumpriram todas as promessas feitas a Israel, pois Ele é o Consumador da obra de Davi. Em comparação com esta mensagem, tornavam-se secundários para o Evangelista o número exato e os nomes dos varões que se sucederam entre Davi e Cristo;

Mateus tomou a liberdade de os «arranjar» ou dispor de modo a transmitir seguramente sua mensagem teológica.Com isto não faltou à veracidade, pois os leitores antigos reconheciam sua intenção artificiosa (de resto, comumente os escritores de outrora), e não interpretavam os números 3 x 14 como expressões de quantidade, mas, sim, como símbolos de qualidades.

Análise sintética comparativa entre as genealogias apresentadas por Mateus e por Lucas.

Lc 3,23-38. Embora Mateus não tivesse a intenção de escrever mera crônica a respeito de Jesus, estranha-se que a árvore genealógica de Cristo por ele proposta tanto difira da que São Lucas apresenta: esta sobe de Jesus até Adão,o qual é imediatamente oriundo de Deus.

O terceiro Evangelista enuncia 77 (ou onze septenários de) nomes, partindo de Cristo, passando por José, Heli, até chegar a Deus Pai. Esses nomes parecem obedecer a uma disposição mnemotécnica, que assim se pode apreciar: 1a série 2a série 3a série 4a série

  1. Jesus 22. Salatiel 43. Davi 57. Taré 2. José 23. Neri 44. Jessé 58. Nacor 3. Heli 24. Melqui 45. Obed 59. Saruque 4. Matat 25. Adi 46. Booz 60. Ragau 5. Levi 26. Cosã 47. Salmon 61. Faleque 6. Melqui 27. Elmadã 48. Naasson 62. Heber 7. Janai 28. Her 49. Aminadab 63. Salé 8. José 29. Jesus 50. Arã 64. Cainã 9. Matatias 30. Eliezer 51. Esron 65. Arfaxad 10. Amós 31. Jorim 52. Farés 66. Sem 11. Naum 32. Matat 53. Judá 67. Noé 12. Hesli 33. Levi 54. Jacó 68. Lameque 13. Nagai 34. Simeão 55. Isaque 69. Matusalém 14. Maat 35. Judá 56. Abraão 70. Henoque 15. Matatias 36. José 71. Jared 16. Semei 37. Jonã 72. Malaleel 17. Joseque 38. Eliacim 73. Cainã 18. Jodá 39. Meleá 74. Henós 19. Joanã 40. Mena 75. Sete 20. Resa 41. Matatá 76. Adão 21. Zorobabel 42. Natã 77.
  2. Deus como se vê, os setenta e sete nomes se agrupam com certa harmonia: três septenários ou 21 nomes vão de Jesus até o cativeiro babilônico (Zorobabel); outros tantos, do cativeiro até Davi; dois septenários, de Davi até Abraão (eram estas as três etapas da tabela apresentada por Mateus); mais três septenários, de Abraão até Deus, o Criador do gênero humano e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo.
  3. Não se poderia provar que os agrupamentos acima hajam sido forjados artificialmente segundo alguma intenção preconcebida; contudo não deixam de chamar a atenção do estudioso. De Davi a Abraão, a lista é exatamente a mesma em Mt e em Lc, havendo apenas inversão da ordem dos nomes. No trecho, porém, que vai de Jesus a Davi. Lucas enumera seis septenários, ao passo que Mateus quatro; nesse trecho a tabela de Lc nada tem de comum com a de Mt, a não ser os dois nomes Salatiel e Zorobabel (cf. Mt 1,12s; Lc3,27). Mesmo a respeito destes dois nomes os exegetas perguntam se designam as mesmas pessoas: com efeito, em Mt Salatiel tem Jeconias por pai, e Zorobabel tem Abiud por filho, ao passo que em Lc o pai de Salatiel é Neri e ofilho de Zorobabel é Resa. Sendo assim, os estudiosos, desde os primeiros séculos da era cristã, têm procurado a conciliação dos dois textos em foco.

Texto extraído (em parte) da compilação redigida por Dom Estevão Bitencourt

Obs: Neste ponto é aconselhável que se faça a leitura e o estudo em detalhes do conteúdo acerca do tema contido no livro “Os números na Bíblia – Christian Chen”, páginas 145 a 147. Este livro está contido na Seção “Os Números na Bíblia e a Guematria Judaica”. As considerações de natureza exegética acerca do tema são mais acuradamente analisadas no “Resumo sobre o Evangelho de Mateus” contido na seção de Estudos Bíblicos.